Com um PPV que excedeu as expetativas pela positiva e com várias novidades (maioria delas agradáveis), esperava-se que a WWE fosse capaz de aproveitar a rampa de lançamento para deixar outra vez a TNA a uns bons metros de espetadores de distância ou, pelo menos, reduzir o interesse à volta do programa rival.

Tendo em conta o número e variedade de hotspots que a equipa criativa da WWE tinha criado, fosse com a noticiada “pura sorte” à mistura ou não, estavam reunidas as condições para que o produto da WWE se destacasse de novo em relação aos restantes e desse um salto estrondoso para atingir a excelência de qualidade dos seus programas, incluindo os secundários SmackDown e Main Event.

No entanto, analisando o que se sucedeu na última edição do Raw e do Main Event, bem como o que vai acontecer no próximo SmackDown, não foi isso que se verificou. Hoje é exatamente isso que vamos discutir, percebendo o porquê do produto da WWE estar frustrantemente encalhado no «Bom» quando já poderia ter atingido o «Excelente».

Começando pelo aperitivo e pela sobremesa do Raw, a rivalidade (atrevendo-me a chamar-lhe de tal) Bryan vs Orton parece ter atingido um impasse. Após três combates terminados por lesão ou por DQ, o mainevent da noite foi surpreendentemente um Street Fight entre os dois, que acabou com a tal vitória pela qual Bryan desesperava, ao fazer Orton desistir – algo que supostamente deveria ter acontecido na semana anterior.

Embora a lesão inesperada de Daniel tenha permitido à WWE adiar por uma semana este desfecho e ir enchendo o programa, também é verdade que perdeu duas belas oportunidades para o ter feito com mais impacto. Tanto no SmackDown como no Raw da última semana, a multidão foi muito mais entusiasmante do que a que esteve presente na passada segunda-feira, sendo que teve de ser Bryan a puxar pelos fãs para celebrar algo que por si só já merecia uma grande reação.

Perdeu-se, portanto, o timing ideal para Bryan conquistar a vitória que tanto procurava e abriu-se uma porta com um ponto de interrogação sobre o que vai acontecer entre estes dois, especialmente após o aperto de mão clássico de Orton no final do combate. Será esta a altura para o heel turn de Orton se concretizar? Não, era um desperdício de um trunfo que poderá vir a dar jeito no futuro para abanar com as coisas. Será que Orton vai-se ficar após ter desistido para Bryan? Não devia e não creio que vá acontecer. O mais provável é termos até ao Money In The Bank uma desforra que Orton vencerá, para se decidir tudo num combate final que deverá dar o 2-1 a Daniel Bryan.

Porém, o pior desse combate foi tudo ter parecido demasiado feito à pressa. O combate não foi propriamente empolgante de acompanhar, o que explica (em parte) a apatia do público. Aqui se abre outra questão que me tem incomodado: a má gestão de tempo, que se verificou no Payback e voltou a acontecer no último Raw e que tem naturalmente prejudicado a parte final do programa. No último Raw viu-se, por exemplo, um combate completamente sem interesse entre CM Punk e Darren Young que durou bem mais do que deveria ter durado e queimou tempo que certamente teria dado jeito para Orton e Bryan explorarem melhor as características de uma Street Fight.

Darren Young e Titus O’Neil que estão incompreensivelmente sem rumo definido, quando os PPT são claramente uma das poucas equipas que podem dar o desejado novo sangue à divisão tagteam da WWE, que nesta altura está a ter menos atenção e planeamento do que a divisão de Divas.

Nada contra, porque a divisão de Divas está melhor do que nunca nos últimos anos, podendo-se afirmar que está interessante de se acompanhar (!), algo que ainda há pouco tempo era impensável de vir a acontecer e que só vem provar que uma storyline bem construída é meio caminho andado para o sucesso. Resta conseguir envolver outras divas na história para além de AJ e Kaitlyn, sendo que um heel turn de Layla em Kaitlyn era qualquer coisa de épico.

Nada contra, claro, desde que não se ignore por completo a outra divisão secundária, conforme aconteceu quando se reconfigurou por completo a divisão tagteam, tendo as Divas ficado claramente para trás. Agora voltou a suceder-se, mas com os papéis invertidos. Refiro-me em concreto a dois aspetos: em primeiro, à forma como os Rhodes Scholars saíram derrotados do seu combate no Raw. Uma incrédula atrapalhação (sendo simpático a classificar o que vi) na entrada de Cody após o tag de Damien, deu a Sheamus a vitória fácil. Estará para surgir o fim de uma equipa que foi tão pobremente explorada? Espero bem que não.

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Em segundo e último lugar, o mais grave desses aspetos. O Triple Threat Tag-Team Match que vimos no último Raw para definir os candidatos aos títulos dos Shield foi uma ideia muito bonita e que eu aplaudo de pé… Quando é bem executada! Não me entra na cabeça como é que os PTP não foram incluídos no combate. Os vencedores eram óbvios, mas isso não justifica a exclusão de uma verdadeira tagteam por oposição aos Tons of Funk e a qualquer dupla dos 3MB que tentem inventar. Aliás, teria feito muito mais sentido ver um dos 3MB a lutar contra Punk e sair rapidamente derrotado, pois acontece frequentemente e é o que eles fazem melhor, do que ver Darren Young a lutar individualmente com Titus a ver o filme. Nem sequer se lembraram de fazer um handicap?

Muito pior do que a exclusão dos PTP, foi a forma como o combate decorreu: no meu tempo uma Triple Threat significava três lutadores em ringue, não três equipas e só dois a lutarem! E é ridículo o facto de se poder trocar com um adversário, conforme aconteceu com o tag de Brodus em Mahal. No meu tempo o tag só era efetuado entre elementos da mesma equipa. Isto tirou inevitavelmente algum valor à vitória e oportunidade merecida dos Usos, que não vai passar nada mais do que uma experiência ao mais alto nível contra os campeões.

O outro elemento dos Shield deverá defender o título contra Christian, resta saber quando. Dependerá da inclusão ou não de Dean Ambrose no combate Money In The Bank do SmackDown. Ou talvez não. Talvez os Shield estejam mesmo envolvidos em dois combates no PPV, confirmando o destaque e elevado número de combates a que têm sido sujeitos. Embora Christian esteja atualmente envolvido em duas rotas de títulos (US Championship e WWE Championship), após o PPV deverá estar sem qualquer título (ou mala) e à procura de novo rumo. Perdeu-se, novamente, mais uma oportunidade esplêndida de dar a Christian o tal One More Match e assim envolvê-lo na rota do World Heavyweight Championship. Já sei que o Tio não gosta dele, mas nem o Hunter? Nem a mulher dele? Nem a Team Brickie?!

Por falar no Título Mundial, prometo uma edição dedicada a esse tópico e com especial foco na situação de Dolph para breve. Focando os acontecimentos recentes, por falta de soluções aconteceu um desenrolar interessante de acompanhar de dois combates entre Jericho e Del Rio, ambos acompanhados por uma intervenção de Dolph Ziggler. Esta interação a três tornou-se naturalmente bela pela rivalidade existente entre o Show Off e Y2J.

Previa-se uma natural Triple Threat no MITB pelo World Heavyweight Championship que naturalmente seria o culminar desta rivalidade a três. Como Jericho o afirmou, seria quase natural que tivesse uma oportunidade por um título, uma vez que não vai estar envolvido no combate MITB. Obviamente que Jericho não iria nunca sair vencedor desse combate, mas seria a conclusão lógica e, acima de tudo, natural do que tem acontecido desde o Payback. Naturalidade foi, por isso, tudo aquilo que faltou ao mais triste segmento do último Raw, que deu origem a um Ryback vs Jericho a ter lugar no MITB. O Pai Nosso de hoje em dia é bastante claro: não tem adversário? Luta com o Jericho.

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Natural trata-se exatamente do adjetivo perfeito para classificar a oportunidade de Mark Henry pelo WWE Championship, que só peca pela demora. Após o seu promo bastante inspirador, o combate pelo título era obrigatório e resta esperar por uma estipulação qualquer que ainda esteja para surgir para dar mais picante à rivalidade. Podemos estar perante um potencial final antecipado do reinado de Cena, caso o cashin seja efetuado na própria noite do PPV, logo após um ataque brutal de Henry como revolta pela sua previsível derrota. Resta saber como essa derrota vai acontecer e se a rivalidade Henry vs Cena será alongada para outro PPV, conforme sucedeu com Ryback. O ideal mesmo é ser coroado um WWE Champion o quanto antes, já que esse título está rodeado de uma enorme monotonia, caraterística do seu dono.

Quanto ao Intercontinental Champion, Curtis Axel parece se ir envolver na rivalidade CM Punk vs Brock Lesnar enquanto Paul Heyman Guy, o que vejo com bons olhos tendo em conta que todo o foco da rivalidade está em Paul Heyman e na sua amizade (ou final da mesma) com o Best In The World. O combate tag-team de Punk & Axel vs PTP que vai ter lugar no próximo Raw será uma forma de explorar e desenvolver mais esta rivalidade… E de enterrar mais um bocadinho os PTP, algo que não será certamente disfarçado por uma nada convincente vitória sobre os Tons of Funk que teve lugar no passado Main Event.

O promo entre CM Punk e Brock Lesnar foi decididamente o melhor momento do último Raw e resta-me desejar para que esta rivalidade tenha um fim diferente das outras (traição de Heyman). Para já, nada a apontar: simplesmente mais uma demonstração de porquê Punk e Heyman serem os melhores no que fazem.

Curtis Axel deverá defender o título contra Miz, à falta de melhor oponente. Fandango ainda está para regressar, espero que o faça o quanto antes e não seria de excluir um regresso como face. Se fosse possível já no próximo SmackDown seria o ideal, especialmente para se voltar a envolver no panorama do Intercontinental Championship.

Próximo SmackDown que já tem três pontos do programa revelados, uns que fazem sentido e outros nem tanto. O 6-Man Tag Team Match entre Christian e Usos vs The Shield parece ser a consequência logica do que vimos no último Main Event e estou bastante curioso para ver como este combate se vai desenrolar e terminar, tendo em conta que os Usos e Christian não podem perder ímpeto, nem os Shield podem voltar a perder um combate 6-Man Tag Team.

Foi também anunciado um Dublin Street Fight Match entre Sheamus e Sandow, que em condições normais teria lugar no PPV, mas que foi antecipado em função de Sheamus já ter combate marcado para essa noite. Uma vitória do Celtic Warrior será o mais provável de acontecer, especialmente pela confusão que vimos no último Raw entre Cody e Damien, embora não fosse de descartar uma vitória surpreendente de um mid-carder sobre um main-eventer. Seria algo que vinha a calhar quando se repara no crescente número de derrotas de Damien e Cody – voltou a ter um combate espetacular (depois de Orton, agora Jericho) e voltou a perder.

Por fim, uma “Fiesta Del Rio” que faz tanto sentido como ouvir Vince McMahon a dizer que Daniel Bryan (embora faça parte da storyline não deixa de ser muito mau) é uma vergonha para WWE. Não sei o que Del Rio vai festejar, a não ser as suas recentes derrotas, porque a conquista do Título Mundial já foi há quase duas semanas. É uma forma de encher o programa e retirar tempo de antena a alguns lutadores. Esperemos que Dolph interrompa a Fiesta o quanto antes.

Resumindo, baralhando e concluindo, se alguns aspetos estão a ser bem desenvolvidos e aproveitados ao máximo das suas potencialidades, certamente outros devem ser corrigidos. O programa está bom, mas quando se vai a tempo de se poder atingir um dos melhores períodos da PG Era, bom não é suficiente!

6 Comentários

  1. Evandro Monari11 anos

    Sobre o Jericho se uma escolha dele valorizar os jovens tudo bem cada um sabe o que quer . Mas na minha opinião pra valorizar alguém nem sempre precisa perder.

    Porque quando um jovem talento vence um veterano, a meu ver a vitória tem que parecer algo difícil de se conquistar e não uma coisa que qualquer um pode fazer . É o que esta acontecendo com o Jericho nos últimos tempos ele ja perdeu tanto nos últimos tempos e para qualquer um, que agora quando alguém vence ele parece algo comum e acaba não valorizando o vencedor do jeito que valorizaria se ele não estivesse perdendo a torto e a direito .

  2. Concordo com tudo o que foi dito menos com a parte do adversário do Axel ser o Miz à falta de melhor!! Vencer um wwe champion, varias vezes tag team champion, ic champion e us champion será algo muito benefico para o Axel que poderá gabar-se disso mesmo no final da noite!!!

    E a Fiesta Del Rio nao foi tão má assim e o Del Rio esteve muito bem ao longo de todo o segmento!!

  3. LuisMPBO11 anos

    Bom artigo
    Boa perspetiva da situaçao atual, porque, se virmos bem, e como tu dizes, eles tem oportunidade de fazer ainda melhor e atingir o melhor momento da PG Era, agora que o produto esta em alta. E acredito que ainda vai melhorar.
    So uma coisa, nao e a primeira vez que um combate triple threat de tag team e disputado assim. E basicamente como lhes apetece. As vezes e de uma maneira, outras vezes e de outra. Mas ninguem se queixa quando sao os Guerreros, o Benoit, o Angle, o Edge e o Mysterio

  4. Ricardo Compreendo algumas duvidas que escreves mas no caso do melhor oponente para o I.C ser o Miz eu acho muito bem que seja ele pois se o Curtis vencer vai ser mais um ex wwe champion que ele vai ganhar!

    • Rubinho16@11 anos

      Boa prespectiva, e a seguir podia vencer o RVD para se elevar ainda mais (o Axel xd)

    • Ricardo Silva11 anos

      Essa perspetiva é a WWE está a vender, uma vez que me parece óbvia a vitória do Curtis sobre o Miz, mais um ex-WWE Champion. A minha perspetiva é que neste momento, o Miz é uma sombra do Miz que foi WWWE Champion.