Depois de uma controversa edição anterior que bateu recordes de assistência deste espaço, o modus operandi continua a marcar-se pela diferença e, por isso, o assunto desta semana centra-se no cargo de General Manager, fruto da recente nomeação de Brad Maddox para o lugar de GM do Monday Night Raw.

Em primeiro lugar, interessa perceber a necessidade de ter um General Manager para o normal funcionamento dos programas. Como em qualquer outra empresa, tem que haver alguém que tome decisões: na WWE, esse alguém é o General Manager. Por isso, é um cargo fundamental para se contar uma história e para que tudo faça sentido aos olhos dos espetadores.

Maioritariamente (e provavelmente a 100%) este cargo serve exatamente para efeitos de storyline, ou seja, para os fãs mais jovens perceberem quem manda e quem marca os combates, porque na prática todos sabemos que é a equipa criativa em conjunto com os outros oficiais da WWE que decidem o que se vai passar, como se vai passar, quem vai estar envolvido e quando é isso que vai ter lugar.

Portanto, a existência do cargo de General Manager tem sentido, pese embora o facto de ser sempre difícil acreditar em algo que nós sabemos que não é verdade, pois não são eles que estão encarregados do normal funcionamento do SmackDown ou Raw nem muito menos são eles, por exemplo, que decidem durante o próprio programa um combate que irá ocorrer nessa noite.

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Por outras palavras, é uma posição bastante cruel para alguém desempenhar, percebendo-se assim o elevado número de GM’s que o Raw já teve, uma vez que Teddy Long tem basicamente “controlado” o outro programa mesmo quando supostamente deveria ser o Senior Advisor de Booker T.

Sem desviar a rota, para que um GM verdadeiramente funcione e cative os fãs, conseguindo transmitir a sensação de que realmente manda no programa, é necessário possuir um determinado conjunto de características:

Micskills – todo e qualquer GM que queira vincar tem de estar à vontade ao microfone e conseguir ser convincente em tudo que diz, sem demorar séculos a proclamar chavões;
Carisma – um GM tem que encher a sala e provocar uma reação simplesmente por estar presente, qualidade cada vez mais rara;
Experiência – o cargo de GM de um programa tem necessariamente de ser ocupado por alguém que tenha experiência no wrestling e seja uma figura de autoridade;
Improviso – a capacidade para improvisar é certamente uma das qualidades mais importantes no mundo do wrestling e permitir sair por cima de situações que não correm como o previsto.

Obviamente que não interessa ter a melhor pessoa para o lugar, caso não seja devidamente utilizado e é neste aspeto que a WWE costuma pecar, isto é, no papel que atribui ao GM. E o exemplo perfeito disso é exatamente Vickie Guerrero: embora tivesse um heat fantástico só por estar presente, embora fosse dona de uma voz “única”, não conseguiu convencer o público que realmente estava no comando das operações. Se dúvidas existiam, isso tornou-se demasiado óbvio desde que a rivalidade McMahon começou.

A última vez nos últimos anos que tivemos alguém que realmente parecia estar em controlo do rumo dos acontecimentos foi curiosamente John Laurinaitis. Contudo, o problema estava exatamente em Laurinaitis que para além de não conseguir de todo improvisar, tinha péssimas mic-skills, tinha uma voz deveras entusiasmante e, como diria o outro, era a personificação de charisma vacuum.

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Terá o novo GM do Raw, Brad Maddox, essa tal capacidade para se impor como o homem do leme e conseguir convencer o público de que é o máximo responsável pelo programa mais importante da WWE? Só tenho duas palavras para vocês: Hell No! Brad Maddox será nada mais do que uma AJ, provavelmente nem chegará a tanto, e vai ser completamente um fantoche, até que o inevitável surja e seja despedido.

Recuando uns tempos atrás, Maddox parece-me a versão PG de um ex-GM do Raw que igualmente foi fraco, que igualmente não convenceu ninguém (aqui entra o ponto 3) de que estava no poder, mas que sempre tinha uma energia mais engraçada à volta dele: Jonathan Coachman. Quem se lembra dele?

O Coach era nada mais, nada menos do que uma figura que garantia algum entretenimento, à custa de não contribuir em nada para o que um GM deve representar. E Maddox vai garantir algum entretenimento, já que toda a gente vai o querer ver a fazer figuras tristes, até que o interesse desapareça e se comece a tornar aborrecido. Aí as suas fragilidades vão se notar ainda mais e haverá nova procura por um GM do Raw digno do nome, que há mais de 4 anos teima em não aparecer desde que Stephanie McMahon abandonou essa posição.

Assim sendo, considero-me um privilegiado por ter começado a ver a WWE por volta da altura em que os dois últimos melhores GM’s de cada programa estavam no ativo. Começando pelo outro lado da barricada, como não sou fã do Teddy Long – embora compreenda o facto de ele cumprir os requisitos mínimos que lhe garantiram tempo em demasia como GM – e talvez influenciado pelo período em que a rivalidade SmackDown vs Raw estava no topo, Paul Heyman foi para mim o último grande GM do SmackDown. Neste caso, verificava-se algo que efetivamente contribui para a validade da pessoa que ocupa o cargo: Paul Heyman estava, de facto, com controlo das storylines que eram produzidas no SmackDown e depois limitava-se a cumprir com naturalidade o seu papel de GM. O resto era e continua a ser intrínseco a Heyman, todos conhecemos a sua personalidade e aquilo que ele é capaz de produzir.

Naturalmente, a sua mente e o seu brilhantismo só poderiam ser superados por aquele que é o meu GM favorito da história da WWE, pelo homem que levou a que Heyman se demitisse quando foi sorteado para trabalhar sobre as suas ordens no Raw e pelo autor do livro (o qual recomendo fortemente a leitura) que dá título a esta edição: Eric Bischoff.

Para além de possuir as quatro características necessárias para desempenhar com sucesso a função, era igualmente alguém de quem ninguém duvidada do quanto estava envolvido na gestão diária da WWE, no quanto poder tinha em tomar decisões e no quanto influente conseguia ser, sendo também sinónimo de entretenimento.

O criador de um dos meus combates favoritos (Elimination Chamber) é, dito assim de forma direta, pura e simplesmente o melhor General Manager da história e tenho a certeza que não vai ser possível tão cedo arranjar alguém, seja para o Raw ou para o SmackDown, que possa sequer tocar o período em que tanto Bischoff como igualmente Heyman (embora mais curto) estiveram no controlo das operações.

Neste sentido, parece-me cada vez mais urgente a brand split que iria certamente funcionar como um catalisador não só para todo o espetáculo, como também para que o papel de GM ganhasse nova vida e começasse a ter de novo o verdadeiro papel e valor, que em tempos longínquos já conseguiu obter. Isto, depois de algumas decisões que apenas contribuíram para ridicularizar o papel de GM como o facto de Hornswoggler ter sido revelado como o anonymous GM anónimo, bem como o período em que tivemos uma série de “Special Guest GM”, que nenhuma estabilidade transmitia ao cargo e cuja autoridade não era minimamente crível.

A rivalidade Booker T vs Teddy Long pelo poder da marca azul e branca parece-me ser um bom ponto de partida, desde que Teddy Long vá de férias permanentes e Booker T fique como heel, dando assim início a um período de ar fresco no SmackDown, já que parece ser uma razoável opção para o lugar, pelo menos, a curto-médio prazo. Isto, para contrabalançar com o papel do novo GM do Raw, cujo prazo de validade já está a expirar e ainda agora começou.

Desta forma, começam a surgir os rumores que esta rivalidade pelo controlo da WWE entre Triple H e Vince McMahon vai resultar a tão necessitada brand split, sendo que cada um deles irá ficar responsável por cada uma das marcas. Caso esta profecia não se cumpra, convém indicar alguns nomes que dariam bons GM’s como Edge, JBL e Ric Flair, que voltou e anda desaparecido.

Porém, se tivesse de indicar algum lutador que ainda faz parte do plantel atual como um mais que provável GM e que reúne todas as características para poder atingir o mesmo tipo de sucesso nessa função como Heyman e Bischoff, esse alguém seria inevitavelmente Chris Jericho. Carismático, experiente, figura de autoridade, mestre do improviso, com ótimas mic-skills e certamente um dos poucos wrestlers da atualidade que têm uma palavra a dizer no rumo das coisas, embora não se importe de constantemente valorizar jovens como Fandango, Y2J tem todas as condições para ser uma forte aposta para futuro GM do Raw, levando o “Raw is Jericho” a outro nível.

Jericho conta ainda com o fator extra, o difference maker que é conseguir ser controverso sempre que necessário, algo que é fulcral para um GM e que chama a atenção das pessoas. Resta esperar para ver quem é que consegue ser o próximo a seguir os passos de Bischoff, a ser sinónimo de vendas e, de novo, provar que efetivamente controversy creates cash.

16 Comentários

  1. Fernando Martinho11 anos

    Bom artigo! Creio que sem brand split não é necessária a existência de dois gm. Simultaneamente, concordo contigo: Bischoff foi fantástico, talvez o melhor de sempre.

  2. don_ricardo_corleone11 anos

    A escolha do Maddox teve exactamente esse objectivo. A ideia é ter alguém que todos vejam que não manda nada, que não se impõe, que é manipulado pelos McMahon’s. Faz parte desta storyline. Provavelmente só após a Wrestlemania, quando um dos McMahon’s vencer, é que muda o GM.

    • Dolph Ziggler11 anos

      Exato. O Maddox vai fazer o mesmo papel que a Vickie. Vai ser manipulado tanto pelo Triple H como pela Steph como pelo Vince. Não muda praticamente nada. Mas hey, até gosto de ver o Brad Maddox a GM. Ele acaba por ser engraçado.

  3. Rafael Rodrigues11 anos

    Sinceramnete.eu ate gostei da AJ como GM e do suspense criado atraves do GM anonimo apesar do desfecho ter sido o mais patetico possivel.

  4. Cadu Ito11 anos

    Na história mais recente da WWE, a Brand War foi a que mais elevou a empresa, creio que seria um meio de alocar corretamente os personagens e ainda chamar bem atenção…

    No caso creio que uma briga entre a família McMahon seria o ideal mesmo para o controle… com os irmãos se separando, e um lado com Vince e Shane e do outro Triple H e Stephanie… finalizando com uma luta entre Shane e HHH para o controle total.

  5. Anónimo11 anos

    “Depois de uma controversa edição anterior que bateu recordes de assistência deste espaço” – Algo que nada teve a ver com a qualidade do artigo, mas sim com as circunstancias. Neste provavelmente ja não acontece o mesmo.

    • Ricardo Silva11 anos

      Ai anónimo anónimo, porque não te revelas? 🙂
      Se sabes as circunstâncias da edição anterior também deves saber que eu próprio disse isso mesmo que tu, por outras palavras. Mas já agora, tens algo a dizer quanto à qualidade do artigo?

      • O anonimo sou eu. Esqueci-me de assinar. Não estava a criticar, constatei um facto. Alias,´já admiti ter-me excedido na passada edição. O artigo não estava mal, só não gostei da parte que considerei como excessivamente mark. Mas isso são opiniões que admito não ter expressado da melhor maneira. Gostei deste artigo, acho que fazes uma analise não só valida, como necessaria. Sera interessante ver como se desenvolve toda esta situação do gm.

    • Dig that11 anos

      mesmo o gaijo ja se esta a armar e a achar que faz bons artigos.

      • Ricardo Silva11 anos

        És tu anónimo? 🙂
        Quando é que me “armei”?

        • Dig that11 anos

          estava a ser ironico com o anonimo, acho que fazes bons artigos 🙂

  6. Bom artigo.

    Estou bastante curioso para ver o trabalho do Brad Maddox. Desde o início que sempre gostei dele, e finalmente vai começar a ter algum destaque.

    Paul Heyman, para mim, foi o melhor GM de sempre ( com Eric Bischoff logo atrás), uma vez que a smackDown de 2003 foi provavelmente a melhor de sempre e tinha aquele génio a escrever as histórias e a decidir o rumo da brand azul.

    • Concordo Daniel. O que faz de Heyman um GM tão especial é a sua capacidade de o ser não só em frente ás cameras, mas tambem atras das mesmas.

  7. Concordo com tudo!! Por mais que releia o artigo não há um unico ponto em que nao consiga concordar!!

  8. Bom Artigo!Gostava quando era Eric e Paul como general managers mas com o conceito atual gostava mais de um comissario como foi foley e HBK

  9. LuisMPBO11 anos

    Bom artigo, e um tema oportuno de que ninguém mais falou.
    Concordo contigo que o Eric Bischoff é o melhor General Manager de sempre. O Paul Heyman foi fantástico, sim, e também gostei da Stephanie Mcmahon, especialmente na Smackdown, mas acho que ninguém supera o Bischoff. Ele era simplesmente brutal como GM.
    Não tenho nada mais para dizer, porque concordo contigo em tudo.
    Vamos ver como se vai sair o Maddox.