Depois de uma semana muito agitada que quase não daria para trazer o 3º Signature Move a tempo… cá está ele!

Já vi que passei as duas dezenas de comentários da edição anterior e aos quais ainda não tive mesmo oportunidade de responder. Irei fazê-lo mal submita este texto para revisão dos meus “patrões” do Wrestling.PT, agradecendo desde já o vosso feedback e fazendo um pedido desculpa público à resposta tardia. Prometo-vos que desta vez serei mais breve e participativo na caixa de comentários,  tal como desejaria ser desde o início desta jornada no Wrestling.PT.

Notei um par de pedidos por um texto mais extensivo e mais explorado. Mas depois de ver outro contrário, decidi manter o tamanho habitual, mas com exploração mais extensa de um ponto de vista, em particular.

Ainda não é desta que vos apresento uma crónica no registo da primeira sobre um determinado lutador da TNA. Esperem isso para breve (4ª ou 5ª edição). É algo que prefiro preparar bem e com mais tempo do que aquele que tive esta semana porque já reparei que o público da TNA é muito exigente na blogosfera nacional. Desiludir esse segmento esta fora dos planos, porque eu próprio também aprecio a empresa de Dixie Carter e, claro, mais vale cair em graça do que ser engraçado.

O tema desta semana remonta à passada madrugada de terça-feira, nomeadamente ao Monday Night RAW. Aqui fica:

Alta Tensão

Signature Move #3 - Alta Tensão

A World Wrestling Entertainment, desde a década de 80 para cá, tem vindo a trazer o seu produto para uma considerável fatia de audiência televisiva. Os ratings sobem e descem, é certo, mas não podemos negar que a empresa de VincMcMahon se apresenta, para um número de pessoas, em todo o mundo, que deverá estar perto do número de habitantes do Brasil, por exemplo, ou 20 vezes o número de habitantes portugueses.

Para garantir a sua sustentabilidade, a WWE começou a apostar num produto vocacionado para um público mais jovem, de forma a ganhar a lealdade da miudagem e garantir receitas que só (os pais d)estes  conseguem dar – veja-se os Brawling Buddy’s e outro tipo de bonecos que não as action figures convencionais, e é a natureza impulsiva e consumista das crianças que nasceram na era mais capitalista da história.

Signature Move #3 - Alta Tensão

O primeiro parágrafo reflete um facto, o segundo também. Concorde-se ou não, eles acontecem, a WWE admite-o e diz à boca cheia tudo o que referi nas comunicações de resultados aos acionistas a cada três meses. Exagero ou não, com a contabilidade de uma grande empresa não se brinca e qualquer facto mal divulgado ou omitido poderá custar caro aos bolsos da companhia… provavelmente muito mais do que pagariam pela publicidade que pretenderiam caso isto fosse falso. Ou seja, não vale a pena exagerar, mentir ou omitir.

Partindo destes três últimos parágrafos, podemos chegar à conclusão objectiva que a companhia de Vince McMahon apresenta um produto para um número de pessoas enorme, e que tem no público mais jovem o principal foco.

Consequência disto: responsabilidade social gigante! As storylines terão de ser sensíveis ao gosto e à faixa etária para quem a empresa se quer colocar e o trabalho que se desenvolve fora das luzes das câmaras terá de ser grande, com campanhas de sensibilização, apoios chorudos, etc.

É uma nova era. Já não estamos no tempo em que servia aos interesses da companhia haver um lutador com um camião de cerveja e encharcar o “chairman” para propósitos de uma storyline; Já não veremos alguém a cair do topo de uma cela para a mesa dos comentadores; já não haverá tanta pele peitoral à mostra da parte das meninas… enfim. Embora nós, fãs de outra era, lamentemos, temos de nos conformar e tomar a noção que é, porque é, o melhor para o negócio.

Acabou-se a máxima “Contorversy Creates Cash”…

Signature Move #3 - Alta Tensão

… ou não?!

Faria sentido dizer-se que sim, à luz do contexto em que a WWE se está a inserir. Mas na última edição do Monday Night RAW, show-bandeira da companhia, tivemos um segmento que, no mínimo, contrariou esta ideia – a recriação/divulgação das imagens do ataque cardíaco de Jerry Lawler e o ataque verbal de Punk que se seguiu, explorando o colapso do The King.

Para quem não viu a última RAW, o segmento incluía a “respiração” de Lawler durante o incidente, seguido da reanimação feito pelos paramédicos.

Felizmente nunca tive de lidar com situações deste calibre, e não sei se a os sons emitidos por uma pessoa a passar por este tipo de fase horrível são semelhantes aos emitidos em televisão pública pelos responsáveis da WWE, e que se aproximam ao de um ressonar… mas independentemente de isso acontecer ou não, acho que podia perfeitamente evitar publicá-los porque acaba por dar um toque de menor seriedade à situação, que é muito dramática.

Depois, houve aquela jogada fácil de gerar heat com o maior heel da companhia aproveitando o facto de este já ter tido uma feud com o Lawler – Heyman fingiu que estava a ter um ataque cardíaco, Punk fartou-se de gozar com a possível morte do comentador e apontou o dedo à própria vítima da situação pelo sucedido.

Chamou-se a realidade, séria!, para a ficção. The King lidou bem e parece-me que autorizou a situação, Heyman também, assim como Punk. Não houve ninguém chocado dentro dos intervenientes. Quando assim não é, como aconteceu com a exploração da morte de Eddie Guerrero em 2006, as coisas podem tomar contornos gravíssimos em termos éticos.

Eu não fiquei chocado com o que aconteceu no último RAW. Também não fiquei ofendido com a situação. Mas fiquei extremamente confuso com aquilo que a WWE pretende com esta situação toda. É que não tenho a menor dúvida de que esta empresa que se quer responsável e “family-friendly”, recebeu muito ”angry mail” de gente que possa ter passado por isto e/ou que se tenha sentido ofendida. Assim como os pais das crianças que pensavam que estavam a autorizar os filhos a ver um programa que, a julgar pelo segmento, tem muito mais agressividade psicológica do que aquela que é aconselhável para um miúdo de 9/10/11 anos!

É demais lidar, entender, fazer explicar isto à maior parte (ou à totalidade) do público-alvo da empresa. Não compreenderão devidamente e este tipo de actos costuma deixar marcas psicológicas.

Signature Move #3 - Alta Tensão

Eu, que já não suporto ter de tolerar a storyline AJ-Cena (por exemplo) e outras que não são direccionadas para a minha maneira de ver que wrestling, apesar de não ficar ofendido, fico triste pelo facto da WWE não ser coerente com o seu produto nem com o seu público.

25 Comentários

  1. BRLIXO11 anos

    “em todo o mundo, que deverá estar perto do número de habitantes do Brasil, por exemplo, ou 20 vezes o número de habitantes portugueses.” TNC BR FAVELADO SEM PORTUGAL NAO HAVIA BRASIL!
    YOU CAN’T WRITE, FIRE HIM!

    • Cris11 anos

      WTF?! Está maluco ou quê?! só pode

    • João Macedo11 anos

      Não entremos em guerras lusófonas.

      • Eu nem percebi o que o indivíduo disse…

        • João Macedo11 anos

          Basicamente, ele ficou irritado com o facto de que, neste artigo, estar escrito que o número de habitantes do Brasil é igual a 20 vezes o número de habitantes em Portugal, aproximadamente.

          • Portugal- 11 milhões de habitantes (aproximadamente)
            Brasil – 194 milhões de habitantes (aproximadamente)
            Dados dos Census.

            11×19= 190

            19 é o número anterior ao 20.

            Baseei-me nisto.

            Obrigado pelo bom senso que imperou depois

          • Enfim, nem liguem…

            E sim, o Brasil tem cerca de 19/20 vezes mais habitantes que em Portugal. Mas não sei qual é a % de brasileiros que tem Internet… Sei é que a Internet é fraca comparada a que Portugal tem. Mas isto são outras histórias….

          • Enigma11 anos

            A Internet do Brasil no geral é uma porcaria, aqui se quiser ter uma boa conexão com velocidade tem que pagar um bocado caro.

            Mas a minha é razoável.

            Só na cidade de São Paulo tem 10.886.518 habitantes.

          • Claro, eu referi isso, relativamente à dimensão da WWE e projectar para um número “palpavel”.
            Como o publico brasileiro nos visita, seria uma boa maneira de ilustrar a grandeza da WWE.

            Bem, já vi que foi mau exemplo para dar. Não voltará a acontecer

  2. Cris11 anos

    Excelente tema, mais um artigo fantástico por parte do incrível Juarez. Ás sextas venho de propósito aqui para ler o teu artigo.

    A cena do Lawler foi muito mal explorada. Tal como já fizeram antes. PAra mim foi mesmo ofensivo!

    • É uma honra ouvir palavras elogiosas como essas. Vires aqui de propósito por causa de mim?! Não há elogio maior!

      Sim, para muita gente foi ofensivo, e é algo que entendo perfeitamente.

  3. DDNN11 anos

    Adorei mais um tema,mais um artigo excelente Juarez.Não gostei muito aquilo que o Heyman fez e o Punk.

    • DDNN, obrigado pelos elogios e pelo comentário!
      A atitude dos dois foi feita a mando. Eles são excelentes performers mas não podem dar a volta a uma situação cuja ideia pode ser, de si, ofensiva..

  4. Bom artigo, Juarez, mas acho que devias ter alongado um pouco mais a tua opinião acerca do assunto… De resto, só tenho críticas positivas!

    • Obrigado Bill pelo comentário e pelo elogio!
      Epa, eu na semana passada tive um bocado dos dois pedidos, esta semana parece prevalecer o do aumento do artigo… tentarei agradar a todos os leitores 😉

  5. pedro11 anos

    ola eu queria saber se alguem tem um cm punk que me de Cumps

  6. Acredito que os teus artigos dao uma boa margem para discussão, consegue expressar sua ideia e ao mesmo tempo demonstrar todos os lados de uma situação, tornando mais facil uma sadia discussão.

    Bom artigo, concordo quando diz que a WWE é muito incoerente para com o seu futuro, pois sem um padrao definido, pode ser que num futuro esses meninos deixem de acompanhar a WWE, ou melhor, sues pais os obriguem.

    Não assisti a cena, não tive nenhum parente a sofrer isso, mas acredito que não se deve levar tao a serio, relacionando com piadas a afrodescendentes ou com deficientes, todos possuem suas mazelas e perdas, mas não acredito que isso não possa ser levado ao entretenimento, pois bem, opinioes..

    • Gman, muito obrigado pelo teu comentário.

      Um dos meus principais objectivos é mesmo isso: porporcionar uma discussão sadia, dar mais de um ponto de vista. Folgo em saber que notaste isso. Obrigado!

      Sim, a WWE experimenta um pouco das duas coisas actualmente: o PG e o nao PG. E se eles são incoerentes com o proprio produto ao ponto de desagradarem aos dois lados do publico (pessoal mais velho e nova geração) que dá audiência… arriscam-se a perder em ratins, merchandise etc.

      Este tipo de polémicas ser ou não levado ao entertinemento- é discutível, na medida em que pode sempre ser feito de maneira mais subtil… depende

  7. joão almeida11 anos

    devo ter sido dos unicos que adorou o segmento do punk e do heyman. Foi fantástico e espero sinceramente que a wwe faça mais segmentos deste tipo para os heel serem cada vez mais odiados. Quero a WWE de volta e nao a porcaria em que se tornou.

    • Joao, obrigado por comentares.

      Aceito a tua opinião, e aceito o teu ponto de vista. Mas não achas que a “porcaria” (acredito que estás a referir ao PG) deveria ser só “porcaria” e não “porcaria” com bocados de coisas boas? Isto é, sem contradições. Não puxar a corda, como muito faziam antigamente.

      Todos sentimos falta de brawl’s violentas, celebrações de sexo (edge e lita)… enfim, you name it.. estou em sintonia contigo nesse ponto. Mas o facto é que a WWE precisa de fazer crescer o publico mais jovem de forma a garantir sustentabilidade.

  8. Eu já referi mais do que uma vez que me parece que vamos ver mudanças na WWE nos próximos tempos.

    Bom artigo.

    • Obrigado por mais um comentário daniel! Se referiste, referiste bem. A saída do Gerwitz da equipa criativa parece até ter piorado mais as coisas 😐

  9. Mintz11 anos

    THIS IS AWESOME! (tum tum tum tum-tum) THIS IS AWESOME!

    Enorme Juarez em mais um artigo excelente. É tudo tão bem polido e bem escrito… man, és um caso sério da comunidade de wrestling online. Continua assim!

    • Obrigado por mais um comentário, Mintz! MUITO OBRIGADO pelo conteudo do mesmo.
      é uma honra escrever para um público como este, que incita os cronistas e que está em sintonia com as palavras que deixamos. Obrigado.