Hello, ladies! Sejam bem-vindos a mais um capítulo. Sim, por mais uma vez me encontro vos escrevendo em uma terça-feira, em cima da hora. E por quê disso? É carnaval, e eu estava de férias na Bahia (por onde os portugueses chegaram). Durante todos estes dias fiquei refletindo sobre o que escrever e no que seria o próximo tema. O Carnaval é uma grande festa popular do Brasil, porém nos Estados Unidos há um festival muito maior: as tretas de balneário que ocorrem nas empresas de wrestling. Quem nunca perdeu amigos por bobagem? Pois é, a TNA perdeu muito talento por bobagem e é isso que iremos ver no artigo de hoje.

Em tempos não tão distantes a TNA dispunha de um roster incrível, onde não era-se preciso quase nenhuma grande personalidade para promover a empresa. Scott D’Amore geria as Knockouts em uma maneira bem mais decente que as divas da época, a X-Division mesmo sem AJ Styles e Samoa Joe ainda dava bons combates, enquanto Kurt Angle dominava o cenário do World Title. Anos dourados. Com a chegada de Eric Bischoff e Hulk Hogan alguns destes talentos acabaram por perder espaço, dando lugar a personalidades como Mick Foley, Ric Flair, Rob Van Dam, Sean Morley, Shannon Moore, Nasty Boys, melhor parar.

É tipo aquela situação no trabalho, em que tu vê alguém inferior a ti ganhar um salário mais alto ou algo do gênero. Uma das primeiras ordens da nova dupla foi desfazer-se dos six-sides, mesmo contrariando os fans, que se faziam por ouvir nas gravações. A TNA aos poucos foi se tornando uma WWE de baixo orçamento: muitos segments e pouca acção na Total “Non-Stop Action”. Com a nova filosofia de vestiário alguns dos citados abaixo sentiram-se injustiçados e decidiram sair,  deixando um rombo de talento no roster. Outros continuam por lá, à espera de uma nova oportunidade.

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Mr. Anderson: Ele chegou na TNA  com o status para ser mais um “Franchise Player” para a empresa, e no seu primeiro ano trilhou esse caminho, conquistando por duas vezes o World Heavyweight Championship. Após o fim de sua storyline com Jeff Hardy, na qual perdeu o cinturão, Anderson passou a amargurar feuds medíocres que até hoje não lhe levaram a lugar algum. Pessoalmente eu gosto de Anderson, mas o seu booking é ridículo, pois lhe tratam como um personagem que apenas está lá por gracejo. Em 2012-2013 ele surgiu como o VP da Ace’s and Eight ganhando algum destaque, mas acabou por afundar junto com o grupo que acabou por se desbandar. Por outro lado, Ken já não se encontra em perfeita forma e pode sim ajudar os novos talentos em storylines, contudo o vetereno merece mais que um segmento chamado “Huh?”.

Hernandez: Surgiu como substituto de Machete na antiga LAX. Ganhou destaque na tag team division rivalizando com os Motor City Machine Guns e America’s Most Wanted. Campeão de duplas com Homicide, recebeu o seu primeiro push solo com a chegada de Hogan-Bischoff. Como a WWE, a TNA sempre buscou o seu herói hispânico para expandir o seu produto, mas acabou por desperdiçar a chance com alguém que já era de casa. Nunca chegou a ser um exímio lutador, mas a indústria é feita principalmente de “big guys” e neste quesito representava bem. Foi posto à prova contra alguns talentos de ponta da TNA, porém foi realocado na tag team division, muito em decorrência da chegada de Chavo Guerrero (exemplo de contratações uma contratação mal pensada). Foi-se uma boa chance de lançar um prata da casa e produzir um major superstar, sem precisar gastar preços exorbitantes.

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Alex Shelley: Competindo desde 2004 pela então NWA-TNA, Shelley maravilhava-nos com a sua participação na X-Division, excelência ao microfone e boa participação em segmentos com veteranos como Jarrett e Sting. Após algumas storylines de transição, finalmente encontrou-se com o que seria a sua atuação de mais sucesso na TNA, formando os Motor City Machine Guns com Chris Sabin. Por uma vez TNA World Tag Team Champion e vencedor do prêmio de Tag Team of The Year (2007), Shelley nunca encontrou o sucesso solo. Depois de um reinado com o X-Division Championship, este decidiu não renovar o seu contrato e partiu para a New Japan Pro Wrestling. Chris Sabin, seu ex-parceiro, acabou por tornar-se World Champion após derrotar Bully Ray. Antes de Austin Aries havia Alex Shelley.

Taeler Hendrix: Chegamos as Knockouts. E neste caso permitam-me usar alguns termos futebolísticos. Hendrix foi um daqueles casos que chamamos de “eterna promessa” no mundo da bola. Proveniente da Ohio Valley Wrestling, então área de desenvolvimento para a TNA, chegou através do Gut Check, segmento para descobrir novos talentos. Foi posta logo em uma storyline com Gail Kim, mas surpreendentemente todo o conceito foi desfeito e ela desapareceu das telinhas. Poderia ser de grande ajuda para a divisão que se encontrava com 5 knockouts (situação parecida com a de hoje), mas acabou por ser mais uma. Atualmente, se encontra no independent scene competindo por WSU, Shine, entre outras empresas de wrestling feminino.

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Christopher Daniels: Eis o meu wrestler favorito da TNA. Talvez uma das maiores injustiças em termos de booking que já houve na indústria. Aquele que ajudou AJ Styles a conquistar o seu status de “Top Prospect” pela TNA. O King of Indies é até hoje marcado como o único protagonista daquele Joe/Styles/Daniels de 2006-2007 a nunca ter ganho o World Heavyweight Championship. Passando por um caminho totalmente diferente dos citados, foi colocado em diversas storylines ao longo dos anos, inclusive participando da stable Fortune com Ric Flair. Saiu da TNA em abril de 2014, após alegar em entrevista que não havia planos para ele e Kazarian (que sairia meses depois). Conquistou o X-Division Title por 4 vezes, o TNA e NWA Tag Team Titles num total de 8 vezes fora outras premiações. Porém, o ouro máximo ficou faltando para coroar este grande performer que passou pelos six-sides. Hoje compete pela Ring of Honor e outras empresas junto de seu parceiro de Addiction, Frank Kazarian.

Samoa Joe: Joe dominava os ringues da Ring of Honor quando foi contratado pela TNA. Com um bom futuro a sua frente recebeu um push inimaginável, dominando a X-Division. Também foi a primeira storyline de Kurt Angle que levou-os a grandes combates, que com certeza ajudaram a expandir o produto da TNA. Para mim o momento em que o personagem de Joe começou a perder relevância foi quando este deu o World Heavyweight Championship para Kurt Angle, em um combate King of the Mountain. Entrou para a Main Event Mafia, a qual havia caçado nos meses anteriores e desde então nunca foi elevado como um membro credível do World Title Scenario. Depois de jobbar por certo tempo, apresentar-nos a Nation of Violence. Joe recebeu o X-Division Title por mais uma vez (talvez para aliviar a consciência dos bookers). Joe saiu em 2015 para fazer alguns shows pela Ring of Honor e estreiar na NXT, onde recebe um melhor booking e um tratamento mais respeitável.

Chegamos ao fim de mais um capítulo que explica o por quê da TNA estar no estado atual. Espero que tenham gostado desta linguagem mais moderada de minha parte. Comentem abaixo as suas opiniões, pois também são de grande importância. Um abraço!

TNA Impact Wrestling Review: 02/02/16

PONTOS ALTOS:

– Trevor Lee: Não sabia se colocava o novo X-Division Champion como um ponto alto ou baixo, mas irei explicar. Trevor pode ser algo novo para a X-Division, ainda mais com um bom talker que é Shane Helms ao seu lado. Entretanto, ao olhar o seu físico nada te remete a um membro da X-Division quando falamos em high-fliers, e não nos mostrou nada de especial para entrar na divisão como fez Samoa Joe. Um refresco para uma divisão, talvez, morta.

– Maria vs Gail Kim Round I: Achei as falas de Maria um tanto forçadas, mas tentei focar na mensagem. Sim, a Knockouts Division precisa de algo novo. Uma boa história. Algo que não gire entorno das mesmas meninas de sempre. Só imagino o trabalho de câmera para eles fazerem a Maria nos dar um combate decente, mas vamos dar uma chance a ela. Afinal, é contra Gail Kim.

– Mike Bennett: Depois de quase um mês deram algo para o homem fazer. Conhecido por ser um bom performer na Ring of Honor, poderemos ver Bennett a enfrentar um adversário ao nível. Espero que não matem esta rivalidade em algumas semanas.

PONTOS BAIXOS:

– Bram e Eric Young: Não entendo a relação de Bram e Eric Young. Quando a dupla foi apresentada EY deixou bem claro que não gosta de Bram, apenas do seu jeito. Logo, não há motivo para Bram segui-lo feito um cão, fora que a sua personagem ainda não está consolidada para dar um salto ao Main Event.

– TNA Management: Por mais uma vez a TNA cometeu um sacrilégio. Todos se perguntam o que houve com a oportunidade de Tyrus. Por que ele não a utilizou ainda? A ideia mais lógica seria a traição a EC3, levando ao combate pelo título, Tyrus apenas trocou um dono por outro. Não faço a mínima ideia de como a TNA vai resolver este dilema, só não quero ver um Tyrus babyface.

– Raquel: Eles pegaram uma das únicas gajas brasileiras no pro-wrestling e pintam-na o cabelo de roxo? Eles não sabem fazer uma mulher parecer minimamente sedutora.

14 Comentários

  1. BRRM8 anos

    Bom artigo.

    Não consigo perceber porque é que a TNA nunca deu o título principal ao Daniels. Ele é um animal no ring e é fantástico como entertainer.

    • Creio que a injustiça se deu ao fato de Daniels não parecer, ao menos fisicamente, um heel credível para ameaçar Kurt Angle’s e Stingers da vida. Um erro grotesco da TNA. Ele já havia demonstrado talento como X-Division Champion tanto dentro como fora dos six-sides. Um abraço!

  2. TNA Best Wrestling8 anos

    Realmente o Daniels merecia o título máximo , com relação a o show foi mais ou menos nada de especial , estou ansioso para os show na Inglaterra.

  3. Anónimo8 anos

    Bom artigo.
    Quanto ao problema do Tyrus eles iram procrastinar até todos esquecerem.
    O Bram está nessa posição devido as merdas que ele fez no ano passado.
    Quanto a Raquel, eles não sabem o que fazer com ela e pelo que aconteceu na WXN recentemente ela precisa ser mais resiliente, e dar o troco na medida.
    TNA tem vários vícios que aumentaram com a dupla Hogan-Bischoff e que permanecem com a Dixie. Aquela mulher está a um tempo razoável no negócio e no comando da empresa e ainda não aprendeu o modos operandi dá sua empresa como é a ROH, WWE, NJPW. Pelo menos agora parece que eles estão a investir mais seriamente em seus talentos; é uma penas que os Hardys ainda estejam lá. No mais a TNA precisa de algumas caras novas, estabelecer The Miracle, não cagar o face work do EC3, voltar a ter uma X-Division onde seus top guys ou pelo menos os mais famosinhos participam, sem ser o Spud, e mudar a imagem-apresentação-combates das Knockouts.

    • Concordo com tudo que escrevestes com exceção de Bram e da X-Division. A TNA precisa mais do que nunca de um balneário fechado, funcionando como uma família. Bram fez merda em sua vida pessoal, não cabe a empresa puni-lo. Inclusive, não acho que seja uma punição, apenas estão queimando-o jogando-o prematuramente com Roode’s e Angle’s da vida. Sobre a X-Division eu acho que chegou em um ponto morto. Nada mais é excitante como era antes. Mesmo na gestão Hogan-Bischoff em que várias coisas mudaram na divisão, o trabalho in-ring ainda surpreendia em um ou outro combate. Sinceramente espero que DJ Z largue a gimmick e finalmente chame a atenção dos poderosos da TNA (visto que está a ter aulas de Lucha). Os top guys que citastes não existem mais, talvez eles pudessem recontratar alguns que sairam nos últimos tempos e estão nas Indies e Japão. Porém, já percebi que eles não querem gastar $ nos talentos da X-Division, Tag Team Divisios, Knockouts, e sim focar no World Title Scenario, que querendo ou não é por onde uma empresa é verdadeiramente avaliada. A primeira coisa que novos fans olham é para as grandes estrelas (para fazer AQUELA comparação). Um abraço! Continuas acompanhando!

  4. World Citizen8 anos

    Como dói ver que o Christopher Daniela nunca ganhou o título principal da TNA. Ele até foi Curryman, mas teve tantos e tão bons combates que não dá mesmo para perceber como nunca foi TNA World Heavyweight Champion…

    Quanto ao resto, são mais exemplos de tiros no pé nos quais a TNA tem sido useira e vezeira…

    • Desgastaram-lhe tempo de mais na X-Division, e depois talvez já estava meio velho para ser uma ameaça no World Title Scenario. Um abraço! Continuas acompanhando!

      PS: O que é useira e vezeira?

  5. Realmente o maior vacilo da TNA foi o Daniels nunca ter sido World Champion
    e a TNA cada vez mais afunda, eu não vejo desde que o Styles saiu, pq quando ele saiu eu sabia que tinha algo errado

    Eu sinceramente não dou até 2020 pra que o Tio Vince compre logo a TNA

    • Vince não precisa comprar a TNA. Ele já tem um roster bem recheado. Abraço!

    • TNA Best Wrestling8 anos

      Muita gente já deu prazo para TNA e ela sempre se manteve então não sei qual vai ser o beneficio que vcs acha que vai ter se a TNA fechar.

  6. Bom artigo, quanto aos bookings que me ainda fazem “comichão”:
    – Mr. Anderson – não que tenha sido alvo de muita injustiça, mas depois de perder o título Mundial deveria ter tido um melhor booking.

    – Alex Shelley – um bom lutador, o seu problema era o carisma (a meu ver), mas isso era algo que podia ter sido trabalhado pela TNA, poderia nem sequer ser campeão Mundial, mas poderia e deveria ter sido melhor bookado na X-Division.

    – Christopher Daniels – concordo em absoluto, grande wrestler em termos in-ring, deveria ter tido um reinado como campeão Mundial e ser tratado decentemente no mid-card, na X-Division e na divisão de equipas.

    – Samoa Joe – gostei do seu booking até ao momento do King of the Mountain que referis-te, apesar de ter sido campeão Mundial por uma vez, deveria ter voltado a sê-lo nos anos seguintes.

    E quanto ao impact, não desgostei e até esteve num bom nível, os pontos altos foram, na minha opinião, a vitória do Trevor Lee e a continuação da boa construção do Bennett. Já negativos baixos, foi essencialmente, o Bram e o Eric Young, não os estou a ver como equipa e os dois devem separar-se.

  7. Marques8 anos

    Eu acrescentava a Roxxi à lista.

    • Roxxi nunca foi uma que lhe foi negada chances. Quando retornou para a TNA na era Hogan-Bischoff entrou em colisão com a então KNOCKOUTS CHAMPION ODB. Infelizmente, machucou o tornozelo e teve de se afastar. Em seu retorno colidiu com a então KNOCKOUTS CHAMPION Madison Rayne e um mês depois colocou a sua carreira em jogo no Slammiversary VIII. Logo, chances não faltaram.