Sejam bem-vindos a um novo Top Ten. E este é de tema simples e de lista longa, que dava para fazer aí um Top 50, dificultando a tarefa do corte para apenas dez. Mas já devo ter feito pior que isso. Vamos falar de gimmicks passageiras e de curta duração? Vamos, até aí ainda mando.

Actualmente não é tempo de gimmicks muito flashy mas vemos várias por aí. Umas a aparecer e outras a desaparecer. Se os primos Colón deixaram de ser vigaristas e até largaram o nome “Shining Stars”, também por lá vemos um Kevin Owens de fato a auto-proclamar-se a nova face dos Estados Unidos. Tudo isso enquanto tentamos perceber o que raio é uma “Titus Brand” e vemos o “Drifter” Elias Samson ainda apenas a vaguear o backstage, a tocar viola e à procura do Michael Tarver. Há sempre uma gimmick que marque e vamos olhar para a história e listar dez – apenas dez, é pouco, eu sei – gimmicks que padeceram de uma vida muito curtinha. Quais valiam a pena?

10 – “The Narcissist” Lex Luger

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Ainda durou aí meio ano. Mas foi interrompido pelo push da sua vida que nem se viria a capitalizar como o push da sua vida. Saído da WCW, lar onde mais história fez no seu início e fim de carreira, Luger rumou à WBF, companhia de bodybuilding de Vince McMahon à qual ele devia assistir de porta fechada para que ninguém o visse no momento. Um acidente de mota afastou-o desse trabalho e quando recuperou já a companhia era nada. Lá aproveitaram que realmente ele era um wrestler com historial e assinou com a WWF, em inícios de 1993, onde era anunciado como Narcissus. Eventualmente manteve o seu nome, mantendo a referência na alcunha, ficando conhecido como o “Narcissist” Lex Luger, que foi apresentado no Royal Rumble desse ano como um musculado convencido e obcecado com a sua imagem, com uma longa entrada em que posava no ringue rodeado de espelhos. Levou essa personagem à Wrestlemania IX numa rivalidade com Mr. Perfect e aguentaria-a até ser preciso um herói para levantar Yokozuna e aplicar-lhe um bodyslam, no dia 4 de Julho. Pronto, morreu o narcisista e nasceu o patriota do “Lex Express”, do “America, love it or love it”, de celebrar vitórias no Survivor Series com o Pai Natal. Foi numa altura em que procuravam desesperadamente um novo Hulk Hogan e deram-lhe um push mesmo à Roman Reigns nesse tempo. E se não sabem ao que me refiro, é ao push à Lex Luger que têm dado a Roman Reigns nos últimos anos. O “Narcissist” apenas durou um punhado de meses e teve uma rivalidade significativa.

9 – Yodeling Cesaro

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Curioso que talvez o mais recente que eu inclua nesta lista seja o que muitos menos se lembrem. Foi uma má experiência muito passageira e que muitos querem esquecer e talvez até já tenham sucedido nisso. O nosso querido Cesaro. O rapaz já teve que passar por cada coisa. Será o eterno underrated que nunca terá o reconhecimento e prémio que realmente merece – enquanto realmente isso não acontecer – mas já passou por bem pior. Ele agora até está numa boa fase. Após perder a Aksana e, por acaso, antes de perder o United States Championship e o primeiro nome, Antonio Cesaro passou-as negras. Não tinha rumo, por vezes era um mero jobber e, ainda por cima disso, parecia que não gostavam dele lá dentro e lhe davam assim uns castigos e humilhações. Como a gimmick de curtíssima vida – graça a Deus – em que ia para o ringue a cantarolar em “yodeling”. Talento escondido? Nem por isso. Tê-lo a fazer figura de parvo porque sim? É mais por aí. Felizmente durou pouco e Cesaro batalhou muito em ascensões e quedas do midcard. A este nível, ao menos, não desceu mais!

8 – “Loose Cannon” Brian Pillman

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Brian Pillman – paz à sua alma – começou a sua carreira na WCW como um bonitinho loirinho atlético e meio surfista. Logo a sua mudança viria a ser marcante. Foi em 1995 que Pillman largou esse visual e apresentou o “Loose Cannon”, um perigoso e imprevisível delinquente de mau aspecto, que preocupava os seus antigos parceiros. Como se fosse um Dean Ambrose daquele tempo, sem as piadas e muito mais perigoso. Ainda mais quando o próprio Pillman, meio à actor de método, às vezes fazia mesmo o que lhe apetecia e brincava com a linha entre o kayfabe e o shoot. Num combate “I Respect You” – um “I Quit” com essas palavras – com Kevin Sullivan, Pillman responde com “I respect you, booker man”, referindo-se ao posto de Sullivan como booker na WCW naquele tempo. Escandaloso e as palavras “booker man” mantiveram-se censuradas nas transmissões seguintes. Pillman foi despedido mas tudo não passava de um plano de Bischoff para que trabalhasse a gimmick fora e voltasse com mais heat. Uma bela borrada de plano: Pillman não voltou. Foi para a ECW e depois para a WWF onde viria a protagonizar segmentos mais polémicos ainda, onde brincava com armas e com o Stone Cold, com direito a tiros e tudo. Era uma continuanção da gimmick, sim, mas o verdadeiro “Loose Cannon” com essa alcunha apenas durou os seus últimos meses na WCW. Depois disso… É capaz de ter ficado mais tolo ainda!

7 – Kerwin White

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Este grande personagem ainda deve estar bem presente na memória de todos. E já lá vão mais anos que o que parece. Temos que recuar até 2005 e a um momento em que Chavo Guerrero quis negar a sua origem hispânica e quis fazer de conta que não era Mexicano. Moldou-se completamente de acordo com o homem caucasiano conservador, de classe média alta, com direito a carrinho de golfe, tacos e um caddy de cara muito familiar. Ainda por cima disso, fazia comentários sugestivos sobre outras várias etnias e até a sua catchphrase – “If it’s not White, it’s not right!” – teve que ser alterada por já parecer estar a ir longe demais na brincadeira e a correr o risco de afectar algumas pessoas que não compreendessem a paródia e levassem a coisa mais a sério. Pronto, era engraçado, tínhamos um latino a fazer de gajo que votaria no Donald Trump. Nunca foi das ligas maiores mas mesmo assim teve a sua gimmick interrompida, um punhado de meses depois. Por tragédia. Infelizmente, Eddie Guerrero deixou-nos e aí abortou-se toda a brincadeira à volta do estereótipo de Kerwin White e Chavo não ia continuar a negar o nome Guerrero e a afastar-se do legado do seu falecido e lendário tio. Compreende-se. Mas eu markava totalmente se ele um dia regressasse como este tipo, ainda por cima no clima sócio-político de hoje em dia, a mandar umas boas achas para o povo que já pretendia parodiar!

6 – Vito Crossdresser

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Antes de perguntar se se lembram desta gimmick, pergunto antes: lembram-se do Vito? Pronto, era um wrestler razoável sem nada por aí além em ringue, mas competente. Fazia parceria com Nunzio no SmackDown, em 2005 e 2006, com os Full Blooded Italians. Pronto, separaram-se quando Vito começou a andar de vestido e o Nunzio achou isso demasiado esquisito. Mas o público achou piada. Vito era perfeitamente heterossexual e provava-o saindo com Divas como a Ashley Massaro, mas sentia-se confortável de vestido. Pronto, a cena dele, olhem que ele não é o único. O público viria a adorar, virava Face e ficaria tão over como nunca tinha estado ou viria a estar. Teve uma boa streak de vitórias mas perturbava outros Superstars conservadores como o comentador JBL ou outros competidores como William Regal ou MVP, que afirmavam sentir-se desconfortáveis por competir contra um homem de vestido – que ainda por cima gostava de o levantar na brincadeira, para atiçar o adversário e divertir o público – e ameaçavam com processos por assédio sexual. Era divertido mas lá gastaram as ideias do que fazer com um tipo de vestido e em menos de meio ano começaria a desaparecer de TV. Já inactivo, abandonaria a companhia em 2007. Ficam na memória – algumas – os bons momentos de levantar a saia. Admito que também markaria para um regresso bem aperaltado deste e das suas vestimentas extravagantes!

5 – O Pirata Paul Burchill

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É quase da mesma altura que o Vito, antecedeu-o por uns meses. Era uma boa altura para se ter gimmicks esquisitas. Paul Burchill inicialmente era um duro brawler Inglês que formava equipa com William Regal. Bastou descobrir que tinha sangue de pirata e pronto. Já estava com ideias. E não podia ser apenas um tipo vestido a rigor. A sua entrada também tinha que ser aperaltada e só lhe faltava mesmo o Johnny Depp ou o Orlando Bloom como managers. Até tinha a sua graça e Burchill era muito bom em ringue, logo até dava para a malta gostar dele. Mas não dava para durar assim muito e alguns meses depois, Mark Henry encarregou-se de lhe dar uma sova a retirá-lo de TV e a “matar” o pirata. Quando voltou já era irmão da Katie Lea Burchill e eram uns irmãos assim meio esquisitos. Diz que foi ideia dos próprios, o que dá mais pena ainda. Não é que ter um pirata com uma entrada extravagante a balançar-se de uma corda seja algo por aí além e com estofo para durar muito tempo…

4 – Waylon Mercy

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Uma gimmick de curta vida também por uma passagem de curta vida deste lutador na WWF. Já uma segunda passagem de Dan Spivey – que já competira na companhia durante a década de 80 – em 1995 trazia uma personagem chamada Waylon Mercy que era bizarra mas interessante. Era baseado no personagem Max Cady, interpretado por Robert DeNiro, no remake do filme “O Cabo do Medo” (“Cape Fear”). Um tipo cavalheiro que até cumprimentava os fãs, o adversário e o árbitro… Até a campainha tocar e o tipo ficar possuído e virar um psicopata em ringue. Voltaria aos seus maneirismos educados assim que o combate acabasse. Era um gajo assustador. A gimmick apresentou-se em 1995 e até aí chegou, seguida da reforma de Mercy/Spivey devido à acumulação de lesões. Mas olhem bem para a personagem, para a sua vestimenta e para os seus maneirismos. Atentem às suas promos e segmentos. É verdade, este gajo era o Bray Wyatt antes do Bray Wyatt! Mas com menos combates com frigoríficos!

3 – Isaac Yankem, DDS

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Ah este monstrengo que era o dentista pessoal de Jerry Lawler, apesar da sua própria dentição mais parecer um acidente ferroviário. Muita coincidência que ele tivesse um dentista com aquele tamanho, peso e habilidade para andar atrás do velho rival Bret Hart, realmente. A gimmick do dentista psicótico apenas durou a sua utilidade na storyline com Bret Hart e alguns meses seguintes em que serviria de jobber. Ainda teve cerca de meio ano de actividade, mais um período de cerca de outro tanto com aparições esporádicas e no fundo do card. Mas mesmo com essa “carreira”, aqui o doutor é alguém de quem nos lembramos muito bem actualmente. Foi uma lenda assim tão notável nesse seu pouco tempo? Não, nada disso, apesar de eu achar que a sua “música” de entrada seja das melhores cenas de todo o sempre. É mesmo porque o monstro por trás da bata é Glenn Jacobs. Exactamente, como todos bem sabemos, foi por aqui que o nosso adorado ídolo Kane começou. Depois disto ainda ia andar a fazer de conta que era o Diesel e depois vinha com algo mais surreal ainda: um monstro mascarado, vítima de queimaduras, piromaníaco e traumatizado, meio-irmão de Undertaker, a quem procurava vingança. Mais uma tontice, o homem estava destinado a gimmicks pouco mundanas que não fossem a lado nenhum! Ou então… Lá esse Kane era o seu bilhete-de-ouro e ele conseguiria a sua ilustre carreira a partir daí. A verdadeira questão: qualquer outro competidor conseguiria?

2 – Friar Ferguson

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É sempre bom retornar à primeira metade da década de 90 na WWF. Não pelas boas razões, mas sim porque há lá tanto disparate que aquilo parece um baú sem fundo de material para o que quer que seja. E é uma bela caderneta de cromos de onde se pode retirar o nosso grande amigo Bastion Booger – paz à sua alma também – um dos personagens mais infames do seu tempo. Mas esse ainda durou qualquer coisa e ainda se fez minimamente notório, mesmo que, lá está, não pelas boas razões. Antes disso teve uma tentativa muito breve de se apresentar ao mundo como Friar Ferguson. E caramba que esse tipo era bizarro. Quase que fazia o Bastion Booger parecer normal. Sim, ainda é um quase. Mas Ferguson até tinha um conceito muito simples e directo: era um monge doido. Tinha um corte de cabelo de luxo, lutava descalço e sabe-se lá como raio explicar os seus maneirismos e coisas que fazia em ringue durante o combate. Era perturbador. Mas a personagem não foi retirada por verem que era péssima. Foi preciso a Igreja Católica ofender-se e queixar-se que a personagem era de mau gosto para que eles a retirassem umas semanas depois e reformassem Mike Shaw, homem que interpretou essas duas lendas. Os queixumes que já existiam antes da negra era da Internet!

1 – The Shockmaster

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Mas será sempre eterno. Nos nossos corações é a maior lenda. História foi feita em 1993, na WCW, no Clash of the Champions num segmento “A Flair for the Gold” em que a equipa babyface de Sting, Dustin Rhodes e Davey Boy Smith apresentavam o seu parceiro surpresa para os War Games contra a equipa Heel de Sid Vicious, Big Van Vader e os Harlem Heat. História prestes a concretizar-se. Sting gritava “He’s gonna shock the world!” E de facto chocou. Quando entra em cena, rompendo pela parede dentro, tropeçando e aterrando de cabeça, perdendo o capacete da personagem, retirando qualquer temibilidade ou credibilidade a esta personagem ameaçadora. Dos momentos mais recordados na história do wrestling e será sempre o marco na carreira de Fred Ottman, que se lixe lá o Typhoon ou lá o que ele fez com os Natural Disasters. A tentativa de recuperar a postura, o desaparecimento de lutadores de cena para se esbardalharem a rir e a surpreendente postura imóvel de Sid Vicious. Um segmento para a eternidade. Lá qual fosse o plano para o Shockmaster, foi abortado e a gimmick durou algum tempo mais, já como um indivíduo trapalhão que só caía e fazia asneiras. Já não era bem a mesma coisa. História estava feita. Mas agora pensamos no plano original e vemos que se estragou completamente a estreia de uma personagem ameaçadora, com uma máscara de Stormtrooper coberta de brilhantes, que tínhamos que levar a sério. Ainda bem que caiu e correu tudo como correu!

Uma bela caderneta com dez cromos de curta vida. Há muitas variações deste tipo de tema, pode ser carreiras curtas – há gimmicks curtas que são toda a carreira de um lutador numa companhia – há gimmicks parvas – há gimmicks parvas que duram muito pouco por isso mesmo – e há esta variação, a das gimmicks que duraram um piscar de olhos. Talvez na sua altura tenham parecido muito mais. E sim, são apenas estes, só dez. Há montes deles, eu próprio tinha uma lista bem mais extensa da qual foi difícil cortar para ficar apenas dez e deixei ficar alguns que achei que fossem essenciais e que tivessem lugar no coração de qualquer fã que goste da sua fatia de parvoíce e macacada no meio disto tudo. Mais casos? Montes deles, vocês lembrar-se-ão de muitos mais com certeza, deixo isso para vocês e espero que participem. Já cá devo estar de novo na próxima semana com algum tema novo. Até lá fiquem bem, um bom Backlash a todos e já que vem aí o Backlash e eu até me esqueci no Top Ten anterior… #MahalforChampion

6 Comentários

  1. Com este post pode-se concluir que a primeira metade da década de 90 foi estranha, tirando isso excelente post continua 😀

  2. Mais um bom artigo chris , gostaria de sugerir possíveis superstars das indies que poderiam ir pra WWE

  3. Shockmaster, que lenda!

    Mais um excelente Top.

  4. Uma gimmick que durou pouco, embora mais que a maioria dos que aqui estão, foi uma das minhas preferidas e que tive pena de a WWE ter cedido ao racismo dos media americanos e ter morto o personagem. Falo claro do enorme Muhammad Hassan, um dos meus vilões preferidos de sempre! Outra de curta duração, os 3MB, que podia ter sido um caso sério ou um acto de comédia bem melhor que a infantilidade absurda dos New Day.

  5. Bom Top Ten. Esse momento do Shockmaster foi lendário sem dúvida 😀