Pensar no fim…

Se reflectirmos friamente, certamente tiraram a conclusão que o fim tem muito significado. Concluímos que algo pode acontecer determinando o encerramento de um ciclo de vida, trabalho, ou mesmo lazer com os videojogos. Vou pegar num excerto do artigo do BTM dos nossos caros cronistas e companheiros de quarta-feira, que exemplificaram e bem o que pode significar o FIM! Sejam bem-vindos ao vintage com o tema WCW novamente em destaque.

(…)Nada dura para sempre. Por muito que custe, esta é uma das verdades que temos de aceitar. Também somos forçados, mais cedo ou mais tarde, a aceitar que não existem finais perfeitos. Aliás, nem sequer existem finais felizes. Não é à toa que dizem que a morte é a grande certeza da vida. É mesmo. A única certeza que temos é que o nosso final de história será o do dia em que morrermos. Será isto um drama? Nem por isso. Nascemos, vivemos, morremos. É assim a vida, deal with it.(…) Beyond the mat #29.

Vintage #63 – The Last Show…

Sting vs Flair, foi a eterna rivalidade da NWA e mais tarde WCW.

http://youtu.be/CIKV9HxO9jQ

Quando começamos a ver um filme, seja no conforto do nosso sofá, com uma companhia bonita e uma bebida a condizer com o momento, não estamos a pensar no fim do filme, muitas vezes nem no próprio (filme) …Mais a serio… Estamos a desfrutar todos os momentos que nos são transmitidos e, se estiverem a ter qualidade, é mais fácil não ter a perceção que o fim do filme está próximo, mas queremos um decente, e que cumpra as nossas expectativas. Isto na minha opinião é uma regra de ouro nos filmes e, enquanto fá da sétima arte e de filmes decentes, tem muito valor, pois quando sinto que o filme está a “caminhar” para um fim sem impacto e desfralda as minhas expectativas, fica na minha retina o fim, e por muito que tenha a meio do mesmo alguma nuance de bom cinema, fica sempre a prevalecer o fim!

Existem também filmes que descortinamos que descambam de início até ao término, um exemplo disso, foi o filme que fui ver ao cinema, que na minha opinião foi muito mau e, só não sai a meio do mesmo, porque quase, quase adormeci. A “obra-prima” chamasse “A vida secreta Walter Mitty!”. A sétima arte é um bom exemplo como o criador pode dar a versão que mais entende para o fim de um filme, ou mesmo eu enquanto cronista amador de wrestling. Eu posso dar o fim que entendo como o melhor mas, nem tudo é um livro, uma coluna, ou um filme, onde podemos previamente iniciar e acabar.

O exemplo do futebol é o melhor para exemplificar que o fim pode não ser perfeito. O caso do Sport Lisboa e Benfica na última época, que teve um termino quase fatalista, depois de ter sido brilhantemente conseguida no início, que teve um fim digno de um filme de terror. Esta época, a versão II está a ter um encerramento desejado por todos os fás da mancha vermelha!

Nem tudo pode se repetir, mas o exemplo de hoje, leva-nos a pensar que a extinção da World Championship Wrestling foi demasiado arrebatadora para os fás da época. Eu pelo menos enquanto adepto da companhia, foi um rude golpe para a qualidade do panorama global do wrestling e senti que todos aqueles wrestlers ou a maioria deles estariam “fora” do projeto da WWE, que venceu a mítica batalha nas Monday Night Wars.

Vintage #63 – The Last Show…

4 de Janeiro de 1999, a data em que a rota do wrestling foi alterada a favor da WWE.

Não quero nesta edição esmiuçar o tema Monday Night Wars, pois está mais que debatido. Quero sim perceber o que levou a que a WCW perdesse a guerra, e baixasse a guarda para se “derrubada” de uma forma clara e inequívoca. Encontrei variadíssimos factores que são erros graves por parte de uma companhia de wrestling, e por muito que a ECW tivesse revolucionado o estilo da época, não chegava aos calcanhares da companhia liderada por Ted Turner, sob a batuta de Eric Bischoff.

Para os mais atentos da história geral do wrestling, a WCW outra hora NWA não era vista como uma concorrência capaz de derrubar o all might Vince e as suas 3 siglas WWF. Exemplos como Rick Rude ou Ric Flair entre outros variadíssimos executantes que foram vedetas do promotor Jim Crocket , se tivessem a oportunidade de dar o “salto” para a companhia que tinha André The Giant, Hulk Hogan ou Randy Savage, não pensavam duas vezes, porque para além da visibilidade ser maior, o dinheiro era mais abundante para os lados de Stamford.

Não querendo ferir suscetividades mas, a NWA era a segunda divisão do panorama daquela época que, apesar de ter variadíssimos fás old scholl, faltava o investimento mais preciso em PPV´s, arenas e ringues com mais qualidade, e TV shows que tivessem um impacto decente para o telespectador ou espectador. A NWA não tinha branding ou publicidade que fosse cativante, e mesmo alguns dos seus intervenientes deixavam a desejar em ringue. Sting e Flair não podiam sempre salvar a companhia com combates em todas a ocasiões. Com a chegada do dinheiro do magnata da televisão Ted Turner, que lançou o desafio directo a Vince McMahon, querendo liderar tudo que englobava wrestling nos States, colocou um comentador como Bischoff a conduzir o monociclo, para torna-lo num camião de bom booking e bom wrestling. O logo mudou, o Monday Nitro nasceu, estrelas foram “roubadas” ao grande rival e com a formação da NWO a WCW disparou e derrubou o Monday Night Raw semanas consecutivas.

Vintage #63 – The Last Show…

O episodio fingerpoke of doom foi um dos piores momentos de sempre da WCW!

Um início brilhante que teve momentos OMG espetaculares, onde formou uma besta como Bill Goldberg promovendo a sua streak de uma forma lapidar. Uma divisão de cruiserweight que era a delícia de todos, com lutadores oriundos do México, Japão, que mostravam o seu talento no quadrado da WCW. Tantos factores únicos e inigualáveis que deixavam todos satisfeitos com vontade de não perder nenhum episódio do Nitro.

O que falhou? Pois aqui é que está o problema, o que terá falhado… Na minha opinião quando Turner “fechou a torneira” e o super ego de Hogan veio mais ao de cima, anunciou um fim que foi prematuro. Variadíssimos exemplos de mau booking por parte da mente do senhor Vince Russo, como dar a David Arquette o MITICO WCW World Title entre outras decisões catastróficas. Basta ver que existe episódios como o fingerpoke of doom por parte de Hogan e Nash, que foi definitivamente um virar de pagina de boa qualidade para a má. Actualmente Hogan ainda goza com esse acontecimento, afirmando que ganhou dinheiro sem ter suado…

Vintage #63 – The Last Show…

Um momento único na vida de Foley com a conquista do WWE Title.

http://youtu.be/O8nbJikFTv8

Situações como Hogan não querendo colocar ninguém over, querendo levar a sua sempre avante, pressionando Russo a fazer o que ele queria. O episódio entre Hogan e Jeff Jarret é prova disso pois o gigante loiro careca queria sempre estar no spotlight. Era difícil lidar com tantos egos ou superegos (onde já li isto esta semana) e ditou um fim de uma maneira fria e calculista, pois os números “falaram” mais alto!

Atitudes por parte dos oficias da WCW foram “catanadas” na própria companhia. Quem não se lembra do momento em que Tony Schiavone faz um spoiling que viria a ser fatal nas audiências do Nitro. Tony fez questão de anunciar o vencedor do combate entre Mick Foley e The Rock para o WWF Title (obedecendo a ordens superiores), dando a noticia que Foley viria sagra-se campeão. Esta acção foi um tiro na culatra que feriu e muito toda a campanha positiva que tinha sido feita, caindo tudo em saco roto. Os fás rapidamente mudaram o canal para verem com os próprios olhos esta mudança de titulo, pois Foley há muito era acarinhado pelos fás do wrestling e, vê-lo a ser World Champion era um dos pedidos de todos os aficionados do wrestling em geral seja WWF ou WCW fan. A data de 4 de Janeiro de 1999 mudou a rota e história do wrestling.

A WCW fez parte de uma história bonita que tristemente acabou. Não pensem que queria que voltasse para fazer frente a WWE mas se analisarmos bem, isto é como o Bayern Munich na Bundesliga. Sem concorrência a comodidade pode ser um erro, basta ver o jogo contra o Real Madrid que é uma boa prova disso.

Deixo-vos com o vídeo do ultimo show da WCW, que sagrou Booker T como 5 time 5 time 5 time WCW champion! Todos os títulos (que eram tantos) estiveram em jogo e um discurso de Nature Boy emotivo, que realçou a mística da companhia.

Pensar no fim…se imaginasse sequer num fim da WCW, nunca pensei que podia ser este… O vintage hoje presta uma homenagem a never forgetten WCW…This is Vintage!

25 Comentários

  1. Excelente homenagem. Mais um notável trabalho da tua parte André,.

  2. Arvanix11 anos

    Grande homenagem . Grande trabalho , André .

  3. O incidente entre Hogan e Jeff Jarret que menciono no artigo …

    http://www.dailymotion.com/video/xbstan_wcw-bash-at-the-beach-2000-hulk-hog_sport

  4. Alexandre Romano11 anos

    Grande Homenagem, e excelente artigo .Mais um grande trabalho teu André.

  5. JoãoRkNO ®11 anos

    Não tenho muito para dizer , achei magnifica esta homenagem a uma empresa que poderia ter dado muito mais se não tivesse ofuscada pela WWF .

  6. John_3:1611 anos

    Foi uma excelente forma de homenagear a wcw,muitos parabéns senhor perfeição.

  7. Belo trabalho e grande homenagem a WCW, hoje ela se encontra esquecida na WWE, sendo tratada sempre como a segunda linha. (P.S.: Mick Foley a ganhar o título… AWESOME!!!)

    • Mesmo Bruno! A vitoria de Foley foi única mas pior foi a atitude por parte dos oficiais da WCW que spoilaram o momento!

  8. PedroSWWE11 anos

    Belo artigo, sinceramente, um dos problemas da WCW era falar em WWF, com aqueles cartazes a dizer “Raw fears Ratings” entre outros, tambem, a WWF teve a invasão dos DX, e também na (re)formação dos DX, X-Pac falou em Hogan.
    Mas nesse dia, quando o comentador falou que Mick Foley, que já tinha combatido lá na WCW como Cactus Jack, iria vencer obviamente o título, mais de 300 mil famílias mudaram de canal para o Raw. A partir daí, o WCW Monday Nitro nunca mais bateu o Raw nos “ratings”.
    Enfim, fizeste-me lembrar um dos momentos mais memoráveis do Raw, xD

  9. Excelente, André.

  10. Excelente, André. Grande homenagem, Essa imagem do Foley me da arrepio só de lembrar…

  11. Que lindo artigo Andre,realmente ficou muito bom uma bela homenagem a extinta e inesquecível WCW…

  12. Concordo João, ainda por cima foi a própria WCW que ajudou a que isso acontecesse!

  13. Perfeito comentário Pedro. O momento em que Tony Schiovanni anuncia Foley como vencedor e ainda por cima o “bota abaixo”…foi bad for business!

  14. Mais um belo Vintage e com um tema que dá sempre azo a mtas linhas, msm ainda hoje. É pena que tenha acabado, mas nos dias que correm n é a unica perto do fim. E obrigado pela citação. É sempre uma honra fazer parte do Vintage.