A escolha do tema para a edição de hoje do Vintage foi engraçada. Estava eu a pensar o que havia de escrever, e foi de uma maneira sui-generis que se “deu luz” na minha cabeça.

Vintage #76 – Quando a resposta vem em forma de trovão!

Então a inspiração nasceu de dois factores:

A forte trovoada que se fez sentir na zona do Porto (e não foi aquela que aconteceu no estádio do Dragão);

O preenchimento da grelha televisiva nos canais principais Portugueses, especialmente TVI e SIC com telenovelas, porque se não tiverem atentos, nem se apercebem que já acabou uma e começou outra…Bem, estão a pensar, como sabes? Meus caros, quando casarem saberão;

À forte trovoada associei o show da WCW de seu nome Thunder e, a analogia com a “qualidade” da programação Portuguesa deveu-se a exaustão actual dos shows que existem na WWE, ou seja, quantidade não resulta em qualidade. Ao menos temos o NXT que é neste momento um must see para os fás.

Ao lerem o título desta edição estarão a pensar: “ Deve ter sido um show do caraças!” Até um certo ponto até foi interessante, mas depois a WCW fez o que sabia fazer melhor…estragar o que está bem feito. Vamos lá saber o que era isto do Thunder da WCW.

Vintage #76 – Quando a resposta vem em forma de trovão!

Logótipo onde as cores azuis eram trademark do show. Era exibido no canal TBS.

http://www.youtube.com/watch?v=A4B6qmNXF7Y

Esta ideia de criar mais um programa de wrestling nasceu da mente dos oficiais criativos da WCW. A companhia de Ted Turner era comandada por Eric Bischoff que tinha nas suas fileiras de programação o sucesso Monday Nitro com uma duração de duas horas. Portanto, fazer mais um show de wrestling e especialmente também com a duração de duas horas era uma missão difícil, especialmente quando tinham o Nitro a combater com a RAW. Uma decisão que fez Eric ficar relutante em aceitar mas o Thunder seguiu para a programação da TBS.

A decisão de colocar no ar mais um show arrecadou mais custos para a companhia e mais lutadores para preencher combates e storylines. Contratações sonantes como Bret Hart entre outros wrestlers com créditos comprovados, seja na WWE ou ECW.

Show de 1998

http://www.youtube.com/watch?v=PdP9A5gktzU

Começou a ser exibido à Quinta-Feira e teve um ímpeto bastante positivo. Iniciando a sua exibição nos inícios de 1998 conseguiu ser uma boa “muleta” para o Nitro e claro, que foi mais uma ameaça para o RAW que já aproveitava todos os seus minutos com momentos cheios de atitude e extremos.

Adoptando as cores azuis (muito semelhante ao que é agora a TNA) teve variadíssimos pontos de interesse no inicio de vida. Deu mais tempo de antena a armada mexicana e latina proporcionando aos fás combates de qualidade.

Quando a rivalidade entre alguns top-stars precisava de um aditivo de interesse, o Thunder era mais um ponto de passagem para cativar fás a seguir atentamente todos os desenvolvimentos.

No início é tudo muito bonito e consegue ter ainda a alavanca do “ON” ligada mas, o que acontece é que quando começamos a ver Hogan, Goldberg abrir este show e, depois são substituídos pelo Glacier ou outros wrestlers de qualidade inferior e estatuto, certamente é um mau presságio.

Vintage #76 – Quando a resposta vem em forma de trovão!

Tony Schiavone, Bobby Heenam e Larry Zbyszko ou Lee Marshall

Isto leva-me a comparar o programa Main-Event da WWE, que certamente não terá muito mais para dar aos fás na minha opinião, pois teve já CM Punk, Cena ou outros na programação e, actualmente têm um paupérrimo show.

A decadência do programa das noites de Quinta-Feira foi gradual e passados 2 anos passou a ser exibido às Quartas-Feiras. O motivo foi o nascimento da concorrência para esse dia, um programa com as mesmas cores de seu nome SmackDown.

A energia da WWE foi quase toda canalizada para esta nova aposta e termos um Rock, Steve Austin, HBK ou Undertaker a brilhar tanto na Segunda-Feira bem como na Quinta, deixou de rastos um programa que não teve força para rivalizar com estes nomes sonantes e com histórias mais bem conseguidas. Hogan e companhia já não eram presença habitual nesta fase de programação e nem o embate entre Goldberg e Bret Hart foi suficiente para salvar um show com um fim anunciado.

Show de 2001

http://www.youtube.com/watch?v=mpgsz6W6OfM

Com os cortes a serem bastante significativos por parte do grande financiador Ted Turner, o Thunder começou a ser gravado no fim de cada Nitro deixando cada vez mais todos insatisfeitos, pois trabalhavam certamente a dobrar.

Era apanágio e está documentado como tal, que nada era pensado e muitas vezes era o próprio wrestler que apresentava as suas histórias e quase sempre eram aceites. Chris Jericho, um dos que durante a sua carreira foi o principal lutador de pesos-leves, escrevia a sua história e juntamente com Eddie Guerrero criaram pontos de interesse ao seu redor. Mas nem todos têm esta capacidade e a maioria esperava ter mais destaque e ser mais bem pago. Certamente que os menos capazes foram sendo dispensados deixando menos mão-de-obra para o Nitro e bem menos para o show secundário Thunder!

A concorrência da SmackDown foi feroz e derrubou os ratings já fracos do Thunder que estavam ao nível já da moribunda WCW. Não havia possibilidade de ter resistido muito mais, pois para além dos programas semanais de conteúdo de noticias, havia um programa realizado ao Sábado (Saturday Night Main Event).

Em 2001 teve o seu fim, onde já tinham dificuldades em encher arenas para rentabilizar, ou melhor recuperar algum dinheiro.

A resposta veio como um trovão mas, como todas as tempestades tem fim esta não fugiu a regra.

Espero que tenham gostado e se algum de vocês recorda este show, partilhem as vossas lembranças!

This is Vintage!

14 Comentários

  1. André tenho até a ideia que o Thunder era inicialmente para ser uma espécie de WCW nWo, ou seja, mais programação mas dedicada à stable que ajudou a WCW a tornar-se na promoçãp número 1 a nivel mundial. A ideia não pegou e a existência do Thunder é para mim um dos maiores erros que a WCW cometeu e até cheguei a falar nisso numa edição do Impacto!

    Quantidade não significa qualidade e a sobre-exposição de um produto não beneficia a organização, nem a indústria. Eu lembro-me do Thunder e basicamente era um programa de combates com os nomes menos usados do roster da WCW, o que curiosamente chegou a fazer do Thunder um programa melhor que Nitro sobretudo quando a WCW tratava de colocar na sua marca secundária a divisão de cruiserweight, que eram quem? Chris Benoit, Dean Malenko, Rey Mysterio, Eddie Guerrero, Billy Kidman, Psychosis, Chris Jericho, Juventud Guerrera, entre tantos outros. O grande apelativo diferenciador da WCW estava aqui, mas infelizmente num programa que era mal-tratado pela organização, recheado de combates aleatórios.

    Já no caso da própria WCW eu não tenho essa visão que referiste André, que a WCW não conseguia competir com Steve Austin, The Rock, etc…a WCW chegou ao topo graças à história nWO/Sting e tinha possibilidades de continuar a construir essa liderança sobretudo quando apareceu um Golberg invicto. O problema foi que em vez de investir nos seus cruiserweights e na figura de Golberg que tinha tudo para suceder como a cara da organização, a WCW (muito por culpa de Nash, Hogan e amigos) decidiram destruir a invencibilidade de Goldberg contra um veterano – Nash e enterraram a divisão cruiserweight no Thunder. Em vez de dar ao público algo novo, diferente, optaram por dar um novo fôlego a uma stable que tinha de desaparecer gradualmente. O público, que tinha na WWF uma alternativa diferente, com caras diferentes e histórias arrojadas não hesitou em fazer a mudança. Mas tínhamos aqui matéria para muitas horas de discussão…

    • Tens razão Jorge. Ainda bem que referiste esse pormenor do Thunder ter mais conteúdo da NWO! Penso que houve um logótipo do show alusivo a NWO.

      Tocaste num ponto importantíssimo. Os cruseyweights eram muito mal tratados e eram despojados para os ringues sem nenhum teor de história. Jericho fazia as suas próprias storylines e recordo-me de uma contra Dean Malenko que foi TOP!

      Tal como referes, uma oportunidade para dar algo diferente e não o fizeram, mas sim mataram aos poucos a NWO. Na minha opnião começou tudo com a separação da mesma e com aquele episódio do Hogan e o Nash…

      • Além das histórias, há uma série de incidentes durantes os shows do Thunder, coisas como músicas que não tocavam na entrada dos lutadores, segmentos de bastidores que continuavam a transmitir depois do segmento acabar (vias os wrestlers calmamente a conversar ou a saírem juntos, elementos das equipas de filmagens a aparecer onde não era suposto…). Basicamente o Thunder foi um capricho de quem estava deslumbrado pelo sucesso (Bischoff).

      • Pois…uma bagunça 😀

      • Starrcade10 anos

        Quem quis criar o Thunder foi o Ted Turner, o Eric Bischoff sempre se demonstrou contra isso, pois com isso a WCW passaria a ter exposição a mais.

        Noutra ponto ainda a ver com a programação, o NITRO é que era para ter sido mais dedicado à nWo (chegaram a fazer uma edição antes do Starrcade de 97) e o Thunder à WCW – por alguma razão isso nunca chegou a acontecer.

        Quanto à queda da WCW, acho que o maior problema foi não terem criado uma boa marca, sendo que a nWo era obviamente maior que a própria WCW, dai eu não achar que o Fingerpoke of Doom ter sido assim uma decisão tão má. Manteve o “alimento” da WCW, a nWo, e os ratings continuavam bastante bons, mesmo depois de ter perdido a liderança para a WWF, e deu ao Goldberg uma mão cheia de top heels para trabalhar até chegar de novo ao Hogan.

      • Nome curioso!

        O Eric Bishoff foi contra tal como indico no artigo mas foi desafiado aceitar, por isso ter contratado mais wrestlers e o que estas a referir em relação ao Nitro ser para a NWO, de facto aconteceu uma vez um show assim mas o Thunder no meu ponto de vista era para fazer concorrência ao próprio Nitro, uma espécie de concorrência interna.

        Mas o fingerpook of doom foi um desastre,m basta ver a reacção dos fás e provavelmente começou aí a queda da WCW.

        Obrigado pelo comentário.

  2. Primeiro não me fales da Trovoada de Domingo. Uma pessoa sai para ir ao cinema e ainda leva ao final da tarde com aquilo quando não esperava( raio de molha que levei).

    Depois não conhecia bem o Thunder, mas depois da descrição que tu e o Jorge fizeram do seu conceito agradou-me e talvez procure algo sobre isso.

  3. John_3:1610 anos

    É sempre bom aprender mais alguma coisa nova neste espaço, que foi o que aconteceu hoje, de facto não tinha muitos conhecimentos acerca disso, por isso obrigado pelo artigo 🙂

  4. John_3:1610 anos

    É sempre bom aprender coisas novas neste espaço, que foi o que voltou a suceder hoje, de facto não sabia muito acerca do Thunder, por isso obrigado pelo artigo 🙂

  5. JoãoRkNO10 anos

    Só te digo que a trovoada de Domingo deixou-me um bocado aflito na A4 xD Em relação ao Thunder , desconhecia por completo , mas já deu para juntar algo ao conhecimento do antigo.