5 – As infames “versões Jimmy Hart”
Aqui uma entrada diferente. Que não é tão referente – mas também pode ser – a plágios de umas companhias para as outras, mas sim, de todas, de toda a indústria para com o exterior. É relativo a algo muito importante no wrestling, mais do que parece. E agora, andando tão fraquinho, é que se nota. A música. Mas afinal qual é a origem do termo “Jimmy Hart version” referente a algumas músicas, especialmente de entrada de algumas das lendárias estrelas?
Acontece que Jimmy Hart, além de um desbocado e carismático manager, também é músico. Até teve a sua própria banda na década de 60, os The Gentrys, com quem ainda facturou bastante com um êxito, “Keep on Dancing,” uma gema hoje meia perdida do rock sessentista, recomendável a fãs de The Kinks, The Troggs ou The Who. Ingressando o mundo do wrestling, trouxe também esses talentos e está por trás de muita música da mais antiga na indústria. Um hino enorme que é da sua autoria, por exemplo, é a “Sexy Boy” do Heartbreak Kid, que já todos cantamos imensas vezes e ainda fazemos de conta que nunca a dançámos antes ou depois do duche. E foi também ele um dos pioneiros da arte de dar um tratamento a músicas conhecidas e adaptá-las aos lutadores, tornando-se familiares mas também tendo uma personalidade nova para aquele contexto. E, claro, a parte importante: que tenha suficiente para provar, em tribunal, que é uma música original. Mesmo à Vanilla Ice.
A lista de canções “adaptadas” de canções conhecidas é interminável. E, claro, Hart passou o legado e agora é prática comum. Especialmente se um lutador subir das independentes, onde utilizava uma canção conhecida mas, exposto em TV, isso é muito caro – perguntem à carteira da AEW, o quanto tem que largar para cada vez que o Bryan Danielson queira usar a “The Final Countdown” – e têm que apresentar uma semelhante. Pois, a música de entrada do Tommy Dreamer não é a “Man in the Box” dos Alice in Chains, a música que o Raven utilizou no final da década de 90 na WCW não é a “Come as You Are” dos Nirvana, a música que o Perry Saturn utilizou nos The Revolution não é a “The Beautiful People” do Marilyn Manson, os Road Warriors de facto fizeram-se famosos com a “Iron Man” dos Black Sabbath mas houve uma altura na WCW em que não a usaram e, esta pode mesmo surpreender-vos, mas a música do Christian Cage não é a “My Last Breath” dos Evanescence. Qualquer advogado consegue provar isso, nem precisa de ser assim tão bom.
E também existem aqueles plágios de estilo. Porque bem podem procurar que não encontrarão a música dos Rage Against the Machine que o Jack Swagger utilizou. Porque é uma original da banda-tributo Age Against the Machine. E também não foram eles que interpretaram o mítico tema dos D-Generation X, mas são a mais descarada referência para a Chris Warren Band que interpreta essa “Break It Down.” Também se dá em transições de uma companhia para a outra: porque, afinal, a “American Made” que Hulk Hogan utilizou quando chegou à WCW não era a “Real American.” É incontornável no que diz respeito à música tão essencial para acrescentar algo às personagens. Apesar de ser o mais evidente, este aqui não se trata de plágios. Legalmente, há provas de que não são.
2 Comentários
É muito dificil acrescentar algo a seus artigos pois eles são sempre bem detalhados, o que acaba sendo “dificil” de comentar algo que não seja o obvio, mas muito bom como sempre.
excelente artigo