1 – A WrestleMania
Acredito que fosse óbvio. Tudo estava estranho quando olhávamos para as ruas desertas lá fora e tudo se mantinha estranho quando olhávamos para a TV, inclusive e especialmente quando olhávamos para os ringues, sempre rodeados de ruidosos fãs, pretensiosos ou não… Agora também eles estavam desertos e ouvia-se um estranho eco. E a Wrestlemania a chegar. Claro que teria que ser a Wrestlemania mais estranha que já vimos e que, acredito, alguma vez vamos ver.
Sofreu, ainda mais, com o seu posicionamento no calendário. A loucura estava a acabar de se implementar no mundo inteiro. Foi um dos primeiros grandes eventos a ser afectado. Na WWE, foi o primeiro PPV que fizeram sem público, com as memórias de um Elimination Chamber lotado já a parecer tão longínquas, depois de já termos visto alguns dos programas semanais sem público, com coisas tão surreais como, lá está, o Brock Lesnar no Performance Center. Quando surgiu o anúncio online de que a Wrestlemania seria no Performance Center, houve todo o tipo de reacções. Muitos não viam qualquer lógica nisso e pediam que a adiassem – ainda não teria sido concretizada até agora. Mas era o que tinham à mão, especialmente ao início, quando ainda não tinham tido tempo para desenvolver uma ideia como o Thunderdome. As coisas não se começaram a sentir mais normais, quando começaram a sair as reportagens sobre… As gravações do evento. Uma Wrestlemania gravada e sem público. Onde raio se ia ver isso? A pergunta seria quando. Um ano de numerais repetitivos seria quando.
Muitos também estranharam a divisão em duas noites que, muito sinceramente, não me incomodou e, depois de ouvir Triple H, até apoio. Fica bem melhor e mais fácil do que uma dose pesada de 7 a 8 horas, noite fora. E todo o espectáculo à volta da Wrestlemania começa muito antes, é praticamente a semana toda, portanto porque não culminar em duas noites? Claro que a ideia vem do Wrestle Kingdom, mas ao menos nem foi assim má. E sim, todo esse espectáculo à volta do grande evento não se pôde concretizar. Nada de Axxess, cobertura na mídia, nada. Grandes combates, mas perante o silêncio de uma não-plateia. Estrelas como Rhea Ripley, que tanto ansiavam este momento da carreira, a levar este tombo. Vitórias fantásticas e grandes momentos para Drew McIntyre e Braun Strowman, sem um público a regá-los de apoio, carinho e barulho, enquanto as serpentinas os cobrem e o espectáculo pirotécnico voa estádio fora. Não pudemos ter isso. Mas não nos resta nada a não ser aplaudir e deixar uma vénia: nas circunstâncias em que estavam, safaram-se e até nem foi só uma Wrestlemania para remediar, até foi mesmo boa e satisfatória. O que estava em falta estava fora do alcance deles. Por ter sido na altura em que praticamente tudo estava fora do nosso alcance. Como será para a próxima? É que já não falta assim muito!
Louco ano, este que passou, não foi? Claro que 2021 também já teve umas coisas assim suficientemente “boas” para nos embasbacar, mas podemos, no mínimo, olhar para ele como um mais controladamente louco, ao ponto de já estarmos a contar com tudo e termos uma capacidade ainda melhor de nos adaptarmos a umas coisas e rirmo-nos de outras? É o que nos resta. Seja o ano de uma turbulenta recuperação. Mas 2020 ficará na memória de todos. De forma muito bizarra, até vai haver alguma coisa ou outra que vai deixar saudades a muitos. Para isso, usam aqui este Top Ten para recordar coisas estranhas com esse aninho na data de assinatura no fundo da folha. Até lá vão comentando, o ano ainda está fresco, podem recordar estes momentos e acrescentar outros que acham que se adequem. Acredito que tenham havido bem mais do que dez!
E se algumas coisas marcaram, outras não. E lá continuamos a olhar para o ano de 2020. Nem em nota negativa – este até nem teve, nem tudo o que é estranho é mau – mas também não em muito positiva. O mais neutra possível. Uma velha tradição aqui do Top Ten. Dez coisas de 2020 que nem nos lembramos que aconteceram. Vamos lá lembrar… O que não está lembrado. É sempre um exercício torturoso para quem tem que o fazer. Mas estejam cá a marcar presença.
E já sabem, um bom 2021 para todos, vamos lá erguer-nos. Claro que as coisas ainda têm muito para andar e ainda está tudo tolo, mas tenhamos todos o ânimo para fazer deste um ano de gradual recuperação. Nem que façamos de 2021 um ano também estranho mas mais divertido. E somos nós que o fazemos, não os números que lá estão, portanto força aí. Para descansar desse esforço, venham cá ver o Top Ten, que esse está sempre igual.
Até à próxima, muita saúde e ânimo, fiquem bem!
9 Comentários
A para min a eye for eye, é uma das coisas mais bizarras não só do ano, como de toda a história do Wrestling, que ideia ruim.
Já não acompanho TNA/Impact Wrestling para aí desde que o AJ de lá saiu (tirando uns combates do Angle aqui e acolá e algumas coisas relacionadas à personagem do Matt Hardy) e devo dizer que fiquei chocado com a descrição do número 7 da lista lmao
Belo artigo, como sempre
Bom artigo como sempre.
Numa lista destas do bizarro, eu tinha de arranjar um espaço para os RETRIBUTION, e outro para o vestuário do Rusev/Miro.
Bom artigo
Excelente, grande criatividade como sempre.
Excelente artigo! Sem dúvidas que 2020 houve cada uma que aconteceu que parece ser mentira!
Que cara pessimista falando do Impact Hahahahah
Nao sei como está a comunidade no br/pt mas nos EUA tem bastante gente animada com o Hard to Kill e com o que o Impact vem fazendo nos ultimos shows, e bem animados com essa parceira pra 2021, bastante gente empolgada como o impact vai vir pra 2021 com o Buff da AEW, acho que foram um imparcial ao falar do impact, de resto foi um bom artigo.
Faltou colocar a Vitória do Otis no MITB