5 – A Divisão de “Divas”
… Esta mesmo. No tema que antecedeu esta edição destaquei a revolução que se deu, para virar aquela divisão ao contrário, como uma das melhores coisas da década. E um ponto-chave, sem sombra de dúvida. Mas aconteceu já com urgência e o principal gatilho que as fez arregaçar as mangas foi ter atingido o fundo antes. Este fundo.
A primeira metade da década foi um desastre. Tínhamos umas LayCool a tentar animar aquilo, Melina, Gail Kim a fartar-se do tratamento e a sabotar os seus próprios combates e a ir embora, Natalya e Beth Phoenix a receber falsos alarmes de momentos dominantes. Tentaram ter a Awesome Kong lá. O plantel, como queriam, tinham que enchê-lo de modelos esbeltas e vistosas, em vez de lutadoras treinadas e empenhadas em fazer o mesmo papel que os seus colegas masculinos. Nem quero propriamente retirar algo às que lá estavam, algumas até podiam não passar de modelos e estar ali a esforçar-se e a dar o máximo para se impor, mesmo que não fosse o seu forte, mas assim mandavam – como seria talvez uma Kelly Kelly – e outras até podiam querer mais, mas ter que fazer apenas pose e sorrir para as câmaras – como talvez as Bella Twins que, adaptaram-se à evolução e, mesmo ficando aquém da maioria, lá se notava o esforço, o trabalho e vontade de acompanhar as restantes.
Tudo se tornou penoso. O título, que parecia uma borboleta, era um brinquedo inútil. As histórias quase não existiam e, existindo, eram inseridas nas histórias deles. Os combates em TV chegavam às vezes a ser só de segundos, para não dizer que não estiveram lá. A tal temporada do NXT já aqui destacada na entrada anterior, a ausência de PPVs, a continuação de battle royals com gimmicks parvas que, mesmo sendo mais family friendly, continuavam a ser inevitavelmente fetichistas. O tratamento diferente no NXT, um restante panorama de wrestling já de olho aberto quanto a essa questão, lutadoras como AJ Lee ou Paige a começar a mudar o paradigma, boas contratações de caras novas, lá começaram o empurrão para que vissem tudo de forma completamente diferente.
A subida de talentos femininos como Charlotte Flair, Becky Lynch, Sasha Banks, Bayley ou Alexa Bliss foram celebradas mesmo em TV. Lita, que sabia qualquer coisa sobre ser uma lutadora a sério, mesmo que numa era em que não as queriam para isso, apresentou o novo “Women’s Championship” e acabaram lá com essa treta das Divas. O resto, elas fizeram-no. Mas o estado em que as coisas estavam antes disso…
3 Comentários
Parabéns por todas as edições deste teu artigo apesar de ser muito raro comentar, leio sempre o que escreves e dou-te os parabéns por o empenho e o trabalho aqui apresentado, acredito que não seja nada fácil fazer um artigo destes todas as semanas. Parabéns uma vez mais. És peça fundamental neste site
Pela primeira vez concordo com um artigo neste site! Parabéns!
Uma coisa abordada que sinto falta é a ausência do GM nos shows, acho que dar um dinamismo melhor