2 – Elas fizeram-se ouvir!
Felizmente a coisa fez por se emendar ao longo da década para garantir que esta não seria a pior no que diz respeito ao wrestling feminino. Porque chegou a ser isso. Foi nesta década, na sua primeira metade, que o wrestling feminino atravessou a sua fase negra na WWE, com falta de talento legítimo para carregar uma divisão – sem querer retirar às que lá estivessem a dar o seu melhor – e de atenção, sendo reduzidas ainda a personagens de background, acompanhantes ou protagonistas de amostras de combates de minuto ou menos em TV. Com uma TNA ainda a dar importância às suas Knockouts e um panorama independente atolhadinho de talento – as de agora tinham que vir de algum lado – dava para entender que era mesmo um problema da WWE. E tinham que começar a mudar coisas.
As principais mudanças começavam a sentir-se, lá está, no revolucionário NXT. Lá o wrestling feminino parecia importar, tinham as meninas para isso e alguém que se importava com que elas lá iam demonstrar. Paige, a inaugural Campeã, era uma evidente favorita e ia já juntando bons combates, com Emma, entre outras, a fazer notar que o sítio para wrestling feminino em condições na WWE era ali. Em simultâneo, para os lados da “primeira divisão” também havia uma miúda determinada a deixar marca. O público não se fazia ouvir pelas “Divas” e pelo “Divas Championship” porque não queria saber, mas havia uma que se destacava. Essa era AJ Lee e eram obrigados a capitalizar na sua popularidade. E esta era diferente, sabia o que fazia em ringue, era popular com os fãs, tinha bons combates e não tinha papas na língua para dizer o que estava errado com muita coisa. Um reinado longo foi o que ganhou com isso. Começava a mudar um pouco a coisa e não tardaria nada até ser posta a trabalhar com algumas das meninas novas, que traziam o mesmo fogo que ela. Depois disso, a coisa continuava a aquecer no NXT, com Charlotte, Becky Lynch, Sasha Banks e Bayley a roubar o show para si. Não tardaria muito até estarem no plantel principal a estrear com estrondo. Dava-se a tal “Revolution,” “Evolution,” o que lhe queiram chamar!
Fruto da voz dos fãs, das fãs especialmente, e o principal factor: das lutadoras talentosas e extremamente trabalhadoras que impuseram o seu lugar. Foram esses os factores que causaram a tal viragem e não a Stephanie McMahon, por muito que ela se tente afiambrar à causa. Depois disso, não deu mais para parar, elas tinham finalmente tudo a que tinham direito: main events, títulos dignos (nada de Divas Championships) e até os seus próprios cintos de Tag Team, combates candidatos (e vencedores) a combates do ano, a sua própria mala Money in the Bank, entrada no Hell in a Cell, a sua própria Elimination Chamber, a sua própria Royal Rumble, um Mae Young Classic a colher e a recrutar imenso talento feminino internacional, um combate na Arábia Saudita, o seu próprio PPV Evolution, um main event da Wrestlemania já, respeito e dignidade. Redução a zero o número de battle royals de bikini ou tema fetichista qualquer. Fazem parte do plantel, como deve ser e, mesmo que fosse um problema interno da WWE, sentiu-se o seu impacto no geral, com a WWE a passar a ser um lar acolhedor e apetecível pelas atletas femininas que se vão esfolando por aí. Desfrutam de uma popularidade imensa e por vezes até são das mais over em todo o programa – perguntem à Becky Lynch – e isto só tem que ser uma questão normalizada e estabelecida, elas fazem parte e não são adereços nenhuns.
2 Comentários
O fim da streak vai ficar ora história
Excelente artigo ☺