1 – Jeff Hardy-Gate
Teve que vir o irmão a público dizer que estava tudo bem, agora há pouquíssimo tempo, com a sua saída da WWE algo errática e a seguir um comportamento estranho num evento ao vivo. Para já, vamos tomar a sua palavra. Mas todos temos razões para estar preocupados com qualquer mau sinal que Jeff Hardy apresente. É que já o vimos a bater bem no fundo.
E vimos isso em TV, uns em directo, outros nos dias seguintes, outros só viriam a conhecer isto em retrospectiva, mas já toda a gente viu. Foi mesmo em público. E a casa que seria a anfitriã deste triste episódio tinha que ser a TNA, a dividir as opiniões do público: foi irresponsável ou azarada neste momento? Foi no Victory Road de 2011. Eu disse que o nome desse PPV estava amaldiçoado. O PPV já não estava a correr lá muito bem e já se estava a destacar pela sua falta de qualidade: combates paupérrimos, finishes estragados, no contests sem sentido e até mesmo um First Blood disparatado, mas chegava a altura do main event, no qual Sting estava destacado para defender o World Heavyweight Championship perante Jeff Hardy. Podia ser bom, pois claro que podia. Se Jeff estivesse em condições. O seu estado intoxicado era óbvio quando se dirigiu ao ringue e também se tornou evidente que não estava em condições para competir. Todos perceberam isso. A imagem deprimente de um Jeff completamente inebriado a olhar para a câmara ficou imortalizada pelas piores razões.
Empataram para tentar encher aquele tempo porque sabiam que aquele combate não ia acontecer. Mas tinham que desenrascá-lo e Sting improvisou um rápido shoot em que lhe forçou um pin legítimo – era possível ver Jeff a tentar sair dele – e a acabar o combate num minuto e meio, saindo do ringue em concordância com os cânticos de “bullshit!” do público. Um negro momento de embaraço pra todos os envolvidos. Dividem-se as opiniões: viram-se encurralados ao serem surpreendidos com o estado de Jeff e até se sairam bem em tentar improvisar, ou foram irresponsáveis ao não notar ou deixarem Jeff partir para o ringue naquele estado? Talvez nunca vai existir consenso, mas administraram bem o seu regresso e já era mais que claro que Jeff não era só um puto com a mania da rebeldia e os seus vícios já eram um problema sério, para o qual pode contar com o apoio de colegas e fãs que sempre o respeitarão. A tal imagem acima mencionada permanece como um dos momentos mais constrangedores para os fãs, um dos maiores embaraços para a TNA, que já atravessava uma fase suficientemente criticada para causar possivelmente um sentimento de “já só nos faltava mais esta” e um eterno pesadelo para o próprio Jeff Hardy.
Pronto, acontece a todos. Para muitos, a TNA é isto mas felizmente, para muitos também é bem mais do que isto. Vergonhas todos as têm, se forem mais antigas então é que as têm. E até as mais recentes já as terão e a garantia é só uma: há muita para vir. É a realidade e para amenizar, agora ao fim, para tirar algum cinismo ao tema que pode parecer o habitual carregamento até à cruz da TNA. Concluído, cabe também a vocês essa defesa ou comentário destes momentos aqui, os que melhor se lembram e que mais vos marcaram. E até podem destacar muitos mais, este tipo de coisa fica facilmente na memória.
Para a semana ainda se falará da mesma. E se já olhámos para o bom e também para o menos bom, como lhe queiram chamar, também é inevitável – especialmente aqui por estas bandas – falar do bizarro. É, na próxima edição, vamos recordar dez momentos muito estranhos na história da TNA/Impact Wrestling.
Estejam cá com entusiasmo, com a luz da saída do pandemónio destes últimos dois anos cada vez mais próxima. Fiquem bem, força aí no resto do percurso, e até à próxima!
5 Comentários
O que poderia ter sido a TNA. Tinha tudo para ser pelo menos uma bela alternativa á wwe, tinham bastante estrelas, jovens muito promissores, a X Division, as Knockouts e até o ringue de 6 lados.
Infelizmente passavam a vida a dar tiros nos pés, cada vez que faziam algo em condições faziam logo a seguir algo ridículo. Foi palcos das bizarrices do Vince Russo, mas apesar disso foi crescendo até se tornar uma alternativa, chega o Hogan e o Bischoff pronto para enterrar mais uma empresa, e aí nem há palavras para a mante criativa destes dois, mau demais.
A Dixie Carter também não tinha muito jeito para aquilo, o regresso do Jarrett durou pouco, e só com a chegada do Callis e Scott D´Amore as coisas melhoraram, tarde demais, os fãs já desistiram da empresa, a Spike tv já se fartou também e a empresa continua a soro
As Monday Night Wars deviam de existir agora. Uma vez que não há uma total conciliação entre as empresas para que não seja o wrestling a competir com outros desportos, então que compitam dentro do mesmo desporto. Para o fã, como eu, só quer é ver bom espectáculo e que dêem o máximo de liberdade para que se criem estrelas e os deixem brilhar. A WWE teve de olhar e evoluir um Austin que tinha Taker e Mankind e mais ninguém, à pressa, para o main event, Lá teve Kane que foi bem criado e foi logo atirado aos leões, mas sabia que Big Show, HHH e The Rock eram valores seguros, seguidos duma agradável surpresa de Kurt Angle e depois a vinda dos já conhecidos Jericho, Eddie Guerrero e Chris Benoit enquanto os Jeffs e os Edges desta vida, não eram sequer pensados para o main event. De recordar que em 98 o Big Boss Man foi vendido como sendo um top guy e até tem um combate na Wrestlemania contra o Taker. Contudo, uma coisa era certa, havia estrelas que, se fosse preciso, podiam entrar directas para o main event que não desiludiam (e entraram como foi o caso o HHH e do The Rock). Actualmente eu olho e vejo que superstarts jovens (até aos 33, vá) é que podem assumir o main event se for necessário? Adam Cole e MJF na AEW e na WWE… Austin Theory? Mesmo o topo do NXT tem tudo mais idade que isso (salvo alguma exceção que me esteja a falhar agora).
Com públicos diferentes, com ideias e estruturas diferentes, mas quer dizer… eu divirto-me mais a ver os programas semanais dos anos 2000 da WWE Network do que qualquer programa semanal, de qualquer empresa, actualmente. Enquanto isto acontecer, enquanto não cativarem os fãs e deixarem de ser uns c*nas e comunicarem e fazerem histórias sem medos como era antes, o wrestling vai continuar a degradar-se.
A WWE há muito que assumiu que se quer afastar do wrestling na sua essência – basta ver, como é possível haver um guião com palavras-chave que não devem ser ditas pelos comentadores e uma delas ser não se referirem aos atletas como “wrestlers”?
O conceito da WWE é um conceito muito próprio, goste-se ou não, e estão claramente a voltar-se mais para uma empresa produtora de conteúdos de entertenimento (quase um canal multimédia até, diria eu) do que para uma empresa de wrestling; acho que, nesse sentido, comparar a altura das Monday Night Wars ou Attitude Era com o que se passa agora não é possível, infelizmente. 80 a 90% do que se passava nessa altura, com a forma como o mundo, redes sociais e difusão de informação evoluiram, hoje não passava e acabaria com a carreira de muita gente; basta ver o que aconteceu a wrestlers como Marty Scurll, Michael Elgin e até David Starr (que estava na calha para não renovar com a wXw, com direito a despedida e tudo, porque ia ser a grande superstar assinada das indies para a NXT), em que os gravíssimos erros que cometeram há já os anos finalmente os “apanharam” e praticamente acabaram com as suas carreiras.
Dito isto, concordo em absoluto que qualquer programa da WWE do início dos 2000 bate qualquer coisa que tentem passar agora, mas não voltará a haver uma época como essa; mesmo a chamada Wednesday Night War só existiu porque a NXT do Triple H era o que mais remotamente havia de parecido com wrestling, e acabou por ser o grande exemplo de como a WWE evoluiu para algo completamente diferente – ainda não ultrapassei os pushes do Keith Lee e do Tommy End (ou Malakai Black, para quem não o conhecer dos indies) no main roster… Completamente dominantes na NXT, chegam ao main roster a acabam a ser um híbrido entre um jobber e um tipo qualquer do midcard.
Não venho aqui advocar gostos pessoais sobre o wrestling, mas, infelizmente, o futuro do wrestling como o conhecíamos vai passar muito pela ascensão da AEW como uma “WCW”, a recuperação do Impact! e ROH, e a expansão da NJPW para os Estados Unidos. A WWE tornou-se outra coisa completamente à parte, a esta altura.
O teu ponto de vista é extremamente interessante. Este era o maior tema que devíamos ter aqui, a meu ver
Sou fã da TNA em sua gloria, acho que a crise de identidade devia ir pra top 1. Minha maior magoa com a TNA foi o fim dos AMW.