8 – A “invasão”
Mais um momento que possa ter ficado esquecido. Até porque já lá vai um tempinho. E se calhar também um factor que faça parte do embaraço: não teve qualquer efeito, quando talvez eles mesmo pensavam que estavam a fazer algo enorme para ficar para a história. Mas esqueçam lá essas “forbidden doors” ou lá essa semântica da moda… Lembremos quando a TNA invadiu a WWE!
Calma, também exageramos. Temos que recuar a 2004. E muitos fãs têm uma visão mista sobre esses tempos: estavam a começar a estabelecer-se e demonstravam-se cheios de potencial. Por outro lado, também tinham algumas manobras em que pareciam obcecados com a concorrência e a fazer coisas bem mais constrangedoras para conseguir atenção. Aproveitaram que havia malta da WWE por perto da Impact Zone para a gravação de um anúncio e decidiram pegar em meia dúzia de talentos, mais coisa menos coisa – Shane Douglas, Ron Killings, Road Dogg, Abyss, Traci Brooks, Konnan – e “invadir” aquele espaço com balões e biscoitos – que originou o nome “Cookiegate.” Não fizeram muito mais que ir lá causar um pouco de barulho e causar a interferência de algumas estrelas da WWE, conhecidos daqueles mesmos, a encontrá-los e talvez pedir-lhes para não fazer algo de muito parvo. A WWE ameaçou processar se mostrasse dos seus talentos na TV deles, mas ainda lá chegaram Eddie Guerrero e Rey Mysterio de caras disfarçadas – sim, um Mysterio desmascarado ainda por cima.
Foi estranho, foi. Pode ter a sua graça mas dá para notar a força toda com que tentam chamar a atenção, não só do público como da própria WWE, tentando provar que são na verdade muito maiores que o que aparentam. Sente-se uma tentativa de fazerem algo marcante, que ficasse para sempre, algo a fazer frente à invasão da WWE à WCW no tanque – que também tem muito que se lhe diga, mas fica para outra altura. E ficou algo parvo, facilmente esquecível e com uma data de tipos que acabaram por ir lá trabalhar na mesma. Prolongou-se com segmentos cómicos com um “Vince” e um “Triple H” na Impact Zone à procura das gravações proibidas da invasão. Imagens raras que causaram muitas risadas. Mas que também gritam aquele desespero que não lhes ficava assim tão bem. Muito melhor quando as companhias se focam em si mesmas e a TNA podia muito bem singrar por aí.
5 Comentários
O que poderia ter sido a TNA. Tinha tudo para ser pelo menos uma bela alternativa á wwe, tinham bastante estrelas, jovens muito promissores, a X Division, as Knockouts e até o ringue de 6 lados.
Infelizmente passavam a vida a dar tiros nos pés, cada vez que faziam algo em condições faziam logo a seguir algo ridículo. Foi palcos das bizarrices do Vince Russo, mas apesar disso foi crescendo até se tornar uma alternativa, chega o Hogan e o Bischoff pronto para enterrar mais uma empresa, e aí nem há palavras para a mante criativa destes dois, mau demais.
A Dixie Carter também não tinha muito jeito para aquilo, o regresso do Jarrett durou pouco, e só com a chegada do Callis e Scott D´Amore as coisas melhoraram, tarde demais, os fãs já desistiram da empresa, a Spike tv já se fartou também e a empresa continua a soro
As Monday Night Wars deviam de existir agora. Uma vez que não há uma total conciliação entre as empresas para que não seja o wrestling a competir com outros desportos, então que compitam dentro do mesmo desporto. Para o fã, como eu, só quer é ver bom espectáculo e que dêem o máximo de liberdade para que se criem estrelas e os deixem brilhar. A WWE teve de olhar e evoluir um Austin que tinha Taker e Mankind e mais ninguém, à pressa, para o main event, Lá teve Kane que foi bem criado e foi logo atirado aos leões, mas sabia que Big Show, HHH e The Rock eram valores seguros, seguidos duma agradável surpresa de Kurt Angle e depois a vinda dos já conhecidos Jericho, Eddie Guerrero e Chris Benoit enquanto os Jeffs e os Edges desta vida, não eram sequer pensados para o main event. De recordar que em 98 o Big Boss Man foi vendido como sendo um top guy e até tem um combate na Wrestlemania contra o Taker. Contudo, uma coisa era certa, havia estrelas que, se fosse preciso, podiam entrar directas para o main event que não desiludiam (e entraram como foi o caso o HHH e do The Rock). Actualmente eu olho e vejo que superstarts jovens (até aos 33, vá) é que podem assumir o main event se for necessário? Adam Cole e MJF na AEW e na WWE… Austin Theory? Mesmo o topo do NXT tem tudo mais idade que isso (salvo alguma exceção que me esteja a falhar agora).
Com públicos diferentes, com ideias e estruturas diferentes, mas quer dizer… eu divirto-me mais a ver os programas semanais dos anos 2000 da WWE Network do que qualquer programa semanal, de qualquer empresa, actualmente. Enquanto isto acontecer, enquanto não cativarem os fãs e deixarem de ser uns c*nas e comunicarem e fazerem histórias sem medos como era antes, o wrestling vai continuar a degradar-se.
A WWE há muito que assumiu que se quer afastar do wrestling na sua essência – basta ver, como é possível haver um guião com palavras-chave que não devem ser ditas pelos comentadores e uma delas ser não se referirem aos atletas como “wrestlers”?
O conceito da WWE é um conceito muito próprio, goste-se ou não, e estão claramente a voltar-se mais para uma empresa produtora de conteúdos de entertenimento (quase um canal multimédia até, diria eu) do que para uma empresa de wrestling; acho que, nesse sentido, comparar a altura das Monday Night Wars ou Attitude Era com o que se passa agora não é possível, infelizmente. 80 a 90% do que se passava nessa altura, com a forma como o mundo, redes sociais e difusão de informação evoluiram, hoje não passava e acabaria com a carreira de muita gente; basta ver o que aconteceu a wrestlers como Marty Scurll, Michael Elgin e até David Starr (que estava na calha para não renovar com a wXw, com direito a despedida e tudo, porque ia ser a grande superstar assinada das indies para a NXT), em que os gravíssimos erros que cometeram há já os anos finalmente os “apanharam” e praticamente acabaram com as suas carreiras.
Dito isto, concordo em absoluto que qualquer programa da WWE do início dos 2000 bate qualquer coisa que tentem passar agora, mas não voltará a haver uma época como essa; mesmo a chamada Wednesday Night War só existiu porque a NXT do Triple H era o que mais remotamente havia de parecido com wrestling, e acabou por ser o grande exemplo de como a WWE evoluiu para algo completamente diferente – ainda não ultrapassei os pushes do Keith Lee e do Tommy End (ou Malakai Black, para quem não o conhecer dos indies) no main roster… Completamente dominantes na NXT, chegam ao main roster a acabam a ser um híbrido entre um jobber e um tipo qualquer do midcard.
Não venho aqui advocar gostos pessoais sobre o wrestling, mas, infelizmente, o futuro do wrestling como o conhecíamos vai passar muito pela ascensão da AEW como uma “WCW”, a recuperação do Impact! e ROH, e a expansão da NJPW para os Estados Unidos. A WWE tornou-se outra coisa completamente à parte, a esta altura.
O teu ponto de vista é extremamente interessante. Este era o maior tema que devíamos ter aqui, a meu ver
Sou fã da TNA em sua gloria, acho que a crise de identidade devia ir pra top 1. Minha maior magoa com a TNA foi o fim dos AMW.