5 – Battle Royals ao contrário…
Só se estivessem a olhar para o conceito deste Top Ten ao contrário é que não iam achar que isto ia aparecer aqui. Uma entrada em letras bem grandes e a negrito no manual da cromice do wrestling, imortalizado até hoje como um dos maiores alvos de chacota em qualquer companhia.
Infelizmente, é a TNA a detentora da fantástica ideia que, por acaso, até partiu da cabeça de Vince Russo, pelo que se diz. Posso estar enganado e isso já partir só do hábito. Mas era um combate necessário, porque havia aquela constante procura e necessidade de algo inovador, diferente. Então a TNA era a terra de fazer as coisas ao contrário – o King of the Mountain é praticamente um combate Ladder ao contrário – portanto vire-se a battle royal de pernas para o ar também. Foi no torneio Fight for the Right, que quiseram recriar todo o entusiasmo e emoção da battle royal em que se deve atirar o adversário por cima da corda, mas com um twist: o objectivo era… Entrar no ringue. Sim, era isso. Uma data de gajos à volta do ringue, a tentar entrar nele, até estarem sete no ringue, eliminando os restantes e tornando-se uma battle royal regular com os sete apurados, concluindo por pin fall assim que se encontrem os dois finalistas. A essa parte, melhorzinha, ainda recorrem hoje em dia.
Agora a parte de termos um combate cujo objectivo é entrar no ringue é que é o mais hilariante no meio disto tudo. Bem sabemos que aquelas cordas podem ser traiçoeiras para quem não estiver habituado a um ringue, mas duvido que para um competidor habitual daquilo, o maior desafio seja entrar num ringue. Claro que a emoção estava em impedir os outros para tentar entrar primeiro. Então, além de esquecimentos de como se entra num ringue, vimos mini-corridas, encontrões e muitas trocas de soco. Ah e muito indivíduo com total acesso ao ringue mas, como não era dos seleccionados, lá tinha que fazer a figura de parvo de não entrar no ringue e procurar alguém para andar à bulha. E foi esta maravilha. Que ninguém olha para o conceito e pensa que resulta. Imagino uma reunião em que se discute isto em que todos concordam que não resulta mas todos também concordam que devam andar para a frente com a obra. Ao menos aprenderam e só a fizeram acontecer… Duas vezes. Exactamente. Mesmo tendo sido o que foi, no Bound for Glory de 2007, voltou a acontecer. Ficou por aí mas bastou uma vez que tenham pensado “vamos fazer aquilo outra vez…”
5 Comentários
O que poderia ter sido a TNA. Tinha tudo para ser pelo menos uma bela alternativa á wwe, tinham bastante estrelas, jovens muito promissores, a X Division, as Knockouts e até o ringue de 6 lados.
Infelizmente passavam a vida a dar tiros nos pés, cada vez que faziam algo em condições faziam logo a seguir algo ridículo. Foi palcos das bizarrices do Vince Russo, mas apesar disso foi crescendo até se tornar uma alternativa, chega o Hogan e o Bischoff pronto para enterrar mais uma empresa, e aí nem há palavras para a mante criativa destes dois, mau demais.
A Dixie Carter também não tinha muito jeito para aquilo, o regresso do Jarrett durou pouco, e só com a chegada do Callis e Scott D´Amore as coisas melhoraram, tarde demais, os fãs já desistiram da empresa, a Spike tv já se fartou também e a empresa continua a soro
As Monday Night Wars deviam de existir agora. Uma vez que não há uma total conciliação entre as empresas para que não seja o wrestling a competir com outros desportos, então que compitam dentro do mesmo desporto. Para o fã, como eu, só quer é ver bom espectáculo e que dêem o máximo de liberdade para que se criem estrelas e os deixem brilhar. A WWE teve de olhar e evoluir um Austin que tinha Taker e Mankind e mais ninguém, à pressa, para o main event, Lá teve Kane que foi bem criado e foi logo atirado aos leões, mas sabia que Big Show, HHH e The Rock eram valores seguros, seguidos duma agradável surpresa de Kurt Angle e depois a vinda dos já conhecidos Jericho, Eddie Guerrero e Chris Benoit enquanto os Jeffs e os Edges desta vida, não eram sequer pensados para o main event. De recordar que em 98 o Big Boss Man foi vendido como sendo um top guy e até tem um combate na Wrestlemania contra o Taker. Contudo, uma coisa era certa, havia estrelas que, se fosse preciso, podiam entrar directas para o main event que não desiludiam (e entraram como foi o caso o HHH e do The Rock). Actualmente eu olho e vejo que superstarts jovens (até aos 33, vá) é que podem assumir o main event se for necessário? Adam Cole e MJF na AEW e na WWE… Austin Theory? Mesmo o topo do NXT tem tudo mais idade que isso (salvo alguma exceção que me esteja a falhar agora).
Com públicos diferentes, com ideias e estruturas diferentes, mas quer dizer… eu divirto-me mais a ver os programas semanais dos anos 2000 da WWE Network do que qualquer programa semanal, de qualquer empresa, actualmente. Enquanto isto acontecer, enquanto não cativarem os fãs e deixarem de ser uns c*nas e comunicarem e fazerem histórias sem medos como era antes, o wrestling vai continuar a degradar-se.
A WWE há muito que assumiu que se quer afastar do wrestling na sua essência – basta ver, como é possível haver um guião com palavras-chave que não devem ser ditas pelos comentadores e uma delas ser não se referirem aos atletas como “wrestlers”?
O conceito da WWE é um conceito muito próprio, goste-se ou não, e estão claramente a voltar-se mais para uma empresa produtora de conteúdos de entertenimento (quase um canal multimédia até, diria eu) do que para uma empresa de wrestling; acho que, nesse sentido, comparar a altura das Monday Night Wars ou Attitude Era com o que se passa agora não é possível, infelizmente. 80 a 90% do que se passava nessa altura, com a forma como o mundo, redes sociais e difusão de informação evoluiram, hoje não passava e acabaria com a carreira de muita gente; basta ver o que aconteceu a wrestlers como Marty Scurll, Michael Elgin e até David Starr (que estava na calha para não renovar com a wXw, com direito a despedida e tudo, porque ia ser a grande superstar assinada das indies para a NXT), em que os gravíssimos erros que cometeram há já os anos finalmente os “apanharam” e praticamente acabaram com as suas carreiras.
Dito isto, concordo em absoluto que qualquer programa da WWE do início dos 2000 bate qualquer coisa que tentem passar agora, mas não voltará a haver uma época como essa; mesmo a chamada Wednesday Night War só existiu porque a NXT do Triple H era o que mais remotamente havia de parecido com wrestling, e acabou por ser o grande exemplo de como a WWE evoluiu para algo completamente diferente – ainda não ultrapassei os pushes do Keith Lee e do Tommy End (ou Malakai Black, para quem não o conhecer dos indies) no main roster… Completamente dominantes na NXT, chegam ao main roster a acabam a ser um híbrido entre um jobber e um tipo qualquer do midcard.
Não venho aqui advocar gostos pessoais sobre o wrestling, mas, infelizmente, o futuro do wrestling como o conhecíamos vai passar muito pela ascensão da AEW como uma “WCW”, a recuperação do Impact! e ROH, e a expansão da NJPW para os Estados Unidos. A WWE tornou-se outra coisa completamente à parte, a esta altura.
O teu ponto de vista é extremamente interessante. Este era o maior tema que devíamos ter aqui, a meu ver
Sou fã da TNA em sua gloria, acho que a crise de identidade devia ir pra top 1. Minha maior magoa com a TNA foi o fim dos AMW.