7 – Mas antes, roubar umas campas
Lá está, Kane não veio para ser normal, e começou logo com o parentesco e consequente conflito com Undertaker, outro que também não gostava muito das coisas assim de forma mais mundana.
Tudo à volta da existência de Kane é um filme de terror que, fora a cena toda de controlar fogo e afins, até nem se auxilia do paranormal. A estória de um doente mental cujo trauma é causado pela perda dos pais num incêndio, supostamente causado pelo meio-irmão, e que o deixou deformado com cicatrizes que o obrigam a usar uma máscara, além das cicatrizes internas. Tudo muito real até chegar à parte em que é “too much” no wrestling. É recebido com uma aceitação de que é para tornar as coisas mais interessantes e é uma profundidade que a modalidade estava a precisar.
Mesmo assim, a rivalidade tomou proporções muito bizarras, que terá envolvido segmentos a causar desconforto a espectadores mais susceptíveis. Um segmento em pleno Raw, que até nem é assim tão recordado hoje em dia, foi de realmente perderem as estribeiras com o que mexiam. Literalmente, se olharmos à natureza do segmento.
Kane ultrapassa qualquer limite e é visto, com Paul Bearer, a cavar campas. Um crimezinho leve. Na verdade retirava os caixões dos pais. Tudo com Undertaker em mente e terá causado muitos suores frios de nervosismo a alguns presentes com a sugestão de que ainda levaria esses caixões para a arena. E levou mesmo. O desconforto já estava mais do que instalado quando Undertaker intervém e chega bem a tempo de ver um dos caixões a pegar fogo. Como se não fosse suficiente, ainda sofre um chokeslam… Por outro caixão dentro.
Arde o pai e lá vai o caixão da mãe, ao que consta. A que Undertaker e Kane tinham em comum. A casualidade com que tratavam algo tão negro, a ideia que nos vendiam de que estavam ali dois corpos profanados ao serem roubados e que Kane ainda faria um acto tão doentio só sublinhavam o perigo da personagem de Kane. Não deviam ser poucos a arrepiar-se e a engolir em seco a cada vez que ele entrasse.
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