10 Momentos que nos pareceram reais – Top Ten #476

2 – Pipebomb!

Mais um inevitável. Muitos oficializam e falam da “PG Era” como um momento muito longo baseado na classificação televisiva. No meu livro, se eu tivesse o poder e credibilidade para o fazer para o asco de dois ou três leitores, não é assim. Foi uma era de ajuste em que tiveram que se forçar a ser um produto familiar para compensar uma má imagem que ficava com um trágico acontecimento que originou um tsunami de polémicas. Tornou a classificação televisiva no mais familiar “Parental Guidance” que, na verdade, já era por vezes atribuído ao Smackdown durante a tal “Ruthless Aggression” e acaba por ser registado em muitos momentos. Mas a era familiar de compensação acabou por dar origem a uma era pós-moderna de abertura aos outros estilos, uma era internauta, que tinha mais contacto com a realidade. O momento que, nesse meu tal livro, marcou a transição? Esta épica e histórica promo aqui.

Já é um momento que dispensa qualquer apresentação, mas tem que se contextualizar sempre. Nem que seja só pelo gozo que dá. CM Punk andava a liderar uma nova encarnação dos Nexus que não conseguia sair da cepa torta e desenterrar-se. John Cena acabava de sair de uma rivalidade com o improvável R-Truth, acabando por ser apenas um peão para a verdadeira feud de Truth: com o imaginário Lil’ Jimmy. Ou seja, a coisa andava muito morna a fria e nada nos podia fazer adivinhar que tão repentinamente teríamos o melhor e mais interessante angle em anos para um Verão tão quente como foi o de 2011. CM Punk sentava-se no topo do palco, de pernas cruzadas e dirigia-se, inicialmente, a John Cena, e a seguir… A tudo o que tivesse poder. Nem aí conseguíamos estar à espera do que pudesse acontecer a seguir. Queixou-se do seu estatuto na companhia, mencionou outras companhias como a Ring of Honor, fez namedrop a outros talentos exteriores como Colt Cabana, – não sabemos se ele quer falar desse hoje em dia – e foi ousado ao ponto de sugerir um melhor futuro com Vince McMahon morto. E, assim de repente, quando ele ia fazer uma grande revelação, o microfone é cortado e a transmissão sai repentinamente do ar. Acabava assim o Raw. Mas então… Que raio acabava de se passar ali?

Foi a loucura no dia seguinte. A internet estava de pantanas porque, já tão habituada a saber tudo, não conseguia ter a certeza se aquela promo foi shoot ou não. O anúncio seco do WWE.com a anunciar a sua suspensão só ajudou para mais especulação. Jogada de génio feita e com sucesso. Estava o interesse captado e recuperado de quem não andava a seguir. O grande angle era um work e já somos bem capazes de o ver agora que o momento já não está quente e temos possibilidade de analisar para perceber o timing de tudo e que, mesmo falando da alma, a primeira pessoa que utilizava ainda era a personagem dentro do kayfabe. Só foi feito de forma brilhante e construiu um histórico main event no Money in the Bank daquele ano, em Chicago, onde Cena defendia o título em território hostil. Possível maior combate da sua carreira. Com certeza uma das maiores feuds e storylines em que se envolveu. Na qual perdeu para Punk que abandonou a arena com o cinto em posse, quiçá para cumprir a promessa de o levar para outros sítios. Também era para sugerir isso mesmo que por aí já soubéssemos que era tudo parte do plano. E podia ter feito mais com isso e voltou bastante cedo. Claro que a storyline que se seguiu foi estragada e conseguiu dar voltas suficientes para culminar num embate entre Triple H e Kevin Nash. Somehow. Mas já falámos disso antes e é pouco relevante para aqui. Aqui fala-se da primeira “Pipebomb,” a que se ouviu pelo mundo fora com estrondo, a que abriu portas para uma nova era. A que nos fez pensar muito!

2 Comentários

  1. Victor Silva12 meses

    Que excelente artigo! Ja me prendeu com a excelente introdução. Me identifiquei com a parte “bons tempos de infância sem internet…bom recuperar ingenuidade” acho que o autor resume o sentimento de muita gente ao ver wrestling quando criança/miudo e o contraste de agora, com internet a disposição e ter a noção do que se passa realmente nos bastidores… muito bom

  2. Não sei qual tiraria, mas colocaria aqui sem dúvida a promo do Paul Heyman direccionada ao Vince McMahon no último SmackDown antes do Survivor Series de 2001. Algo que me diz que o “I hate you” do Rollins ao Punk também foi inspirado por essa promo do Heyman.