“In my mind the thing I always go back to, I wish in some way this wasn’t even a conversation. If you want equality then the conversation doesn’t happen about equality. To me, do the women need to have their own PPV? No. Can they? Yes. That’s what’s so big about this event. Will we do it again? Probably, I don’t know but the proof point is that we can.(…)”
Triple H, Sky Sports
Há duas semanas, a WWE, através de Stephanie McMahon, anunciou que, em outubro, irá realizar um evento apenas com combates femininos e que todas as divisões da companhia serão representadas. Este evento, juntamente com o primeiro Royal Rumble feminino, primeiro combate de Elimination Chamber e Money in the Bank femininos, marca as tentativas visíveis da WWE de colocar a divisão feminina no mesmo pé de igualdade com a masculina.
Muitas coisas podem ser ditas, e já foram, pela forma como a WWE trata a sua revolução feminina. É verdade que este tipo de progresso apenas foi necessário porque durante anos a companhia preferiu apresentar as suas lutadoras como símbolos sexuais reduzidos a estereótipos, nunca acreditando que merecessem uma aposta mais séria. Isto, claro, até Ronda Rousey – agora sob contrato com a WWE – mostrar que as mulheres podiam, não só, lutar no combate principal da noite, como gerar imenso dinheiro. E a WWE, como normal, seguiu o dinheiro – da mesma forma que o seguiu até à Arábia Saudita – e agora investe nesta revolução feminina como mais uma manobra de marketing.
Acima de tudo, este anúncio e a realização deste evento é uma vitória. Tal como o primeiro Royal Rumble feminino, tal como o primeiro Elimination Chamber feminino e Money in the Bank feminino, cria um precedente, cria um hábito. Agora, todos os anos, a WWE irá ter pressão social para continuar a criar e transmitir estes combates e eventos dedicados à divisão feminina. É um facto que a divisão feminina está longe, muito longe de estar em pé de igualdade com a divisão masculina, mas estes pequenos passos asseguram que a companhia será forçada a continuar a realizar estes combates pela divisão feminina (e eventos) mesmo que, por exemplo, Ronda Rousey bata com a porta amanhã e nunca mais volte. Como esta revolução feminina é também uma manobra de marketing, a WWE não vai querer ser vista como voltando, mais uma vez, atrás no tempo.
E são estes passos que vão, ao pouco, criando igualdade. Através da normalização das oportunidades a que a divisão feminina vai tendo direito. Quando deixar de ser novidade terem o seu próprio combate de Royal Rumble e por aí adiante, quando deixar de ser novidade que é o primeiro e simplesmente se tornar um hábito, a conversa deixa de existir e passa a ser uma realidade. Quando pequenos passos como estes são tomados e precedentes são criados, eventualmente deixa de ser um choque duas mulheres, por exemplo, lutarem no combate principal da WrestleMania e passa a ser uma decisão natural,se a rivalidade assim o justificar.
Será nessa altura que iremos chegar a uma verdadeira igualdade de divisões de géneros na WWE. Não quando estas pequenas etapas são alcançadas, mas quando chegamos a uma fase em que é perfeitamente aceitável e normal um evento ter o mesmo número, ou até mais, combates femininos do que masculinos ou um combate feminino ser o combate principal da WrestleMania. Não como atração, não como manobra de marketing, mas porque, naquele dia, as histórias e rivalidades da divisão feminina merecem tal distinção. Não porque estão a preencher uma quota em que é necessário X combates femininos no evento, ou porque têm a celebridade perfeita para fazer o primeiro combate feminino a encerrar a WrestleMania, mas porque as mesmas oportunidades foram dadas às duas divisões e, naquele dia, a feminina provou merecer mais então teve direito a esse lugar ao sol.
Para mim, a verdadeira igualdade de géneros passa pela igualdade de oportunidades e pela aceitação que há dias em que a divisão feminina irá merecer estar no combate principal e dominar as atenções, enquanto há outros em que a divisão masculina merece essa atenção.
Mais uma vez, estes pequenos passos que a WWE toma ajudam a construir um futuro em que isto é possível e são processos necessários, no entanto não deixam de ser manobras de marketing que em nada criam igualdade de oportunidades.
Neste momento, a única coisa em que a divisão feminina está em pé de igualdade com a divisão masculina é a terrível gestão criativa a que são ambas as divisões sujeitas. Ninguém, no seu perfeito juízo, irá defender que como a apresentação de Roman Reigns é brilhante, mas a de Asuka, Bayley, Sasha e tantas outras é uma treta, então isso prova que a WWE anda a sabotar a divisão feminina criativamente. A meu ver, é claro que existem certos lutadores e lutadoras que a WWE quer ver no topo e destacados de melhor forma, mas no fim do dia, são todos sujeitos ao mesmo processo criativo que, na sua maioria das vezes, é uma verdadeira vergonha.
Focando na divisão feminina, apesar de 2018 ter sido um ano de várias etapas alcançadas e de uma excelente prestação da divisão no evento principal do ano, a verdade é que, criativamente, a divisão tem deixado imenso a desejar. Asuka, campeã durante mais 500 dias no NXT, absolutamente invencível durante anos, vencedora do primeiro Royal Rumble feminino, carisma e atitude para dar e vender, tornou-se praticamente irrelevante. Ainda no SmackDown, temos Becky Lynch, outro exemplo de alguém cheio de garra e talento, com o apoio dos fãs do seu lado, mas que ainda não conseguiu ser bem aproveitada e continua a sua eterna buscar pelo tal momento ao sol.
Bayley e Sasha Banks andam numa rivalidade há meses que, quando finalmente explodiu com Bayley a atacar Sasha ferozmente e a vingar-se de tudo o que sofreu nas mãos dela, todos os fãs celebraram, voltando novamente a investirem-se numa rivalidade da qual já tinham, maioritariamente desistido, e o que é que acontece a seguir? O mesmo que a acontece a dois lutadores que não se dão bem e estão numa rivalidade um contra o outro – formam equipa. Uma das piores ideias criativas que a WWE continua a ressuscitar, apesar de só ter resultado e feito sentido pouquíssimas vezes. Esta rivalidade era tão simples de executar e tão natural, mas infelizmente, a WWE conseguiu transformá-la em algo que, agora, poucas pessoas estão interessadas em ver.
Temos, claro, a rivalidade pelo título feminino do Raw que envolve Ronda Rousey e Alexa Bliss, mas que já contou (e de vez em quando vai contando) com várias outras. Desde o início que esta desavença teve dificuldades em fazer sentido. Como e porque é que Nia Jax muda tantas vezes e rapidamente de objetivo? Ou a sua avaliação moral depende única e exclusivamente de quem é a sua adversária? A última hipótese é a mais provável. Um dos pilares da construção do combate de Rousey e Jax era saber se seria possível aplicar o armbar a Jax (porque não seria? Ela tem, pelo menos, um braço, certo?), quando Asuka passou uma boa parte da sua carreira a fazê-lo a toda a gente, incluindo Jax. A certa altura, parecia que Natalya e Mickie James iriam estar envolvidas mais diretamente com Ronda Rousey, mas as ideias parecem ter sido abortadas pouco depois de terem começado. Ronda Rousey desrespeita as regras e ataca Kurt Angle, que a suspende e castiga, apenas para mais tarde a recompensar por ter tido semelhante comportamento diversas vezes depois.
A verdade é que, criativamente, nenhuma das divisões femininas tem tido uns bons últimos meses – aliás, desde a WrestleMania que as coisas não têm corrido muito bem, o que é muito preocupante, porque o primeiro evento da WWE a ter só combates femininos irá precisar de histórias a sério, de interesse, intriga e mais emoção do que as divisão têm tido até agora. Admito que ficarei contente se acontecerem alguns combates com estrelas do passado e tivermos alguns momentos de nostalgia, como tivemos no Royal Rumble, mas não se pode depender todo um evento de nostalgia. É necessário, acima de tudo, que as estrelas mais capazes de hoje brilhem nesse evento com histórias e rivalidades interessantes que, de preferência, não tenham mais buracos que um queijo suíço.
E se há uma coisa pior do que tentar seguir a lógica criativa das decisões que a WWE toma e das histórias que apresenta é suportar a forma como irão promover este evento até à exaustão, até mais nenhum de nós conseguir ouvir falar nele, durante os próximos meses. Já se sabe como a companhia consegue ser cansativa, repetitiva e, acima de tudo, sem qualquer perceção de quão ridícula está a ser. É possível fazer uma boa campanha promocional sem colocar toda a gente a falar do evento de forma embaraçosa e ridícula. Acho que, no fundo, é isso que mais me vai irritar ao longo dos próximos meses, porque é exatamente por causa de situações do género que a apresentação da WWE falha como um todo. Pessoas que nunca na vida estariam a ter comportamentos como falar do evento feminino que a WWE vai realizar, estão, do nada a fazê-lo só porque toda a gente precisa do fazer.
A verdade é que não precisam. Nenhum fã precisa de ver todos os lutadores a falar sobre o evento para saber que vai existir. Stephanie McMahon anunciou-o, a maioria das lutadoras foram filmadas a comentar o anúncio, todas tiveram qualquer coisa a dizer sobre isso nas redes sociais, os comentadores (como é o seu trabalho) mencionaram-no repetidamente e, se mesmo assim isso não for suficiente, a WWE pode sempre fazer um vídeo a promover o evento e transmiti-lo em todos os seus próximos programas, o que provavelmente já vai fazer de qualquer das formas.
Portanto, mesmo depois disto tudo, é necessário ver os lutadores a terem conversas de café sobre o evento, quando nada disso se enquadra ou é coerente com as suas personagens?
Este tipo de atitude só me faz lembrar como todos os anúncios têm de ser feitos com todos os lutadores, ou lutadoras, presentes, à volta dos McMahon, prontos a ouvir os sermões do costume, e fico ainda mais irritada. É um dos problemas da companhia, é uma das razões que impede os talentos de brilhar e serem mais naturais e é um dos principais problemas criativos.
Por isso, é que prefiro não pensar muito nestes detalhes e tentar não me perder demasiado neles, porque apesar de todos os disparates que a WWE comete, este é um passo importante, tal como todos os outros que foram tomados este ano. Mesmo que não tenha uma motivação moral válida, é um passo importante na direção certa e, no fim do dia, é isso que interessa. Agora, resta-nos esperar e fazer figas que, criativamente, a companhia melhore como um todo, porque as primeiras edições de qualquer coisa são sempre fáceis – são as primeiras, mas criar um legado requer talento, criatividade e qualidade. E embora a WWE tenha imenso do primeiro, os outros dois estão em falta há muito tempo. Obrigada e até daqui a duas semanas!
10 Comentários
Equidade? Impossível!
Quer gostem quer não, um combate masculino é muito mais emocionante que um combate feminino porque geneticamente o homem é mais forte que a mulher. É um tédio absoluto ver um combate feminino,para mim.
A WWE está cada vez mais comunista, o que faz com que a qualidade, a nível geral, decresça substancialmente. Os combates masculinos vão vender sempre mais que os combates femininos. Acho que podem ter equidade, no sentido de criar um show específico para as mulheres. Por exemplo, o SmackDown ser exclusivo para a divisão feminina e o RAW ser para a divisão masculina, por exemplo. Cada divisão teria o seu título mundial (título mundial masculino e feminino). E em vez da WWE se preocupar em fazer pay per views, preocupe-se antes de dar mais relevo à qualidade dos seus shows, com boas story-lines e sem a mania de “botchar” superstars em ascensão só porque sim. A WWE está a adaptar-se muito mal aos novos tempos; não me venham com a bullshit que só vêem dinheiro à frente daí fazerem certo tipo de coisas. Se fizessem shows de qualidade e investissem numa equipa criativa decente, ganhavam muito mais dinheiro do que aquele que ganham, porque qualidade atrai qualidade e esta PG Era é um tédio autêntico. Não vale a pensa investirem na contratação de McGregors, Lashleys ou Rouseys se depois não os sabem utilizar. É como uma grande equipa de futebol com um José Peseiro ou uma pequena equipa de futebol com um Simeone, por exemplo. Não importa as superstars que têm: importa sim o que fazem com elas.
Volto a repetir: querem equidade feminina? Criem um show específico para tal, agora não esperem que tenha tanto feedback um Main Event Feminino a um Main Event Masculino, simplesmente porque geneticamente o homem é mais capaz que a mulher, em vários aspetos de um combate, sobretudo a nível de Força e Velocidade. Isso não faz da mulher inferior ao homem (para as feministas que aqui existem e que sofrem de complexo de inferioridade), mas a nível de Wrestling o homem GENETICAMENTE é superior à mulher. Ponto final
Você deveria procura na internet alguns combates da Manami Toyota, ela tem mais talento que qualquer wrestler, seja masculino ou feminino na WWE. Ou procura sobre a Io Shirai, poucos homens na WWE tem a velocidade ou talento dela, ou sobre a AJW, uma promoção só de mulheres que conseguia colocar 40000 num estádio em mais de uma ocasião. Mais o que você deveria pesquisar mesmo é a palavra COMUNISMO. Serio, dizer que a WWE está virando comunista é uma das coisas mais estupida e retardada que eu já li.
Pro wrestling não é somente sobre quantos golpes você sabe fazer, é sobre contar uma história dentro do ringue, isso quanto homens quanto mulheres podem fazer muito bem, algumas coisas homens fazem melhor, outras as mulheres fazem. Está se baseando somente naquilo no que ver na WWE para dizer que homens são geneticamente superior que as mulheres no wrestling, elas tem muita mais restrições que os caras na WWE. Fora da WWE tem muitas lutadoras tão boas ou até melhores que qualquer um dentro da WWE, você verá algumas delas no Mae Young Classic.
Em 2017, as mulheres representavam mais de 40% da audiência nos EUA, segundo o Triple H, isso é um sinal que a estrategia deles estava funcionando, mesmo com todos os erros. A Ronda no UFC foi uma das maiores Draw, único que a supera é o Conor, desde da estreia na WWE ela vem tendo os segmentos mais assistido no Youtube quase todas as semanas.
Nossa, quem abriu o esgoto pra essa merda sair de lá?
Fez um textão de 10 páginas e não salva 1 frase.
Juro que vou relevar esse negócio de comunista e direita e etc. E o momento Charlotte quando era chamada de Atleta Geneticamente Superior.
As Superstars não querem mais ser vistas como colírio para os olhos, nem ser tratadas como tal.
Ou ter uma gimmick genérica, tipo uma patricinha que só sabe gritar.
Que não seja uma competição de beleza, como foi o Tough Enough, estava um saco a Sara Lee a cada 5 minutos falando: “Eu sou mais gostosa que você!”
E ao contrário do que dizem internet a fora, não é o caso de mulheres dominarem tudo, já começaram a apelidar a WWE de Women’s Wrestling Entertainment.
Se quer voltar ao passado onde tinha tanto porradaria e “Posar nua não faz de mim uma piranha. Agora dormir com o vestiário todo…”, logo se cansará de tudo isto e desejará mudanças.
Sobre ser geneticamente superior e ter mais força, Superstars de ambos os sexos tem probabilidade de sofrerem lesões que os deixem afastados por meses ou até mesmo, os coloquem na gaveta. Ninguém ali é imune, blindado. Lembre-se, são humanos, ainda.
Caro Wesley. Vou tentar explicar de forma mais devagarinha como se o caro Wesley de uma criança se tratasse. Para começar, meta um wrestler masculino vs um wrestler feminino e depois veja quem é que ganha. Não me venha com tretas que essa Toyota (boa marca de automóveis) é melhor que muitos wrestlers masculinos porque é mentira e totalmente descabido, visto que uma grande % dos lutadores masculinos geneticamente ganham somente pela força, e nem precisam de nada mais sequer. Estas modas dos feminismos e afins fazem dos próprios homens (defensores) um objeto total de paródia.
Já agora, você vem aqui, muito indignado, dizer que não sei o que significa a palavra Comunismo quando o seu país tem sido gerido por Comunistas de todo o tamanho, que só não chefiam o Brasil como se de uma ditadura se tratasse porque o Sistema Democrática assim não o permite. Ah, e veja como está o Brasil neste momento, caro Wesley, e depois venha falar um pouco comigo acerca da definição do termo “Comunismo”.
Quanto ao resto, está mais que dito. A WWE, a começar pelo seu nome, continua a enterrar-se constantemente em todas as suas decisões.
“meta um wrestler masculino vs um wrestler feminino e depois veja quem é que ganha”. Oi? Você sabe que pro wrestling é fake não, por isso que alguém como o Rey Mysterio vencia alguém como o Big Show. Também a Manami Toyota é considerada por todos aqueles que já a viram a melhor wrestler feminina da história, os únicos wrestlers de hoje que talvez esteja no nível dela seja o Omega e o Okada. Eu nem sou de concorda muito com o Meltzer, mas ela já teve 17 lutas com classificação 5 star.
Mais uma vez, insisto para que você pesquise o significado da palavra comunismo. O sistema politico do Brasil é bagunçado, na década passada foi governado por um partido teoricamente de esquerda, mas mesmo assim foi o que mais privatizou estatais e abriu o mercado em muito tempo, mesmo assim nem toda esquerda é comunista, ainda mais no Brasil que nem os próprios ditos comunistas não são comunistas ao pé da letra.
Dizer que a WWE está virando comunista é a coisa mais estupida e sem sentido que eu já li. Eles estão tendo o ano mais lucrativo da história, fechou um contrato bilionário com a Fox que é provavelmente a rede de TV americana mais conservadora dos EUA, ainda não pensaram duas vezes antes de aceitar dinheiro de um pais com sérios problemas com direitos humanos. Tudo o que é feito e qualquer decisão tomada pelo Vince Mcmahon é totalmente capitalista, até o investimento nas mulheres. Eles só estão fazendo isso pelo que foi visto no UFC com a Ronda, não é só no MMA que as mulheres dão lucros, a WNBA vem nos últimos dois anos tendo audiência cada vez maior, ou sucesso do filme wonder woman, que conseguiu um lucro de mais de 800 milhões, com um discurso todo feminista. Eles só estão seguindo a onda no EUA, onde as mulheres estão conseguindo um protagonismo maior no esporte e no entretenimento.
Também as duas melhores lutas da wrestlemania desse ano foi com a participação de mulheres.
A divisao feminina é uma treta e sempre foi só serve para lavar a vista hoje ja nem tanto assim porque ate as feias tem vaga.
mitb feminino foi melhor que o masculino
Um comentário idiota e desnecessário vindo de um anonimo ,sobre o wrestling feminino , o que quis dizer com ‘ate as feias tem vaga”?sua visão de mundo consegue ser bem estereótipada , uma vez que agora o talento em ringue sobre a divisão feminina esta mais desenvolvidos