Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!
Já passaram 7 anos desde o End of na Era match entre Triple H e The Undertaker na WrestMania 28, 5 desde que Undertaker perdeu a streak na Mania 30 e 2 desde que o mesmo teve, supostamente, o seu combate de despedida contra Roman Reigns na Mania 33, mas, por alma do destino ou, mais acertadamente, pela teimosia de duas partes, continuamos a ver Undertaker a lutar, a meu ver, sem condições físicas e com a sua credibilidade cada vez menor. Estes anos têm sido como que uma mancha na carreira deste grande lutador.
Sei que este artigo será tudo menos unânime e sei que me arrisco a perder os leitores que sejam fãs acérrimos desta lenda do pro-wrestling, mas é uma situação com a qual não posso compactuar, pelo que decidi escrever sobre ela.
Não continuarei, no entanto, sem fazer uma ressalva: não ponho em causa todas as conquistas, momentos e combates que Undertaker tenha tido na sua carreira. Ele é, no final das contas, e independentemente de tudo, uma lenda na arte que todos gostamos. Não serão estes últimos anos a ditar o seu mito, mas são anos que, sem dúvida, mancham uma carreira quase perfeita, quando a palavra que mais associamos a este wrestler é respeito. A verdade é que mesmo os fãs que não o tenham como um dos seus lutadores predilectos, não põem em causa a sua personagem incrível, o seu esforço e dedicação ao longo de todos estes anos, admitindo sempre que é um dos melhores de sempre e falam sempre do Taker com bastante consideração.
Contudo, na minha opinião, estes últimos 7 anos não têm contribuído, em nada, para um dos legados mais irrefutáveis de sempre. Têm sido marcados por rivalidades forçadas, combates lentos e com pouca qualidade, com momentos que deixam toda a gente desconfortável e até alguns em que custa e preocupa ver Undertaker lutar.
Começando esta análise em 2012, este teria sido o ano perfeito para a retirada final deste lutador. Havia acabado uma das rivalidades mais intensas da última década e mesmo não tendo perdido a streak, não se almejava qualquer objectivo ou plano interessante que pudesse envolver o Taker no futuro. O próprio título do combate sugeria isso e a forma como deixou o ringue com Triple H e Shawn Michaels teria sido uma despedida fabulosa. Mas a verdade é que no ano seguinte, Undertaker voltou a lutar na Mania.
Sei que o Triple H também continua a somar combates até hoje, mas não será difícil concordarmos que o mesmo não está nem pouco mais ou menos na situação do Taker, principalmente a nível físico. Outros lutadores como Chris Jericho continuam, igualmente, a lutar até hoje, mas não têm a idade do Taker e, mesmo estando lá perto, conseguem, porém, apresentar combates que o Deadman, há muito não consegue, o que é natural. Durante toda a sua carreira, Undertaker sempre teve combates muito longos, alguns bens agressivos e outros bem violentos. Não é preciso recordar que foi o lutador que mais vezes entrou no Hell in a Cell.
Mas é exactamente esse o ponto. Depois de todos esses anos, depois de todos esses combates, queremos nós, fãs, continuar a ver um Undertaker que faz somente um décimo do que costumava fazer? A minha resposta é não. Tanto o Taker como a WWE têm sido teimosos em relação a esta questão. Não ponho em causa a vontade e o desejo deste lutador em continuar a fazer o que mais gosta enquanto ganha um bom dinheiro, nem a própria estratégia da WWE em querer continuar a esgotar arenas, usando este grande nome, mas será essa estratégia, que a longo prazo, deixará a WWE sem resposta imediata.
Cada vez mais a WWE tem mais e melhores lutadores, mas que continuam a ficar fora dos grandes shows, enquanto estrelas do antigamente não saem de cena. Se a WWE não construir novos nomes que, assim, não conseguem chegar ao estrelato e à credibilidade que o Taker tem, como irá solucionar esta questão num futuro sem estes nomes? Ver-se-à com uma tarefa muito mais difícil do que se o fizesse agora. Contribui para isso que estas lendas limitam-se a trocar vitórias e derrotas entre elas, raramente usando o seu nome para elevar lutadores mais jovens.
Não vendo a WWE o erro que está a comer, também não deverá ser o Taker que irá alertá-la para isso. Aliás, com a sua idade, ainda ganhar um bom dinheiro com o que faz, quando só tem que dar 10% do que dava antes, acredito que lhe seja bem atractivo. Porém, a meu ver, os grandes lutadores devem sempre saber quando sair de cena e sair enquanto estão no topo e não quando já começam a ser uma paródia deles próprios. É o que ocorre com o Taker.
Mas remetendo para o título do artigo desta semana, este lutador também não tem razão para se retirar até pela adoração que os fãs têm por ele. Afinal, já lá vão 7 anos em que os mesmos fazem cânticos de agradecimento a este lutador. Confesso que se me agradecem durante tanto tempo por uma coisa que gosto de fazer, também a continuava a fazer, principalmente se me agradecem quando já não tinha que dar tanto de mim, como no início. Está na mente de cada fã cantar o que bem deseja em cada combate e em cada show, mas quanto mais cantarem “Thank you Taker”, mais vezes este lutador voltará.
Indo agora até 2014, este lutador perdeu a única coisa que o faria continuar a voltar, a streak. Mais uma vez, seria o final perfeito para a sua carreira, afinal, que mais poderia ele fazer? Juntando que nesse combate acabou por sofrer uma lesão algo grave que o levou a colapsar quando chegou ao backstrage.
Porém, seria mais uma oportunidade perfeita para o mesmo se retirar que se perderia. Undertaker voltou a lutar na Mania seguinte, numa rivalidade que, como em 2013 se mostrava forçada e que ninguém ajudou. Taker venceu CM Punk e Bray Wyatt, quando ambos seriam valorizados se tivessem vencido e retirado definitivamente esta lenda dos ringues.
2015 foi também a altura perfeita, embora já tardia de fazer o Dream match com o Sting, mas mais uma vez, a WWE preferiu humilhar ainda mais a WCW fazendo o mesmo perder, no seu combate de estreia para o Triple H, na mesma noite em que o combate de sonho de muitos fãs poderia ter acontecido, mas não aconteceu. Era a única razão para fazer Undertaker lutar depois de perder a streak, mas a WWE não viu isso, ou se calhar, não quis ver.
Seria, no entanto, a meio de 2015, que a rivalidade que mais prejudicou a WWE, a meu ver, nos últimos se retomou: Brock Lesnar vs. The Undertaker, com a justificação deste último que Lesnar se havia gabado da conquista da streak. Ou seja, Undertaker estaria a queixar-se de o seu oponente dizer que a maior conquista da sua carreira teria sido uma vitória sobre si? Para um lutador na posição do Undertaker, que nada tinha a fazer nos ringues àquele ponto, faria sentido retornar por algo assim? Respondo fervorosamente que não.
Os dois tiveram mais dois combates com prejuízo para o momento especial que o Lesnar atravessava na altura – o auge do suplex city. Perdeu para o Taker no SummerSlam desse ano e nem uma vitória, em que teve de utilizar tácticas baixas para vencer (vá-se lá saber porquê, quando o Lesnar é construído como é) o fez recuperar a aura especial que tinha antes de perder. Sem dúvida que esta rivalidade sabotou a maior estrela que a WWE tinha na altura.
Seguiu-se a WrestleMania 32 em que por alguma razão, Undertaker serviu de lacaio de Vince MacMahon contra o seu filho. Não consigo encontrar aqui, novamente, alguma razão para a utilização do Taker e para a posição que acabou por ter. Poderá dizer-se que mais nome algum tinha credibilidade para um combate de tal importância, mas pensando bem, porque razão isso estaria a acontecer? Não almejo razão que faça sentido, mas talvez tenha sido a enorme importância que a WWE sempre dá aos jovens em deterioramento da velha guarda (ou não).
Esse combate acabou por ser um dos piores que alguma vez vi, marcado por único spot e em que ambos se arrastaram durante todo o combate. Diferença alguma não ouve na Mania 33 para além de ter sido o Roman Reigns, de toda a gente, a carregar o Taker num combate em que soou a despedida deste mesmo, até pelo final que teve. Terceira oportunidade para reformar esta lenda, mas também a terceira oportunidade perdida.
Na Mania 34, em pleno 2018, Taker regressou e venceu John Cena em poucos segundos. Um combate que, sem dúvida, chegou uns bons anos atrasado. Não entendo, até hoje, porque durou tão pouco tempo. Talvez tenha sido pela condição física do Taker, mas isso, sou só eu a supor.
Inteligentemente, a WWE acabou por não utilizar este lutador na Mania desde ano, um evento em que tenho de admitir que não se baseou fortemente em nostalgia e em que vários lutadores da nova era venceram (com excepções infelizmente).
Também durante estes últimos 2 anos, o Taker tem sido utilizado em combates de puro retrocesso (e não regresso) ao passado na Arábia Saudita. Recuperou a rivalidade mais que morta e enterrada com o Triple H, esquecendo que o seu último combate já tinha sido anunciado como End of an Era, recuperou o Shawn Michaels para um combate de Tag Team que foi tudo menos emocionante e que acabou também, por manchar o final de carreira épico e lindo que o mesmo tinha tido, e teve um combate com Goldberg que, especialmente em 2019, algo de bom não se poderia esperar, esse que como o próprio Batista disse teve lowlights e não highlights.
O Taker voltou à acção na actual rivalidade entre o Reigns e o Shane MacMahon/Drew McIntyre, em que o momento de vingança, depois de Shane ter vencido o Reigns foi para quem? Isso mesmo, para o Undertaker, tirando, assim, destaque e a vitória que faria sentido dar ao Roman Reigns.
Fala-se também de um possível combate no SummerSlam com Drew McIntyre, combate que está cada vez mais longe de acontecer pelas notícias que têm saído. Não consigo pensar num combate que faça menos sentido que esse. Figura o Taker em 2019 pelo que, desde logo, a qualidade in-ring não será o que teremos. Depois, o Drew ainda não atingiu o nível de star power que já deveria ter por esta altura, faltando-lhe grandes vitórias. Ele nunca iria vencer o Taker, pelo que contribuiria apenas para afundar, ainda mais, a sua situação.
Em suma, estamos a falar de anos recheados de tiros ao lado, de teimosia, de agradecimentos que já não sei a que é que se direccionam, de combates fracos, de credibilidades afectadas, de deterioramento dos programas e lutadores em que o Taker se evolve e da sua própria lenda.
Contudo, sou só um fã, com a sua humilde opinião a falar, não me cabendo a mim decidir nada, mas sim à WWE e ao Undertaker. Sei que acabei por ser muito duro e incisivo neste artigo, o que nem tem sido meu costume, mas é um tema que me aborrece um pouco e me deixa entristecido com a situação de um dos melhores lutadores de sempre.
E então, o que achas desta situação? Achas que o Taker já se deveria ter reformado? Ou estás em completo desacordo com a opinião mostrada neste artigo? Sente-se à vontade para o dizer.
Hoje ficamos por aqui.
Até para a semana e obrigado pela leitura.
16 Comentários
O Taker podia ter ido para a reforma quando perdeu para o Roman, era uma boa ocasião. Agora saber quando será o seu último combate, é só esperar para ver.
Obrigado pelo comentário.
concordo que a no end of an era teria sido a oportunidade perfeita sem sombra de duvidas mas depois de mancharem a streak tanto faz já é tudo igual. nem lesnar nem ninguem deveria ter acabado com a streak e a terem essa enfame ideia de lhe dar uma derrota na wrestlemania essa seria para alguem como austin, rock, hogan ou john cena e só. e mesmo assim seria totalmente descabido
Obrigado pelo comentário.
Eu acho que a streak deveria ter acabado, para quem e com que objetivo é que é discutível, pois muitas opções e ideias estão em cima da mesa. Dar esse privilégio ao Lesnar não foi perfeito, mas também não foi a pior opção, por isso não falo muito dessa questão.
Concordo plenamente, sem falar no shape dele que ta sempre piorando, perdeu 25lb continuam anunciando com 305lb – 309lb qualquer um vê que ele está bem mais leve, fraco, sem volume, ele nessa idade nunca mais vai conseguir recuperar essa massa toda, ta um velho que atrofio um monte de músculo, peito dele mesmo até escondeu nesse último combate com aquela regata preta que lembra os tempos de ministry darkness. Infelizmente já era, é chutar cachorro morto só que ele não aceita isso.
Obrigado pelo comentário. Infelizmente, temos de concordar com isso.
Eu acho que antes de aposentar, o Take tem de ter um combate contra o Drew e perde para o mesmo, para valorizar a nova geração
Obrigado pelo comentário.
Não achas que já é demasiado tarde para isso? O que significa vencer hoje o Taker? Um lutador que claramente já passou do seu tempo, que está numa forma lastimável e do qual não se consegue retirar nada de interessante.
Uma retirada pura e crua do Taker neste momento, parece-me a única solução.
Penso que The Undertaker deveria retirar-se na WrestleMania de 2020, colocando um jovem lutador over. Quem? Isso aí já é discutível, mas há vários nomes.
Um dos que gostaria de cometer esse “feito” seria Finn Bálor, talvez como heel e na forma de “Demon”.
Bom artigo e realmente, embora fã do Taker, admito que já está mais que na hora de sair do spotlight e deixar os novos wrestlers brilhar.
Obrigado pelo comentário.
Para ser sincero, já me fartei de combates de despedida que envolvam o Taker, ele que saia, dê por onde der e da maneira que tiver de ser.
RFBM fez uma pergunta bem inteligente e boa de se refletir : O que significa vencer hoje o Undertaker? Antes,a motivação maior era colocar fim a uma longa e invejável streak.Hoje essa motivação não existe mais. Hoje,sendo visível que pela idade, lesões que o incomodaram durante muitos anos ( principalmente nos quadris ) e sua mobilidade e porte físico já não ser mais os mesmos, qual o sentido de vencer hoje o Undertaker?Para os que já cruzaram o caminho do Deadman diversas vezes ao longo dos anos hoje já não faz muito sentido.Para a nova geração que está vindo vai valer somente pela oportunidade de ter subido ao ringue para lutar com uma das maiores lendas de todos os tempos ,mesmo que o seu desempenho já deixou de ser o mesmo.
Obrigado pelo comentário 😉
Sabes tão bem como eu que sou muito agarrada às ditas “Legends” e à Attitude Era mas realmente reconheço que o Taker já não está, de todo, em condições para nos fornecer um combate “normal”. Concordo com maior parte das coisas que mencionaste, apesar de ter este “amor” por lendas, acho que é tempo de outras estrelas brilharem
Obrigado pelo comentário 😉
Sou completamente de acordo com este artigo acho que o taker já não devia lutar mais. Eu que assisti aos anos áureos do taker custa me a ver uma lenda como ele a arrastar se em cada combate que faz. Acho que estava na altura de passar o legado a alguém tipo ao Finn ou até mesmo a um brat com esta sua nova personagem
Obrigado pelo comentário 😉