Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!

Numa semana marcada por grandes shows de wrestling, desde as finais do G1 Climax da NJPW, do TakeOver do NXT e do Summerslam, decidi, esta semana, escrever sobre um destes shows. Há bastantes semanas que não faço uma análise a um evento que me tenha chamado a atenção, por isso, esta parece-me uma semana ideal para o fazer.

De entre os shows acima enunciados, escolhi como objecto deste artigo o NXT TakeOver: Toronto, por me parecer um evento que pode marcar o finalizar de uma etapa desta brand, seja pelas histórias que contou, seja mesmo pelos rumores e/ou quase confirmações das mudanças que podem vir a ser operadas na brand mais cool que a WWE tem hoje em dia.

Passarei por todos os combates, histórias e algumas previsões para o futuro, sabendo sempre, de antemão, que tal tarefa se assemelha quase inútil, dado que não descobrimos o que irá passar nos seus programas semanais a cada semana, bastando, para quem assim o fizer, ler os spoilers.

Apresentando, primeiro, uma breve análise geral do evento, o mesmo cumpriu com os requisitos que todos os seus antecessores tiveram: poucos combates e bom tempo dado a todos, desta vez, em especial para o main-event; a qualidade acima da quantidade, privilegiando bom wrestling; vencedores certos, histórias bem contadas ou finalizadas e destaque para quem tem de o ter.

Brain Buster #17 – À Beira da Mudança

Era um TakeOver em que, facilmente, se poderia ter apostado num booking muito forte para uma das stables mais interessantes da actualidade, os Undisputed Era. É algo que a NJPW faz frequentemente com as suas facões, dando-lhes vários títulos/vitórias num evento em que todos os seus membros ou a sua maioria participam, mas o que não veio a acontecer.

Não fecho a porta a que também, porventura, tal venha a suceder ao longo dos próximos semanais. Kyle O`Reilly e Bobby Fish podem facilmente vencer os títulos de Tag Team num multi tag match, assim como o Roderick Strong, por não ter sofrido o pin na 3-way deste sábado e por ainda deter uma vitória por pinfall sobre o North American champion, pode muito bem vir a ter uma nova oportunidade pelo título. Já quanto a Adam Cole, esse, ficará com o título principal do NXT por um bom tempo. Almejo um reinado longo que termina no TakeOver que costuma decorrer no dia anterior à WrestleMania.

No entanto, confesso que seja, esta, uma hipótese remota. Duvido que duas trocas de título aconteçam em programas semanais tão próximos quando não tem sido essa a regra que dita o booking do NXT, assim como estes combates que vimos no sábado haviam servido apenas para prolongar reinados que não necessitavam disso mesmo.

Mas passando agora para uma análise combate a combate, tivemos:

Brain Buster #17 – À Beira da Mudança
NXT Tag Team Title Match: Street Profits (c) venceram Kyle O’Reilly e Bobby Fish

Confesso que gosto sempre bastante que um show, comece com um combate de equipas, pelo que em eventos como os do NXT, em que, quase nunca, temos mais que um combate desse género, será sempre o combate pelos títulos de Tag Team que quererei ver a abrir o show. Os mesmos têm sempre equipas que nos fazem levantar do lugar e momentos e sequências rapidíssimas que aquecem o público para o resto da noite. Assim aconteceu, como maiores exemplos com Kyle O`Reilly e Roderick Strong vs. Oney Lorcan e Danny Burch e com War Raiders vs. Ricochet e Aleister Black, deliciosos de se ver.

Embora não sendo um combate nada mau, muito longe disso, não chegou ao nível dos demais enunciados, nem precisava. O plano parece ser um booking forte nos campeões que juntam a sua qualidade no ringue à sua maior e melhor característica, as suas personagens e carisma. Não sei se as suas aparências no RAW sejam para uma mudança de Brand, o que deixaria o seu futuro no NXT e enquanto campeões incerto, daí que ainda coloque a questão dos Undisputed Era vencerem os títulos proximamente, mas é algo que só saberemos mais à frente.

O seu reinado tem sido bem planeado para uns campeões babyfaces que são, aceitando todos os desafios e vencendo todos os adversários possíveis, o que sendo o mais simples a fazer, é também o mais inteligente.

Io Shirai venceu Candice LeRae

Apesar de um combate muito bom, quase que o mesmo é ofuscado pela nova personalidade da lutadora japonesa. Io Shirai é uma óptima face, mas em nada este heel turn mexeu com o interesse que a mesma continua a despertar. Uma vilã com poucas palavras e com domínio físico, que parece desfrutar da sua solidão e se torna calculista nos seus passos. Sinceramente, não me admirava que vencesse o título proximamente, não num frente a frente com a campeã, mas num combate com várias pessoas ou então num combate com uma nova campeã, babyface, que perderia rapidamente o seu título para Shirai, à semelhança de Sami Zayn com Kevin Owens.

Brain Buster #17 – À Beira da Mudança

Quanto à Candice, também duas palavras e alertas devem ser feitos. A mesma já se encontra no NXT há algum tempo e não penso que tenha tido as oportunidades que mereceu. Das melhores lutadoras femininas a sair do wrestling independente nas últimas décadas, uma pioneira no Intergender wrestling, tem, sem dúvida, de ter mais oportunidades e ter um destaque que até agora não vimos. A mesma tem, infelizmente, ficado muito à sombra dos feitos do seu marido, Johnny Gargano, sendo envolvida, demasiadas vezes nas histórias deste mesmo lutador.

NXT North American Title Match: Velveteen Dream (c) venceu Roderick Strong e Pete Dunne

Antes do evento, havia apostado que o Roddy sairia aqui com o título, talvez com um pin no ex-campeão do UK, de forma a proteger o Velveteen, que pela sua personagem e destaque individual que recebe está acima do Roddy, embora isso não se estenda à qualidade e talento deste último no ringue, um dos melhores da actualidade e da última década nesse aspecto. Veremos o que está reservado aos Undisputed Era e qual o próximo adversário do campeão.

Já relativamente ao Pete Dunn, gostava que ficasse definitivamente no NXT. O seu trabalho no NXT UK está feito. Teve um reinado enorme, em dias, defesas, combates e bons combates. Não deve, nem tem de vencer o título novamente, o que seria mais do mesmo e porque temos um novo e dominante campeão que precisa de vitórias. De resto, por que razão limitar-se-ia a ter rivalidades com o pessoal do Reino Unido, quando pode perseguir novos e refrescantes objectivos, como novos adversários e títulos que tem no NXT? Confesso que, enquanto fã, não tenho dúvidas que esta segundo hipótese se apodera da minha vontade.

Brain Buster #17 – À Beira da Mudança

NXT Women’s Title Match: Shayna Baszler (c) venceu Mia Yim

Naquele que terá sido o combate menos bom da noite, ressalta, no entanto, a presença de uma cara diferente nos combates em TakeOvers. À semelhança da Bianca Belair no início do ano, foi bom ver uma oportunidade dada a pessoas diferentes das principais caras da divisão, porque apesar dos maiores combates deverem ficar reservados para os maiores shows, tal pode não acontecer quando as histórias a ser contadas e o momento dos wrestlers não o permita fazer.

O reinado da Shayna já vai bem longo e, infelizmente, sinto o interesse e a qualidade das suas defesas cada vez mais a diminuir. Gosto muito desta lutadora, mas penso já ser a altura perfeita para uma troca de campeã. Uma Bianca face seria a pessoa ideal, para Shirai voltar a entrar na rota do título, como disse em cima.

NXT Title Match: Adam Cole (c) venceu Johnny Gargano

O mais brutal combate desta trilogia pôs fim a esta rivalidade que será, com certeza, considerada por muito, a feud do ano, assim como a rivalidade do Gargano com o Ciampa no ano passado. Para mim, é a melhor trilogia de combates no mundo que todos gostamos desde a do Omega e do Okada, assim como a mais parecida que tivemos até hoje com a lendária trilogia entre Ric Flair e Ricky Steamboat. Um bem-parecido e arrogante heel contra o verdadeiro campeão do povo, um face que preza as suas qualidades no ringue acima de tudo. Parecia mesmo estar a ver um remake das melhores rivalidades de todos os tempos.

Com este combate, Johnny Wrestling deverá dizer adeus ao NXT. Confesso que não o vejo a fazer mais nada nesta brand depois de 4 anos em que subiu do low-card até ao main-event. Uma mudança de ares fará bem também à sua personagem e impede o desgaste de vermos sempre o mesmo. Sempre com o medo do que lhe poderá acontecer no RAW ou SmackDown, o seu futuro deverá passar por lá. Desejo que o seu sucesso lá seja o mesmo e que a WWE não estrague o melhor babyface que tem desde Daniel Bryan em 2013/2014.

Quanto a Adam Cole, como disse, deverá manter o título por um bom tempo, restando-nos ver qual o próximo adversário. Gostaria que construíssem Velveteen como o seu carrasco, coroando-o NXT champion no fim-de-semana de WrestleMania.

Brain Buster #17 – À Beira da Mudança

Resta-me referir que talvez a qualidade dos combates não tenha sido tão boa como em TakeOvers anteriores. O próprio main-event não foi tão bom como os dois primeiros embates, isto claro, como alguém que gosta mais de wrestling propriamente dito do que Hardcore matchs.
Mas digo igualmente que a escolha de trazer mais diversidade a esta rivalidade foi bem pensada, numa altura em que a intensidade da rivalidade foi aumentando.

Sem dúvida que depois de um final de 2016 e início de 2017 algo frouxo, desde esse momento até hoje, o NXT teve 2 anos incríveis, com óptimos combates, bookings simples e inteligentes, recheados de momentos fantásticos como aquele que presidiu à vitória final do título por Gargano e pelo constante interesse que esta brand desperta.

Num momento em que se fala de mudanças como o aumento de horário, como o de troca de lutadores com o RAW e SmackDown e com o começo da sua transmissão num canal de televisão, peço somente uma coisa: não estraguem o que o NXT já tem de bom.

Mas com estas mudanças ou sem elas, a partida de Johnny Gargano do NXT não pode deixar de ser vista como um momento de mudança, o mesmo foi durante 2 anos a cara do NXT, mesmo quando não era campeão. Teve sempre o combate da noite em qualquer TakeOver: Andrade, Ciampa, Aleister Black, Ricochet e Adam Cole. Só o futuro dirá qual o seu sucessor num brand que, para já, está de boa saúde e recomenda-se.

E então? O que achaste do TakeOver? Que combate mais gostaste? E que resultado mais te surpreendeu? Achas que o NXT será modificado nos próximos tempos.

Hoje ficamos por aqui.

Até para a semana e obrigado pela leitura.

4 Comentários

  1. 5 anos

    Eu gostei do TakeOver, apesar de achar que esteve um bocado abaixo em termos de qualidade apresentado nos três TakeOvers anteriores. Eu pensei que os Undisputed Era iam sair com os títulos todos .

  2. Sandrojr5 anos

    Grande artigo, acompanho e comento desde o primeiro. O nxt é magnífico, da uns 10 a 0 no main roster, os combates são excepcionais, o publico é sensacional, e o show te prende de tão bom que é.