Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!
No passado sábado à noite fomos presenteados com um dos eventos mais quentes do verão. O Slammiversary da TNA/Impact Wrestling é sempre um dos grandes lugares na rota turística que é o wrestling durante o verão. Contudo, este ano, foi um dos shows mais aguardados por uma razão adicional, a expectativa, criada até pelo próprio Impact, que muitos lutadores ex-WWE, recentemente despedidos, poderiam fazer o seu debut ou regressar ao Impact.
Aqui há umas semanas trouxe-vos um artigo em que explorei as dificuldades que o Impact estava a ter no booking que, desde o início da pandemia, se foi degradando bastante. Prova disso foi que ninguém falou do show pelo seu card, nem pelas histórias que estavam a ser contadas, mas sim pelo elemento surpresa, algo com o qual o Impact jogou bem, posicionando o seu show para os primeiros dias em que os ex-WWE poderiam voltar à acção, o que já iria criar expectativa de qualquer das formas, mas o Impact foi mais longe e fez vários teases a esses possíveis nomes.
Isso já levou, inclusive, alguns fãs a criticarem este evento. Poderíamos falar aqui até num regresso a um passado do qual ninguém tem saudade, em que a TNA contratava todo e qualquer nome que saísse da WWE, coisa que, que últimos anos, deixou de acontecer, e se tornou um dos pontos positivos desta gerência do Impact. Pessoalmente, não dou para esse peditório. O único lutador que o Impact foi buscar que não me parece totalmente merecedor é Heath Slater, que provou muito pouco para receber destaque numa empresa de main-stream como é o Impact. De resto, todos os nomes que se estrearam ou regressaram este sábado são óptimos lutadores e adições úteis e interessantes a qualquer roster do mundo.
O Slammiversary deste ano não esteve à altura do dos últimos 2 anos e, para isso, contribuíram o que já vim apontado ao Impact Wrestling, seja as coisas de que tem culpa, seja as de que não tem. É verdade que o booking até ao evento não foi o melhor, mas sem dúvida que teria dado outra perspectiva se tivesse público, coisa que faltou no PPV e que teria sido muito importante para certos momentos ou combates. Há a lamentar, principalmente, a produção do show, que foi realmente muito má, algo que pensava que nunca iria voltar a criticar num show do Impact e, infelizmente, volto a criticar. Espero que melhorem mesmo nesse aspecto tão essencial.
Ainda neste ponto referir que, mesmo com todos os problemas que afectaram esta empresa nos últimos 4 meses, contando não só com o que já referi, bem como a necessidade de afastar nomes como Michael Elgin, Joey Ryan e a própria campeã Mundial Tessa Blanchard, o PPV deste sábado, não sendo algo de espectacular, cumpriu a sua função e o que prometeu. Os combates estiveram ao nível de PPVs anteriores, mas não sou da opinião que tenham sido tão maus como alguns fãs a apregoam. Até tivemos bons momentos e, mais do que isso, nem todas as respostas foram dadas no evento, pelo que tenho de elogiar o booking do Impact neste aspecto, que conseguiu criar expectativa para o próximo programa semanal e fazer com que, eventuais novos fãs que se tenham interessado, vão ver o seu produto.
O objectivo do Brain Buster desta semana será, assim, analisar o PPV, percorrendo todos os seus combates e, mais do que isso, falar dos vários momentos-chave que foram os vários regressos ou debuts, bem como perspectivar a sua posição para o futuro. Sem mais demoras e passada esta já longa introdução, vamos começar!
Motor City Machine Guns vencem The Rascalz (Dezmond Xavier e Zachary Wentz)
O PPV começou com o Open Challenge deixado pelos Rascalz. Depois do Impact ter anunciado poucas horas antes do PPV que os Good Brothers (Karl Anderson e Doc Gallows) haviam assinado pela empresa, na mente de muitas pessoas, inclusive na minha, criou-se a ideia de que poderiam ser estes dois a aceitar o desafio. Porém, num PPV cheio de surpresas, elas começaram logo no primeiro combate do show.
Os MCMG são um tag team histórica da TNA e foram, sem dúvida, a melhor equipa do mundo durante um determinado período na história do wrestling. Introduziram um estilo high-flying que influenciou grande parte das tag teams de hoje em dia. Contudo, nos últimos anos, não têm tido a melhor das sortes. Reuniram-se na ROH em 2016 e até foram campeões de equipas, mas o seu regresso enquanto equipa ficou muito aquém das expectativas que se criaram, em que os combates, apesar de bons, não o foram tanto como no passado, bem como a sua atitude não tinha nada de interessante. Após isso, ambos acabaram lesionados por vários meses.
O que esperar deles agora no Impact Wrestling? Bem, com a quantidade de lesões que ambos sofreram ao longo da carreira, bem como nos últimos anos, pensei que o seu regresso podia nunca mais acontecer, mas ainda bem que aconteceu! Sou fã desta equipa, mas há premissas que devo elencar para o futuro. Desde longo, aquilo que se passou na ROH não se pode repetir. A atitude tem de ser outra, não de simples veteranos a ajudar jovens, nem com uma simples vontade de competir, temos de ver Chris Sabin e Alex Shelley sedentos de vitórias, com uma vontade bem mais agressiva e credível. Por outro lado, quero ver algo novo no ringue. Não me basto com o que eles fizeram vezes sem conta nos últimos anos, que se tornou muito repetitivo. Para isso, contribui este combate com os Rascalz e contribuirá o combate já esta terça com os North. O Impact tem das melhores divisões de equipas da actualidade e o momento perfeito para os MCMG se reinventarem e ressurgirem no mundo do pro-wrestling. Confesso que estou bastante esperançoso neste regresso.
TNA World Heavyweight Championship Match: Moose (c) venceu Tommy Dreamer
Se houve coisa que senti que deveria ter falado no último artigo sobre o Impact foi do excelente papel que Moose tem interpretado todas as semanas. Já todos sabíamos que o Moose era um excelente heel, mas conseguiu-se, tanto o Impact como o Moose, elevá-lo, não só como um dos grandes heels do Impact, como dos seus principais nomes. Moose, atirando farpas à antiga TNA, vencendo alguns nomes associados à marca, e aproveitando-se o show que se iria fazer de tributo à TNA, roubou o velhinho título da TNA e proclamou-se como campeão. Todas as semanas se tem comportado como campeão e o verdadeiro detentor do título, exigindo inclusive que o ring anouncer diga que os seus combates são pelo título. Tem sido delicioso de ver esta personagem do Moose.
Por outro lado, irá permitir ter um booking de futuro. Certamente chegaremos a uma altura em que o confronto inevitável do “TNA World champion” irá enfrentar o campeão Mundial do Impact, que determinará quem o absoluto campeão mundial é, o que já sabemos quem é, mas que torna a história bem mais cativante e agradável e cria ainda mais heat para o Moose. Sinceramente espero que o Moose se torne o campeão Mundial nesse angle, porque no Impact ele está no lugar certo no tempo certo, bem como, pelo que tem feito desde que se estreou em 2016, já vai merecendo esse reinado, que espero igualmente interessante como a sua carreira nos últimos anos.
Quando ao combate, acabou por ser mau, mas o objectivo também não era que fosse, ocorreu apenas para dar uma vitória a Moose no segundo maior evento anual do Impact e continuar a dar heat a este bom lutador de quem espero bastante nos próximos tempos. Considero que o Dreamer já há muito passou pelos seus melhores anos e o Impact podia e devia ter dado outro adversário ao Moose.
Kaylie Ray venceu o Impact Knockout’s Championship Nº1 Contender’s Gauntlet Match
Seguiu-se um combate que juntou praticamente todo o roster feminino do Impact, e que bela divisão que o Impact criou. Contudo, infelizmente, este combate sofreu por coisas mal planeadas, por botches infelizes e, mais do que isso, aconteceram no show em que não podiam ter acontecido. É dos poucos eventos em que o Impact tem mais exposição que o costume e acabou por dar a ideia de a sua divisão feminina é bastante inesquecível.
Para mim, que acompanho esta promotora semanalmente, sem dúvida que wrestling feminino é o que esta promotora tem de melhor para oferecer e com uma divisão destas, que cresceu tanto e para tão bem nos últimos tempos só pode continuar a melhorar nos próximos tempos. Temos facilmente 10 nomes, altamente credíveis para desafiar pelo título e até vencê-lo e um roster feminino em que não encontramos um nome, nem um que se possa dizer que é mau no wrestling.
Quanto à vitória de Kylie Ray, pouco a dizer. É um nome em quem o Impact parecer querer apostar bastante nos próximos tempos e legitimamente, pois talento não lhe falta. O único problema é que tornou um pouco previsível a vencedora do combate que iria acontecer mais tarde pelo título das Knockouts.
Por outro lado, têm-se formado algumas alianças dentro desta divisão: Taya e Rosermary, Tasha e Kiera Hogan, Havoc e Neveh e Susie e Kylie Ray, que se poderiam bem trazer os títulos de Tag Team femininos que haviam nomes suficientes para lutar por eles e combates bem interessantes poderiam ser perspectivados para esses títulos. Pessoalmente, é algo que gostaria imenso que acontecesse. Josh Matthews referenciou isto mesmo durante este combate e tanta aliança dentro desta divisão pode ser um indicador. Aguardemos para ver que rumo o Impact tomará.
Estreia de Health Slater
Heath cortou uma promo, até bem genérica, mas boa para o introduzir no Impact. Acabou por se envolver com Rohit Raju e especulo que mais desenvolvimentos entre este dois continuarão por umas semanas. Já mais tarde no show, Heath encontrou o seu parceiro de tag team na WWE, Rhino, mas foi mandado embora por Scott D´More porque não trabalhava ali e ainda era um “free agente”. Isto pareceu indicar que se pode recuperar um pouco daquela história na WWE em que ele procurava pelo seu trabalho todas as semanas e que muito sucesso teve. Todavia, detestaria que tal fosse o planeado pelo Impact. Seria uma falta de originalidade enorme.
O Heath nunca teve muitas oportunidades de mostrar aquilo que sabia fazer na WWE no que diz respeito ao wrestling propriamente dito e à qualidade dos seus combates. No Impact, finalmente veremos o que ele consegue fazer nesse aspecto e se merece ser um dos nomes de destaque para o futuro. Como disse no início do artigo, foi o único nome novo que me deixou com o pé atrás, porque num show em que tanto ex-WWE voltou ou se estreou foi praticamente dar uma imagem de que o Impact é uma segunda linha, o que não deixando de ser verdade, é uma ideia que o Impact, ou qualquer outra promotora, deve combater para tirar benefícios pessoais de credibilidade.
Impact X-Divison Championship Match: Chris Bey venceu Willie Mack (c)
No primeiro title match da noite, tivemos um novo campeão, mas antes disso, falar um pouco do reinado de Willie Mack. Sou um enorme fã deste lutador, mas este reinado foi um fiasco absoluto, foi uma das desilusões do ano. Sim, o público faz falta nos combates do Willie pelo excelente babyface que este é, mas outras coisas faltaram, principalmente a motivação nas suas promos. Não houve, em qualquer momento, mesmo quando o seu oponente fazia por isso, qualquer mudança do seu estado de espírito, qualquer tipo de agressividade, nada! O reinado do Mack pareceu acabar muito rapidamente e de forma abrupta, mas ainda bem, pois a própria X-Division, que estava a recuperar a importância que teve no passado, também já estava a começar a sofrer com isso.
Do outro lado, Chris Bey é um nome ainda muito recente na programação do Impact e parece-me que teve esta vitória demasiado cedo, mas vejamos o que o futuro reserva. Para já ele tem sido um bom heel e a própria parceria com o Johnny Swinger foi algo agradável de se ver. Prevejo que ainda detenha o título por uns meses, até porque a X-Division está, infelizmente, cada vez mais com um número muito reduzido de competidores. Quando ao combate em si, achei muito fraco, tal como o estado da X-Division nos últimos meses. É um ponto essencial da programação do Impact que deve ser melhorado.
World Tag Team Championship Match: The North (c) venceram Ken Shamrock e Sami Callahan
Mais uma vez, os North saem com os títulos e em grande, desta vez vencendo nomes do main-event. Na minha opinião, já se começa a formar a ideia de que estamos perante a tag team do ano, independentemente da promotora em questão. Não só o reinado longo, mas a qualidade das defesas dos títulos e a química que existe entre Ethan Page e Josh Alexander (mesmo tendo personalidades diferentes) é uma mina de outro para o Impact.
Com uma divisão que já contava com bons nomes (TJP e Fallah Bah, XXXL, Rascalz, Reno Scum, entre outras) junta-se-lhe agora os MCMG e os Good Brothers. Tal como a divisão feminina, a divisão de equipas é das melhores coisas que esta promotora vai ter para oferecer neste momento e prevejo o reinado dos North a tremer nas próximas semanas, e ainda bem. Mesmo não perdendo os títulos, temos de sentir de a qualquer momento eles os podem perder. É a história perfeita para esta divisão neste momento.
Relativamente ao Sami e o Shamrock, é uma incógnita o seu booking daqui para a frente, mas talvez haja uma traição do primeiro, retomando a rivalidade que os dois vinham a ter há uns meses. Servirá para dar a vitória ao Sami sobre uma lenda e colocá-lo de novo na rota do título Mundial, que com a saída da Tessa e do Michal Elgin, precisa de bons nomes e credíveis. Já quanto ao Shamrock, não estando ainda na posição do Tommy Dreamer, anda lá perto. Sim, é um nome muito maior do que ele, e é um verdadeiro draw, mas claramente já não tem andamento para o estilo do Impact Wrestling e este combate provou-o. Enquanto os outros 3 envolvidos estiveram muito bem, o Ken parecia um bocadinho aluado do combate sem saber para onde se mexer.
Knockout’s Championship Match: Deonna Purazzo venceu Jordynne Grace (c)
Este foi, muito provavelmente, o melhor combate da noite e, a par do que já disse sobre a Gauntlet feminina, é a prova que a divisão feminina do Impact é algo invejável para qualquer promotora no mundo. Espero que este match tenha dado, mais não seja, para limpar a falsa imagem que a Gauntlet deixou do roster feminino, nem que parcialmente. Foi uma boa decisão ter a Deonna como campeã. Ela regressou com tudo ao Impact, com uma personagem interessante e com capacidade para carregar aquele título por uns bons tempos. A sua primeira candidata será a Kylie Ray como já disse, numa feud entre uma verdadeira heel e uma verdadeira face.
O reinado de Jordynne Grace não atingiu o clímax que esperava e acabou cedo demais na minha opinião, mas foi outra que sofreu bastante com a falta de público e, principalmente, pelo facto de não ter podido comparecer muitas semanas às gravações do Impact Wrestling. No entanto, é um nome forte e pode muito bem voltar a vencer o título mais à frente, quem sabe até à própria nova campeã no futuro, tendo, desse modo, história de redenção.
Impact World Championship Five-Way Elimination Match: Eddie Edwards venceu Eric Young, Rich Swann, Trey Miguel e Ace Austin
Finalmente, chegados ao main-event, foi surpresa atrás de surpresa. Desde logo, tivemos o retorno de uma lesão grave de Rich Swann que apareceu como o elemento mistério do combate. Porém, antes do mesmo começar, Eric Young também fez o seu retorno e introduziu-se no match pelo título Mundial. Gostei particularmente das interacções entre estes dois e da feud que, de certeza, terão nos próximos tempos. A história do Eric Young que pensava ter ofuscado o regresso do Rich Swann, deste o ter eliminado do combate e estragado os seus planos e do Eric Young ter feito um violento ataque à perna do Rich foi outro. Dará pano para mangas para uma boa rivalidade nos próximos tempos entre duas personalidades muito diferentes e que se podem complementar muito bem. Eric Young é outro lutador que via com o pé atrás a voltar ao Impact numa altura em que tanta gente voltou ou se estreou, mas é um excelente nome para colocar over jovens lutadores e ter feuds emotivas no mid-card.
Por outro lado, fiquei genuinamente feliz pelo facto de o Eddie ter voltado a vencer o título Mundial. É o workhourse da empresa, aquele em quem se pode sempre contar para nos dar bons combates, seja com que adversário for. Após 3 anos é, certamente, um prémio merecido, também pela lealdade que o Eddie sempre mostrou pelo Impact.
Após o combate, Ace Austin e Mad Man Fulton lançaram um ataque ao novo campeão, mas os Good Brothers apareceram e impediram que o mesmo continuasse. Estrearam-se, desta forma, como faces. Contudo, não vejo outra coisa no futuro que não um heel-turn dos grandes. O melhor que os dois fizeram na sua carreira foi enquanto heels na NJPW, sérios e dominadores, que nunca conseguiram ser na WWE. Acho que é o melhor que ambos podem fazer, mas posso estar enganado. Vamos ver que rumo o Impact toma com eles daqui para o futuro.
Por fim, numa vignette, mesmo para terminar o PPV, tivemos EC3 finalmente no Impact, algo que já há muito se especulava. Todavia, mais do que isso, tivemos um EC3 com uma personagem aparentemente nova, mais mística e misteriosa do que nos acostuma-vos a ver, quer na TNA, quer na WWE. É um nome perfeito para o main-event do Impact neste momento e estava muito desejoso que o mesmo regressasse ao lugar em que foi feliz. Eddie vs. EC3, Eddie vs. Moose, Eddie vs. Ace Austin são alguns dos combates que este novo reinado do Eddie pode ter, num main-event que precisa de ser reconstruído nos próximos tempos.
Hoje ficamos por aqui.
Até para a semana e obrigado pela leitura.
6 Comentários
Na divisão feminina da Impact há um nome que se pode dizer que é mau no wrestling: Katie Forbes.
Quanto ao futuro dos títulos tag team, acredito que serão os Good Brothers a serem os próximos “donos” dos títulos.
Obrigado pelo comentário.
Tens toda a razão, nem me lembrei dela, mas é uma boa valet do RVD e por isso já é uma boa adição ao roster.
Excelente artigo.
Muito obrigado.
A Impact está a ter um grande roster em suas mãos, os próximos shows serão intensos, ótimo artigo
Obrigado.