Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!
Com o aparecimento da pandemia, uma das mais recentes brands da WWE, o NXT UK, foi obrigada a parar todo o seu funcionamento, estando impedida de gravar os seus shows em território britânico, deixando completamente em stand-by todas as suas storylines, rivalidades e title matches futuros, obrigando a que a WWE fosse transmitindo nos vários programas semanais, compilações de best Ofs dos combates com que a brand já contava, bem como dos combates preferidos dos seus lutadores, entrevistas aos mesmos e vídeos de promoção de um futuro regresso às histórias que o NXT UK estava a contar.
Confesso que, em todo este tempo, assisti apenas ao episódio de há umas semanas, pois transmitiu o que inicialmente era um dark match entre Ridge Holland e o NXT UK champion WALTER, combate este que mostrou o enorme potencial, não só do primeiro como futura estrela de topo da WWE (e não só do NXT), bem como de um futuro combate pelo título entre os dois, em pleno main-event de um TakeOver, dando-nos um confronto entre estas duas bestas no ringue.
Contudo, em nada estou menos interessado para ver o regresso desta brand na próxima semana, brand esta que, mesmo com um roster algo limitado, sempre teve um booking bastante razoável, e um wrestling muito digno, principalmente nos title matches, e ainda mais nos TakeOvers que, tendo sido apenas três até agora, têm sido memoráveis. É disto que irei falar hoje, então, aqui, no Brain Buster. Discutir o futuro pelo qual, esta marca, poderá passar brevemente, pensando os planos para os próximos tempos nas várias divisões, bem como o roster que a WWE irá utilizar no imediato-
Até podemos começar exactamente com este ponto. O NXT UK tem de voltar em grande, e isto por duas ordens de razões. Desde logo, foi uma brand que ficou inactiva durante vários meses, nos quais os fãs que, na altura, já estariam poucos investidos no seu estilo, podem ter-se afastado de vez desta marca. Ora, que melhor maneira de contornar esta possível tendência que não com um roster melhorado em relação ao que a brand tinha, com nomes já reconhecíveis do NXT dos EUA, e acerca dos quais toda a gente reconhece talento?
A outra razão, trata-se da conjuntura em que o NXT UK irá operar, desta vez, em terras de sua majestade, muito mais favorável à sua procura por fãs britânicos do que anteriormente. Com a pandemia e, principalmente, pelo recente escândalo do movimento #speakingout, quase todas as feds que operavam no Reino Unido, em “competição” (se é que se pode chamar assim) com o NXT UK, ou estão completamente inactivas e não há perspectiva de quando podem regressar aos shows, ou acabaram mesmo por terminar, deixando a WWE cada vez mais sozinha no mercado britânico, e cada vez mais dona também desse território, à semelhança dos EUA.
Desta forma, se a WWE procura dominar aquele mercado como penso, então tem de apostar num regresso forte, que faça os fãs (principalmente os britânicos) agarrarem-se ao produto de forma intensa, passando o seu centro de treinos no Reino Unido a ser a principal escola da Europa quanto aos candidatos a lutadores que possam sair daquele continente. No futuro imediato, penso que o NXT UK terá apenas a companhia da RevPro quanto aos eventos que se possam vir a fazer no Reino Unido, fed que, apesar da parceria com a NJPW, não deverá ter muitos nomes grandes da companhia nipónica nos próximos tempos.
Mas com que roster poderíamos achar que o NXT UK voltaria a acção? Bem, acho que esta brand pode, ao contrário do que aconteceu com todas as outras, beneficiar da pandemia quanto ao seu roster. Se os lutadores britânicos não podem ainda sair do Reino Unido para voltar ao NXT nos EUA, então quer dizer que nomes como Pete Dunn ou os Grizzled Young Veterans, que se haviam mudado para a divisão principal do NXT, podem fazer o seu retorno ao NXT UK, óptimos talentos, reconhecidos por um maior número de pessoas que vêm WWE, e nos quais se pode sempre contar para dar óptimos combates. Não só estes nomes, como alguns que estariam na porta de saída para o NXT poderiam e deveriam ficar por mais uns tempos, como é o caso de Tyler Bate, por exemplo, que é uma das maiores promessas babyfaces que já vi.
Lembro, igualmente, que muitos lutadores do NXT UK também foram associados ao movimento #speakingout, pelo que, nos primeiros tempos, até poderão ficar fora do produto, até que acusações se formalizem ou não, a WWE investigue se há qualquer fonte de verdade nelas, ou até que o escândalo se dissipe no tempo, ou quase ninguém se lembre dele. Por isso, por mais esta razão, é importante que o NXT UK retorne com nomes fortes como os que citei acima. Porém, não me interpretem mal, eu não estou a dizer que é esse o caminho que esta brand vai seguir e esses são os nomes pelos quais ela vai optar. Estou sim a dizer que, do meu ponto de vista, e da melhor perspectiva que vejo para esta brand crescer, acho que seriam as melhores opções.
Algo que também sempre gostei no NXT UK foi o ambiente que se criou. Não sei se teremos público nos primeiros tempos, uma pequena percentagem do verdadeiro, ou público falso interpretado por pessoas que a WWE escolherá para fazer barulho durante os shows, mas aqui o NXT UK também pode ter mais um ponto extra de vantagem em relação aos eventos que a WWE faz nos EUA. É que a situação da pandemia está muito mais controlada na Europa no seu todo, do que os EUA, sendo que apesar de o Reino Unido ser dos países mais afectados, se há lugar em que eventos desportivos podem voltar a ter assistência, não será certamente nos EUA.
Não me admirava nada que, com as devidas precauções e recomendações, o NXT UK voltasse a ter uma pequena percentagem de público, até mais do que a AEW já está a ter. Mais do que isso, gosto das cores e iluminação do show, das cordas vermelhas e do ringue preto, bem como de toda a arena que rodeia os combates desta marca. O estúdio que a WWE escolheu em Londres para acolher os eventos do NXT UK nos próximos tempos segue a linha traçada anteriormente, e cria um ambienta também muito agradável.
É certo que o problema principal desta brand é o investimento sem retorno que ela dá, dado que os prejuízos que existem para a suportar não têm quase expressão nenhuma nas ratings dos programas semanais, ou até nos TakeOvers, e toda a gente reconhece que ela não foi criada, principalmente, para dar bom wrestling, mas sim para travar o crescimento do wrestling britânico independente, que na altura era um dos principais pontos de crescimento no wrestling, mas no qual a WWE, com o NXT UK, não pôs apenas um travão, mas um tampão enorme.
Mas a ideia do NXT UK morrerá também quando o wrestling britânico independente morrer? Penso que não é essa a ideia, é sim que a brand também cresça, e possa dar algum dinheiro à WWE. Penso que com mais uns anos de existência, assim como de bom wrestling apresentado no produto, pode ser uma fonte de patrocínios no Reino Unido, e até na Europa se a marca se for expandindo, assim como poderá, um dia, passar em TV nacional inglesa, e aí estabelecer-se aos olhos dos fãs como uma brand que já não é tão frágil. Foi, de resto, e com as devidas diferenças e reservas, o que aconteceu ao NXT.
É certo que o wrestling no UK não é tão popular como nos EUA, mas se há coisa que se provou na última década, é que há mercado de wrestling em terras de sua majestade e, acima de disso, uma boa base de fãs disposta a se investir. Ora, este futuro só se dará se a WWE continuar a investir nesta brand, e não achar que é só mais uma, de entre as muitas que, infelizmente, hoje tem. É uma marca especial e diferente das restantes, com um mercado diferente, com um estilo e wrestling diferentes, pelo que poderá chamar a atenção por essa mesma razão.
Mas passando agora ao booking pelo qual o NXT UK pode vir a enveredar nos tempos imediatos temos, desde logo, três divisões, e três divisões com campeões interessantes. Acho que não vale a pena elogiar e pôr over um lutador tão bom como o WALTER, dos melhores big mans que a WWE tem em anos. Sei que o seu reinado já teve combates com Pete Dunn, Joe Coffey, Tyler Bate e Dave Mastiff, e que dificilmente se arranjarão adversários mais óbvios para óptimos combates do que para além do actual nº1 Contender Iila Dragunov. No entanto, poderá e deverá o NXT UK estender esta rivalidade, já com história na Alemanha (na fed wXw), diga-se, e com combates mais que provados como dos melhores de sempre da Europa, até ao próximo TakeOver, que se pensa realizar em Dublin, mas que poderá passar para o estúdio em Londres, se assim for necessário. Está agendado para Outubro, e o booking tem tudo a ganhar se se estender este combate até aí.
Sei que nomes como Jordan Devlin poderão ser afastados da brand pelo movimento #speakingout, e minar ainda mais a falta de contenders ao campeão, mas, mais do que isso e acima disso, manter WALTER campeão do NXT UK é imperativo, pelo menos para mim enquanto fã, pois a pandemia tirou-se um dos combates que eu mais esperava este ano: WALTER vs Finn Bálor pelo NXT UK title. E, se é verdade que o Finn é agora campeão do NXT, não vejo impedimento nenhum para, num futuro com voos regularizados, termos a continuação dessa rivalidade, que estava a ser um ponto de interesse bem grande na programação do NXT UK.
O Finn podia perder o título do NXT e virar-se novamente para o WALTER nessa altura, ou WALTER perder o título para alguém que ficaria imensamente over por o vencer, como seria, por exemplo, o Ridge Holland, que falei no início do artigo, mas também se poderia ter uma outra história, que não envolvesse, igualmente, termos de voltar a ter um duplo campeão, como aconteceu com Keith Lee. WALTER poderia entrar na rota do Finn e desafia-lo pelo título enquanto campeão, mas o GM do NXT UK exigir que o WALTER declare o NXT UK title vago para o poder fazer, com a justificação que se ele vencer, não poderá fazer as duas brands da forma presente que qualquer campeão deve fazer.
É uma história na qual penso em que toda a gente sairia por cima: o NXT UK ficaria sem campeão, e até poderia voltar a fazer uma nova edição do NXT UK title tournament, trazendo novos nomes e um interesse refrescado no seu produto. O WALTER nunca perderia o título para alguém que continuaria abaixo dele, bem como desafiaria (e venceria) o um título e um adversário ainda maior, e o Finn veria o seu reinado terminar com um grande combate, e para um nome no qual vale a pena apostar, e para o qual o Balor poderia perder totalmente limpo, sem que isso afectasse, em nada, a sua credibilidade.
Mas não só do main-event vive o NXT UK, e as outras divisões, apesar de terem bons campeões, pecam na falta de contenders aos títulos. A campeã feminina Kay Lee Ray tem tido um bom reinado enquanto heel, mas já venceu Toni Storm e teria Piper Niveen na sua rota. Contudo, tirando estas duas babyfaces, quem mais teríamos para ela proximamente? Mas do outro lado, se a Piper vencesse o título, quem lhe daríamos como a grande heel e antagonista do seu reinado? Poderíamos ter a Jinny e até a Kay Lee Ray atrás da campeã pelo título que perdeu, mas são histórias que, ou se esticariam para lá do nosso interesse, ou se escreveriam de forma tão rápida que o booking ficaria sem opções. Esta divisão feminina precisa, realmente, de ter novos nomes credíveis para assaltarem o título.
E também um pouco na mesma posição acabam por estar os títulos de Tag Team, e os campeões GALLUS. Temos Amir Jordan e Kenny Williams (que até acho que têm os dias contados como equipa), Morgan Webster e Mark Andrews, Primate e Wild Boar e, até recentemente, tínhamos os IMPERIUM, que estão agora no NXT, e os Grizzled Young Veterans, que seguiriam o mesmo caminho. Contudo, no caso destes últimos, e perante a divisão de equipas que temos, acho que é imperativo que eles voltem ao NXT UK e se mantenham na rota dos títulos, se não como campeões, pelo menos a valorizam equipas babyfaces, que esta divisão não tem. Mais uma vez, parece uma divisão tremendamente pequena, e a mais desinteressante da marca.
Por fim, e para terminar, falar um pouco da Heritage Cup, um torneio que terá British Rules, e que se destinará a ser um “título”, defendido pelo seu campeão, segundo as mesmas regras. Escrevi título com aspas, dado que não sei se será mesmo um título, ou outro objecto físico, algo que até gostava de ver, pois seria algo diferente do costume (relembro que a WWE tem muitos, inúmeros, bastantes e demasiados títulos). Poderia ser um troféu, como o recém-criado KOPW2020 da NJPW, ou até uma medalha. Mas a ideia no seu todo tem uma vantagem e uma desvantagem clara.
A vantagem é que vai criar e dar uma identidade ao NXT UK, que até agora se limitava a ser wrestling no UK, o que não é muito de diferente, e é importante que cada brand tenha a sua identidade. A desvantagem é que o roster do NXT UK é, por norma, bastante limitado, pelo que, se já é difícil arranjar candidatos ao título principal, ainda mais se tornará, se a Heritage Cup se tornar num “título”. Acho que podia ser uma tradição anual, por exemplo, até um torneio mais longo, com dois grupos e o vencedor de cada grupo a enfrentar-se na final como acontece no G1. Seria muito menos limitativo do main-event, do que se for um “título”.
Hoje ficamos por aqui.
Até para a semana e obrigado pela leitura.
8 Comentários
Acredito que a Jinny se bem construída consegue ser uma das top heels do NXT UK. No mais excelente artigo, só deixou mais ansiedade para o retorno.
Obrigado. Eu sempre gostei da Jinny, principalmente desde o seu trabalho na PROGRESS.
Será difícil essa volta do NXT UK pois o roster estará bem desfalcado por causa das acusações de assédio. Gostei do artigo
Obrigado!
Bom artigo.
Muito animado com a volta do NXT UK, espero que eles consigam contornar a situação, a brand ainda não explorou seu potencial maximo.
Obrigado pelo comentário.
Eu pessoalmente adoraria ver o Tyler Bate como campeão mais uma vez.
E sobre Walter vs Balor, o mais provável é termos o retorno da rivalidade em algum momento, só resta saber quando.
Obrigado pelo comentário.