Quando estamos a ver algo em directo, somos genuínos na nossa opinião. Não é editada. Não interessa se sabemos como as coisas funcionam ou não. Não interessa se o que vai acontecer a seguir é previsível ou não. Quando vemos a Raw em directo, ou a SmackDown sem olhar a spoilers, queremos esquecer que é planeado. Queremos ver histórias com sentido e queremos que essas histórias e respectivos combates sejam bons e nos entretenham. Logo, quando existem falhas, é difícil não reparar. Um programa funciona como um puzzle. Todas as peças são importantes, e contribuem para o bom funcionamento do programa, logo se alguma dessas peças está em falta ou com defeito, o programa como um todo já não funciona como deveria ser.
E uma das falhas que a WWE possuiu durante muito tempo, e talvez ainda possua reside na sua divisão de tag team. Uma das coisas que me ocorre instantaneamente quando penso nessa divisão é a falta de consistência. Faltam equipas consistentes. O que eu quero dizer, é que faltam equipas fixas, com as mesmas duas pessoas a lutarem semana após semana. Durante muito tempo, a maioria de equipas que possuímos foram equipas por conveniência, ou seja, dois faces que têm dois inimigos, e pronto, temos um combate de tag team. Ou então, equipas para entreter no Superstars, como Santino e os seus vários parceiros: Ryder, Kozlov, Masters, Bourne… Mas uma divisão não se constrói com base nisso.
Para lutar por títulos em específico temos que ter equipas fixas com esse objectivo. Esta história das equipas por conveniência deveria ser esporádica e oportuna, não banal.
Na tão afamada Attitude Era tínhamos dois a três combates de tag team por evento. Tínhamos inúmeras equipas fixas. Por exemplo, no início de 2000 tínhamos a APA, Edge & Christian, Hardy Boyz, Dudley Boys, New Age Outlaws… Ou seja, cinco equipas fixas, com combates entre si, que acabariam por competir por títulos.
Outros problemas que esta divisão apresenta é a separação de equipas prematuramente, a falta de tempo de antena, entre outros. Terem separado os Hart Dinasty, que eram provavelmente a equipa mais promissora, da forma como o fizeram foi asneira. E o problema é que essa separação não resultou em nada. Algum dos dois está em mid-card ou em main-event? Não. Um anda à deriva pelo Superstars e pela SmackDown, e o outro foi despedido.
Outro grande problema é que nesta época que estamos a viver, ou seja de à uns anos para cá, dá-se primazia à competição entre lutadores individuais. Logo, investe-se muito mais em rivalidades entre este tipo de lutadores, e os combates de tag team são usados apenas para cimentar estas mesmas rivalidades.
E depois, quando finalmente temos combates de tag team com equipas que pertencem a esta divisão, temos lutadores sem credibilidade, sem personagem, sem convicção. E a única forma de remediar isso, além de investir neles nos bastidores, é dar-lhes aquilo que a WWE não quer dar neste momento: tempo de antena.
Já temos os problemas, faltam as soluções. Primeiro, e mais importante que tudo, a WWE precisa de despender tempo para os combates (tempo decente, não é cinco minutos de duração), tempo para as promos, também era uma boa ideia, pois tudo isto contribui para a solidificação das rivalidades e da credibilidade dos lutadores, logo a divisão como um todo é que beneficia.
E ter combates marcados para os PPVS com antecedência e bem promovidos, também era uma boa ideia.
Uma das coisas que me interessou à algum tempo, foram as equipas com star-power de main-event, tipo Jerishow, Jericho & Edge e Big Show & Miz. Ter uma equipa de main eventers, por um tempo, na divisão de tag team, não era algo assim tão absurdo porque podiam ajudar a divisão em duas frentes. Uma das frentes seria nos bastidores. Dariam dicas e trabalhavam mais afincadamente com eles pontos como, por exemplo, carisma. A experiência destes lutadores poderia fazer maravilhas com os mais novos.
Outra frente seria os fãs. Esta equipa com mais star-power traria mais atenção e interesse para esta mesma divisão. Os nomes sonantes chamariam os fãs que assim prestariam atenção aos combates, e se tudo corresse bem conseguiriam seguir e gostar dos resultados daí obtidos, visto que, infelizmente, muitos fãs são atraídos desta mesma maneira.
Algo que, aparentemente, já anda a acontecer com a junção de Miz e R-Truth. Se analisarmos cuidadosamente, um deles esteve no main-event da Wrestlemania e possui mic-skills de invejar, e o outro conseguiu encontrar a forma correcta de se destacar, salvando-se do despedimento certo. A forma como as duas personagens funcionam individualmente deveria ser um indício de que as coisas talvez funcionem quando forem equipa. Tudo bem, não são nenhuns “Jerishow”, mas são algo de certeza e foram main-eventers. Acredito que se trabalharem isto decentemente, consigam ajudar a trazer algo de novo a esta divisão. Mas é claro, ainda não é garantido que haja equipa. Pode ser que as coisas fiquem mais claras brevemente.
Uma coisa que, a meu ver, se deve ter em mente é que todos os títulos são importantes. Todos eles completam o puzzle essencial. Nenhum título é superior ao outro, e nunca se deve ficar com essa ideia, logo os títulos de equipa são títulos importantes e nunca deveriam ser diminuídos face aos outros, seja em tempo de antena ou em esforço nos bastidores. Sim, o Main-Event continua a ser o Main-Event, mas isso não quer dizer que o ME se destaque mais se as outras divisões forem piores. Ou seja, um lutador que estava com o Título Intercontinental ou USA, passar a ter o título de equipas, não é recuar. Todos os grandes lutadores possuíram este título. Aliás, todos os grande lutadores possuíram todos os títulos possíveis e nunca acharam um pior que outro. Tivemos lutadores cujos sonhos passavam por chegar ao Título Intercontinental, e lutadores que sonhavam com Títulos de Equipas, logo não devem ser vistos como algo inferior.
Uma equipa que eu sempre tive curiosidade em ver junta é o Dolph Ziggler com o Drew McIntyre. Estes dois estão no futuro da WWE, quer queiramos quer não. E apesar de Ziggler estar agora com o Título dos Estados Unidos, isso não significa que não possa fazer tag team com McIntyre que está neste momento sem uso. Antes do despedimento de DH Smith, gostaria de ter visto a reformação dos Hart Dinasty. Já disse que separarem-nos foi um disparate pegado e não levou a lado nenhum, mas tal tornou-se impossível.
Mas ultimamente a WWE, parece estar a tentar mudar essa situação, pelo menos espero que assim seja. Evan e Kofi como campeões é algo novo e diferente. McGillicutty e Otunga não estavam a ser capazes de chamar a atenção e a cumprir o seu trabalho a 100% por isso, temos novos campeões que já são muito queridos pelo público e com capacidades atléticas que poderão trazer nova espécie de combates à divisão. Isto poderia funcionar como uma oportunidade para ambos melhorarem as suas mic-skils e para finalmente, arranjarem uma gimmick a ambos. Mas muito sinceramente, não acredito que durem como campeões. Não sei explicar, mas aquela celebração fez-me acreditar que não irá durar muito e que não passarão de campeões de transição. Talvez esteja enganada, mas desde que sejam criadas novas rivalidades e histórias de qualidade, não me queixo!
Conseguiram pôr-me interessada nos desenvolvimentos desta divisão e isso já é um bom avanço.
Pensamento da Semana: Se à coisa de 2, 3 anos, me tivessem dito que Cody Rhodes estaria durante um certo período de tempo a tentar ressuscitar a carreira de Ted DiBiase, eu teria achado que estavam a gozar comigo. Interessante como as coisas mudam.
Até para a semana!
4 Comentários
Se há coisa que gosto de ver é bons combates de equipas coisa que a WWE não tem há muito tempo, a divisão anda em baixo e muita gente desinteressou-se da divisão.
A WWE parece agora querer elevar esta divisão e claro que não podiam começar com David Otunga e Michael McGilicutty simplesmente não cativam ninguem o que não ajudava grande coisa a esta elevação e perder os títulos para alguem como Kofi Kingston e Evan Bourne que alem do estilo de luta deles são adorados pelo público é o ideal para ajudar a voltar o interesse por esta divisão.
Concordo que Kingston e Bourne possam ser apenas campeões de transicção mas sinceramente eu ia gostar que fosse mais que isso e que lutassem juntos durantes uns tempos ainda e uma possivel feud com The Miz e R-Truth seria formidavel para ambas as equipas e para esta mesma divisão.
E não à que desvalorizar nenhum título na empresa todos tem a sua história e deviam ser recebidos da mesma maneira porque se fomos a ver todos os grandes nomes que já carregaram os títulos de equipas e titulos intercontinentais, etc iam perceber isso mesmo.
Voltando de novo ao tema gostava muito que a divisão de equipas voltasse a ser como era antigamente e parece caminhar para isso mesmo com equipas como Kofi Kingston/Evan Bourne se a união entre The Miz/R-Truth se confirmar, temos os Usos que tambem merecem um destaque nesta divisão não me importava de ver de novo Big Show e Kane juntos porque nunca concordei que tivessem perdidos os títulos para David Otunga/Michael McGilicutty e a WWE tem certos lutadores que juntando-se com outros podiam ser bons nesta divisão.
Sem falar que com a vinda dos Kings Of Wrestling para a WWE seria excelente para esta divisão em termos de combates, promos, etc.
Escolheste um bom tema e espero que seja desta que a divisão comece a ter o destaque que merece e que nunca devia ter perdido.
gosto mt dos THE USOS acho q eles deveriam ser os atuais campeões!!
Penso da mesma forma que tu eu ás vezes não tenho oportunidade de ver shows em direto então eu vejo os resultados e depois vejo os videos e a ver os videos e a saber quem vai ganhar não tem a sua graça!!
Quanto á divisão de Tag-Team podiam fazer uma equipa com a maior fonte de dinheiro da WWE, o John Cena e talvez sei lá, CM Punk com o seu próprio nome, T-Shirt isso seria não só uma grande equipa mas a divisão de equipas seria, mais “importante” as pessoas ligávam mais a esta pois a WWE se visse que rendia ia investir mais nesta divisão.
Bom artigo Salgado que hajam muitos igual a este!
eu concordo com EPICO os the usos deveriam ser os campeões