São vários os exemplos que encontramos de dois conceitos aparentemente opostos que, de alguma forma, se acabam por completar. Tal dicotomia existe de várias formas, sendo que uma delas – e a que irá ser abordada nesta edição – baseia-se na relação que a WWE tem com os seus fãs.
É, sem dúvida, uma dinâmica curiosa. A WWE sobrevive e existe através do apoio dos seus fãs, contudo ao mesmo tempo precisa de estar um passo à frente dos desejos e pensamentos dos mesmos. Não é possível satisfazê-los ao concretizar todos os desejos automaticamente. É preciso, não só saber ler e compreender as reacções dos fãs, como saber manipulá-las e usá-las para benefício de ambas as partes.
Por várias vezes, os fãs da WWE se encontram numa situação que os opõe directamente à companhia. Uma situação em que, aparentemente, ambas as partes possuem desejos e ideais diferentes.
Um dos exemplos mais populares desta situação é John Cena. Tudo em John Cena gera divergências. Desde a forma como é usado por parte da companhia, ao seu mérito, tudo divide ambas as partes. Tal tem sido óbvio ao longo dos últimos anos e tornou-se ainda mais crucial na passada transmissão da Raw.
Embora grande parte dos fãs de John Cena lhe continuem leais e se mantenham consistentes – caso contrário a mudança há muito pedida já teria acontecido – facto é que outro barulhento grupo dos fãs da WWE se opõe firmemente à forma como John Cena é apresentado.
Começou como sendo um legítimo cansaço de uma personagem estaganada e repetitiva e evoluiu para uma moda que pegou. Ao contrário do que muitos pensam e julgam, tal não é uma falta de respeito. Há várias formas dos fãs faltarem ao respeito aos lutadores através das suas mais variadas formas de se manifestar, contudo o que se passou na passada Raw não foi um desses exemplos.
A questão é que a situação com John Cena arrastou-se durante tanto tempo, com várias manifestações de desagrado, que chegou ao ponto de ruptura. A WWE não ouviu os constantes apupos, portanto a raiva dos fãs evoluiu para troça rebelde. Os fãs que um dia furiosamente apupavam John Cena, hoje em dia fazem troça deste e tornam a sua raiva numa brincadeira.
Há semanas, John Cena tentou impelir os fãs a gritar que este não era um lutador competente e, como resposta, recebeu cânticos de “aborrecido”. Os fãs de outrora, os fãs irritados e revoltados, teriam feito o que este subtilmente pediu, pois é algo em que alguns acreditam. Os fãs de hoje simplesmente estão cansados de estar zangados e preferem tornar o jogo uma brincadeira.
Na passada edição da Raw, John Cena anunciou de forma séria que estaria de saída da WWE temporariamente devido a uma lesão no cotovelo. Lesão essa que não o impediu de lutar um combate espectacular contra Daniel Bryan na noite anterior. A reacção que John Cena recebeu foi curiosa. Um discurso relativo a uma lesão que, por norma, gera apupos dos fãs, mesmo que sejam vilões – por uma questão de respeito, desta vez gerou aplausos e festejos.
Contudo, ao contrário do que muitos mencionaram tal não foi uma falta de respeito. Tal foi mais uma prova da brincadeira privada que se tornou a relação de John Cena com os fãs. Falta de respeito é quando os fãs – e infelizmente, há quem sinta isto – de facto festejam uma lesão ou desejam por algo pior.
O que os fãs fizeram naquela noite não foi festejar uma lesão, aliás nem penso que tivessem de facto a festejar a ausência de John Cena, pois não acredito que muitos deles acreditassem que este iria de facto ficar longe da WWE por razões óbvias.
Os fãs estavam apenas a troçá-lo e este, como se pode ver pelo sorriso da imagem acima, percebeu. John Cena percebeu porque há muito que se habituou a este jogo com os fãs. Um jogo em que os fãs o criticam, o apupam, mas quando julgam que não há mais nada em que possam contar, chamam por ele.
Afinal, ainda há semanas se ouviram cânticos a pedir por John Cena, pois Daniel Bryan estava a ser atacado por Ryback – caso a memória não me falhe. John Cena é reconhecido como a força invencível, alguém em quem podem contar para ajudar os seus favoritos. Alguém em quem podem contar para tomar a atitude correcta. Por isso, os fãs que tanto o criticam, em alturas essenciais chamam-no. Contudo, tal poderá estar a mudar.
Algo que me surpreendeu no segmento final desse mesmo episódio foi exactamente a ausência de cânticos por John Cena. É possível que esteja errada no que afirmei acima e que os fãs tenham de facto acreditado facilmente numa ausência prolongada de John Cena – algo que me custa imenso a acreditar dado seu histórico neste assunto – ou, numa opção que considero mais viável, os fãs estavam demasiado imersos a tomar mais uma posição contra a WWE.
Há semanas, referi numa edição deste espaço que a WWE estava hábilmente a usar Daniel Bryan e a sua popularidade para manipular os fãs de forma a criar o melhor produto possível. A WWE, através de Daniel Bryan, tem chocado, irritado, frustrado e mantido o interesse dos seus fãs. As emoções têm estado ao mais alto nível nas últimas semanas para quem é fã de Daniel Bryan.
Aliás, para ser mais preciso, tal começou há meses, mas as acções da WWE tornaram-se mais evidentes desde o Money in the Bank, onde Bryan perdeu, apenas para ser escolhido pelos fãs no dia seguinte. Tal como referi anteriormente, a WWE enganou a esmagadora maioria que julgava que Bryan iria ganhar no Money in the Bank, apenas para o elevar de forma que aumenta ainda mais a sua popularidade entre os fãs.
Porém, nem todos aparentavam estar tão felizes com o rumo de Daniel Bryan, pois numa posição directamente oposta aos fãs da companhia estava Vince McMahon.
À medida que a rivalidade se desenvolvia, não podia deixar de notar como cada palavra proferida por Vince McMahon, cada argumento seu, cada explicação e justificação, por milagrosa coincidência – ou não – conseguia mexer com as emoções dos fãs e instigar ainda mais o seu apoio.
A manipulação que, na altura, defendi existir tornou-se ainda mais óbvia. Ao colocar-se no caminho de Bryan, ou defender todas as noções que parte dos fãs sempre odiou, Vince McMahon apenas aumentou a popularidade de Bryan. Enquanto Mr. McMahon, a persona diabólica que vemos na televisão, se mostrava ofendido e furioso com a capacidade de Bryan se evadir a todas as suas investidas e manobras, o Vince McMahon, dono da WWE, deliciava-se interiormente com a perspectiva de estar criar mais uma estrela de topo.
Talvez esteja a ir longe demais na minha visão da história, mas não consigo ver como tal não possa ser o caso.
Daniel Bryan apresentou, ao longo do último ano e particularmente dos últimos meses, a ascensão ao topo mais orgânica e natural que se poderia idealizar. Bryan foi escolhido pelos fãs e estes não só souberam ficar a seu lado religiosamente, como o próprio Bryan teve o talento e a capacidade de cultivar e manter este apoio.
A WWE apercebeu-se da situação e criou uma história que maximizava o apoio dos fãs ao mesmo tempo que tinha enorme destaque e importância no segundo pay-per-view mais importante do ano. Nesse combate, não só a cara da companhia perdeu para Daniel Bryan, como a vitória significou algo. Não foi duvidosa, não teve interferências, nem distracções. Daniel Bryan venceu John Cena para se tornar campeão da forma mais absoluta que poderia haver.
Nem CM Punk teve tal privilégio no Money in the Bank 2011 com John Laurinaitis e Vince McMahon a causarem distracções.
No entanto, Daniel Bryan acabou por ver o seu momento de celebração a terminar rapidamente com o cash-in de Randy Orton e o heel-turn de Triple H. Na edição passada analisei esta possiblidade como sendo extremamente inteligente, pois não só tornava Randy Orton um vilão de topo indiscutível, como aumentava ainda mais a popularidade de Daniel Bryan.
Na noite seguinte, a cara da companhia – John Cena – deu início à transmissão da Raw, teceu rasgos elogios a Daniel Bryan, claramente valorizando-o, apenas para depois lhe passar a palavra, no que pode ser muito bem entendido como o passar do testemunho.
Não me refiro ao passar do testemunho permanente e decisivo onde Daniel Bryan se torna o novo John Cena. Como é natural, não é isso que estou a sugerir. A passagem de testemunho simbólica a que me estou a referir foi feita para única e exclusivamente valorizar Daniel Bryan e o posicionar como uma das figuras principais da WWE. Nesse discurso, John Cena apresentou Daniel Bryan, não só como o injustiçado da noite anterior, mas como alguém que os fãs devem apoiar nos próximos meses em que estará ausente.
O esforço da WWE só seria mais evidente se o próprio Vince apresentasse Daniel Bryan como a próxima figura de topo que devem apoiar. Contudo, como é óbvio, tal atitude iria obter o efeito oposto e não se adequa na história.
No decorrer da transmissão da Raw, o posicionamento de Daniel Bryan continuou a ser esse. Este não só faz parte da história principal, a lutar pelo Título principal, como foi o foco do segmento de abertura e encerro do programa principal da WWE. E também da SmackDown, embora a situação da SmackDown seja mais complicada de analisar devido à importância que esta tem perdido recentemente.
Daniel Bryan está a ser posicionado como um main-eventer, como uma figura de topo a sério, e tal não poderia ser mais evidente. Há muito tempo que a WWE não assistia a uma ascensão deste género, como também há muito tempo que a WWE não promovia desta forma alguém. É este posicionamento e tratamento da personagem que cria estrelas. E, como é natural para qualquer herói que se preze, tal processo é facilitado através do uso dos vilões adequados.
No segmento de encerro da Raw, assistimos à formação de um grupo curioso. Triple H, após ter mudado a sua atitude para com Daniel Bryan, juntou-se a Vince McMahon e Stephanie McMahon para explicar as suas acções.
Tal como as promos de Vince McMahon, também a promo de Triple H não poderia ser mais brilhante no seu objectivo e finalização. Triple H, tal como todos os membros da sua família fizeram anteriormente, posicionou-se como um vilão condescendente. Um vilão que dizia saber o que é melhor para nós, melhor do que nós próprios sabemos. Um vilão que não só nos usava como argumento para fazer algo que não queríamos, como acabava a dizer que era o mais correcto.
A condescendência de Triple H, e de Stephanie no primeiro segmento, foi vital. É essa condescendência que frustra e irrita os fãs. É essa atitude superior que define um vilão. Não o vilão que gostamos de odiar, mas o vilão que verdadeiramente odiamos. É esse ódio por tudo o que Triple H, Stephanie McMahon e Vince McMahon defendem e representam que irá motivar os fãs a apoiar ainda mais Daniel Bryan.
Um dos aspectos que achei ainda mais inteligente foi a própria admissão da família McMahon que Randy Orton tinha um passado problemático com a família, mas que era tudo em nome do negócio e que era a melhor atitude. O facto da família McMahon estar a comprometer tudo e a fazer todos os esforços para evitar que Daniel Bryan seja considerado e visto como uma figura de topo é um dos aspectos que irá instigar mais os fãs a vê-lo como tal e a lutar para que este seja visto como tal.
Os heróis mais apoiados são aqueles que, não só se identificam com os fãs e os conquistam, como são aqueles que possuem os obstáculos mais credíveis no seu caminho. Defendi várias vezes, especialmente quando se debatia a situação de John Cena, que a história em que as personalidades estão envolvidas precisa de ter um significado, assim como os obstáculos precisam de ser credíveis e com prémios aparentemente legítimos.
Foi isso que a WWE fez no último segmento da Raw. A WWE apresentou mais uma série de obstáculos que Daniel Bryan terá que ultrapassar. E este, como herói que se preze, foi à luta de cabeça erguida. Não só Daniel Bryan foi colocado contra os The Shield – onde por momentos teve a vantagem – como é o motivo que levou os McMahons a escolherem o seu próprio campeão.
Mais uma vez, os fãs da WWE posicionaram-se contra os aparentes desejos da companhia. Mas desta vez, e ao contrário do exemplo que referi acima, é isto que a WWE quer. A companhia quer que os fãs apoiem Daniel Bryan com toda a sua força e tudo isto que estão a criar contra ele é apenas numa tentativa de o tornar mais forte.
E tal é uma atitude extremamente inteligente. Aliás, é a atitude que muitos de nós temos defendido, não só adaptado a Daniel Bryan, mas adaptado à nova geração no geral. John Cena irá ausentar-se a sério pela primeira vez em muito tempo, Sheamus também se encontra lesioando e CM Punk existe numa dimensão à parte da WWE, pois já está estabelecido. Visto que Randy Orton é um vilão novamente, assim como todos os campeões da WWE, é altura de criar mais um herói que possa ajudar a companhia nesta altura.
Não há dúvidas, pelo menos da minha parte, que o cash-in de Randy Orton e a direcção criativa que a WWE está seguir neste momento é a atitude mais inteligente. Na teoria, só poderá tornar o herói da história mais forte e o vilão em questão regressa ao papel que melhor sabe representar. Embora não tenha quaisquer dúvidas em relação a este ponto, não deixo de ter algumas reservas em relação à escolha do vilão.
É verdade que Randy Orton é um excelente talento nesta posição. Aliás, o próprio sempre defendeu bastante esta mudança, incluindo publicamente. Contudo, Randy Orton trás consigo uma série de questões potencialmente problemáticas.
Ao longo dos últimos anos em que não foi o vilão que queria ser e que se encontrava a participar em histórias, na sua maioria, desinteressantes e abaixo do seu calibre, foi possível constatar que Randy Orton trabalha bastante bem quando é à sua maneira e com quem exige mais dele. Aliás, não é por acaso que a rivalidade mais interessante que Randy Orton teve ultimamente, sem envolver Títulos, foi com Daniel Bryan em Junho.
Ora, vários poderão defender a posição de Randy Orton, visto que este não foi de facto usado de forma interessante e apelativa – a meu ver – nos últimos anos, contudo a sua atitude resignada foi bastante clara. Orton estava seguro da sua posição e devido a isso apenas fazia o mínimo requerido. As histórias e o seu uso não era interessante, mas Orton também não fez para mudar isso. Muitos poderão dizer que tal atitude de Orton lhe é característica e que apenas não assentou bem por este não estar na sua melhor pele, mas tal continua a ser um facto.
Randy Orton resignou-se à sua situação, pois sabia que a sua posição dentro dos fãs é intocável. A sua falta de investimento poderá dever-se ao facto de ter tido imensos privilégios e de ter sido extremamente protegido desde o início, independentemente das suas asneiras e comportamento. Desde muito cedo que Randy Orton teve tudo e agora é um talento complicado de gerir.
Infelizmente, fora de ringue também não é a personalidade mais consistente e sólido. Embora não seja uma regra absoluta que as violações das regras da Wellness Policy impedem reinados por Títulos importantes, pois Jeff Hardy esteve na mesma situação, não deixa de ser uma situação a analisar com cuidado.
Questiono-me até quando é que o reinado de Orton e a sua aposta recente por parte da WWE irá durar, visto que este já possui duas violações. Duvido que esteja nos planos da WWE colocá-lo de volta como campeão principal, dar-lhe imenso destaque, apenas para correr o risco de uma terceira violação que terá consequências mais evidentes. Julgo que não é por acaso que Randy Orton possui este reinado na “época baixa” da WWE.
Espero que nada deste género aconteça novamente, pois Orton voltou a ser relevante da melhor forma possível. O cash-in em Bryan fez tanto por Bryan, como fez pelo próprio Orton. Após esta rivalidade, Randy Orton seria melhor usado como vilão absoluto que ajuda a WWE a criar ou consolidar heróis que tanto precisam.
No que toca a esta rivalidade em questão, mantenho as minhas reservas relativamente à duração do reinado de Randy Orton devido à situação da Wellness Policy que referi acima, mas não é algo que tenha absoluta certeza. De qualquer das formas, acredito que em breve o Título da WWE volte para as mãos de Daniel Bryan. Afinal, é assim que uma história deste género precisa de terminar, eventualmente. Com o herói em questão a finalmente ultrapassar os obstáculos que fora postos no seu caminho. A finalmente obter a sua recompensa.
Mesmo após a defesa e vários elogios que tenho feito à WWE e ao produto recentemente, continuo com alguns receios relativamente a esta história. Primeiro, a história poderá sempre correr mal. Não quero ser pessimista, mas é um facto que pode acontecer, embora não tenham sido dados sinais de tal até agora.
Segundo, Randy Orton e o seu comportamento inconstante não é o meu único receio. Outro deles envolve Triple H. Ora, tal também se verificava na semana passada e este provou-me errada – o que apreciei bastante – ao manter o foco de atenção no combate em si, tendo apenas participado após o mesmo para dar mote ao cash-in de Orton. Neste tópico, fico também contente por Vince não ter aparecido durante o combate, pelas mesmas razões referidas na altura.
Daniel Bryan não possui apenas Randy Orton como obstáculo, mas também a família McMahon como um todo. É a família McMahon que não o considera bom o suficiente para estar no topo da companhia. Foi a família McMahon que escolheu Randy Orton como seu campeão para enfrentar Daniel Bryan. Desta forma, receio que eventualmente Daniel Bryan tenha de enfrentar um dos membros da família, nomeadamente Triple H.
Mais uma vez, não quero ser pessimista, mas não estou certa do resultado desse combate, caso ocorra. Seria brilhante para Bryan eventualmente vencer Triple H, mas não estou certa que tal aconteça, tal como não aconteceu com CM Punk há dois anos atrás. É possível que tal seja diferente desta vez, ou que nem sequer se coloque a hipótese, mas reservo as minhas dúvidas relativamente a esta história culminar apenas num combate de Daniel Bryan com Randy Orton.
Outro dos meus receios e o principal é a possibilidade de Daniel Bryan perder algum ímpeto com a apresentação de mais obstáculos. Já aconteceu várias vezes um talento perder apoio ou ficar numa posição mais complicada junto dos fãs após a apresentação em demasia de obstáculos e a ausência da recompensa.
Estas histórias e personalidades resultam porque os fãs se investem emocionalmente nas mesmas. Só dessa forma é que a WWE consegue manipular as emoções destes.
A questão é que, tal como os heróis das histórias apresentadas, também os fãs precisam do seu final feliz. Da sua recompensa. De sentir alívio por ver o seus heróis a finalmente alcançarem os seus objectivos. Os fãs precisam de sentir o seu investimento recompensado, especialmente depois de toda a frustração que sentiram. Tal quase aconteceu no Summerslam, contudo repentinamente esse momento foi-lhes roubado apenas para verem apresentados mais obstáculos. Isto após meses de investimento.
Ora, a minha defesa desta história e manobra permanece Tudo o que a WWE tem feito, desde a repetida promoção de Bryan como estrela de topo, até à história elaborada tem sido brilhante. Na teoria, tem tudo para resultar e para tornar Bryan mais uma grande estrela da companhia.
Porém, continuo com esse receio. Para evitar que esse receio se concretize, julgo ser necessário que Bryan obtenha pequenas vitórias contra Randy Orton e a família McMahon ao longo das próximas semanas. Bryan precisa de ser o desfavorecido da história, mas ao mesmo tempo manter vivo o apoio dos fãs que querem que este vença.
Estes não podem desmoralizar por completo ao ver o seu representante a ser arrasado toadas as semanas. Para isso, julgo que este precisa de pequenas vitórias e que não termine a Raw e SmackDown todas as semanas como terminou as edições desta semana. Desta vez, tais finais foram perfeitos para estabelecer Bryan como o claro herói e os seus adversários como claros vilões. Mas daqui em diante, Bryan precisa de mostrar sinais da fibra, força e capacidade que o tem ajudado a chegar tão longe.
Verdade seja dita, esta história não estaria a ter o efeito desejado se tais receios não existissem. Como apoiante do herói, devo temer pela eficácia como irá ultrapssar os obstáculos, pois se o seu sucesso estivesse garantido, a história não teria o efeito pretendido.
A WWE continua assim a dar provas de conseguir manipular os fãs como ninguém. Sem nunca perder o controlo da situação e fazendo as histórias à sua maneira, a WWE foi capaz de dar aos fãs uma ilusão de controlo e poder que não possuem na quantidade que pensam possuir e também aquilo que a maioria anda a pedir desde a Wrestlemania XXVIII.
Ao longo dos últimos meses, a WWE tem jogado com as inseguranças, incertezas e receios dos fãs de Daniel Bryan, transformando-os em desejo e apoio total, apenas para depois continuar a sua provocação perversa usando toques de frustração e troça subtil.
Tal como comecei por defender, várias vezes a WWE e os seus fãs aparentam estar de lados opostos a lutar por objectivos diferentes. Por vezes parece que ambas as partes estão em constante choque. Contudo, são nestes momentos que se vê que a oposição é apenas ilusória, pois no fim do dia o mais certo é que a WWE esteja a trabalhar propositadamente para que os fãs estejam contra si. É a dinâmica que funciona.
Neste momento, a WWE está indirectamente a desafiar todos os fãs que têm apoiado e implorado por uma aposta em Daniel Bryan nos últimos anos. Se todo o alarido que os fãs de Bryan fizeram era real, se o favoritismo era real, então está na hora do provar. Pois, neste momento, a WWE não está a cometer erros, nem está a preparar armadilhas. Está legitimamente a tentar criar uma estrela.
E depois de tantos anos a implorar uma mudança, está na hora dos fãs provarem que estão preparados para tal. Se não o fizerem agora, não será daqui a uns meses, quando John Cena regressar, que nova oportunidade irá surgir.
Neste momento, Daniel Bryan é uma das estrelas mais populares da companhia. Daniel Bryan é a estrela que concretizou o seu sonho, apenas para ver o momento estragado. Neste momento, é suposto os seus fãs quererem vê-lo ter sucesso mais do que nunca e os próximos meses irão ser decisivos. Serão meses certamente frustrantes, mas espero que também com o seu sentimento de recompensa. Afinal, depois destes meses, todos o merecemos. Enfim, da minha parte é tudo, desejo uma excelente semana a todos e até à próxima edição!
23 Comentários
Excelente artigo, como sempre!
Adorei a análise à relação/jogo do Cena com os fãs e o resto do artigo está muito bom também.
Artigo excelente, Salgado. Nem há muito para dizer. Só espero que esta história cumpra com o seu objectivo e que crie um main-eventer para os próximos 5 anos. Há sempre a possibilidade de isto correr mal, mas estou confiante nesta história.
Adoro o teu avatar
Mesmo!! O melhor avatar do mundo sem duvida 😀
Mais um artigo fabuloso.
Não há muito a dizer. Só não concordo quando referes que os fãs não faltaram ao respeito ao John Cena. Compreendo essa teoria do “jogo” entre ele e os fãs – e se calhar até é essa a verdade – mas não me pareceu nada disso.
Destaco a parte em que dizes que isto tudo pode correr mal. É a mais pura das verdades, e ainda é muito cedo para fazer previsões. A questão da “Welness Policy” é muito pertinente, mas confio no Randy Orton. Seja como for, nós temos que estar sempre preparados para o pior.
Sem ofensa daniel , mas es fanboy do John Cena?
Não. Porque é que perguntas?
Detesto ter que concordar com o Manga Man, mr. Yitzak Ghazanin, mas sim és. Mesmo que não sejas, é essa imagem que passas, Daniel. E não digo isto em jeito de ataque, ja me conheces. Cada um gosta do que gosta e ta no seu direito. Mas defendes tanto ou mais o homem do q eu defend os meus wrestlers favoritos, e quando se trata deles (HNBK, Punk e Bryan) nao há mais mark que eu. É essa a imagem q passas, msm q n t apercebas.
HBK*
Nope. Quem lê os meus comentários sabe que nem sequer sou fã do Cena. Seja como for, não tenho que provar nada a ninguém e, ao contrário do que outros pensam, não é vergonha nenhuma ser fã do dito cujo. Eu não sou, mas, se fosse, não me envergonharia. E se eu digo que não sou, é porque não sou. Ponto final.
Ya, eu até acho que já falamos disso no chat. Quer sejas quer não, muita gente fica com essa ideia. Agora quer fosses ou não, ñão me parece que nng (pelo menos no seu perfeito juizo) fosse perder o sono por causa disso. Cada um tem direito de gostar do que quiser. lol
Se muita gente fica com essa ideia, ninguém me diz nada.
Nada mais a dizer do que disseste, perfect. Só alinho com o Daniel numa coisa, eu não duvido do Randy Orton. Eu quero acreditar que ele não vai fazer asneira logo agora,ele não é um Swagger. A história tanto pode falhar como ser brutal e histórica, e espero sinceramente que seja a segunda.
Bom artigo. E concordo com tudo com o que falaste neste artigo. Mais uma vez, bom artigo 🙂
A tua visão da WWE é muito interessante, Salgado, estás sempre atenta a todos os detalhes! Se eu não acompanhasse o WPT, nunca teria essa visão do wrestling. Eu nem consigo acrescentar nada ao artigo.
Bem, eu ja ha alguns anos que nao acompanhava a wwe, na altura lembro-me de john cena como principal heroi, acompanhava na altura do chavo guerrero, ja la vao uns anitos valente, e por pura curiusidade e algumas saudades desses tempo, em que nao falhava uma edição, na altura também nao haviam muitas, smackdown, raw e ecw. Este ano, comecei a assistir outra vez desde a royal rumble, vi uma publicidade no facebook e deume vontade enorme de assistir e desde ai, tenho assistido aos evento semanais mais principais, smackdown, raw e nxt. Uma das coisas que me deixou mais “admirado” foi a estranha forma como vaiavam john cena, aquele velho heroi, que se chamava sempre que algo nao estava certo, entrava um vilao, precisava-se de um super-homem e ai estavam os fãs, coordenados e em bem alto a gritar por john cena. Hoje reparo que já não é bem assim, e aquela figura humilde e lutadora que havia na altura, continua na mesma com esses atributos, mas vaiada e sem entusias-mo. É uma história interessante e que dá que pensar e discutir. Um aspescto pouco interessante que me deixou mais “desiludido” quanto ao desenlace do john cena nesta história, foi a forma como john cena perdeu o titulo, perdeu com o daniel bryan, até ai tudo bem, mas perder o titulo, com uma figura, aparentemente mais fraca, depois de ryback ter tentado umas quantas vezes e ter lhe sido negado o titulo em todas essas vezes, pensando bem quando cena lutou com uma figura aparentemente mais forte, ryback, lutou e ganhou sempre, mais que uma vez, bryan, aparece aqui, como sendo uma figura mais fraca, e logo na primeira luta, para o titulo ganha logo, sem ter as mesmas dificuldades que ryback, notandosse que eta derrota foi forçada para que o tiulo passasse logo de maos.
Grande artigo Salgado, como você o que mais me preocupa é em relação a Randy Orton, quanto ao resto estou tranquilo.
Artigo fantástico! Concordo com tudo o que disseste.
Excelente artigo Salgado.
Concordo contigo e estou ainda um pouco céptico com relação a Bryan vs Corporation, também acho que ele necessita começar a levar vantagem em alguns segmentos, pois se ele ser o saco de pancadas o tempo todo, a WWE poderá estar a fazer com que Bryan aos poucos perca toda seu apoio por parte do público.
Artigo magnífico, Salgado!
Mais um bom artigo a manter a excelente qualidade deste espaço. Nada mais a acrescentar que ainda não tenha sido ditto. Keep up the good work.
E pronto, acabei a minha maratona de Opinião Feminina! Um de manhã, um à tarde e um à noite. Já fui um bocado tarde para os outros dois, mas não perdeu “a piada” por causa disso.
Não vou acrescentar nada (nem consigo, tu não permites xD, até podia divagar como, diga se, às vezes faço, mas também não acrescentaria muito, e neste momento não estou “para aí virado”), apenas quis deixar o feedback, pois, como sempre, mereces, pelo ótimo trabalho. Garanto te que as pessoas não exageram a elogiar este espaço. Não encontras, escrito em português, um espaço de Wrestling melhor que este, em lado nenhum.
Quanto à minha opinião sobre o artigo… naaah, não vou dizer, demasiado previsível e repetitivo. 🙂
Caramba que artigo!
Nesta ultima RAW Daniel Bryan fez-me lembrar um lutador, quando estava a fazer aqueles “pop ups” todos…Hulk Hogan..mas para bem melhor!
As suas mic skills melhoraram muito e a história esta a ser perfeita.
De resto para o “pessoal” perceber se a WWE esta a gerir bem as coisas…leiam este artigo!