Bons dias e bem vindos a mais uma edição do People’s Elbow! Desta feita vou falar sobre um lutador que fez parte da proclamada melhor Tag Team do mundo e que a solo nunca teve muita sorte nem permissão para mostrar dotes. O tema desta semana não me apareceu de repente na cabeça, já o tinha preparado desde a notícia da sua aposentadoria, mas foi com novo abandono ocorrido na ROH (última paragem do lutador de que vos falo) protagonizado por BJ Whitmer (que terá espaço num destes artigos brevemente) que me despoletou para abordar a carreira de Charlie Haas. Podem contar com uma biografia deste wrestler e uma forte observação sobre a sua parceria que lhe rendeu os melhores momentos da carreira!
Charlie Haas, nascido a 27 de Março de 1972 em Houston – Texas, é um lutador de wrestling profissional e amador, conhecido pela sua estadia na WWE nos anos 2000. Ele era wrestler amador no liceu e tornou-se Pro-Wrestler em 1996 para formar equipa com o seu irmão Russ, com quem ganhou numerosos títulos no circuito independente, incluindo o CZW Tag Team Championship. Depois de assinarem contrato com a WWE, os irmãos foram mandados para o território de desenvolvimento, onde ganharam o Tag Team Championship em três ocasiões. Depois da morte de Russ devido a um ataque cardíaco em 2001, Charlie começou a competir singularmente até que formou uma equipa com Shelton Benjamin e os dois tiveram o seu debut na SmackDown de 26 de Dezembro de 2002. Eles venceram o Tag Team Championship duas vezes e consideraram-se a World’s Greatest Tag Team, até se separarem em 2004. Charlie voltaria a ganhar esse cinto mais uma vez, com Rico, após o qual foi transferido para a competição individual, onde ficou até ser dispensado em 2005. Após uma curta passagem pelas promoções independentes, foi recontratado em Abril de 2006. Ele formou uma equipa de curta duração com Viscera antes de retornar com a World’s Greatest Tag Team. Só que Shelton Benjamin seria transferido para a brand ECW e Charlie recebeu uma personagem cómica, desenvolvendo uma gimnick em que imitava outros wrestlers e membros do Corredor da Fama. Ele foi libertado em Fevereiro de 2010, regressando rapidamente ao circuito independente, incluindo a Ring of Honor, onde, a 1 de Abril de 2011, ganharia o Tag Team Championship com Shelton Benjamin, mantendo-o até Dezembro. Anunciou a sua retirada do Pro-Wrestling em Março deste ano, mas regressou à competição em Agosto.
Neste resumo da sua vida desportiva, constatamos a sua formação amadora, muito apoiada pelas bolsas de estudo das escolas secundárias americanas. Foi com o irmão que decidiu mudar de rota e, ao seu lado, conquistar os primeiros desafios que se lhe iam impondo a nível profissional. Foi com ele que chegou à WWE e, tendo-lhe a vida pregado uma partida levando-lho, juntou-se ao que viria a ser o seu companheiro indissociável. De Russ a Shelton, Rico a Viscera, percebemos que a carreira solitária não lhe estava destinada ou que ele não era capaz de se adaptar sozinho, necessitando de alguém a seu lado. Recordemos que ele lutava luta amadora e que fora o irmão a convencê-lo a alterar o seu percurso, daí ser compreensível esse apoio inicial, do qual não se libertou e que não lhe trouxe benefícios quando as parelhas terminavam. Shelton foi sempre aquele em quem os olhos estavam metidos enquanto wrestler promissor, embora Charlie me pareça melhor ao microfone, e assim foi o mais destacado para ambições individuais, enquanto o seu parceiro receberia ordens para actos de comédia. Foi-se aguentando nas traseiras do balneário por demasiado tempo e foi preciso reencontrar Shelton na ROH para se voltar a ouvir falar nele. Ainda muito há por dizer dentro destes meandros, por isso continuemos!
Charlie debutou como wrestler profissional em 1996, fazendo regularmente equipa com o seu irmão Russ em várias promoções independentes, como na Combate Zone Wrestling, onde começaram a competir a 20 de Novembro de 1999 e ganharam o Tag Team Championship a 12 de Fevereiro de 2000. Eles assinaram um contrato de desenvolvimento com a WWE depois duma tryout match a 7 de Agosto de 2000, no Madison Square Garden. Durante 2001, ganharam o Tag Team Championship por três vezes. Russ morreu devido a uma má condição do coração, a 15 de Dezembro de 2001, aos 27 anos, quando estavam a aparecer em house shows e dark matches, situação em que Charlie continuou após a morte de Russ, antes de ser chamado para o main roster, estreando-se a 26 de Dezembro de 2002 num episódio da SmackDown, como heel na Team Angle. A tag team foi um plano de contingência de Paul Heyman para ajudar o campeão Kurt Angle a reter o seu título, e rapidamente ganharam os Tag Team Championships aos Los Guerreros, ficando com os cinturões por três meses. No episódio da SmackDown de 12 de Junho, Angle despediu-os quando eles começaram a questionar a sua liderança. Então, mudaram o nome e auto-intitularam-se World’s Greatest Tag Team. Recuperaram o título em Julho e o seu segundo reinado durou dois meses. Em Março de 2004, a equipa separou-se quando Shelton foi movido para a Raw como parte do Draft anual.
Depois disso, fez equipa com Rico para ganhar os Tag Team Championships a 22 de Abril de 2004, perdendo os campeonatos a 17 de Junho e, logo a seguir, tornou-se wrestler singular. Em 2005, formou uma Tag Team com Hardcore Holly e estiveram envolvidos numa feud com os MNM, a última antes de ter sido dispensado pela WWE, voltando a passar um tempo no circuito independente. Regressou à WWE no episódio da Raw de 17 de Abril de 2006, para continuar a lutar no midcard e tornar-se parceiro de Tag Team de Viscera até 11 de Dezembro, quando anunciou o retorno da World’s Greatest Tag Team, que competiu contra inúmeras equipas como The Highlanders, Crime Time e Hardy Boys. A equipa separou-se outra vez quando Sheltou se mudou para a brand ECW a 20 de Novembro de 2007. Haas desenvolveu a partir daí uma gimnick em que ele ia para baixo do ringue a meio dos seus combates e reaparecia usando uma máscara, como que um alter ego de luchador. Com esta personagem, competiu em dark matches antes das transmissões ao vivo da Raw. É para verem o sucesso que esta fórmula fazia! Em Agosto, virou face e iniciou uma storyline em que ele começou a interpretar outros wrestlers, conceito criado pelo executivo John Laurinaitis. A 15 de Abril de 2009, foi draftado para a SmackDown como heel. A 15 de Maio, reuniu a equipa com Shelton Benjamin, que a 29 de Junho estaria de volta à brand ECW. Em 2010, a WWE anunciou que ele tinha sido libertado do seu contrato.
A 11 de Setembro de 2010, Haas e Benjamin reencontraram-se na ROH e, a 1 de Abril de 2011, derrotaram os Kings of Wrestling para vencer o Tag Team Championship, perdendo-o no Final Battle para os Briscoes e recuperando a 12 de Maio de 2012, no Border Wars. A 24 de Junho, voltaram a perder o título, no Best in the World. A 2 de Fevereiro do corrente ano, Haas voltou-se contra Benjamin durante um combate pelo Tag Team Championship contra os Briscoes. Charlie provocou a derrota porque, se saíssem vencidos, nunca mais poderiam juntar-se enquanto dupla e, com essa ligação acabada, continuou uma feud individual com BJ Whitmer, enfrentando-se numa No Holds Barred Match e gravando alguns segmentos de pancadaria em locais fechados e ao ar livre. Em Maio de 2011, fez parte da primeira tour da NJPW pelos EUA. A 30 de Março passado, anunciou a sua retirada do Pro-Wrestling, contudo, continuou a competir em várias promoções no Texas, regressando à competição em Agosto.
Aos 41 anos, recuou na sua palavra. Não sendo velho, até compreendo a posição dele:
a ROH é considerada a terceira maior empresa de Pro-Wrestling e essa decisão por parte dele refere-se às big leagues. Ele entende não estar mais capacitado para performances em TV e tudo o que isso incluí, porém, sempre que esteve fora duma das companhias de topo, não teve receio nem a fineza de recusar trabalhar nas indies. Ainda para mais se está só a fazer aparições no Texas está a jogar em casa, as pessoas pagam para o ver e ele fica perto da família. Não vejo problema nenhum nisso e não creio que ele passe daí.
Charlie Haas não é daqueles nomes que nos disparam na lembrança quando falamos de wrestling. Não é por causa disso que deixei de escrever sobre ele, pois quis inclusive informar da sua reforma, notícia que pode ter passado despercebida a muitos de vós. Ele fez parte duma SmackDown fabulosa onde fervilhavam os maiores atletas que este desporto já teve, ele fez carreira na época dos melhores wrestlers técnicos, dos mais fantásticos luchadores e dos mais abrasivos high flyers que tomaram conta da marca azul anos atrás. Nunca teve êxito sozinho sem ser ao redor das indies, onde raras vezes não tinha um título aos ombros. Mesmo tendo tido uma prestação a solo frágil na WWE, pode se orgulhar de ter auxiliado a divisão de equipas, que esteve ao rubro durante esse período. Não era vergonha nenhuma passar anos na divisão de duplas, que tinha todo o mérito e crédito na projecção de superstars, e as equipas costumavam durar um bom tempo. A World’s Greatest Tag Team funcionou tão bem que foi recuperada quando os dois elementos que a compunham se voltaram a ver na ROH, durando até ao final de Março, depois de Shelton Benjamin ter começado a trabalhar a tempo inteiro no Japão e Charlie Haas ter abandonado a promoção. Por isso, foi pena que não tivesse deslumbrado e não conseguisse ter segurado a exibição e a boa forma que trazia da sua marcante equipa. Refira-se que as ideias para ele delineadas também não eram nenhum espanto e até é de admirar que ele tenha andado no mid card com desgraças daquelas como gimnicks e storylines.
De todas as vezes que a WWE o chamou de volta, nunca teve nada para lhe oferecer condizente com a sua valia, sem ser com alguém ao seu lado. Já questionei que a culpa possa ser dividida entre empregado e empresa, mas do que aqui apontei que lhe foi entregue como planos a solo nada satisfaz. Como é que se mete alguém a subir a pulso e a vincar a sua valia imitando outros astros da modalidade? Que caracterização própria é que se retira daí? O que é que traz de bom para o atleta? Dessas consecutivas reviravoltas na ligação com a WWE, suspeito que o tomassem como importante na Tag Team Division, pois só aí conseguiu mostrar alguma coisa. A aposta nas Tag Teams era grande e ele figurou nela, tem a sua relevância e importância para quem assistiu à Ruthless Agression Era. O facto de ter servido de ajudante de Angle no inicio foi um tiro certeiro, porque ambos têm raízes e origens em comum nas práticas amadoras e as gimnicks alinham-se perfeitamente.
Do que me foi possível visionar dele até agora, para além da indiscutível química que partilhava com Shelton, destacaria o tempo que usufruiu sozinho na ROH, quando o companheiro se ausentava para lutar no Japão. Ele não deixou de aparecer quando não tinha o colega consigo, tendo mantido e suportado rivalidades da equipa e inserido-se em disputas individuais, nas quais gostei do desempenho dele a carregar feuds. A rivalidade com os Briscoes foi enriquecedora e uma das melhores que já vi dentro da ROH, uma troca de mimos longa, bem ao estilo independente, que deu tempo para as duas equipas serem heels e faces, ou seja, num dado momento da história os bons já eram maus e vice-versa. Ofereceu a hipótese de termos os Briscoes e os WGTT a desempenhar facetas distintas e a cumpri-las com distinção. Com os WGTT enterrados e uma despedida dos ringues em contagem progressiva, quis aqui deixar o meu testemunho em relação a este lutador que, não tendo sido protagonista de grandes momentos memoráveis, também não saiu de cena sem que nos lembremos dele. Antes de acabar, quero salientar que ele foi um dos superstars que se descobriu ter tomado esteróides ilegais que não iam de acordo com o programa Talent Wellness, entre Agosto de 2006 e Janeiro de 2007. Isto saiu num artigo do site Sport’s Illustrated a 30 de Agosto de 2007, ao que Haas mais tarde respondeu que o fazia porque tinha sido sujeito a uma reconstrução dos joelhos. Não é isto que abala uma carreira que não se estabilizou como gloriosa…
Chegou ao fim a edição desta semana, vou colocar abaixo os movimentos que fazem parte do seu conjunto de técnicas, os feitos e os prémios que o distinguiram. Por último, peço-vos que opinem sobre a dúvida recorrente neste texto: Ele não foi bem sucedido a solo por culpa própria ou por influência do mau booking?
Reflictam sobre isso and let me know! Uma óptima semana a todos e até à próxima!
Finishing moves: Diving CrossBody – 2004
Haas of Pain (submission hold que ele inventou)
Inverted DDT – 2006
Signature moves: Dropkick, Inverted Atomic Drop, German Suplex, Belly to Belly Suplex
WGTT finishing e signature moves: Wrestling’s Greatest Finisher (Double Powerbomb); LeapFrog Guillotine; Star Spangled Banner (Double Hip Toss BackBreaker)
CZW Tag Team Championship (1 vez); Tag Team of the Year pela Pro Wrestling Illustrated; ROH Tag Team Championship (2 vezes); WWE Tag Team Championship (três vezes); Slammy Award por interpretação de Beth Phoenix; Pior Tag Team de 2004 com Rico pela Wrestling Observer Newsletter
4 Comentários
Excelente artigo Rocha, eu gosto muito deste formato que tens feito sobre este tipo de wrestlers. Eu sou fã da Tag Team do Haas, e ele é muito underrated, pois era muito bom tecnicamente. Por esse motivo, considero que o problema no caso dele foi sobretudo de booking.
Mais um excelente artigo. Não sei se já tinha dito isto ( lol) mas continuo sem perceber como não tens mais comentários.
É verdade que quando se fala em Wrestling o Charlie Haas não é propriamente o primeiro nome que nos vem à cabeça, mas é um atleta muito bom tecnicamente. Faz-me lembrar, e muito, o Jack Swagger.
Ah, e não, não sabia que ele tinha anunciado a sua reforma este ano, mesmo voltando mais tarde. Aprendo sempre alguma coisa com os teus artigos.
Concordo com o Daniel, tu merecias mais comentários.Eu normalmente leio todos os artigos de manha cedo mas entretanto vem clientes e só consigo comentar nos dias seguintes, porque a noite raramente comento.Tenho as minhas preferências de artigos o teu caso e o do Roberto e (também o meu :)).
Sempre pensei que quando ele se separou de Shelton, teria um push na Smackdown…mas nunca aconteceu…
Bom lutador mas cria muitas polêmicas nos backstages.