O que faz de uma pessoa um herói? Que características são necessárias para que seja motivo de admiração para milhares de pessoas? Será que o padrão de heróis mudou?
Estas questões são tão pertinentes agora como eram há 20 anos atrás, ou mesmo há 10 anos, mas a grande diferença é que possivelmente as respostas a cada uma destas perguntas são totalmente diferentes do que outrora. Ou seja, os heróis que as massas procuram nos nossos tempos são díspares dos que os que tínhamos há anos atrás, e isso é tão verdade no wrestling, como é no cinema ou nas séries de TV. Actualmente, é muito fácil gostar de um vilão como de um herói, tudo depende das características que revestem as personagens, e nisso a massificarão de informação que a Internet trouxe ajudou neste processo.
Ou seja, estamos perante o advento de uma nova geração de heróis, e é uma nova geração de heróis porque já não basta ser um herói “Big Guy” para convencer as audiências, as pessoas procuram cada vez mais um novo tipo de ídolos. Elas procuram pessoas como elas, com aspecto normal e banal, com fragilidades, mas que sejam capazes de ultrapassar as adversidades por perseverança, e nunca parecendo super-humanas e incapazes de transmitir emoções humanas aos seus espectadores. E o mesmo se processa com os vilões, eles são cada vez mais populares porque transmitem-nos emoções humanas, e essas emoções por mais que sejam negativas todos nós sentimos essas sensações. Ou seja, é cada vez mais difícil ser um vilão odiado, porque os vilões cools são sempre apreciados, sobretudo quando colocados em oposição com o típico herói que resolve tudo.
Desse modo, os heróis da nova geração não são um Schwarzenegger, um Rocky ou Rambo(Stallone), um “Durão” Clint Eastwood, ou um Super-Homem inabalável. Eles, são mais humanos e tem defeitos e emoções como “nós”, e isso significa uma modificação do paradigma do tipo de heróis do cinema e da TV. Actualmente, os nossos heróis fazem coisas extraordinárias, mas também se apresentam ao público como pessoas com um quotidiano, e com defeitos. Ou seja, o que nos leva admirar um Dexter? Ou um Don Draper? E mesmo de um Nicholas Brody?
O que nos faz gostar deles como heróis é o facto de apresentarem-se como “anti-heróis”, pessoas comuns com defeitos, mas que são obrigadas a fazerem algo extraordinários por contingências que o quotidiano, ou a sua história de vida os obriga a fazer. Dessa forma, o público gosta do Dexter porque é o típico “anti-herói” que faz justiça pelas suas próprias mãos, e que até poderia ser um vilão, mas como é alguém com defeitos que apenas ataca aqueles que são piores que ele torna-o apreciado, isto porque desperta o nosso lado de justiceiro que todos temos dentro nós. ´
E quem não gostaria de ser um pouco como Don Draper, um extraordinário homem de negócios e criativo, mas igualmente com imensos defeitos e vícios, que tornam a sua personagem cativante porque não é alguém perfeito, é apenas alguém comum, e que fez de tudo para melhorar a sua vida, mesmo que não recorra aos métodos comuns, ou mesmo mais correctos. Com Brody o sentimento é igual, porque é alguém com “bons princípios” mas como é humano também erra, e por isso mesmo é o “terrorista” que nunca o deveria ter sido, e que procura justiça primeiro contra o seu país, e depois contra o “inimigo”. Mas, não o faz por ser um vilão mas sim uma personagem com emoções e humano, e é isso que faz com que a audiência crie empatia com a sua história e deseje que ele supere as suas adversidades.
E o mesmo se passa no cinema, onde cada vez mais vemos os heróis a serem humanizados, sendo que um bom exemplo desse processo a nova trilogia de filmes do Batman, ou mesmo o 007 Skyfall, onde temos uma nova perspectiva dos heróis. Sendo que esta humanização do “bom” é cada vez mais o paradigma dominante, e por isso mesmo cada vez menos assistimos á popularização dos heróis tipo Big Guys, que são suplantados por estes anti-heróis.
E perguntam-me: O que é que isto tem a ver com a WWE actual? Na minha opinião, considero que a WWE também tem sofrido com esta mudança de paradigma, e nem sempre se tem adaptado da melhor forma as estas mudanças. E, é essa análise que irei efectuar esta semana, até porque nos últimos anos temos observado a ascensão de um novo de heróis na WWE, sendo que alguns deles são claramente “anti-heróis”, e parece-me claro que a WWE ainda não conseguiu adaptar-se totalmente a esta transformação.
1. Os Heróis na Golden Era
Comecemos por fazer uma análise retrospectiva sobre os grande faces de antigamente, e se observamos atentamente os grandes nomes do final da década de 80 e inicio da década de 90 da WWF, facilmente chegamos á conclusão que eram quase todos “Big Guys”, essa Era que para muitos foi dourada, assistiu ao apogeu de nomes como André the Giant, Ultimate Warrior, Mr.Perfect, Bret Hart, Owen Hart, Randy Savage, Ric Flair, Ted DiBiase Sr, Yokozuna, Lex Luger e Hulk Hogan. Bem como, assistimos á ascensão de Shawn Michaels, Diesel, Razor Ramon, e do Undertaker entre outros nomes.
Porém, e se analisáramos atentamente, facilmente verificamos que á excepção dos irmãos Harts, HBK, Mr.Perfect, Razor e Randy Savage, todos os restantes grandes nomes desta geração eram “Big guys”. Sendo que, muitos deles não primavam pela qualidade técnica, muito pelo contrário, alguns deles eram muito limitados do ponto de vista técnico, e viam-se forçados a compensar com atitude e carisma as suas limitações. Claro, que o caso do Undertaker é algo á parte porque desde sempre foi capaz de nos dar excelentes combates pela sua capacidade de storytelling no ringue, o que faz dele o caso que não é possível comparar com mais nenhum outro superstar da companhia, uma vez que a gimmick dele fez desde sempre metade do trabalho.
Os restantes nomes desta Era eram sobretudo personagens com performances baseadas na força, e era nessa força que se refugiavam para fazer impacto, porque sem isso nomes como Lex Luger, Yokozuna, Diesel, André, o Ultimate Warrior seriam wrestlers banais porque eram incapazes de se bater do ponto de vista técnico contra alguns dos outros nomes da WWF na altura. Porém, como estávamos numa Era de “Big Guys” como figuras principais, nomes como Owen Hart, Bret Hart, Randy Savage e HBK sempre foram muito apreciados pelos fãs, mas pelo seu perfil físico enquanto wrestlers nunca foram promovidos como as caras principais do produto. E quando o foram, (no caso de Bret Hart e HBK), a companhia passou por uma fase mais turbulenta em termos de audiências, devido á guerra com a WCW, e por esses nomes nunca foram verdadeiramente os “grande faces” da WWF. No entanto, são os nomes que estão mais próximos do perfil e carisma que temos actualmente em nomes como: CM Punk, Dolph Ziggler, Daniel Bryan, entre outros.
Todavia, o grande nome desta Era foi claramente Hulk Hogan, ele foi o nome que modificou o wrestling e colocou-o no mapa do ponto de vista mediático, e isso é um feito que ninguém poderá negar que ele conseguiu fazer. Mas, o sucesso dele veio da forma como a WWF o apresentava, ou seja, ele era o “grande Herói Americano”, aquele que ultrapassava todos os obstáculos, e que por mais difícil que fosse o seu oponente conseguia sempre vencer no final num comeback heróico. Ou seja, Hogan é o mais parecido com o Cena do que muitos possam pensar, e a própria streak e benefícios dentro do roster, comprovam que ele usava o seu mediatismo em proveito próprio, sendo muitas vezes egoísta e egocêntrico.
Esse é claramente o lado negro do ídolo desta fase do wrestling, o egoísmo, sendo que esse chegou ao ponto de defender que deveria perder o título para Yokozuna depois da Wrestlemania IX, quando a ideia seria dar o título a Bret Hart. Mas, como Hogan é da escola do “Big Guy” á frente do talento técnico, considerou que Bret Hart não tinha o perfil ideal para ser o escolhido para lhe retirar o título da WWF. Por isso, com consentimento de Vince McMahon o título foi mesmo perdido para Yokozuna e não para Bret Hart, quando o contrário teria tornado Bret Hart num nome mais forte do que foi, e isso teria sido benéfico para a indústria. Sobretudo, porque iria demonstrar que não só os grandes e fortes podem ser a “ cara” da companhia, mas também os mais baixos e tecnicamente desenvolvidos também podem ser os ídolos de uma geração, não teria definido um padrão de faces de topo para as próximas eras da WWF e WWE.
2. A Era da Atitude mas também de “Tough Guys”
Mas, a Atitude Era não trouxe mudanças ao wrestling, pelo menos na fisiologia das principais figuras dessa fase do wrestling, e por isso a grande diferença que tivemos foi na valorização de wrestlers capazes de ser excelentes storytellers. É nesse âmbito que nessa era os grandes nomes são Stone Cold, Triple H, The Rock, HBK, Mankind, Kane, Undertaker, os Hardyz, New Age Outlaws, e os NWO. E, á excepção de Jericho e Michaels, e as Tag Teams, voltamos a ter uma geração onde as principais figuras são Big Guys, e onde os grandes talentos técnicos (salvo excepções) tinham grande dificuldade em conseguirem atingir o Main-Event da WWF.
Por esse motivo, os principais nomes eram sobretudo wrestlers capazes de nos contar excelentes histórias no ringue, até porque muitos deles não eram um primor do ponto de vista técnico, mas compensavam isso tudo com gimmicks únicas, e que permitiam que nos fossem contadas histórias que ficaram na memória da WWF. E, o que faz com que estas sejam tão memoráveis é a força das histórias que envolviam esses mesmos combates, e por isso mesmo os ídolos desta Era eram homens com personagens diferentes, rebeldes, e capazes de fazer de um combate banal um momento histórico. E, com isso comprova-se que mesmo sendo Big Guys podes ter qualidade no ringue, até podes não ser um primor, mas desde que sejam decentes e com bom storyteling tudo conseguia-se compor. Aliás, não fosse esta a Era dos heróis com promos, e com os segmentos mais históricos de sempre, e isso deveu-se á capacidade de incorporarem personagens com as quais as pessoas identificavam-se, e mesmo os heróis eram “Tough Guys” rebeldes.
E mesmo que todos os nomes que referi tenham sido importantes, a verdade é que as grandes figuras desta Era foram claramente Stone Cold e The Rock, e ambos marcaram o produto pela sua enorme capacidade de contar uma história de forma rebelde e carismática. Aliás, os confrontos entre eles são históricos, e não o são pela qualidade técnica que os envolveram, mas sobretudo pelas histórias que envolveram as feuds nas quais se confrontaram. Não fossem eles, em conjunto com Vince McMahon, e Mankind as grandes figuras da primeira história da Corporation. Aliás, ambos são dos melhores wrestlers de sempre no que diz respeito ao performing, e capacidade de serem excelentes faces e heels, sendo que apenas Triple H, HBK e Undertaker é que são capazes de igual feito nesta geração.
Assim, Rock e Austin foram as figuras de cartaz de uma era que ficará na história pelas suas histórias, e pelas diferentes personalidades que cada wrestler possuiu durante este período, e essa atitude, e carisma que fazem alguns nomes desta era “heróis”. Até, porque durante este período continuamos a estar no paradigma dos Big Guys como main-eventers, todavia estes eram bem diferentes, e excluindo Rock (como Face) poucos se encaixavam no protótipo de herói típico, e sobretudo politicamente correcto como acontecia com Hulk Hogan.
3. Power wrestling vs Tecnical Wrestling
Com o final da Atitude Era, assistimos á ascensão de alguns dos wrestlers que tinham vindo da WCW, que ao contrário das gerações anteriores da WWE eram admirados pela sua qualidade técnica in-ring. Ou seja, eles foram os primeiros “heróis” que fugiram ao estereótipo de Big Guys, pelo menos nunca como nesta geração existiu uma quantidade tão grande de wrestlers vistos como de topo, e que simultaneamente fugissem á imagem comum do “grandalhão”. Claro, que nas gerações anteriores tivemos wrestlers baixos a singrarem, caso de Bret Hart e HBK, mas a Routhless Agression potenciou esse tipo de categoria de wrestler ao máximo no que ao Main Event diz respeito.
E, mesmo não sendo as “caras” da empresa nomes como Chris Jericho, Christian e Edge, Hardyz, Chris Benoit, Eddie Guerrero, Kurt Angle, e Rey Mysterio demonstraram uma coisa: é possível que o wrestling técnico praticado por indivíduos baixos, pode atingir o Main-Event da WWE com mais que um nome ou dois por geração. Esse facto, abriu caminho para o início da mudança de paradigma, pelo menos para os fãs, que cada vez mais valorizam o wrestler pelo talento e não pelo tamanho. Mesmo, que a politica de main-eventers não tenha sido totalmente alterada por parte da WWE, esta Era deu um empurrão para á mudança no que diz respeito aos fãs, já que deixaram de idolatrar só faces, mas passaram sobretudo a admirar talentos capazes de fazer sentir que uma pessoa normal pode atingir o sucesso. Daí o sucesso das personagens com defeitos como era o caso de Eddie Guerrero, ou mesmo Chris Jericho, ou seja, eles são referências porque tinham personalidades imperfeitas, e esta foi a primeira geração onde tivemos verdadeiros “anti-heróis” no Main-Event.
No entanto, e apesar do sucesso dos wrestlers mais baixos e técnicos, e de estarmos na fase dourada da Divisão de Tag Team, este Era fica marcada por um confronto de novos main-eventers já que a par dos nomes que referi, ascenderam igualmente ao topo Big Guys que ficaram igualmente como referências da geração: Brock Lesnar, Goldberg, Big Show, Randy Orton, Batista, e sobretudo John Cena. Este contraponto de estilos proporcionou-nos a uma das melhores fases de sempre da WWE, com rivalidades marcantes, gimmicks fortes, e combates com intensidade e qualidade. Claro, que nem todos estes nomes são muito talentosos (nomeadamente Goldberg e Big Show), mas com o final desta Era um nome se destaca destes todos: John Cena. Porém, devo referir que desde desta geração, e até este ano que a WWE praticamente congelou a formação de novos main-eventers, e isso teve repercussão clara no produto, e nos ídolos” informais” que os fãs criaram, mas sobre isso falarei mais á frente.
John Cena é sem dúvida o grande nome desta Era Pré-PG, e mesmo da própria PG, mas com uma grande diferença: o Cena inicial era adorado, ao contrário do actual que divide públicos. Ou seja, o Cena atinge o topo para os fãs pela sua irreverência inicial e atitude, e com uma WWE que tinha perdido Rock e Lesnar em pouco tempo, ele surgiu como o novo” Big Guy” que iria atrair multidões.
O grande problema foram as modificações que fizeram á sua gimmick, porque com isso limitaram o Cena, e sobretudo tornaram a sua personagem menos”humana”. Não que seja menos humano nas causas que defende, mas dentro do ringue John Cena é aquele que sofre ataques, e que do nada e quando deveria estar a vender lesões graves tem um comeback e vence. E, se isso
resultava bem na era de Hogan que era pré-internet, na fase actual já não é bem assim, e esta versão do Cena dividiu fãs, e com isso tornou-se cada vez mais criticado, é das gimmicks da actualidade. E na minha perspectiva é criticado por falta de talento e de empenho, mas mesmo pela personalidade da gimmick, já que na actualidade os heróis invencíveis estão a ser substituídos por anti-heróis, e uma personagem tipo Cena já não consegue ser tão abrangente porque o paradigma de “herói” mudou par os fãs, e isso é algo que marca a Era actual e que irei abordar de seguida.
4. O que faz de alguém um ídolo na actualidade?
Assim, nos dias que correm os fãs já não escolhem mais os seus favoritos com base na estampa física dos wrestlers, mas sobretudo pelo seu talento, empenho, e características únicas que aproximem os fãs dos wrestlers de forma empática. Essa empatia, em parte deve-se á tal necessidade dos fãs verem novas estrelas, mas que sejam superstars próximas do que os fãs identificam-se. E, o que as pessoas procuram wrestlers que comprovem que basta talento, empenho, e capacidade de entreter, sem que isso implique ser um Big Guy que baseia o seu carisma, e desempenho no ringue em força.
Mas, o grande problema do wrestling actual é a vontade da WWE impor heróis Big Guys, quando os fãs já não admiram mais grandalhões só com força, ou seja, o que os fãs procuram wrestlers com características que os façam sentir que são “pessoas comuns”, com defeitos e virtudes, e capazes de ultrapassar obstáculos pela sua perseverança. Desse modo, o conceito de “herói” Big Guy já não funciona junto dos fãs, e por mais que a WWE tente powerhouse sem talento já não acolhem tanto o carinho do público como no passado. Dai que apostar em wrestlers como o Khali, e Ryback que só tem força não resulta como resultaria no passado, isto porque a internet veio democratizar o acesso ao wrestling, e mudou totalmente a forma como os fãs da WWE definem os seus preferidos.
Assim, a IWC começa cada vez a ganhar mais poder e dai a ascensão na WWE de novas estrelas como Sami Zayn, Dean Ambrose, Antonio Cesaro Seth Rollins, Daniel Bryan, e CM Punk. Este nomes, simbolizam a ascensão de um estilo de wrestling indy á WWE e por mais que a WWE tente retrair essa afirmação, são estes os nomes que os fãs pretendem ver como o futuro da WWE. A estes nomes junto igualmente Cody Rhodes, Dolph Ziggler, e mesmo Bray Wyatt e Damien Sandow que são nomes made in WWE mas com um estilo de wrestling, e de gimmick (no caso de Sandow e Wyatt) que fazem com que sejam “as verdadeiras caras” que os fãs querem ver como o futuro da indústria.
Muito embora, esses desejos por vezes pareçam ser contrariados pela vontade da WWE, que aparentemente pretende manter o paradigma do tipo de Main-Eventers, quando esse já não têm a mesma receptividade de outrora. Claro, que podem existir powerhouses main-eventers mas eles tem que provar muito mais no ringue que anteriormente, mas claro que nomes como Wade Barrett, Sheamus, Luke Harper, Roman Reigns, e quiçá no futuro Big E Langston, são exemplos de Big Guys com talento suficiente para serem reconhecidos como membros importantes da WWE.
Até porque nos dias que correm, a maior dificuldade que a WWE tem é criar heels que consigam verdadeiramente criar heat junto dos fãs, até porque actualmente parece ser fácil ser simpatizar com um heel ao invés de um face, já que os heels são muito mais cools que alguns faces de topo. E os que não são mais cools, são mais convincentes do que os “ heróis” escolhidos para WWE, ou pelo menos, são wrestlers com personagens com características mais humanas que alguns dos faces com os quais rivalizam.
Mas, como é óbvio isso tem pontos negativos porque torna muito mais difícil a tarefa de um heel, porque é muito mais difícil ser um heel de topo e “odiado” nos dias que correm, do que era há 15 anos atrás. Por essa razão, a Internet veio tornar mais ténue a linha que separa um face de um heel, fazendo com que em várias situações os heels sejam mais apoiados que o próprio “herói”. Estas situações, e novos ídolos vieram mudar a realidade do wrestling, e da forma como nós vemos o wrestling e definimos os nossos favoritos, e é por esse motivo que considero que a mudança de paradigma já aconteceu, e mais tarde ou mais cedo essa mudança vai-se reflectir no produto da WWE, e não o fazer será um erro que poderá estragar o trabalho que a WWE fez durante a primeira metade do ano de 2013.
Com isto concluo a edição desta semana, espero que o tema seja motivo de debate até porque nem todos irão concordar com a minha opinião. Despeço-me desejando um bom fim-de-semana, prometendo regressar para a semana com mais um nova análise a um tema do pro wrestling, aqui no Wrestling.PT
Figuras da Semana
Antonio Cesaro-É verdade que os Real American não venceram o combate na Raw, mas eles e Sandow estiveram em alta no combate. Sendo que o grande destaque nesse combate é claramente para Cesaro, que uma vez mais foi monstruoso dentro do ringue, justificando todos os elogios possíveis e imagináveis.
Luke Harper– O Big Guy dos Wyatt Family é o melhor wrestler da stable, é incrível o que um homem daquele tamanho consegue fazer tecnicamente, e quem o conhece das indys sabe o que estou a dizer. Esta semana esteve fantástico nos combates contra Punk, Bryan e mesmo com Ohno, e isto é ainda uma amostra do que o Harper vale na realidade.
Autority- Se existiu semana onde toda a stable esteve imparável e brutal foi esta semana, todos os elementos estiveram em grande nível. Desde dos Shield, a Triple H e Stephanie, a Randy Orton, e o novo elemento Kane, todos eles estiveram a muito bem e demonstram um domínio que já não demonstravam á algum tempo, e isso só pode ser positivo.
Alberto Del Rio- Quando é para criticar eu critico, mas quando é para elogiar também estou aqui, e a verdade é que Del Rio esteve muito bem esta semana. É verdade que preferia que Sandow estivesse envolvido na luta pelo titulo no Survivor Series, mas isso não me pode cegar ao ponto de negar a evidência que Del Rio este bem esta semana como heel, teve boas promos em ambos os shows, e nas vitórias que teve.
Bryan e Punk- Esta aliança entre os Indy Guys promete dar-nos um dos melhores combates do Survivor Series, e esta guerra entre os favoritos da IWC e a “família” está no inicio mas mesmo assim é das melhores rivalidades do evento. As próximas semanas prometem nesta rivalidade, e por isso devo mesmo voltar a destacar esta dupla “de parceiros circunstanciais” nos próximos tempos.
Aces and Eights- O segmento da falsa separação foi notável, e acendeu ainda mais a rivalidade entre Mr.Anderson e Bully Ray, e o combate que irão ter no Turning Point promete ser um dos momentos da noite. Se essa será a ultima noite dos Aces, ou o renascer da stable só o futuro dirá, o que posso dizer é que essa feud está muito interessante e é um dos destaques da semana na TNA.
Angle vs Roode- Esta é a outra história mais forte da TNA actual, e foi absolutamente notável os segmentos de brawl entre estes dois, e cada vez é mais provável que se confrontem durante o torneio pelo titulo Mundial, num combate que será muito quente, e cheio de emoção.
Jeff Hardy- Goste-se ou não dele, a verdade é que ele esteve bem no combate, e não o posso descartar como possível candidato á vitoria no torneio, nem que seja por ser o Jeff Hardy. Mas como venceu o primeiro combate do torneio era inevitável, até porque o fez numa boa performance.
Surpresa da Semana
Nova faceta de Kane – Goste-se ou não, a mudança de Kane foi claramente a surpresa desta semana, e foi igualmente um dos temas mais polémicos dentro da comunidade dos fãs da WWE. Só o futuro é que poderá dizer se foi positivo a mudança do novo “Director de Operações”, mas uma coisa é certa: ninguém ficou indiferente a essa mudança.
Desilusão da Semana
Insistência da WWE em Ryback – É verdade que perdeu para John Cena, mas a insistência em alguém que os fãs já não se preocupam minimamente é algo lamentável. A WWE pode tentar as vezes que quiser mas Ryback nunca conseguirá cativar de novo os fãs, e é claramente um caso perdido.
Perguntas da Semana
Achas que existiu uma mudança de paradigma no que diz respeito á escolha de “heróis” para os fãs da WWE durante as diferentes era?
Quais são as características que valorizar para que um wrestler seja um face de topo actualmente? E para ser um heel de topo?
Concordas com as figuras da semana ou escolheria outras situações?
17 Comentários
bom artigo José.
Gostei muito,estava muito bem feito e estruturado, em geral concordo com tudo com as figuras da semana com a surpresa da semana com a desilusão e com o artigo em si.
Teem havido rumores que a WWE quer apostar outra vez em gigantes e deixar o bryam no mid card,se o fizerem e uma grande burrice porque a era dos gigantes já terminou e trabalharam este tempo todo na construção do daniel Bryan para chegarr ao main event para o lixo,se quiserem apostar em gigantes que ao menos apostem em gigantes de jeito:Harper Wyatt,roman reigns,mclyntire … não me ponham para cá Khali,ryback ou até mesmo o big show.
Sim Francisco, o que é mais estranho no processo do Bryan é que se eu quisesse que ele ficasse mal visto, tinha-o colocado por baixo de uma lenda como o HBK. Mas, não foi isso que vimos foi o Bryan a sair por cima e aplicar o YES num HOf.
Excelente artigo José.
Concordo com tudo aquilo que disseste, mas é pena que a WWE não acompanhe a evolução a cem por cento…
Sim é verdade, é a parte mais lamentável é que só a WWE é que não percebeu a mudança. As pessoas não compraram os PPV´s porque pelo menos em dois deles tivemos não decisões. E numa era da internet muitos viram os ppvs só pela Net, e nunca iriam comprar dois PPV que foram uma não decisão.
Artigo muito bom José. Excelente tema. Concordo com tudo o que disseste e destaco o facto de dizeres que The Rock e Steve Austin foram, eles próprios, heróis. Muitos esquecem-se que a Attitude Era também teve heróis, mas, lá está, eram “heróis humanos”.
Sim eram big Guys mas não eram intocáveis, e sobretudo tiveram veteranos que os colocaram no topo. Coisa que actualmente tens muito poucos verdadeiramente disponíveis para tal.
José está excelente mesmo, concordo com o tudo que você falou.
Muito obrigado Danilo.
Meu caro, se estavas à espera de um debate sobre o que disseste, desculpa desiludir-te, mas não o vais ter. Isto, porque tudo que está neste artigo está bem escrito e bem analisado.
É incompreensível como este é apenas o teu quinto comentário, mas é mesmo verdade que o número não corresponde à qualidade. Não sei se já pensaste em escrever, mas a tua analogia inicial e a tua cultura, conjugada com a tua escrita, são a prova dos 9 como ainda podes vir a ganhar dinheiro a escrever.
Podia ressalvar os aspectos que especialmente gostei deste artigo, mas como foram tantos e como uma imagem vale mais que mil palavras, termino com uma que traduz o meu sentimento após esta leitura:
http://www.slangstrong.com/wp-content/uploads/2012/03/Respect-bow.jpg
Até esta mesmo, porque achava que ia ser polémico, porque nem todos poderiam concordar com o que foi dito. Muito obrigado, este texto foi pensado já há duas semanas, e mesmo analogia foi tudo pensado com tempo.
já agora pensar até já pensei, mas nunca me surgiu verdadeiramente uma história na cabeça que eu sentisse que valia a pena colocar em prática.
Artigo interessante José, eu quando vejo wrestling não me importo se o cara é o melhor executante de armbars, suplexs, ou se são primores de met-wrestling e chain-wrestling, assisto wrestling pelo storytelling, por causa da trama, da capacidade dos lutadores me contarem uma história e eu comprá-la, pelo menos naquele instante que vejo, por isso acho caras como Hogan, Cena, Orton, Undertaker, HBK, Triple H, Kane, Randy Savage, Ric Flair e tantos outros incríveis wrestlers, pois esses caras são storytellers incríveis e fazem eu entrar no mundo deles e ficar dentro mesmo.
Bem, no caso do nosso amigo Cena, apesar de gostar muito dele, achar que ele é um dos melhores workers da CIA, acho que #CENAWINSLOL deveria ser pensado pela WWE e não só no caso do Cena, quero ver mais de Cody Rhodes, do ‘deus’ Dean Ambrose, de Wade Barrett, de Roman Reigns, esses caras eu sei que são capazes de dar a conta do recado e até não precisar tanto que o Cena faça esse tipo de coisa, aborrecendo vários fãs do produto.
Outro ponto, queria destacar o nosso herói, CM Punk, não sou o maior fã da pessoa dele, mas como wrestler o cidadão é um monstro, ele agrada gregos e troianos, agrada aqueles que gosta da parte mais técnica (maioria esmagadora de quem comenta esse site) e agrada aos fãs como eu, que acima de combinações de moves, procuram uma história para se prender a isso, ou seja, esse merece o nosso respeito.
Concordo com as desilusões e surpresas da semana, sobre o Kane, bem eu gostei bastante do que vi, agora quero ver com a WWE vai usá-lo.
Sim concordo contigo o grande problema do Cena é como o construem, e a maior prova disso foi a forma como venceu o Sandow no cash-in do homem.
Mais uma edição estrondosa do “Smoke”!!!Parabéns José!
Como tu sabes e já referi em alguns dos meus artigos, eu sinto logo um”click”inicial pelo um wrestler, como fosse “amor” a primeira vista…Os meus ídolos serão sempre aqueles que provocaram em mim reações de completo estase, mas não instantâneo, do género…”O gajo é mesmo do melhor…”Por isso dou muito valor a personagem e a crebilidade que ele emprega e, se for um “underdog” então é que me cativa mais.
por isso considero MR Perfect o melhor de todos os tempos, carisma,técnica e a sua longevidade no wrestling faz dele um dos melhores, caso do Punk actualmente. Vejo como um Anti-heroi, com um percurso deveras fenomenal e muitos mais com essas características.
Por isso. nunca foi um fá de “big-guys”, não que não saiba que eles foram essenciais para industria mas darem todo o “spotlight” a eles, isso acho descriminação.
Por isso espero que Daniel Bryan, consiga ser WWE Champion ou pelo menos não seja “ultrapassado”por Big Show…que é um Big Big Guy!
Concordo com os momentos e estrelas da semana, realço o grande “spot” dos Aces!
Concordo, também sou como tu nesse aspecto, a primeira vez que vi WWE na televisão foi no inicio de 2004, estava a mudar os canais sem nada para ver e de repente passo na sic radical e estava a dar, voltei para trás (nos canais) e parei a ver e o primeiro Wrestler que vi na imagem foi o Triple H e não sei porque, acredita que isto é verdade, deu-me um “click”, como tu dizes, parece que foi “amor” á primeira vista, eu nem o vi lutar, só o vi a apontar para a rampa e foi o primeiro que vi na TV, mas, passou a ser o meu preferido e nunca mudei até hoje, nem vou mudar, não sei o que foi, mas, mesmo sem saber se ele era dos melhores, se ele tinha talento, etc, gostei logo dele e ficou como meu preferido.
Nem eu mas alguns acabam por me convencer pela qualidade que eles têm. Comigo é um click que decide isso, tive isso com o Bryan quando ele venceu o Miz pelo USA Champ, pelo Ziggler contra o rey Mysterio, os Shield imediatamente, o Rhodes com a persona Dashing( isto em wrestler recentes), O Wyatts no NXt. Os último foram mesmo os Usos, que me conquistaram devagar mas já conseguiram.
Exacto. 🙂
Excelente artigo José. Concordo com tudo o que disseste.