Pois bem pessoal, bem-vindos a mais um Beyond The Mat com a assinatura do vosso amigo Daniel “ThaGr8One” Leite! Chegámos então à edição número treze, número que para muitos representa a má sorte mas que esperemos que tenha o efeito contrário, pelo meu bem e o bem deste mesmo artigo!
Como puderam constatar a semana passada não houve Beyond The Mat. Isso tem um único motivo: a falta de tempo. Como qualquer um de vocês, caros leitores, eu também tenho uma vida fora deste espaço, tenho aulas e tenho responsabilidades, coisas que me ocuparam todo e qualquer tempo que teria disponível para escrever o BTM da semana passada ou até mesmo para pensar no tema em que me iria basear. Por isso, peço desculpa. Mas como tudo tem um motivo, e como diz o ditado “Quando a vida te dá limões, faz limonada”, que tema seria melhor para esta edição senão o próprio tempo? Ou, como o título indica, a falta dele.
É fácil falar no tempo. Todos falamos do tempo. Mas, afinal, o que é o tempo? Será o tempo algo que serve apenas e só para orientar o nosso dia de acordo com os horários que nós, meros humanos, desenhámos para nós mesmos? Ou será que é algo mais que isso?
Todos nós nos guiamos pelo tempo, todos os dias. O tempo que nos demoramos a preparar para sair, o tempo que demoramos a chegar à/ao escola/faculdade/trabalho, o tempo que nos fazem esperar num restaurante até que nos sirvam, o tempo ínfimo que demoramos a pensar em como ludibriar o próprio tempo para que possamos ter os cinco minutos a mais na cama que tanto desejamos nesta altura do ano (No resto do ano também, mas aqui há o factor frio que ajuda bastante à coisa). Afinal, o tempo serve para tudo.
O tempo é associado a várias coisas. A idade, por exemplo, é uma delas. É da passagem do tempo ano após ano que ela deriva. Dizem que a experiência também tem que ver com o tempo, ou seja, quanto mais tempo fizermos a mesma coisa, mais experiência teremos e mais fácil será de realizar tal tarefa. Dizem também que com o tempo vem a maturação, o assentar da poeira emocional (e hormonal) que nos circunda quando somos meros adolescentes e que com essa maturação vêm as oportunidades maiores que a vida nos pode oferecer. Tanto a nível profissional, como amoroso, atrevo-me a dizer.
Pois bem, nem sempre isto se verifica. Por vezes, a idade é apenas um número e que em nada dita a maturação e a experiência que diz respeito a uma pessoa e, por muito novo que se seja, podemos sempre ser bem sucedidos. Randy Orton teve um pouco dos dois.
São raros os casos de pessoas que entram a bordo no barco que é a WWE e possam afirmar, “with a loud and clear voice” que foram bem sucedidos mesmo sendo novos na indústria e de tenra idade. Randy Orton é um dos poucos que alcançou tal feito. Com a idade de 24 anos Orton deixou um marco na história da WWE como o wrestler mais novo de sempre a vencer o World Heavyweight Title ao derrotar Chris Benoit (Sorry Vince). Já por essa altura ele era um dos grandes da WWE, o desrespeitador das lendas, o tão ínfame “Legend Killer”. Aos 24 anos chegou a um patamar da sua carreira que muitos só sonham em alcançar, ser Campeão Mundial. Isto após ter saído do panorama do Título Intercontinental, título este que o mesmo tinha tido em sua posse durante 7 meses, coisa que já não acontecia a ninguém nos sete anos que antecederam tal reinado. Pode-se afirmar que aos 24 anos Randy já era um “fora de série”. Mas, e como tudo tem um mas, nem tudo foi um mar de rosas nos tempos que se seguiram.
Randy tinha o potencial para ser um dos melhores lutadores in-ring de sempre, ele tinha (e tem) uma habilidade para combater como poucos e isso faz dele o que ele é hoje. É dos heels mais credíveis que a WWE alguma vez teve, a sua faceta de “vilão”, quando bem “bookada”, é de excelência. No entanto, houve algo que lhe manchou a carreira, algo que fez com que, por momentos, o seu potencial fosse esquecido e Randy apenas fosse lembrado pela terrível escolha que fez. Orton continha esteróides no seu corpo, facto que levou com que a WWE o deixasse ao abandono durante algum tempo, como maneira de provar que não é coisa que se leve de ânimo leve e só com um puxão de orelhas. Mas, o que tem o tempo a ver com tudo isto? Aqui, a questão não é o tempo em si, mas sim a maturação que lhe está associada que já supracitei. Randy, tento tudo “na sua mão”, não soube ser responsável o suficiente para poder tomar a decisão correcta e manter-se “steroyds free”, o que levou a algum desacreditar dos oficiais da WWE na altura. Com uma ascenção tão rápida ao estrelato, Orton pode ter caído no erro de pensar que era “intocável”, que nada nem ninguém o poderiam parar. Grande erro, Randy… A imaturidade ainda associada à idade de tal acontecimento pode muito bem ter contribuído para a decisão de usar tal substância e manchar assim a sua carreira.
Mas o tempo não tem de ser visto neste aspecto negativo, afinal, até a situação mais obscura tem de ter luz algures. O tempo pode ser então encarado de outra forma, como algo que tem o lado positivo de poder oferecer as oportunidades de que mais em cima falei. Muitas vezes dizemos “Um dia hei-de fazer isto”. “Um dia”, duas palavras que estando relacionadas com o tempo podem ter uma panóplia de significados diferentes. Um dia tanto pode significar amanhã, como depois de amanhã, como daqui a uns anos. Há vezes em que nunca chegamos a concretizar aquilo que idealizámos, ficando apenas o arrependimento e a tristeza. Mas é de oportunidades que falamos e é por aí que continuarei este artigo, falando de Daniel Bryan.
É fácil para nós falar de oportunidades, nós, os treinadores de bancada que olhamos para o wrestling de entretenimento de uma forma diferente daquela que os verdadeiros responsáveis por ele o vêem. Muitas vezes, as oportunidades estão ligadas não ao talento, não à dedicação, mas ao simples facto do dinheiro assim indicar. É este o verdadeiro olhar que os oficiais têm pelo wrestling com que nos presenteiam. Pois bem, para o mais comum dos fãs, Daniel Bryan é um verdadeiro merecedor de uma oportunidade. Porquê? Por todas as razões e mais algumas, mas, principalmente, porque já é mais que tempo do “Goat Face” ter a sua oportunidade como a estrela de topo que já é. Lá está, o tempo entra ao barulho. Mas, mais uma vez, o que tem o tempo a ver com isto? Simples. Daniel Bryan é um exemplo de preserverança, trabalho árduo e talento, muito talento. Começou por baixo, como todos fazem, mas aos poucos e poucos, com o passar dos anos, alcançou o patamar a que sempre aspirou, o main-event. Todo o tempo que este dispensou a treinar, a lutar em ginásios onde cabiam 100 pessoas, todo o tempo que este dispensou ao wrestling permitiu que este alcançasse o lugar que há tanto procurava. Não, as oportunidades não dependem só de talento e trabalho árduo, as oportunidades dependem do (e estão directamente relacionadas com) o tempo. Quem diria não é? Uma perspectiva diferente, é certo, mas que tem como objectivo mostrar que nem sempre é a altura certa para algo acontecer. Porquê? Porque o tempo ainda não ditou tal coisa!
O meu objectivo aqui está cumprido, ou pelo menos eu assim espero. Numa nota final, fica um conselho: Não deixem que o tempo vos controle, controlem vocês o tempo. Se tiverem que estar num determinado sítio a uma determinada hora, não deixem tudo para a última, façam as coisas com antecedência e com calma. Aproveitem cada minuto da vossa vida como se fosse o último e sem que este tenha de ser passado num constante frenesim pois vão chegar atrasados a qualquer acontecimento. Lembrem-se que vocês podem atrasar-se uma e duas vezes, mas se por acaso têm a infelicidade de em tal frenesim estarem aluados e algo vos suceder, o Fado não se atrasa nunca. Terminando em bom português: “Mais vale perder um minuto na vida, do que perder a vida num minuto”.
Cumprimentos,
D’Leite
aka
ThaGr8One
20 Comentários
Sem dúvida, e se o tempo do Bryan não vier no máximo antes do Summerslam do próximo ano poderá ser tarde demais para a afirmação final que ele ainda merece. Não que ele não seja Main-eventer, porque a WWE não lhe ia dar um prémio de Superstar do ano se fosse um mero Mid-carder.
Sobre o Orton tens razão, mas talvez ainda vai a tempo dessa prova final. Não me perguntes porque mas acho que Domingo a vitória do Cena não é tão certa como parece.
O Bryan precisa da tal afirmação, por muito que já seja uma autêntica estrela. O que eu me ri com aquele segmento de main-event!
O Orton não pode ter outro erro daqueles, nem precisa de tal coisa. Quem cai à terceira é porque só pode ser ignorante, e acho que ele é tudo menos isso. Orton tem o potencial para ser uma das estrelas mais mediáticas de sempre, se já não o é. Ele é um heel fora de série, e isso não passa impune com o passar dos anos. Ainda tem muitos anos de WWE pela frente, mais que o Punk e que o Cena, e acredito que será um dos que irá suceder tais nomes no cimo da “cadeia alimentar”. Orton e Daniel Bryan, claro.
Quanto à vitória do Cena não ser tão certa quanto parece, também acho e espero mesmo que se confirme a vitória do Orton! Ou isso ou o heel-turn do Cena, mas como isso não vai acontecer tão cedo, que seja antes a primeira xD
Sim tu e o Miz! Reparaste nas expressões do Miz quando o pessoal só gritava Yes? Estava quase a dizer por favor não conseguem ver que o pessoal quer o homem no Main-Event. Eles tiveram que improvisar um pouco naquela situação.
Excelente artigo meu caro, dizendo já que estranhei não haver edição na semana passada, mas como dizes, e muito bem, temos vida lá fora.
O Orton e o Bryan são, sem margem para dúvida, dois exemplos de sucesso na nesta indústria que todos adoramos, o wrestling.
O meu NickName comprova isso mesmo, visto que, já acompanhava o site há bastante tempo, mas apenas comecei a comentar após aquela promo dos Hell No, que mais tarde aparecia o Orton, em mais uma edição do Smackdown. E foi esta promo que me fez começar a vir aqui comentar, porque a certa altura, o Bryan arranjou um nome para a team dele e do Orton. “Vickie is wrong, the team not called team RK Never, but Team RkNO!”. E foi assim que surgiu o meu Nick, desculpa lá este aparte.
O Orton foi daquelas superstars que sempre adorei, o seu lado maquiavélico e psicótico sempre me cativou. A sua package move também é excelente, no ringue é o que todos já sabemos, no mic é awesome. Mas conseguiria ele tornar-se no que é hoje sem a influencia do pai? Talvez. É verdade que sendo o pai quem era e os contatos que tinha foi sempre uma grande ajuda, mas não nos podemos esquecer que tem um talento como muitos wrestlers nunca chegarão a ter.
O Bryan é aquele exemplo de que quem trabalha sempre alcança. Correndo o mundo fora, ir buscando aqui e ali tudo o que esta indústria tinha de melhor para dar, aperfeiçoando sempre a sua técnica, seja no Japão, na Europa, ou no México. Lembro-me agora o match do SummerSlam 2011 que teve com o Barrett, e o match com o Cena no Summerslam que passou. Diferenças? Totais, absolutas, imensas mesmo. Tornou-se um monstro do ringue. A agilidade, a velocidade, e os seus moves tornaram-no naquilo que é hoje, um wrestler de uma imensa qualidade técnica e com futuro no ME.
Muito obrigado João! Sim, eu calculei que houvesse quem estranhasse, mas a semana passada foi-me mesmo impossível conseguir fazer fosse o que fosse. Agora com as férias as coisas compõem-se 😉
Sem dúvida que sim, e esperemos que isso assim continue sem qualquer complicação ou contratempo, como já houve com o Orton.
Acho que -tanto eu como todos os leitores- conseguíamos chegar à conclusão de que esses seriam os teus wrestlers preferidos ahahah. (Sim, wrestlers, não me enganei!)
O Orton é um full package, sem dúvida alguma. A questão aqui é que há lutadores que também o são (Ziggler) e não passam da cepa torta. É claro que o “Factor C” é importante, seja onde for, mas se não há talento também não se pode ser bem sucedido, o que claramente não é o caso pois talento não lhe falta. He got the moves, man! http://youtu.be/UN44t-JWJVA
“No pain, no gain”. Tal afirmação não podia estar mais correcta. Com a atitude excelente que se diz que ele tem e com todo o trabalho que este faz sem dúvida que tem tudo para ser o “próximo Cena” (sem a parte do super-heroi, de preferência).
Mais uma vez, obrigado pelo comentário!
Aquele RKO foi simplesmente AWESOME. É verdade que o Henry também vende muito bem a maioria dos finishers.
Concordo no que dizes do Bryan, sobretudo na parte de não se tornar no novo Spider Man da WWE xD
Ora essa, you´re welcome!
Eu estava-me a referir ao salto que ele deu depois disso, como alusão ao meu “He got the moves, man!” ahahah.
Ele era mais um Flash do que um Spider-Man xD
Sim, o Flash adequa-se muito mais com ele xD
Excelente artigo, ThaGr8One! A introdução mostra bem aquilo que nós que escrevemos aqui no Wrestling.PT precisamos: tempo, afinal também temos “vida” fora do site e é fora dele que os assuntos surgem e toda ideia, para depois ser publicado e colocado aqui.
A imaturidade de Randy com os esteroides me fez lembrar casos como as inúmeras polêmicas com drogas de Jeff Hardy e a imaturidade de John Morrison em suas atitudes nos backstages, que levaram eles a deixar a companhia. Morrison, para mim, um dia volta, é só mesmo uma questão de TEMPO.
Curti muito o dizer ao final do artigo!
As pessoas pensam que nós somos intocáveis e que temos a obrigação de todas as semanas escrever alguma coisa e ser sempre excelentes no que fazemos. O problema é que quem fala é só quem está da parte de fora e não entende o quão dificil é escrever todas as semanas mesmo tendo todas as responsabilidades que temos.
Hardy simplesmente não tem sentido de responsabilidade, e isso teve o seu pico no combate com o Sting em que o primeiro estava completamente drogado e embriagado obrigando Sting a acabar o combate em menos de 5 minutos não deixando o Hardy safar-se do pin. Quanto ao Morrison, nunca ouvi falar disso, apenas dos desentendimentos relativamente à Melina e etc. Morrison há-de voltar para a WWE, acredito nisso. Aliás, falou-se de este ir para a TNA, mas que eu saiba até agora, nada. E sem dúvida que seria uma mais-valia para a WWE, principalmente para carregar um título como o Intercontinental ou o dos Estados Unidos (tendo em conta que o WH Title vai ser unificado com o WWE Title). Mas sim, pode ser que seja só uma questão de tempo ahahah 😉
Obrigado pelo comentário mais uma vez!
Houveram várias vezes sobre Morrison que eu ouvi, sobre a Melina principalmente, tais como os boatos sobre Botchista comer ela após Melina brigar com Morrison e umas histórias… Eu até tinha falado de seus fins no Sharpshooter #34, como gostaria de vê-lo caso regressasse a WWE ou rumasse à TNA.
Mas, antes que me esqueça: acabou os Predictions of the Great One?
Eu lembro-me de ter lido essa edição do Sharpshooter. Ele é um bom atleta, seria uma mais-valia, mas ao menos que viesse com uma melhor atitude porque já vimos o que acontece aos bons atletas que andam saídos da casca (cof cof Ziggler)…
Isso foi puro esquecimento! Tanta coisa com o TLC que eu nem me lembrei que era já este domingo… Vou falar com o Kapitas e pode ser que ele me deixe fazer essa edição extra amanhã ou depois 🙂
Bom artigo Daniel 😉
Thanks “brother” 😉
Belissimo artigo!
Obrigado Mestre!
Adorei o artigo,continua assim 😉
Muito obrigado! 😉
Muito bom! Funciona como resumo de uma telenovel mexicana! Só que mais fake.
Calma, não percebi 😮 Explica-te lá de novo por favor, é que a parte do “só que mais fake” baralhou-me um bocado xD