Nas últimas semanas temos assistido a uma troca demasiado regular do título da X Division. Apesar de ter abordado muito levemente os contantes embates entre Austin Aries e Chris Sabin, talvez seja a altura de olhar com mais cuidado para esta divisão.

Impacto! #113 – Sem Limites!

Antes de avançar para o Impacto! desta semana, vou aproveitar para adiantar uma pequena novidade. Fiz alguns esforços para chegar a contacto com o fundador da TNA Jeff Jarrett, de forma a conseguir uma entrevista exclusiva para o Wrestling.pt. A semana passada consegui finalmente uma resposta postiva da parte do Double J sobre esta oportunidade. No entanto, dadas os rumores em torno do seu futuro e da própria TNA, ele não está a aceitar entrevistas, mas comprometeu-se a abraçar este desafio no futuro. Assim, talvez daqui a um ou dois meses possa dar à família TNA a oportunidade de colocar algumas questões ao Jeff Jarrett e trazer aqui as suas respostas. Fica para já o aviso à navegação que esta é um oportunidade que está em aberto.

Impacto! #113 – Sem Limites!

É seguro dizer que a X -Division é um tema que provoca uma forte reacção emocional de qualquer fã da TNA. Este um conceito que faz parte do tecido que é de facto a TNA, no entanto, é aquele que agora é mais conhecido pela sua inconsistência e desleixo do que propriamente pela sua tradição. A partir da sua definição, da sua representação e do seu impacto global na marca TNA, a X -Division já chegou a um ponto em que o tempo da sua relevância foi superado pelo tempo em que fãs suspiram por ver mais desta divisão e deste título.

Apesar de hoje sentir que a TNA olha para esta divisão como um conceito obsoleto, eu ainda acredito fortemente que há um propósito na X -Division. É algo que separou a empresa de tudo o resto, desde a sua criação e tem um prestigiado legado a defender. Se considerarmos todos os títulos actuais da TNA, o título da X -Division é realmente o título mais antigo neste momento. Deve então a TNA fechar a porta a este pedaço de história ou deve voltar a olhar com muita atenção para um conceito original?

Pessoalmente sou plenamente a favor de manter a divisão. Acredito fortemente que há algo de especial na X-Division e no que esta pode fazer para atrair novos fãs de wrestling e da defesa da marca TNA.

Impacto! #113 – Sem Limites!

Então qual a fórmula para o sucesso desta divisão? Bem, é muito fácil pensarmos na história da TNA e em tudo o que já aconteceu na X Division e cair no erro de pensar de que tudo foi sempre tão perfeito. Digo que é um erro pensar assim, pois coloca a fasquia demasiado elevada para tudo o que possa ser feito hoje. Como qualquer outro aspecto da história da TNA, também esta divisão teve os seus altos e baixos. Mas a grande lição de história a retirar na verdade, é que quando pensamos sobre o passado da X, tudo que temos de fazer hoje é olhar para o actual roster da TNA. Nomes como Samoa Joe, Christopher Daniels, Chris Sabin e até AJ Styles. No seu nascimento, a X Division ostentava nomes e talentos que não eram propriamente estrelas de renome, mas em conjunto, criaram algo especial. Algo que, provavelmente, vai ser difícil duplicar novamente, nomes como Jerry Lynn, Alex Shelley, Petey Williams, Sonny Siak , Kid Kash, Michael Shane, Elix Skipper, Frankie Kazarian e Low Ki só para recordar alguns.

Impacto! #113 – Sem Limites!

A TNA tentou posteriormente duplicar esta fórmula, usando um novo grupo de talentos, mas que estavam muito longe de ter a competência de elevar a divisão (assim de repente lembro-me do Sheik Abdul Bashir). Com a divisão a cair no esquecimento, a TNA acumulou erros…quando vimos um limite de peso introduzido, a tentativa de evolução do conceito de torneio com constantes triple threat matches, quando Abyss venceu o título numa clara ameaça de transformar a divisão em algo mais hardcore, a introdução de um TV Title que diluiu a sua influência, muitos atletas que disputaram aleatoriamente a divisão e a eventual degradação do prestigio do título com nomes ridículos (Greg Marascuilo, por exemplo).

Impacto! #113 – Sem Limites!

Apesar dos erros, não deixa de ser impressionante a capacidade de resistência de um conceito, que continua a gerar grandes momentos mesmo quando é totalmente ambíguo. A X Division pode e deve ser um titulo algo mid-card, capaz de ser apresentado a meio de um PPV, ou mesmo como main-event de um Impact Wrestling. Eu gosto da ideia da divisão ser um trampolim para chegar ao World Heavyweight Championship, não sendo nenhum desprestigio se um ex-campeão mundial voltar a lutar na X Division. Aliás, a prova de que a X Division consegue estar no topo da organização é que na única vez que lhe foi dado o main-event num PPV, resultou bastante bem. Aliás, foi memorável.Uma das soluções para recuperar a credibilidade da X Division passa por colocar um combate pelo titulo num main-event, como forma de tornar um Impact Wrestling num evento diferente – especial.

Impacto! #113 – Sem Limites!

Outra solução para esta divisão passa pela TNA claramente passar a mensagem ao público que esta divisão não tem limites de peso, recuperando o lema: “It’s not about weight limits, it’s about no limits”. Atletas com estilos diferentes e com tamanhos diferentes trazem algo de muito especial, basta olhar para a interessante mixóridia de nomes como Petey Williams, Samoa Joe, Doug Williams ou Amazing Red, todos antigos campeões desta divisão, todos adicionam algo diferente dentro e fora do ringue.

Impacto! #113 – Sem Limites!

Nos últimos anos, a TNA teve a infelicidade de diluir um certo factor competitivo em torno da divisão. A maioria dos combates pelo título eram uma luta com uma premissa simples: perceber quem é o melhor. A divisão era conduzida por um sentimento de que cada lutador tentava superar o seu adversário, no risco, no impacto e na capacidade atlética envolvida em cada manobra. Tomemos por exemplo o famoso combate entre AJ Styles, Samoa Joe e Christopher Daniels no PPV Unbreakable 2005. Este combate, considerado por muitos como o melhor da história da TNA é uma disputa épica pelo título da X Division. Foi uma luta enraizada na disputa pelo título da divisão, e que sem grandes artefactos, sem grandes novelas, se tornou numa clara competição sobre quem é o melhor lutador. Este tipo de pureza gerou um dos momentos altos na história da TNA.

A natureza ambígua em relação a limites de peso e definição, juntamente com um estilo atlética e com um ritmo elevado, a X -Division tornou-se diferente e realmente permitiu que a TNA oferecesse uma variação única e dinâmica a tudo o que existia. A X-division seria a mistura perfeita de excelência no ringue e entretenimento desportivo.

Impacto! #113 – Sem Limites!

Por alguma razão, fico com a clara sensação que a nova era da X Division, não passa por uma revolução, um novo conceito ou novas gimmicks. A nova era basta ser um regresso ao passado, ao seu fundamento. Colocar talentos (que já tenham experiência consolidada no circuito independente) a lutar pelo titulo, querendo mostrar que conseguem impressionar o público e superar o adversário. A receita é simples e sem limites.

Video da Semana

Samuel Shaw reage a um comentário sobre Christy Hemme:

Até ao próximo impacto!

22 Comentários

  1. Mais uma boa edição Jorge.

    A concordo com a conclusão que tiras em regressar ao passado, pois fiz uma pequena pesquisa a coloquei alguns nomes que me parecem ser boas adições ao roster…não devem de ser contratações muito caras…Mas gostaria de saber a tua opinião Jorge e seriam mais valias, pois desconheço alguns, mas como foram antigos x-divison champion, e não são muito velhos, outros estão na ROH.

    Michael Shane (34 anos)
    Jay Lethal (28 anos)
    Jonhy Devine (39 anos)
    Paul London(33 anos)

    Para além de Amazing Red e Petey Williams, para não falar de valores que já lá estão: Kazarian, Daniels, Zema Ion(sem esta gimnick estúpida claro)

    Em relação ao Jarret…Brutal!

    • E tens outros…imagina o Kevin Steen na X Division, da mesma forma como o Samoa Joe lá esteve quando chegou à TNA. No circuito independente a ROH seria um excelete território para a TNA contratar talentos e neste momento há um nome que eu iria considerar com bons olhos apesar de estar associado à WWE – John Morrisson. Tens ainda o Prince Devitt (por exemplo) e se olhares para o México e o Japão há excelentes nomes que podem reforçar a divisão.

      Dos nomes que falaste, o Johnny Devine e o Matt Bantley estiveram num TNA ONO o ano passado e não gostei de os ver. Estão muito em baixo de forma e visualmente parecem lutadores muito genéricos. Apesar de gostar do Jay Lethal e do Paul London tenho algumas dúvidas que eles conseguiriam acrescentar algo de novo…mais depressa os via como tag-team.

  2. Cadu Ito11 anos

    Grande Impacto!!!

    A X-Division era o que tinha de melhor de atleticismo na TNA e a intenção era de fazer a melhor luta possível, quando criava-se uma rivalidade ficava espetacular…

    Pra mim a TNA deveria adotar o X-Division como segundo título da companhia e focar mais nele… como se fosse o Intercontinental da WWE… acho que todos ganhariam com isso…

    Sobre o Jarrett… Fico no aguardo desta grande conquista ser realizada…

    Abs!

    • Concordo totalmente, a X Division deveria neste momento ser o segundo titulo da TNA e deveria estar a ambicionar ser tratado como o titulo mais especial. Em vez disso, parece um conceito moribundo à espera que alguém desligue a ficha…

  3. Também partilho da opinião que a TNA pode e deve utilizar o título da X-Division como segundo título da empresa e não metê-lo só entre alguns eleitos. Grandes momentos da divisão foram feitos graças a campeões que fugiam ao estilo “cruiserweight” e que punham em risco o conceito da divisão. Lembro-me, por exemplo, de quando o Abyss ganhou o título e a festa que foi feita quando o Kendrick o conseguiu recuperar. São histórias que dão outro carácter ao título.

    Acho que o melhor que pode acontecer neste momento é haver um Aries 2.0… Ou seja, uma futura estrela que tenha um reinado à medida e que use o título para se elevar, acabando por igualmente elevar o próprio título. Mas, principalmente, que leve o título até às histórias principais da TNA e que o tire do isolamento que tem sofrido nos últimos tempos. Imaginem o Spud ganhar o título, por exemplo. Mesmo não sendo nenhum Sabin ou Aries no ringue, imaginem só o bem que lhe ia fazer. A ele e ao título!

    • Claramente a direcção tem que passar por crediblizar o titulo novamente e isso irá implicar que a X Division não seja uma divisão para onde vão os lutadores mais pequenos, nem uma divisão de entretenimento para encher um card. Se a TNA olhar para a sua história vai ver que já teve o Samoa Joe, o AJ Styles, o Jerry Lynn ou o Kurt Angle nesta divisão. Como tal, está na hora de não ter receito de ter um Samoa Joe ou um Austin Aries de regresso à luta por este titulo e porque não olhar para o circuito independente?

      • Acho que nem é tanto uma questão de dar o título a um grande nome e esperar que o resto se faça sozinho. Aliás, actualmente tens dois monstros na luta por ele e vê-se bem o estado em que a divisão está… Quanto ao olhar para o circuito independente, já me habituei a não alimentar grandes expectativas nesse sentido, apesar da contratação dos Wolfes num passado recente. Até porque a TNA não precisa urgentemente de reforçar a divisão, acho que é uma questão de escolherem a pessoa certa e, principalmente, a história certa.

  4. Excelente artigo Jorge. Concordo com a tua análise, como bem sabes depois de já termos conversado sobre este assunto no passado.

    Quando à entrevista com o Jeff Jarrett, espero que se seja uma realidade e muitos parabéns pelo teu trabalho. Estás a levar o Wrestling.PT a outro nível com este tipo de iniciativas.

  5. Excelente trabalho, Jorge! O X-Division Championship tinha que ter mais prestígio que todos os cinturões da companhia (exceto, claro, o TNA World Heavyweight Championship), afinal ele tem seu prestígio, seus grandes momentos (junto a AJ Styles, Aries e Sabin são exemplos) e dá a oportunidade ao campeão de lutar no Destination X pelo cinturão principal da companhia.

    Faço das palavras do André Santos as minhas sobre o Double J: Brutal!

    • Este ano estou a planear duas grandes entrevistas, uma com o JJ e outra com a Dixie Carter. Para já estou a fazer algum trabalho para conseguir a entrevista com o JJ e já consegui chegar até ele para fazer a proposta, que ele aceitou mas não para já. Espero conseguir concretizar estas duas iniciativas…

  6. VictorK911 anos

    Parabéns Jorge muito bom trabalho. Acho que esse ano é a hora de a Tna atrair o público que está desistido da wwe.

    • Quem vê TNA não pode ver WWE? Não se pode gostar da TNA sem odiar de morte a WWE? Há alguma regra que diga que não se pode gostar ou assistir a ambos os produtos?

  7. lauro11 anos

    As storylines da TNA é pior que as novelas da globo

  8. VictorK911 anos

    Acho que da pra assistir as duas empresa porem essa wrestlemania sem Bryan no main event com certeza muita gente vai para assistir wwe.