Sejam bem-vindos a mais um Pensamentos. Como todos sabem, o nosso Campeão Nacional e Europeu Bruno “Bammer” Brito tem uma crónica semanal cá no sitio, onde explica o que é necessário para se ter sucesso no wrestling. Além de lutador, o Bammer é professor na Academia do WP, ou seja, tudo o que ele diz, tem razão de ser e tem fundamento, afinal, é alguém que sabe o que está a dizer. Ora, eu decidi fazer algo parecido, mas em vez de falar na óptica do Mestre, vou falar na óptica do estudioso.
Esta semana e na próxima, vou falar nos aspectos que eu considero essenciais para alguém ter sucesso no Wrestling. Claro que não vou aprofundar nem metade do que o Bammer faz, nem quero fazer isso, vou sim falar, usando a minha posição como fã e estudioso da modalidade, do que considero imperial para um aluno se tornar lutador e para um lutador se tornar mestre. Vamos lá então…
O Inicio de Tudo
Ter a certeza do que se quer
Quando alguém se decide a começar no wrestling, este aspecto é fundamental: Ter a certeza do que querem e de que é mesmo isso que querem. O Wrestling é tal e qual como o futebol, o basquetebol, etc, nem sempre quem se mete na modalidade, acaba por levar a intenção até ao fim ou por outras palavras, desistem a meio ou mesmo após o primeiro treino. Falo por experiência própria, porque tentei várias modalidades e em todas cheguei à conclusão que não era bem aquilo que eu queria e pensava que era. Não é preciso ser um génio ou um bruxo para adivinhar que já passou muita gente pelos treinos do WP e nunca deu nada. Uns por umas razões, outros por outras, mas no fim, o psicológico dessas pessoas não foi forte o suficiente para manter o foco no objectivo.
Se é para entrar, é necessário ter a certeza absoluta que venha o que vier, não vai mudar o obejctivo: Ser um Wrestler. Foi com esta mentalidade que os lutadores do WP, que mesmo com condições precárias, construiram uma excelente geração de lutadores. E é com esta mentalidade que qualquer aspirante a lutador deve começar o seu percurso, que vai ser longo e acidentado e não vão ser só rosas.
Escolher numa boa escola
Este ponto depende muito do país que estamos a falar. Se estivermos a falar dos Estados Unidos, não é dificil encontrar uma boa escola, seja de Ex-Wrestlers ou não. Basta ter o dinheiro necessário e a vontade de ter sucesso (ponto anterior). Se falarmos de Portugal ou do Brasil, arranjar uma boa escola já não é assim tão fácil encontrar uma boa escola, aliás, não é assim tão fácil encontrar uma escola de wrestling, seja ela boa ou má. Portugal não é um pais com tradição no wrestling e não é ao virar da esquina que se encontram escolas. Mas como estamos a falar de boas escolas, Portugal tem duas opções: O WP, a melhor escola de Portugal ou o CTW (Centro de Treinos de Wrestling).
No caso do WP, é uma escola conduzida pelo campeão Nacional e Europeu Bruno Bammer Brito, ou seja, é o sitio ideal para se aprender a ser um wrestler em Portugal. Mas nem sempre é assim. Existem muitas escolas por esse mundo fora, que apanham o dinheiro dos candidatos a alunos e piram-se, sem dar explicações. É preciso ter muito cuidado na escolha da escola, afinal, é o sitio onde vamos aprender a modalidade de que tanto gostamos e escolher uma boa escola é dar um primeiro passo muito bem dado.
Ir com calma
Quando uma pessoa chega e vê um ringue, o primeiro pensamento que surge é entrar lá para dentro e começar aos saltos, a subir ás cordas e a fingir que somos wrestlers. Não só é algo desnecessário, como pode ser um erro. Andar a brincar num ringue sem ter qualquer experiência, é meio caminho andado para se aleijar. Usando o WP como exemplo, isto é dificil de acontecer, porque segundo sei, os alunos ajudam a montar o ringue, mas noutras escolas, onde o ringue é fixo, é fácil de ser levado pela tentação.
Outro aspecto muito importante no wrestling, é ter a paciência necessária para começar a aprender manobras. Por muitos combates que alguém possa ter visto, isso não lhe dá a experiência e os conhecimentos para começar a distribuir suplexe’s e powebomb’s aos outros. Essas manobras levam muito tempo a serem aperfeiçoadas e não é por alguém ser fã há muitos anos que as vai saber aplicar perfeitamente.
Ainda na mesma onde de paciências, um aspirante a wrestler tem que ter a paciência necessária para esperar por entrar no ringue. Os treinos de wrestling nem sempre são feitos no ringue, porque simplesmente não faz sentido. Aliás, se pensarem bem, até é melhor para os alunos treinarem em colchões ou algo do género, porque evitam-se lesões mais facilmente e o ringue não se desgasta tanto. Win-Win situation. Quem não tem a paciência necessária para esperar, não vai ter sucesso no wrestling.
Ouvir as vozes da experiência
Este é outro ponto com que qualquer pessoa se consegue identificar. Nunca vos aconteceu estarem a aprender qualquer coisa e a pessoa que vos está a ensinar vos diz para fazerem algo de certa maneira e vocês pensarem “Meh, isto se for feito assim, é mais fácil” e depois dá porcaria? Pois e no wrestling é quase certo que isso também acontece. “Ah, eu sei fazer isso” ou “Eu já vi essa manobra mil vezes, eu sei fazê-la” devem ser coisas que o Bammer já ouvi milhares de vezes.
Aspirantes a lutadores, quando uma pessoa com experiência no ringue vos diz para fazer algo de uma certa maneira, vocês têm de fazê-lo. Mesmo que achem que podem fazer de outra forma, têm de ouvir o que as pessoas com muito mais experiência que vocês e obedecer. Se eles vos dizem isso, por alguma razão é e não é para vosso mal. Aquele suplex que vocês acham que sabem e podem fazer, pode partir o pescoço ao vosso adversário/parceiro de treino. São o que eu chamo de “Brincadeiras de Noobs”, coisas que são (mal) feitas e dão porcaria, porque o aluno não obedeceu ao professor.
Mesmo wrestlers profissionais, ouvem o que os mais velhos ou mais experientes dizem. Para alguma coisa as grandes empresas têm os Road Agents, que montam os combates e ajudam os lutadores a fazerem o que é melhor para eles. O Roman Reigns ouve atentamente o Dean Ambrose, assim como o Randy Orton segue os conselhos do Arn Anderson. A experiência conta mais que 1 ano inteiro a ver wrestling.
Ser humilde
Este é o ponto mais importante de um instruendo ou aspirante a lutador. Ser humilde. Não é por se ter meia dúzia de meses de treino e até já saber aplicar 3 ou 4 manobras mais complicadas que um a aspirante a lutador se pode considerar o maior da aldeia ou neste caso, o maior da turma e achar que já sabe tudo. Mais uma vez, invoco outras modalidades. Um gajo que já tenha meia dúzia de jogos feitos e até tenha marcado um golo, não se pode achar o Maradona.
Um Wrestler está constantemente a aprender, seja durante dias, meses ou anos. A modalidade não se aprende em meia dúzia de treinos, por muito boa que a escola e os treinadores sejam. Até os wrestlers mais talentosos do mundo continuam a aprender. Acham que o Daniel Bryan ou o AJ Styles não treinam e não aprendem coisas novas à medida que vão combatendo e treinando? Muitas vezes é até bom que um wrestler saia da sua zona de conforto e aprenda outras coisas, que no futuro podem vir a ser muito úteis.
Ter noção das capacidades, do que se consegue e não consegue fazer é bom, assim como ter auto-confiança no que se faz no ringue. É essencial ter confiança no adversário, mas principalmente é essencial ter confiança em nós próprios, para não magoarmos ninguém. Mas ter confiança não significa ser arrogante, porque a arrogância leva ao desleixo e o desleixo pode levar a erros graves, que podem ditar lesões graves ou fins de carreira.
Humildade nunca é de mais.
Chegamos assim ao fim da crónica desta semana, que abordou os primeiros passos que têm de ser dados por alguém que queira ser lutador. Na próxima semana, vou então abordar os pontos mais importantes de alguém que quer começar a carreira de lutador, depois de se ter graduado.
See you next week, here on WPT
2 Comentários
Muito bom artigo!!
Excelente artigo Ricardinho continua assim e espero mais do melhor.