Com o regresso do ringue de seis lados é difícil não pensar sobre os primeiros anos da X-Division, aquele tempo em que na TNA a X-Division era sinónima de manobras arriscadas e extremamente atléticas, onde não se sabia que coisa incrível iria acontecer a seguir. Bastava ouvir os cânticos dos fãs: “This is awesome”, “Holy Sh**” o repetido “TNA, TNA, TNA”. No entanto hoje a TNA pouco mais é que um conjunto de combates aleatórios e sem construção. Aliás, a divisão está neste momento presa por arames e deve a sua existência actual ao Destination X ou provavelmente já teria sido abandonada de todo. Com o aproximar do Destination X (20 de Julho) vou então dedicar este Impacto! a esta divisão.

Impacto! #133 – Sem Limites!

O que me parece é que a TNA falha em perceber o que tornou especial esta divisão, o que a faz diferente de tudo o que existe nesta indústria. Apesar de ser um forte apoiante da criação da Option C e de manter vivo o Destination X, espero que com todas as mudanças que a TNA anda a executar, não se esqueçam de devolver a X-Division à sua antiga glória. Então, o que pode a TNA fazer para trazer de volta aquele velho fogo?

Impacto! #133 – Sem Limites!

O Roster

Tem sido um ano difícil para os talentos da TNA, mas se olharmos para os nomes mais conceituados que deixaram a organização nos últimos tempos, três nomes destacam-se: AJ Styles, Christopher Daniels e Kazarian. AJ e Daniels, juntamente com Samoa Joe, tinham possivelmente, os melhores combates e feuds que a TNA já produziu. No seu auge eles eram tudo o que se esperava da X-Division e muito mais. Kazarian não tinha o mesmo reconhecimento que AJ e Daniels tiveram, mas ele era um dos mais consistentes e competentes ​​lutadores do roster, com um reportório de movimentos (como o flux capacitator) que nunca falhou em iniciar um dos cânticos que referi anteriormente.

Hoje em dia temos Sanada, Tigre Uno, Manik, DJ Z e Crazzy Steve como os principais nomes da X-Division. A lista também tem Kenny King, Austin Aries e eventualmente Robbie E. Se Kurt Angle cumprir a promessa de mandar a polícia atrás de pessoas que não lutam, podemos ver Rockstar Spud na divisão muito em breve. Então eu conto com cerca 8 atletas, o que pode não parecer muito, mas considerando que há 36 lutadores ativos no plantel, não é tão mau assim. Não quero revelar spoilers, mas a estes 8 é muito provável vermos 2 nomes a regressar à TNA muito em breve e um dos nomes já no roster da TNA regressa a esta divisão e promete criar muitas ondas. Fazendo novamente as contas, serão 11 atletas que representam cerca de ¼ do roster actual da TNA. Quero com isto dizer que em número a X Division tem bastante profundidade mas isso não é suficiente.

Os Combates

Eu hoje defendo a transição para o ringue de seis lados, e acho que a X-Division sofreu quando a TNA optou por utilizar um ringue tradicional. Quando olhamos para o passado e a história da TNA, os combates mais emocionantes da X-Division, a larga maioria deles ocorreu antes da mudança de ringue em 2010. Claro que a relação qualidade dos combates – formato do ringue, não é assim tão linear e não explica tudo, mas lembro-me que no DVD “Best of the X” os lutadores falaram sobre os ângulos extra, permitindo-lhes executar movimentos de formas muito variadas, que na minha opinião adicionavam algo de muito diferente à natureza inesperada da X-Division. Uma coisa que notei quando voltar e assistir os DVDs foi que os combates não precisavam de ter estipulações. Um grande conjunto de combates envolviam apenas 3-4 lutadores, cada um pondo no ringue o seu sangue, suor e lágrimas, cada um apresentando um estilo independente. Recentemente tem havido muito combates que dão a entender que o roster é curto, muito por culpa de não haver qualquer tipo de construção, e isso pode prejudicar a divisão, a longo prazo.

Impacto! #133 – Sem Limites!

A Construção

Uma coisa que o X-Division costumava ter era um conjunto diversificado de personalidades como o “luchador” mascarado Puma, o super-herói Suicide, o cómico Curry Man, o quase personagem de banda desenhada Shark Boy, Alex Shelley com sua Paparazzi cam, “The Definition of Definition” Petey Williams, “The Guru” Sonjay Dutt, ou o “Black machismo “Jay Lethal. Estas histórias, estas gimmicks, estas personalidades ajudaram a criar uma ligação entre os atletas e os fãs, mesmo antes sequer de eles sequer entrarem no ringue e os tornavam únicos. Sem explicação, a TNA deixou de investir em personagens. Bons exemplos daquilo que não se deve fazer são o caso de Jesse Sorensen, alguém que se apresentava acompanhado com uma bola de futebol americano, ou Zema Ion e a sua lata de spray ou até recentemente Sanada, um lutador Japonês sem história para contar. Como pode a TNA esperar que o público se interesse por estes lutadores, se nunca lhes dá tempo para desenvolverem o personagem.

Impacto! #133 – Sem Limites!

Hoje em dia temos algumas gimmicks interessantes como Manik, Tigre Uno, Sanada e DJ Z, mas ainda não tiveram a oportunidade de desenvolver estes personagens até muito recentemente. O caso de Sanada é por demais evidente. Um lutador totalmente desconhecido pelos fãs ocidentais, é largado no roster depois de ter ganho o titulo num PPV que ninguém no ocidente assistiu. Desde então, Sanada tem vindo a defender esse titulo, sem dar uma única indicação sobre como o público o deve tratar. Quem é afinal Sanada? Quais as suas motivações? Como chegou ele aos EUA? É um tipo bom? É um vilão? O que está disposto a fazer para ganhar? Até onde está disposto a ir? Muitas perguntas e zero respostas. Sanada nem sequer ainda fala Inglês, motivo mais que óbvio para lhe dar um gimmick que justificasse o seu silêncio ou um manager que pudesse falar por ele.

Impacto! #133 – Sem Limites!

No último Impact Wrestling de Junho, houve um segmento nos bastidores envolvendo a X-Division, que eu acho que foi a primeira vez que a divisão teve algum tempo para promos desde a derrocada que foi a história Austin Aries-Velvet Sky-Chris Sabin. Eu, pessoalmente, gostei de ver o DJ Z a portar-se como um idiota para o Manik com um confronto cómico entre o Crazzy Steve e o Manik para acabar com o segmento. Se a não TNA investir mais tempo na construção destes nomes, de nada serve preencher o roster de lutadores.

Impacto! #133 – Sem Limites!

Sem Limites

A última coisa que me impressiona como uma parte importante da história do X-Division é o slogan “It’s not about weight limits, it’s about no limits”. No seu auge cada lutador da X-Division trazia o seu próprio estilo para o ringue. Low Ki tinha uma forte inspiração nas artes marciais, Alex Shelly utilizava uma mistura inédita de wrestling técnico com um estilo inovador high-fly que não era visto em qualquer outro lugar, AJ Styles tinha uma capacidade atlética incrível e uma intensidade inigualável no ringue, Samoa Joe punia os adversários com seus ataques e táticas de submissão e Douglas Williams encarnava o espirito do wrestling tradicional. Estes estilos diferentes ajudaram a tornar cada combate único e ajudaram a construir a reputação de uma divisão onde ninguém sabia o que viria a acontecer a seguir.

Impacto! #133 – Sem Limites!

Uma coisa que eu não quero ver a TNA fazer é orientar a divisão de forma a que todos os lutadores tenham o mesmo estilo high-fly. A X-Division nunca teve essa essência. Não é uma questão de peso, não é uma questão de estilo, é uma questão de limites e de os conseguir superar.

Impacto! #133 – Sem Limites!

Video da Semana

Destination X 2014!

Até ao próximo Impacto!

16 Comentários

  1. MicaelDuarte10 anos

    Excelente artigo.

  2. JoãoRkNO ®10 anos

    A TNA tem que apostar a sério na X-Division. E quando digo a sério não é só na altura do Destination X, mas sim durante o ano inteiro. Tenho visto uns PPV´s de 2005, e os combates são arrepiantes, é algo que não se vê em mais nenhuma promoção.

    • Infelizmente algures no seu caminho, a TNA perdeu o foco daquilo que era a X Division e o que trazia de positivo para a organização. Não quero ser demasiado optimista e pensar que desta vez é que vai ser, porque na última “nova era” da X Division eu escrevi um Impacto! em que ponderava o positivo e negativo desse novo modelo que a TNA tentava recriar a X Division e no final apenas se verificaram os aspectos negativos. Veremos.

  3. Mais um excelente artigo, Jorge!
    E concordo que a X-Division tem de ser melhorada a sério. Já não se vê “aquela” qualidade que se via em combates anteriores. Vamos lá ver se isto melhora.

  4. Gabriel Siston (Mi Celebo)10 anos

    Ótimo artigo, mas uma coisa, acha que o roster pelo menos é razoável?

  5. Excelente artigo, devias enviar isto aos executivos da TNA! 🙂

  6. Jardel Mateus10 anos

    Bom artigo.Espero que a TNA ache uma forma de fazer que a X Division volte a ter aquele prestigio de antes,poxa aqueles combates eram fenomenais.acho que a TNA poderia contratar ou trazer as estrelas do passado para ver se volta a ter um dia o que foi a X Division antigamente.Nomes como o Shelley,Ricochet,ACH,Andrew Everett,Kevin Steen,Willie Mack,The Armazing Red e agr Matt Sydal poderia muito bem levar a X Division nas costas facilmente.

    • Todos esses são excelentes, mas alguns penso já estarem sob contrato de desenvolvimento noutra organização.

  7. World Citizen10 anos

    Assino por baixo, a X Division foi durante muito tempo o grande factor de diferenciação da TNA em relação à concorrência. Espero que este regresso ao ringue hexagonal seja um sinal de que passarão a fazer as coisas como devem ser feitas para devolver à X Division o brilho que nunca devia ter perdido…

    • O formato do ringue não é de todo decisivo, mas certamente ajudará os fãs que seguiam mais atentamente a TNA a dar mais uma oportunidade ao que a organização está a fazer. É que nos últimos anos a TNA teve o demérito de conseguir irritar o público casual e afastar os fãs base da organização.

  8. DeVille10 anos

    Assino em baixo de tudo o que você escreveu. Espero sinceramente que a TNA continue dando o devido valor à X Divison depois do Destination X. A X Division sempre vai ser a essência da TNA.

  9. Falta a história, falta a construção dos personagens. Sim há bons lutadores, sim há bons atletas e sim até tem havido bons combates, mas sem nenhuma razão para o público se preocupar com o resultado.

  10. O roster é bastante razoável, mas o problema da TNA nunca esteve no seu roster 🙂

  11. Irei fazê-lo 🙂