Alguém disse um dia que a nossa casa é onde mora o coração. Na semana passada afirmei que a carreira de um wrestler nunca começa e termina no mesmo local. No percurso que os lutadores percorrem, há sempre alguns detalhes que desconhecemos e que afinal também acabam por contribuir para a mitologia das caras que compõem esta indústria. No Impacto! desta semana trago a segunda parte de um levantamento de nomes que passaram pela TNA e que muito provavelmente a maioria das pessoas desconhecia que o tinham feito. Esta é a primeira parte deste artigo. Espero que alguns destes nomes vos surpreenda e acreditem que ficaram ainda bastante em carteira para edições futuras.
Vamos então à segunda parte desta série de artigos.
The Road Warriors
É impossível falar na divisão de tag-team sem falar nos Road Warrior. Hawk e Animal são uma das duplas mais conceituadas do wrestling e para mim pessoalmente formam a equipa que mostrou que dois lutadores podem construir uma carreira lado a lado, inventando um reportório de manobras coletivas. Os Road Warrior, também conhecidos na WWF como Legion of Doom, foram na minha memória a primeira equipa legitima que me lembro de ver em acção, sendo que tiveram o mérito de construir uma imagem em torno de si que estava décadas à frente do seu tempo (desde as músicas, as manobras, as pinturas faciais, o equipamento ao estilo pós-apocalíptico). Os Road Warriors tiveram uma passagem discreta na TNA em 2003 onde se aliaram aos AMW na luta contra os Triple X. Tragicamente a passagem desta dupla não se prolongou em muito devido à morte de Hawk.
Dustin Rhodes
Na semana passada falei de Dusty Rhodes e esta semana falo da geração seguinte. Dustin Runnels, que para a generalidade dos fãs de wrestling é conhecido por Goldust, tal como o pai, passou pela TNA. O que me lembro melhor da carreira de Goldust foi aquando da origem deste gimmick na WWF. Confesso que o personagem Goldust nunca me agradou e muito honestamente mascara o talento que este Rhodes tem dentro do ringue. Sempre o vi como um atleta extremamente competente, aliás dos mais entusiasmantes, mas com uma gimmick tremendamente desinteressante. Mas deixando a minha opinião de parte, Goldust está ainda no activo, fez carreira na WWF/E e na WCW, conseguiu distanciar-se o suficiente da imagem do pai para construir um legado próprio e passou pela TNA em dois momento. Primeiro como Dustin Rhodes em 2004 e 2005, onde me pareceu algo perdido no roster, sem grandes storylines que lhe dessem um propósito. Mais tarde, em 2007 e 2008 voltou à TNA como Black Reign e finalmente encontrou o seu nicho em combates mais hardcore e rivalidades com Raven, Abyss e Relik, entre outros. Black Reign era supostamente o alter-ego de Rhodes, que enquanto storyline admitiu ter uma dupla personalidade. O que me parece que faltou a este Black Reign foi a condição física de Rhodes.
Chris Hero
Chris Hero é um dos nomes mais conceituado do circuito independente. Se é verdade que a sua forma física hoje espelha um desmazelo que não é permito a um atleta, Hero não deixa de ser um dos wrestlers com um reportório mais entusiasmante de manobras. Hero chegou a estar associado à WWE, numa experiência que não correu bem e terminou no ano passado. Mas uma década antes, em 2003 Hero teria uma discreta passagem pela TNA, tendo feito cerca de meia-dúzia de combates no programa secundário da TNA – o Xplosion. Tentei arduamente recolher alguns vídeos de Hero dessa altura, mas não consegui encontrar nada de interessante. Ainda assim, fica para o histórico.
Curt Hennig
Curt Hennig é certamente um dos melhores lutadores técnicos que a indústria do wrestling já conheceu. Hennig, que na minha opinião, é igualmente um dos atletas mais subestimados, quer na WWF, quer na WCW, ainda assim construiu uma carreira fantástica, onde teve a inteligência de tornar reconhecível a “marca” Mr. Perfect. Curiosamente, a TNA deu a Hennig aquilo que a WCW e a WWF não tiveram a perspicácia de o fazer – um lugar no main-event. O Mr. Perfect chegou em 2002 e colocou Jeff Jarrett na sua mira, numa das rivalidade mais intensas a marcar o nascimento da TNA. Hennig teve lutas pelo título mundial contra Jarrett e contra Ron Killings. Mais uma vez, esta foi uma carreira interrompida pela tragédia, com a morte de Hennig em 2003.
Lex Luger
A TNA sempre teve uma tendência para recrutar talentos reconhecíveis da WCW e dentro desta lógica, Lex Luger não poderia faltar nesta lista. Indo direto ao assunto, Luger nunca foi um bom wrestler, mas sabia carregar uma imagem com ele que transmitia confiança e juntou a isso uma gimmick interessante, apelou ao patriotismo, juntou-lhe uma manobra de submissão de patente registada e criou uma carreira memorável. Não escondo que era dos meus wrestlers favoritos na WCW, mesmo com todas as limitações que referi. É inquestionável que Luger seria um dos nomes habituados a um consumo de esteroides e outras substâncias para aumento da massa muscular. Com o fim da WCW, se as capacidades de Luger dentro do ringue eram limitadas, com o fim da WCW pioraram e a própria imagem de força caiu por terra muito rapidamente. Em 2003, Luger regressou ao ringues num combate ao lado Jeff Jarrett contra Sting e AJ Styles. Luger voltou a ter algumas aparições na TNA ao longo dos anos, geralmente ajudando Sting, mas nunca como wrestler novamente.
Jake “The Snake” Roberts
Jake “The Snake” Roberts tornou-se popular na indústria do wrestling por se apresentar no ringue carregando uma cobra de proporções superadas apenas pelo tamanho do seu gosto pelo álcool. Roberts teve combates memoráveis sobretudo na década de 80 com Andre The Giant, Rick Rude e Ted Di Biasi. Em muitos aspectos Roberts foi considerado um pioneiro, não só reinventando manobras, como testando storylines que muitos consideram hoje que foram percurssoras da chamada Attitude Era. Roberts passou pela TNA em 2006 e será lembrado pelas piores razões. Primeiro num segmento do Impact que foi fortemente editado, Roberts claramente embriagado fez uma promo sem qualquer sentido a anunciar que seria o árbitro do Monster’s Ball Match a ocorrer no BFG 2006. Roberts fez o seu papel no PPV sem incidentes e acabou por sair da organização. Em 2008 voltou a ser convidado para um segmento e não regressou.
Percy Pringle III
Talvez o nome Percy Pringle III seja um mistério para a generalidade dos fãs de wrestling, mas estou a falar do conhecido manager de Undertaker – Paul Bearer que faleceu o ano passado. Antes de Paul Bearer, William Alvin Moody deu a conhecer-se ao wrestling com o nome Percy Pringle III e precisamente como manager. Ele passou pela TNA em 2002 e 2003 em segmentos muito curtos, para promover um heel turn de Tony Schiavone (sim, é verdade…) e para se tentar juntar aos SEX de Vince Russo (sim também é verdade…), respectivamente.
Video da Semana
Full Metal Mayhem: The Wolves vs Team 3D vs The Hardys
13 Comentários
Caramba o Tony também esteve lá : dam you, peace of… 😀
Jorge o meu all-time wrestler até teve uma passagem positiva na TNA! Apesar de não ter a condição fisica dos anos 90, Hennig até teve uma passagem boa.
Road Warriors, não sabia! A condição do Rhodes isso era bem evidente, excesso de Big Macks!
O Curt Hennig foi uma tragédia o que aconteceu e lamentavelmente era um atleta que a TNA iria lhe dar certamente um reinado com o titulo mundial, até porque havia essa necessidade de vincular ao roster nomes que fossem facilmente reconheciveis pelos fãs e o Hennig era sem dúvida um desses talentos. Na minha opinião ele teria na TNA o reconhecimento que faltou na WCW e na WWF.
Se há casos de wrestlers que nunca foram world champions(Foi campeão na promoção do Lawer) foi Hennig. Depois lá colocavam-no em feuds na wrestlemania…patético!
Basta ver o que ele fez com o Intercontinental Title para ver o calibre deste Homem!
alguem encontra ai o video do jake bebedo? ja procurei e nao encontrei…
excelente Jorge! Faz mais artigos destes
Devo ter esse impact…eu vou ver se encontro e faço upload.
Dos que você mostrou na parte um eu sabia de todos, mas nessa parte 2 eu só sabia do Dustin Rhodes. Os outros foram, de fato, surpresa pra mim. Mais um ótimo Impacto! Obrigado Jorge por aumentar o nosso conhecimento a respeito da história da TNA.
Na minha lista de nomes que ainda não publiquei, penso que irão haver mais algumas surpresas, mesmo para quem está atento à TNA. Posso dizer que ainda tenho mais 13 nomes em lista. Há alguns nomes que exclui entretanto por me pareceram algo óbvios como o caso do Christian (sem contar com os ex-wcw, ex-wwf/e e ex-ecw que referi na introdução da primeira parte).
Fico ansioso pra ver essa terceira parte. Eu comecei acompanhar a TNA há pouco mais de dois anos, e desde de então estou sempre pesquisando a história desa companhia, vendo lutas antigas, lendo sobre rivalidades etc… Enfim, sempre aprendendo mais.
Gostei bastante destes dois artigos, Jorge. Desconhecia apenas as passagens do Bobby Heenan e do Chris Hero na TNA.
Sei que o Mr. Perfect era um atleta excepcional, mas os problemas que ele teve fora dos ringues devem ter tido influência nas decisões da WWE e da WCW, não?
Sou suspeito Daniel. Sim ele teve bastantes problemas com drogas…infelizmente…mas até o all might Hulk Hogan teve 😉 com a porcaria das picas nas veias…
Mas percebo o que dizes mas o maior vicio era os painkillers que tomava para as dores das costas…isso sim foi traumático para ele 🙁
Exacto. Os painkillers não matam apenas a dor… Eu não disse que concordo com as decisões de não lhe darem um push, simplesmente é uma justificação que as companhia podem usar. Há muitos main-eventers que tiveram este tipo de problemas e não deixaram de ser main-eventers. É a hipocrisia…
Concordo com o André, nos anos 80 o uso de drogas (fossem drogas leves ou pesadas, medicamentos, esteroides ou alcool) era pratica habitual. Penso que há uma entrevista já com bastantes anos do Shawn Michaels em que ele falava disso e há aqueles casos trágicos que todos conhecemos entre Hennig, o Hawk dos Road Warriors, Chris Benoit e Eddie Guerrero e aqueles óbvios tipo Scott Steiner, Scott Hall, Lex Luger, Ric Flair, etc…
E na WCW tinhas o mesmo problema, e apanhavas um Curt Hennig vs Dean Malenko, ou Hennig vs Benoit a meio de um PPV…não sei se ei de chamar luxo ou desperdicio.