Bem-vindos a mais uma edição do Top Ten, a última com apenas dois algarismos no número da edição! Antes de completar esse notório marco neste espaço, ainda é tempo de focar num grande regresso que se deu esta semana na WWE. O torneio “King of the Ring”! Torneio que já foi assíduo, que já teve o seu próprio PPV, que já coroou muita lenda e que acaba por ser um marco de interesse no wrestling. Trouxeram-no de volta e com a manha para atrair malta para a WWE Network onde eram transmitidas as finais.
Muito boa história tem este torneio, tanto em termos de vencedores como de participantes. A procura de um “Rei” devia ser feita entre os melhores dos melhores Superstars. Quando o é. Este Top Ten é daqueles à minha moda: sempre a destacar o pior! Olhemos a alguns dos mais surpreendentes participantes da história do King of the Ring – e refiro-me no mau sentido – com nomes que, hoje em dia, só causam o riso ao pensarmos que estavam a qualificar-se para serem Reis de qualquer coisa. Sim, a maioria nem da primeira fase passou mas já lá esteve! Alguns grandes nem com isso sonharam! Deem uma olhadela de recordação a esta caderneta de cromos.
10 – Giant Gonzalez
Este tinha que aparecer em todas, também. Não podia ser só a mancha na streak do Undertaker. Ainda participou em coisas como o torneio King of the Ring, mesmo que apenas tivesse sido na fase de qualificação num episódio do WWF Superstars, sem chegar sequer ao PPV inaugural, em 1993. Tatanka foi o homem responsável por eliminá-lo em menos de 3 minutos. Surpreendidos? Então entenda-se, Gonzalez foi o homem responsável por que Tatanka fosse o homem responsável pela sua eliminação. Ainda confusos? Então pronto, Gonzalez atacou o árbitro e foi desqualificado porque é um gigante com um fato pintado no corpo e revestido a pelo, que não sabe lutar e pode fazer o que lhe apetece. E porque essa devia ser a cena dele, ser desqualificado, visto que foi o que ele mais fez nos poucos combates que fez. Isso é que é um gigante perigoso. Desde que não traga clorofórmio, estão safos, não arruma ninguém. Felizmente. Senão corria-se o risco de se ver mais do que um combate dele em PPV!
9 – Adam Bomb
Vá, eles até queriam levar o desgraçado a algum lado no midcard pelo menos e até pareciam ter alguma fé no indivíduo com uma gimmick de sobrevivente a um desastre nuclear. Sim, há uma lacuna aí nessa frase mas ignoremos. Até admito, é do tipo de gajo que se aparecesse agora, eu ia gostar dele. E digo isso porque vendo-o posteriormente e sabendo que ele não foi a lado nenhum, até gostei dele na mesma. Mesmo que não tivesse grande valor e tivesse a fé nele trocada por um squash de pouco mais de 30 segundos às mãos de Earthquake, na Wrestlemania X. Mas pôde participar no torneio King of the Ring por duas vezes. Não passou da primeira fase em nenhuma mas tem o seu nome registado nos torneios de 1994 e 1995. Foi derrotado pelo 1-2-3 Kid na primeira e squashado por Mabel na segunda. Se a segunda parece embaraçosa, vejamos: Mabel foi o vencedor. E essa aí é que é a parte preocupante…
8 – Skinner
Quando, no início da década de 90, temos um indivíduo com uma gimmick de caçador de crocodilos, das duas uma: ou temos um invicto inicial que desaparece com algum embaraço ou um jobber de serviço. Aqui o Skinner acabou por ser os dois. Apresentou-se em 1991 e entrou invicto no torneio desse ano. Pasmem, venceu a primeira eliminatória e chegou aos quartos-de-final, derrotando Virgil. Se realmente acham que o Virgil não é lá grande espingarda, tudo bem. Saiu-lhe o Bret Hart na rifa nas meias-finais e por aí se ficou. Também se ficou mais ou menos por aí a sua carreira, ficando uma tentativa falhada de desafiar Bret Hart pelo título Intercontinental e uma derrota em menos de 2 minutos para Owen Hart na Wrestlemania VIII. Virou um dos jobbers da casa e de vez em quando até era o Doink the Clown. E queria ele ser Rei do quê, mesmo?
7 – Skip
Vários factores caracterizam Chris Candido. A sua juventude ao começar, dando os seus primeiros passos em ringue como adolescente e constando na embrionária ECW – quando ainda era Eastern – aos 21 anos. Também será de notar que, infelizmente, foi um lutador que nos deixou cedo demais, falecendo aos 33 anos em 2005, devido a uma coagulação de sangue pós-cirurgia. Outro pormenor é que passou por todo o lado, sem nunca se conseguir manter muito tempo no mesmo sítio. Passou pelas companhias todas. Esteve lá para ver a ECW a nascer. Acompanhou os maiores anos da Smoky Mountain Wrestling. Esteve lá para ver a WCW nos seus fins. Estava ele na TNA quando viu a sua vida chegar tragicamente ao fim – chegando mesmo a aparecer num episódio do Impact! após falecimento, devido às gravações. Por um anito, em meados da década de 90, também passou pela WWF. Trouxe consigo a sua manager Sytch. Ele viria a mudar o seu nome para Skip, enquanto ela mudaria o nome para Sunny. Reconhecendo os nomes, já devem estar a ver quem ficou mais over e notável com o tempo – e estou a fechar a cronologia da Sunny há uns aninhos atrás, excluindo qualquer coisa que ela tenha feito ultimamente. Fez pouco mais para além de unir-se a Zip para formar a equipa The Bodydonnas. E esse pouco mais incluiu para além de uma breve participação nas primeiras eliminatórias da edição de 1996 do King of the Ring, sendo derrotado por Marc Mero. Mas Candido é hoje lembrado. Por pinguinhas em cada sítio, mas é lembrado.
6 – Droz
Uma secção um pouco triste e trágica num artigo que seja mais orientado para o humor, confesso. Após incluir o falecido Chris Candido, coloco agora Droz, lutador que se encontra hoje quadriplégico devido a um botch numa manobra executada por D’Lo Brown que nunca viu transmissão em TV, em respeito à tragédia. Entre as causas para o botch constam-se um vestuário de Droz que dificultava a execução de uma manobra ou o escorregar nalgum objecto atirado por um membro do público. Não existem imagens para o desvendar. Mas antes disso, Droz tinha tudo para ser uma daquelas “estrelas” daquela secção de tesouros. Podia começar e acabar no início da sua carreira, em que Vince ficou impressionado com a sua capacidade de vomitar quando queria. Isso mesmo que leram. Tornou-se a sua gimmick e até tinha o nome Puke. Isso mesmo que leram. Vá-se lá saber porquê, não seguiu para a frente e mudou para Droz, com uma gimmick de wrestler de vida extravagante, com vários destaques no seu percurso televisivo como ter Vic Grimes como seu dealer de drogas. Isso mesmo que leram. Isso e uma participação no King of the Ring de 1999, onde não passou da primeira eliminatória, sendo derrotado por Big Show em menos de um minuto. Essa parte já é credível, não precisam de a ler outra vez. Pena o fim trágico da sua carreira, porque fica ali a escurecer uma daquelas carreiras hilariantes!
5 – Henry O. Godwinn
Este senhor vinha da WCW e chegou à WWF em 1994 para ser o Henry Orpheus Godwinn. Um criador de porcos que levava um balde de estrume que atirava aos adversários. Isto é que é um rei! O seu percurso não foi assim tão curto e aguentou na companhia até 1999, passando por várias fases. Foi servo e em seguida rival de Ted DiBiase, tinha feuds irónicas com os seus antónimos como aquele tal de Hunter Hearst Helmsey, formou uma tag team com um primo em kayfabe, chamada os Godwinns, com quem foi Campeão Tag Team por duas vezes. Até participou naquela trampa do torneio “Brawl for All” que colocou wrestlers a andar à porrada a sério para levarem todos porrada velha do Bart Gunn. E em 1996, ainda fez parte do King of the Ring, ficando-se pela primeira eliminatória, às mãos de Bradshaw. Olhando bem ao seu percurso, até era um midcarder decente para constar em torneios deste calibre – já se esperando que fique a meio do caminho. O que mais adoro mesmo é a ideia do criador de porcos ser Rei!
4 – The Berzerker
Mais um para a colecção. Estreou-se na WWF em 1991 como o The Viking que, sendo uma gimmick da WWF, ainda para mais no início dos 90, já devem imaginar que fosse um Viking de fazer inveja a qualquer Ragnar Lodbrok. Mas rapidamente mudou para The Berzerker, lutador doido com Mr. Fuji a manager que tinha como método favorito de vencer, atirar os adversários para o exterior e deixá-los perder por contagem. Já se previa que fosse ganhar muitos títulos assim. Enquanto esperava pela vitória, agarrava o pulso, lambia a mão, atirava-se para o chão e gritava umas esquisitices quaisquer. Caramba, estava aqui uma estrela! Mas pasmem-se, ele ainda fez umas coisas. Foi o último eliminado da sua equipa no Survivor Series de 1991, teve uma feud com o Undertaker – onde o tentou apunhalar com uma espada, é o vale-tudo – e entrou no torneio King of the Ring desse ano. É claro que Irwin R. Schyster não o deixou passar da primeira eliminatória e não demorou muito tempo a fazê-lo. Curiosidade: foi o último torneio King of the Ring antes de se tornar um PPV e o primeiro vencido por Bret Hart. Outra curiosidade: não inventei nada do que descrevi acima!
3 – Duke Droese
E continuemos com esta onda de realeza! Algo que seja quase tão bom e candidato a Rei como um criador de porcos, só um homem do lixo como era o Duke “The Dumpster” Droese! Feito de encomenda para reaparecer em compilações de bizarrices parvas da década de 90 e para a “gimmick battle royal” da Wrestlemania X-Seven. Mas não menosprezemos a influência que ele deixou, a utilização da sua lata de lixo por parte de Jerry Lawler, nele mesmo, originou um dos primeiros momentos hardcore no Monday Night Raw. Até fez o Lawler pedir desculpas pela violência. Outros tempos. Até teve o privilégio de ser o último a entrar na Royal Rumble de 1996, fruto de uma feud com aquele tal novato de que já falei, o Hunter Hearst Helmsey. E teve o direito de participar no torneio King of the Ring. Mais tronos deviam ser disputados por homens do lixo, se calhar faziam melhor figura que realeza a sério. Mas não conseguiu passar das primeiras eliminatórias ao ser eliminado por Kama. Se tiverem dúvidas sobre quem é esse indivíduo, é apenas uma das duzentas gimmicks que o Papa Godfather Shango Mustafa teve. Qual torneio foi esse? O que foi vencido por Mabel, nome que não vêem muito citado na enumeração dos grandes e lendários vencedores e que já mencionei. E venceu derrotando Savio Vega na final. Com esse “star power” todo, nem era tão descabido que o homem do lixo subisse ao trono…
2 – Mantaur
Então e esta lenda da mesma altura que o anterior? Porque não lhe colocaram uma coroa naquela cabeça? Se não se recordam de Mantaur, tudo bem, é compreensível. Se não o conhecem sequer, uma apresentação muito simples: é tudo aquilo que se vê na imagem. Outro pormenor importante: também mungia para os adversários. Se isto não compõe uma lenda, não percebo nada disto e não sei o que raio é preciso então. Esta pérola da história do wrestling competiu no mesmo King of the Ring que o Duke Drose. Ou seja, dois mitos juntos na mesma altura. Este não deixou a mesma influência no wrestling violento como o outro. Também só se fosse a mandar com algum corno ou assim. Mas pronto, mesmo participando nesse mesmo torneio, o Superstar que se junta ao Berzerker como os que têm pares de cornos maiores que o John Morrison, não foi mais longe e ficou-se pelas primeiras eliminatórias, ficando Bob Holly encarregado de salvar o povo de tornar a ver um bovino no ringue. Mesmo que houvesse uma cabeça humana ali dentro, que fosse a vista durante os combates – também era melhor, se lutasse com aquilo – a ideia de ver a coroa ser colocada ali por cima dos cornos permanecerá apenas como um sonho.
1 – Hornswoggle
Olha, este conhecemo-lo nós bem. Mas não deve haver maior exemplo de alguém que complete uma lista de notas de rodapé de mau gosto que Hornswoggle. Aqui até fica na primeira posição a comprovar uma coisa: o desgraçado já esteve mesmo em todas! Mas vá, uma explicação e contextualização. Esta participação até faz sentido na história. Sei que isso soa estranhíssimo, Hornswoggle não é nenhum especialista em inserir-se em histórias onde faça sentido, não fosse ele o melhor General Manager da história do Raw. Aqui até faz e foi na edição de 2008 que William Regal, o então GM do Raw, o colocou no torneio. E com que propósito? Para ser o seu próprio adversário, de modo a conseguir usufruir da sua posição de poder para facilitar a sua vitória no torneio. Vénias para Regal. E a estratégia mostrou-se eficaz ao ter Hornswoggle como primeiro adversário, Regal avançou com uma rápida e fácil vitória em menos de meio minuto. Assim vale a pena. E até compensou: Regal veio a vencer todo o torneio, cimentando um dos seus melhores e mais frutuosos pushes em anos recentes. Afinal o Hornswoggle até é útil de vez em quando.
E com estas dez jóias concluo o Top Ten desta semana. É já à maneira do costume, com um certo apreço por destacar o pior. E é continuando assim que eu espero que tenham gostado e que mantenham a atenção até à próxima semana, que lá pretendo voltar com um tema especial, dado o número. Até lá têm este para comentar, têm outros nomes para recordar, se acham que valem a pena aqui constar e acredito que tenham algo a dizer acerca destas lendas. Tudo isto é vosso e aguardo a vossa participação. Até a próxima semana, que lá vos espero outra vez e fiquem bem a desfrutar desta Primavera fosca!
9 Comentários
Muito bom xD
Achei muito interessante, não conhecia quase nenhum desses aí. Parece até que os jobbers de outros tempos eram mais rídiculos que os de agora.
Muito bom este top ten,adorei.
Realmente que valor é que a WWE da ao king of the ring,por gente desta no torneio, enfim…
PS:tou muito curioso para saber como será a edição 100
Hilariante e interessante! xD
Ótimo Top Ten, Cris. Fiquei bastante entusiasmado quando soube da possibilidade de retorno do KoR, que se transformou em decepção ao ver que eles mal promoveram o evento e só o utilizaram para ter mais assinantes da Network.
Quanto aos classificados, o que mais me chama a atenção é o Giant Gonzalez. Para mim, ele era o pior wrestler da história, mas depois de conhecer a história dele e saber que foi lançado na WCW com apenas algumas semanas de treino por causa da ganância dos promotores que viram nele o próximo Andre The Giant, mudei a minha opinião a seu respeito.
Quanto aos demais casos apresentados, eu gostaria de saber o que os bookers estavam pensando quando tiveram a ideia do personagem Mantaur. É uma gimmick pura e simplesmente ridícula. Qualquer que seja o wrestler que a interpretou pode dar adeus a uma carreira de sucesso após isso (a menos que seja um Dolph Ziggler da vida).
Mal posso esperar pela edição 100 daquele que é, na minha opinião, o melhor quadro do Wrestling.pt!
Além de hilariante, desconhecia de todo o “Brawl for all”
Aquele é o avô do el torito =P eheheh
O mais interessante é que no tal torneio do qual participou o Duke Droese, que foi vencido por Mabel, numa final contra Savio Vega, em determinado momento, o rei daquele ano, Mabel, chegou a derrotar um tal de Undertaker numa das eliminatórias. Realmente, outros tempos…
A propósito, dissestes que quase ninguém menciona Mabel, mas é simplesmente porque muitos desconhecem que ele pouco tempo depois mudou a gimmick e tornou-se Big Daddy V, este sim, lembrado até hoje.
Bizarro e engraçado hehe