Uma empresa, duas faces. É assim que se pode definir a WWE. No espaço de três semanas, vai do oito ao oitenta várias vezes, frustrando e alegrando os fãs num misto de sentimentos. E não estou a falar de audiências.

Atente-se na última Raw: um excelente início – mais importante ainda, diferente do habitual, visto que nos últimos dois anos cerca de 90% dos programas deve ter começado com segmentos da Authority e/ou Seth Rollins -, com duas estrelas importantes a fortalecerem as suas personagens (reforçando a ideia de que se dão bem com pouca gente) e a interagirem com uma das maiores atrações da programação atualmente.

O combate entre os New Day e a equipa de Dean Ambrose e Randy Orton continuou este bom início de Raw. Não só os campeões voltaram a derrotar uma equipa credível com estrelas importantes, como os seus adversários mostraram alguns problemas, que deixam no ar um possível desentendimento no Hell In A Cell ou, pelo menos, deixam os fãs suficientemente intrigados para ver o que acontece entre eles na próxima semana.

Quanto aos Campeões de Tag Team, estão a ter um reinado em crescendo. Depois da grande vitória na Raw, acabaram a SmackDown a destruir os Dudleys Boys e o herói da cidade onde o evento ocorreu, Dean Ambrose. Recomendo que vejam a promo dos New Day, mais uma vez hilariante (Booty Ray Dudley é, no mínimo, original).

Outro bom exemplo de bom booking é o de Kevin Owens.

Cutting Edge #25 – Uma empresa, duas faces

O Campeão Intercontinental, desde que ganhou o título, tem tido um registo imaculado. Não só tem somado vitórias, como as tem obtido contra lutadores que não precisam de ganhar combates urgentemente, isto é, que não são apostas de momento. É isto que a WWE tem que fazer! Usar o seu enorme plantel (tanto em qualidade, como em quantidade) e definir prioridades.

Nas últimas semanas, Kevin Owens derrotou os dois Lucha Dragons na Raw (nota-se que a WWE tem mais planos para Kalisto do que para Sín Cara, tal a diferença de tratamento que ambos tiveram nos combates com Owens), Jimmy Uso no Main Event – programa que eu não via há imenso tempo mas felizmente decidi voltar a acompanhar, visto que tive o prazer de ver o Campeão Intercontinental a brilhar tanto com o microfone nas mãos, como no combate com o samoano – e Zack Ryder, na SmackDown desta semana.

Ou seja, Owens tem somado vitórias e tem-se credibilizado sem prejudicar ninguém. A WWE podia colocá-lo a trocar vitórias com Ryback, tanto em combates individuais como de equipas, fazendo do seu combate em PPV apenas “mais um” e algo que ninguém teria interesse em ver. Porém, optou por ir credibilizando ambos os lutadores com vitórias frente a lutadores da parte de baixo do card. Com isto, saem a ganhar Owens, Ryback e o Título Intercontinental.

Contudo, esta é a mesma companhia que escreve histórias como o enredo entre Rusev, Dolph Ziggler, Lana e Summer Rae.

Pessoalmente, até considerei o início minimamente interessante e, por vezes, engraçado. O problema é que essa fase durou pouco tempo e a WWE chegou a um ponto em que já nem sabia como manter ou tornar a história decente. Para piorar tudo, durou demasiado tempo. É uma daquelas rivalidades de mid-card que não beneficiam ninguém e não deixam saudades.

Além disso, devido a essa longa duração da novela, os danos causados em quem até ao início da mesma estava credível podem ser irreparáveis.

Cutting Edge #25 – Uma empresa, duas faces

Rusev e Lana eram das maiores atrações da WWE, mesmo depois da rivalidade com John Cena. Como em tantos outros casos, o problema nem é o facto de se perder para o atual Campeão dos EUA. O grande problema é que a WWE constrói uma personagem de forma imaculada, sabendo-se que a sua primeira derrota será com o mesmo de sempre, e não tem planos para o “depois”. Quanto tem, é isto que se vê.

Em relação a Lana, é verdade que teve azar ao lesionar-se, mas por um lado esta lesão até pode ajudar a sua personagem.

Passou de uma mulher fria, calculista e forte – sobretudo forte – para uma adolescente a usar calções curtos e a sorrir feita parvinha como se Dolph Ziggler fosse o seu primeiro namorado e um príncipe encantado.

Compreendo perfeitamente que a WWE a tenha feito virar babyface. Não faz sentido ter os fãs a gritar “We want Lana!” e mantê-la como vilã. Simplesmente podia ter virado as costas a Rusev, aliar-se a Ziggler e manter o principal da sua personalidade.

Espero que, quando regressar, volte a formar uma dupla (quase) imparável com Rusev, embora tenha receio de que o facto de o seu noivado ter sido tornado público faça com que a WWE os castigue de forma permanente e se perca aqui um dos maiores potenciais vilões dos últimos anos. A forma – leia-se, o pouco tempo que demorou a ser derrotado – como Rusev perdeu os seus dois combates esta semana são de nos deixar apreensivos, mesmo que no caso do combate com Dolph Ziggler tenha sido “tramado” por Summer Rae.

A divisão feminina continua uma confusão e não deve sair desse estado tão cedo, embora o segmento da última SmackDown, em que Natalya aparece inconsciente, tenha sido interessante. Ainda assim, a campeã perdeu na Raw para um “Missile Dropkick” de Brie Bella. Tudo dito, até porque já escrevi sobre isto na semana passada.

A questão é: porque é que a mesma companhia que consegue escrever histórias interessantes e credibilizar certos lutadores, faz tanta trapalhada no caso de outros?

Não tem nada a ver com decidir prioridades e por isso credibilizar uns e deixar outros em stand-by. Isso é elogiável e o rumo certo.

Lutadores como Rusev e Dolph Ziggler não são uns quaisquer. Tanto um como o outro estão – aos olhos da WWE – numa boa posição do mid-card (sobretudo o segundo). Simplesmente a companhia desleixa-se. Tem preguiça. E tem cinco horas de programas principais para escrever.

Sei que escrevi sobre isto há pouco tempo, mas é inevitável. Se há tanta gente a lutar na Raw e na SmackDown na mesma semana, acabam por perder mais vezes do que seria desejável, mesmo que a WWE não queira que tal aconteça.

Isto afeta a divisão feminina e, sobretudo, o mid-card, que ainda por cima tem demasiada gente, tal a falta de estrelas de topo que têm sido criadas nos últimos anos. Olhando para o plantel atual, vemos facilmente alguns nomes que podiam hoje ser main-eventers caso a WWE tivesse ouvido os fãs na altura certa em vez de dar combates pelos títulos principais a Big Show, The Rock ou John Cena, numa fase em que os fãs pediam claramente novas caras.

Cutting Edge #25 – Uma empresa, duas faces

Sem pensar muito, vêm-me à cabeça Dolph Ziggler, Wade Barrett, Damien Sandow e Cody Rhodes. Todos estes lutadores podiam hoje ser main-eventers ou pelo menos já ter tido uma fase lá. Isso beneficiaria-os a eles, obviamente, mas também facilitaria a construção de estrelas atualmente.

Longe vão os tempos em que havia um Chris Benoit, Chris Jericho, Shawn Michaels, Kurt Angle e Eddie Guerrero sempre prontos a elevar novas caras para o main-event. Tinham credibilidade para fazê-lo mesmo não ganhando todas as rivalidades em que participavam.

Porquê? Porque todos tiveram oportunidades para estar no topo. Mesmo quando não lutavam pelo título principal, estavam em rivalidades importantes e apresentadas de forma brilhante.

Que rivalidades brilhantes temos hoje em dia? Muito poucas. Demasiado poucas.

Aquilo que para nós seria uma storyline espetacular seria algo que nos prendesse ao ecrã e nos fizesse aguardar ansiosamente pela semana seguinte, fruto dos acontecimentos da anterior. Mas para a WWE, uma grande história é colocar dois lutadores que têm um grande passado e um estatuto intocável a fechar um PPV, sem terem aparecido em televisão durante semanas e semanas e semanas, resumindo a rivalidade a vídeos muito elaborados e que dão a impressão – julgam eles – de que estamos a presenciar a rivalidade do século.

Na última semana antes do PPV, basta colocar lendas a falarem sobre o tão aguardado combate (não por mim, com toda a certeza), com discursos mais do que feitos, em que um é a favor do babyface, o outro do heel e o outro é neutro. Se bem que, neste caso, não há herói nem vilão, por mais que coloquem um deles a aplicar golpes baixos no outro. E é assim que se vende um combate.

Cutting Edge #25 – Uma empresa, duas faces

Lembro-me de CM Punk dizer que os culpados eram fãs por continuarem a dar dinheiro à empresa por mais que o produto seja desinteressante, estagnado e sempre em torno das mesmas pessoas – isto é, John Cena e as lendas. Porém, já nem isso acontece.

Um PPV com participações de lendas não vende muito mais do que um PPV sem elas. As Raw’s com presenças de lendas já não apresentam audiências superiores às “normais”. Os fãs cansaram-se de vez e já nem a desculpa de os “intocáveis” venderem mais pode servir como justificação, porque é simplesmente mentira.

A WWE não constrói estrelas suficientes porque não lhe apetece. Não é uma questão de não querer que tal aconteça – porque não faz sentido que desejem não ter estrelas que lhes deem dinheiro -, pura e simplesmente têm preguiça e julgam que as coisas acontecem naturalmente, sem muito esforço.

Quanto aos fãs que insistem na suposta falta de qualidade do plantel de hoje baseando-se na falta de estrelas, lamento a falta de perspicácia e de capacidade para ver mais “além”. Defendem que um jovem não deve vencer lendas porque estas merecem acabar “em grande” em vez de se rebaixarem. São tão pouco inteligentes – não convém chamar-lhes burros – que não entendem que não é a lenda que se rebaixa, mas o jovem que se eleva.

De resto, basta ver que mesmo num ano tão bom como o de 2005 conseguíamos ter em destaque semanalmente talentos como Heidenreich, Matt Morgan, Snitsky, Chris Masters ou Orlando Jordan. Claro que eu não percebo nada disto e não consigo entender que todas estas enormes lendas tinham talento superior a nomes como Cesaro, Wade Barrett, Cody Rhodes, Damien Sandow ou Miz. Nota-se perfeitamente que o plantel atual é inferior ao desses tempos áureos.

Enquanto lendas continuarem a defrontar lendas e eternos mid-carders continuarem a enfrentar eternos mid-carders, será difícil aparecer um novo Randy Orton ou um novo Edge, que, pasme-se, derrotaram lendas no seu caminho para o topo, mesmo estando no mid-card! E tanto quanto sei, nenhuma dessas lendas foi “rebaixada” ou viu o seu legado manchado. Pelo contrário, só ganharam ainda mais respeito por parte dos fãs.

Cutting Edge #25 – Uma empresa, duas faces

42 Comentários

  1. Marques9 anos

    Muito bom artigo.
    No caso do Rusev eu acho que ele foi uma personagem construida de propósito só para o Cena o destruir e ganhar o confronto de Nações. A WWE não faz a mínima ideia de como o utilizar agora, basta ver as humilhações que ele sofria semana após semana (mesmo antes de anunciar o casamento). Eu quase aposto que no fim da rivalidade com o Owens, o Ryback vai ter o mesmo tratamento( e não fico nada triste).

    No caso das novas estrelas que podiam ter sido criadas o que é que todas têm em comum? Perderam para o Cena na melhor fase das suas carreiras e quando estavam prestes a atingir o main-event matando assim todo o seu impeto. O caso do Barrett foi o que mais me lixou. Como é possível um lutador que tem quase um exército com ele perder para o Cena? Neste caso saiu descredibilizado o Barrett, o Justin Gabriel, o Slater e os restantes Nexus.
    Como disse o Ambrose, quando alguém perde para o Cena torna-se banal.

    Tens toda a razão quando dizes que antigos main-eventers derrotaram lendas, mesmo quando ainda estavam no mid-card. O Angle( apesar de já ser main-eventer na altura) até chegou a fazer o Hogan DESISTIR. Imagina o impacto que o Rusev podia ter criado se fizesse o Cena desistir em plena Wrestlemania.

    • Obrigado.

      Duvido que o tratamento dado o Ryback seja igual. A WWE gosta dele e do seu amor pela indústria. Podem colocá-lo na divisão de Tag Team para que ele se mantenha relevante.

      O pior não é perder com o Cena (tirando no caso do Barrett, em que a vitória era o único caminho plausível), é o facto de deixarem cair as personagens e não terem planos para elas.

      Olha o caso do Damien Sandow: ele podia ter perdido, como perdeu, mas deviam ter pegado nisso e fortalecido a sua personagem. Ele podia tentar provar que não era anedota por ter falhado no cash-in e partir para uma série de vitórias ou rivalidades relevantes. Mas não, perdeu com o Cena (depois de já andar a perder constantemente enquanto tinha a mala) e na semana seguinte perdeu em segundos, começando a fase mais negra da sua carreira. É revoltante.

      O Kurt Angle era main-eventer, mas essa vitória serviu para cimentar o seu legado, assim como a vitória sobre Shawn Michaels na WrestleMania (faltava-lhe uma grande vitória no maior evento do ano). Concordo contigo.

  2. WWEdge9 anos

    Excelente artigo.

    Existe mesmo muito talento desperdiçado na WWE. Eu não percebo como é que a companhia ainda acha que os “novatos” não podem vencer as lendas. Eles não conseguem perceber que uma lenda, não vai perder o seu estatuto só por ter ajudado um jovem talento? Falaste de um ótimo exemplo, Randy Orton que só por acaso, (para mim) atingiu o seu auge quando era o “Legend Killer”.

    Se a WWE quiser ter um futuro, terá de começar a apostar seriamente nos seus lutadores jovens. É um pouco semelhante ao futebol e ao que o Benfica tem feito com o Guedes e o Semedo. Se não lhes tivessem dado a oportunidade de mostrarem o seu talento, talvez eles nunca fossem chamados para as seleções, o que seria uma pena pois eles foram fundamentais.

    Faz-me confusão como é que a WWE por vezes é tão preguiçosa. Eles tem nos New Day um bom exemplo de uma boa aposta e trabalho. Quando o Big E surgiu, não gostava nada dele. Entretanto ele afastou-se e a WWE (talvez porque o Vince adora-o) tratou de arranjar um novo “trabalho” para ele e não só. Decidiram juntá-lo ao Kofi Kingston, que é bastante talentoso no ringue e a um outro que tinha feito a sua estreia à pouco tempo mas passava despercebido no roster, Xavier Woods. Criaram então os New Day com três lutadores que, provavelmente, nunca nos iriamos lembrar de juntar. E não é que a WWE quando decide trabalhar e dar oportunidades aos jovens até faz um bom trabalho? Claro que parte do sucesso dos New Day se deve aos próprios, os três juntos têm feito um brilharete. Se a WWE não tivesse criado os New Day, certamente que ainda hoje eu detestaria o Big E.

    Edge vs Mick Foley na WrestleMania 22 foi LEGEN…DARY!!!

    • Obrigado.

      A minha fase favorita do Randy Orton é essa, mas acho que o seu auge foi em 2009.

      Boa analogia. E não nos podemos esquecer que o Semedo e Guedes estão a ser aposta numa equipa com veteranos como o Jonas, o Luisão e o Júlio César. É exatamente isso que a WWE deve fazer. Ir aproveitando as lendas que tem (até porque são cada vez menos aquelas que podem lutar) e ajudar os da geração atual.

      Exatamente. Eu também não era fã do Big E e hoje em dia é dos que mais me dá gosto ver. O Kofi já não é nenhum novato, mas percebeu-se o que quiseste dizer. Aliás, até pode ser considerado o Luisão dos New Day, isto é, o mais experiente no meio de dois jovens.

  3. Belo artigo Daniel.

    Voltas a tocar num ponto crucial de avaliação ao produto, mas que tem razão de ser pelo que vamos vendo semana após semana.

    Claro que com tanto conteúdo para escrever por vezes pode-se tornar cansativo, mas julgo que na WWE há 30 (!) pessoas a escrever para a Raw, SmackDown, Main Event e Superstars, portanto, a meu ver, há até gente a mais para escrever os 4 programas.

    Trata-se portanto de desleixo e preguiça o fato de bookarem bem alguns, e bons os exemplos dos campeões de Tag e do Intercontinental, e de outros, e outras feuds, serem completamente desfazadas daquilo que deviam ser. O cúmulo tem sido o Rusev e as Divas (Rusev ser praticamente squashado duas ou três vezes numa semana e meia, e a campeã Charlotte perder contra alguém que nunca teve relevância principal desde que as Divas tomaram este rumo com um simples dropkick da corda superior… enfim).

    Por mim a feud Dolph/Rusev podia continuar até, fazendo a Lana voltar e turnar no Dolph, juntando-se de novo ao Rusev, já que até estão noivos e tudo, estariam juntos na TV também. Claro que isto seria se o Dolph vencesse o titulo dos Estados Unidos ao Cena, e aqui o Rusev tiraria o título ao Dolph e dava-lhe um reinado estável e duradouro, tal como com o IC e o KO.

    Em suma, depende se há vontade ou não da equipa criativa, e em última instância de quem manda, não só Vince, mas o Kevin Dunn, que é o “conselheiro” nº1 do Chairman em dar importância às estrelas que têm.

    Não se compreende a falta de ideias para alguém como o Cesaro, que basta ter um combate um pouco mais longo para ficar completamente over com a crowd, seja ele com quem for. Pior que isso, é metê-lo a fazer o Show ficar forte para depois ser squashado pelo Brock… mostra preguiça e desleixo, sim, mas se calhar também outra coisa que não quero pensar que existe, mas com o que se vê, talvez exista. Há os preferidos e os que não o são.

    O caso do Sandow dá-me pena, o que o homem era quando estava com o Miz, que é muito mal aproveitado, veja-se esse caso, em que mete alguém completamente descredibilizado over de uma maneira que já não se via há muito tempo, talvez desde a fábula do Zack Ryder, e mesmo assim o melhor que lhe fazem é o seu segmento de entrevistas no ringue onde acaba sempre por levar nas trombas seja de quem for, até de Divas. Ele, o Cody, enfim, muito mal aproveitados.

    Muito talento desaproveitado existe na WWE de momento. Tal como tu, defendo o regresso da Brand Split, do WHC, a separação dos títulos de mid-card das brands, e quem sabe haja mais vontade e mais hipóteses para muitos que parece que não saem da cepa torta.

    • Obrigado.

      Já não vale muito a pena a Lana turnar no Dolph. A WWE já assumiu o casamento, logo ela já turnou nele. Sinceramente acho que isto já deu tudo o que tinha para dar.

  4. Dolph Ziggler9 anos

    Muito bom, Daniel.

    Disseste no outro dia e muito bem – a WWE devia usar lutadores como o Zack Ryder, Fandango, Sin Cara ou Bo Dallas para perder para quem realmente importa credibilizar (o Owens é um bom caso). Não só dá um grande ímpeto ao lutador em questão, como também dá uma oportunidade a lutadores do low-card de aparecerem mais em televisão e serem mais expostos ao público. Uma pequena promo antes do combate também seria uma boa ideia.

    E claro, isso é muito melhor do que ver, por exemplo, o Owens a lutar várias vezes com o Ryback e a trocarem vitórias todas as semanas, como muitas vezes acontece no mid-card. Um ganha no Raw, o outro no Smackdown. Este 50/50 booking só prejudica, enquanto que usar o vasto plantel que a companhia tem à disposição, só vai beneficiar todos os envolvidos.

    E tens razão quanto falas das lendas/part-timers. O Brock Lesnar, apesar do booking fortíssimo, tem sido mal utilizado. Está na companhia desde 2012 e ainda pouco utilizado foi para elevar lutadores do mid-card ou simplesmente estabelecer um main-eventer em ascensão, como o Seth Rollins.

    Imagina uma feud entre o Brock e o Rusev, ou o Brock e o Bray Wyatt. Algo que se acontecesse e bookado de uma forma correta, elevava estes dois de uma forma brutal. Era só uma forma mais produtiva de utilizar um gajo como o Brock, que já está há tantos anos na companhia, e tirando 2 ou 3 combates com estrelas atuais (onde um apenas serviu para promover uma feud com o Undertaker), o resto tem sido com part-timers.

    Muito talento desaproveitado, sem dúvida. O Barrett, por exemplo, estava com um ímpeto brutal e depois foi perder o combate contra o Orton com o título mundial em jogo, que foi apenas parvo. O seu combate com o Cena foi igual. Ou o Sandow que estava bastante over depois da história com o The Miz, e foi tirado completamente da programação. Ou até mesmo o Miz (eu que nem gosto dele), que é provavelmente um dos melhores heels da companhia, mal aparece também.

    • Obrigado.

      A utilização do Lesnar é das coisas mais frustrantes da atualidade. Para mim já perdeu aquele encanto que tinha no ano passado. É pena.

  5. Tibraco9 anos

    “Que rivalidades brilhantes temos hoje em dia? Muito poucas. Demasiado poucas.
    Aquilo que para nós seria uma storyline espetacular seria algo que nos prendesse ao ecrã e nos fizesse aguardar ansiosamente pela semana seguinte, fruto dos acontecimentos da anterior.”

    Na mouche. Acho esse excerto muito bem conseguido mas tu já disseste, mais do que uma vez, que 2015 está a ser um bom ano. Pode um ano, no seu global, ser bom com poucas rivalidades brilhantes?

    Também gostei da interação entre os New Day e Orton/Ambrose. Foi bom, tal como referiste, para fugir aos segmentos, já vulgarizados, da Autoridade/Rollins.

    Pessoalmente, não vejo nada de espantoso no booking do KO. Sem dúvida que é preferível esta série de vitórias do que perder regularmente, como acontecia aos anteriores campeões, mas a rivalidade tem sido uma seca. Não se passa nada e espero que depois do HIAC lhe arranjem qualquer coisa melhor do que isto.

    Subscrevo a tua avaliação sobre Ziggler/Rusev. É, simplesmente, mau demais.

    Bom artigo.

    • Obrigado.

      E mantenho que 2015 está a ser bom. Não muito bom, nem extraordinário, mas melhorou significativamente em relação aos anos anteriores. Nota-se um pouco mais de esforço no mid-card, embora com poucos lutadores. Se neste momento voltassem as duas horas de Raw, íamos ter melhorias ainda mais significativas.

      Não é espantoso. Simplesmente é coerente e o correto a fazer.

  6. giulio9 anos

    escreve bem demais…

  7. Muito bom artigo.

    Concordo contigo há muitas poucas histórias que sejam interessantes mas para mim esse problema resolvia-se com as Brand Split, o SD é um resumo da RAW acrescenta pouco ou nada a feud.

    Também acho bem a maneira como andam a levar o KO a ganhar a jobber.

    Agora para mim que há talento isso não duvidas. Acredito que o Seth poderia ser o novo Edge como o Cody o novo Orton mas para isso é preciso lutar com as lendas coisa que tem sido feito com o Seth mas o problema dele é estar sempre a perder semanalmente e isso não o beneficia, mas tirando o Seth mais ninguém tem lutado contra lendas o que nos os beneficia nada aos novos Wrestlers

    • Obrigado.

      A melhor lenda neste momento podia ser o Lesnar. Faz parte do plantel e podia ter feuds com muitos talentos, mesmo que estes perdessem os combates (para o momento em que o Lesnar fosse derrotado ser especial).

  8. Muito bom.

    Penso comigo às vezes, será que é de propósito isso tudo? Como pode não repararem que está ficando cada vez mais chato as mesmas coisa?

  9. Excelente artigo Daniel. Isto da WWE “bloquear” vários lutadores que seriam claramente Main-Eventers me irrita profundamente. Uma empresa que presa tanto pelo respeito e possui campanhas anti-Bullying, na verdade cria um esteriótipo para ser a cara da empresa ou ser alguém de sucesso.

    Também creio que isto seja um dos motivos para a queda da audiência. Vários fãs cansaram da forma como a empresa trata seus talentos, olha o exemplo de Ryback, Roman Reigns e Big Show. Enquanto Cesaro, Dean Ambrose e Seth Rollins sofrem com um booking péssimo.

    Espero que as coisas melhorem, posso estar sendo “coxinha”, mas a mudança dos líderes da WWE será a solução. Olha Triple H, William Regal, “Tensai” e os oficiais, estes fazem um trabalho fantástico no NXT, e um dos maiores motivos para o sucesso da brand é ouvir o público. Olhe o exemplo do Baron Corbin.

    Tenho muita esperança que quando Daniel Bryan e Sami Zayn retornarem, a audiência aumente. Digo isto pois o que falta atualmente é ter alguém por torcer, por mais que eu goste bastante dos Heels, isto é algo importante. É preciso de alguém que faça as pessoas ficarem acordadas até o último momento do Show, o que não acontece atualmente. Na edição passada, quando foi Kane a entrar na arena, eu já desliguei a TV, assim como vários outros.

  10. Grande artigo tudo dito, continua o bom trabalho.

  11. Ótimo artigo!! Só eu acho a Summer Rae uma boa wreslter, porém mal aproveitada?! Porque não voltam ela para o NXT, a rivalidade entre ela e a Paige foi fantástica na minha opinião, mas ai ficam colocando ela nessas storylines ridículas de casal ou disputa de relacionamento. (Colocaram ela no The Miz vs Mizdown também). Quanto a storyline de Rusev e Dolph, são bons wrestlers, tanto é que o Rusev já ganhou do Cena logo no começo, mas essa de ficar brigando pela Lana, ainda por cima envolver a Summer, no começo até foi bom, mas como vc mesmo disse durou tempo demais e eu sinceramente estou enojado dessa storyline já.

  12. Ótimo artigo,Daniel.

    Pessoalmente acho que a WWE só não cria estrelas novas não é por não ter um roster com potencial,é porque não quer.

    Como é possível a WWE focar-se nas lendas com mais de 40 anos,que não vão dar muito mais a empresa,em vez de apostar nos jovens estrelas?
    A WWE tem-se agarrado as lendas,usando-as vezes sem conta,seja para subir as audiências,seja para vender um PPV.Se criassem as ditas estrelas,não haveria necessidade de recorrer as lendas,e isso em vez de ser uma solução,ainda poderá ser um problema,porque as lendas não duram para sempre…

  13. BRRM9 anos

    Excelente artigo.

    Continuo a achar que 3 horas de Raw é excessivo mas sempre é melhor quando se dá oportunidade a lutadores menos utilizados.

    Também fico indignado com a incoerência na qualidade do booking da WWE. É incrível a mesma companhia que está a dar um booking perfeito aos New Day ser a mesma que está a promover um combate entre Lesnar e Undertaker para main event de um PPV.

    Quanto às audiências, se o que resultava antigamente já não resulta, então tem de se usar algo novo. Isto também serve para quem está no comando da empresa, se um patrão teve ideias geniais no passado mas atualmente está, de certo modo, a prejudicar a empresa, então tem de ceder o lugar a alguém mais novo que já tenha dado provas da sua competência. E o NXT é prova suficiente de que o Triple H está preparado para assumir o comando. Não quero com isto dizer que o NXT é perfeito, porque não é (até porque nada é perfeito) mas é seguramente superior ao roster principal em termos de booking. Com isto dito só me resta esperar que o HHH assuma o controlo o mais breve possível e que o trabalho que ele eventualmente possa fazer no main roster seja ainda melhor que aquele que ele fez no NXT (tempo e talento não lhe falta, portanto tem condições para isso).

    • Obrigado.

      Eu não tenho assim tantas esperanças no Triple H… Mas isso sou eu que sou cético por natureza.

  14. Grande artigo Daniel!

  15. São tantos os problemas da WWE: RAWs de 3 horas, SD inutil, Cena, Part-timers, Dunn, a falsa ”Divas Revolution”, mas o principal é a falta de estrelas, se a WWE tivesse estrelas, elas iriam se sobressair ao booking ruim e fazer o produto ficar no mínimo interessante.
    Acho que o Brand Split seria bom, o SD poderia criar estrelas, coisa que o NXT não faz.

  16. Bom artigo.

  17. Que artigo fantástico! Subscrevo tudo o que disseste.

  18. Artigo soberbo! Concordo contigo em todos os aspectos. Parece impossível que a mesma companhia que deu vitórias por submissão a Rusev com nomes como Big E, Jack Swagger, Mark Henry, Dolph Ziggler, Big Show e John Cena (sem que alguns destes nomes não são importantes agora, mas eram-no na altura), é a mesma que deu derrotas infinitas por pin ao Rusev em menos de 3 meses.

    Na minha opinião, em termos de qualidade em ringue, talvez este seja o melhor plantel que a WWE já teve, claro que nem todos são perfeitos, mas 90% do plantel actual tem talento que chegue para estar na WWE (neste comentário falo apenas na WWE e não NXT).