Bem, é tempo para mais um Top Ten! E podia despachar esta introdução tão rápido quanto estes indivíduos despacharam os seus serviços. Numa altura em que Braun Strowman pede competição a sério após semanas a fio a dar-nos o tradicional squash, também pode ser tempo de lembrar que já existiu muito squash com “competição a sério”. Achei que podia ser engraçado listar aqui alguns squashes que não eram apenas combates de apresentação e desenvolvimento. Eram combates de importância, por vezes por títulos. Mas que foram resolvidos num abrir e fechar de olhos. Entre Superstars de calibre a sério.
Talvez tenhamos que rever o termo “squash”, quando aqui me refiro a uma questão de tempo e rapidez imediata dos combates. Menciono aqui casos excluídos como um Fingerpoke of Doom, que não conto como uma competição, mas sim um segmento. E também é perfeitamente aceitável dizer que Brock Lesnar squashou completamente John Cena no SummerSlam há dois anos atrás, mas foi uma carga de porrada longa. Também não listo os combates por ordem de duração e vou atrás da sua relevância e notoriedade. E não é que me estendi muito na introdução, na mesma?
10 – Mickie James vs Michelle McCool, Royal Rumble 2010
Um caso de final satisfatório para uma storyline tão polémica. Uma história que deu que falar pelos maus motivos viu as LayCool de Michelle McCool e Layla como “bullies” para Mickie James, a gozar com o seu excesso de peso – lá onde raio elas o vissem – e a apelidá-la de “Piggie James”. Foi uma história mal recebida mas devo recordar que em nenhum momento se deve tomar o que elas dizem a sério, é suposto detestá-las, elas eram vilãs, não tinham nada que dizer verdades! E também abria portas para um desfecho humilhante e merecido. No Royal Rumble de 2010, Mickie interrompeu mais uma sessão de humilhação das amiguinhas, aproveitou o desacato a seu favor e venceu Michelle McCool em 20 segundos! Com esse tempo, só sabe melhor sendo pelo WWE Women’s Championship e a vingativa humilhação que se segiu. Que foi! Agora falta saber se a Mickie James consegue algo parecido sobre Asuka no próximo mês…
9 – Kane vs Chavo Guerrero, Wrestlemania XXIV
Mais um caso bonito de se ver. Ou então nem tanto. O ECW Championship nunca teve grande peso na Wrestlemania. Aliás, este estrondo foi a única vez que o título foi lá defendido. E não teve grande construção. Kane ganhou uma battle royal no “dark match” antigamente tradicional e tornou-se candidato ao ECW Championship de Chavo Guerrero. Isso, por si só, já podia antever desastre. Mas dava para ampliar o desastre. Em vez da sua entrada habitual, Kane surpreende Chavo ao emerger dos Quintos dos Infernos, ou lá o que estiver debaixo do ringue. Um Chokeslam e está feito, título conquistado em 11 segundos na Wrestlemania. Digam lá se o título não é grandioso?
8 – Chris Benoit vs Orlando Jordan, SummerSlam 2005
Já se vai começando a notar um certo padrão nisto. Não se aplica aos dez casos mas à sua maioria e estas três primeiras entradas já sublinham onde está a tal notoriedade nestes rápidos squashes. Títulos em jogo. Neste caso, o United States Championship que se encontrava na posse de Orlando Jordan. Contra a vontade de todos. Mas descansem, alguém ia resolver. Chris Benoit era o homem que parecia a escapatória de sair do reinado tão mal recebido de Orlando Jordan. Mas para compensar esses fãs desgostosos, tinha que se acrescentar um mínimo de vergonha. Como Benoit derrotá-lo e tirar-lhe o título no SummerSlam em 25 segundos! Daria origem a uma rivalidade hilariante com segmentos em que Benoit atiçava Jordan no backstage com acções mundanas como fazer um café ou dar uma mijinha. Tudo coisas que levavam mais tempo que o necessário para ele bater Jordan. Benoit sempre eficaz nas suas submissões e em finalizar o seu oponente de forma rápida. Sim, eu li o que escrevi, vou parar por aqui.
7 – The Rock vs Big Boss Man, Survivor Series 1998
Era uma noite virada para os squashes. E para as surpresas. Num Survivor Series que não recorreu aos tradicionais combates de equipas, trocou o termo “Survivor” para se referir a um torneio para coroar um novo WWF Champion. Para começar, Vince McMahon aparentava ser um apoiante de Mankind e oferecia-lhe, de bandeja, adversários como o duríssimo Duane Gill que Mankind derrotou em 30 segundos. Eu disse que era noite de squashes. O mais interessante viria para The Rock, que estava marcado para enfrentar Triple H quando era impossível para este comparecer e defrontaria um Big Boss Man já abatido… que já tinha competido e levado uma sova do Stone Cold nessa noite. Foi um árduo combate em que Rock conseguiu juntar forças para um “roll-up” imediato e uma contagem. Foi isso. 4 segundos de combate árduo. Ainda o combate em PPV mais curto de sempre. Até é giro. Mas giro mesmo seria a final entre os tais squashers: Rock e o iluso Mankind que tinha uma grande “ajuda” de Vince McMahon… Que beneficiaria Rock e lhe daria a vitória num paralelismo directo ao Montreal Screwjob. É, foi uma noite agitada…
Nota: Também pode constar na vossa memória o mesmo The Rock a derrotar Erick Rowan na passada Wrestlemania XXXII em 6 segundos. Mas não foi algo notável. Ou significativo. Ou memorável. Ou necessário. Ou existente, quase.
6 – Sting vs Jeff Hardy, Victory Road 2011
Então e se, para ser diferente, o squash for forçado? Porque tem que ser. Este ainda está bem presente nas nossas memórias. Talvez ainda seja imortalizado como o momento mais infame em todo o percurso da TNA que já colecciona bastantes desses, dava para fazer um Hall of Fame com mais momentos desses do que com estrelas que já lá tenham. Todos conhecemos a história do polémico main event que viu Jeff Hardy chegar intoxicado ao ringue e completamente incapaz de desempenhar o seu trabalho devidamente. E o sangue frio de Sting em resolver os problemas da forma mais difícil, polarizadora mas, no entanto, correcta. Também não são de esquecer os cânticos do público, recebidos com concordância de Sting, o TNA World Heavyweight Champion que ali defendia o seu cinto. Um caso de uma exposição tremenda que o coloca aqui numa boa posição porque este pin legitimamente forçado partiu do squash mais longo que aqui apresento, com a duração de 1 minuto e 28 segundos. Para quem rangia os dentes em constrangimento enquanto assistia, deve ter parecido bem mais que isso. Ah e um pré-combate bem bem bem mais longo. Demais até. Como seja, felizmente Jeff redimiu-se. E agora está “Broken”. E, nesse estado, bem mais competente e de confiança do que nestes tempos!
5 – Sheamus vs Daniel Bryan, Wrestlemania XXVIII
Na posição 9 mencionei o recorde de um campeonato curto na Wrestlemania. É algo que eles nunca mais tentariam romper, certo? Certo? Fia-te. Quando querem são suficientemente parvos para fazer uma dessas. E ainda mais figuras de urso fazem quando nem sequer conseguem cumprir os seus objectivos. Um dos combates mais infames da história recente da Wrestlemania e que ainda todos nos lembramos de soltar uns três ou quatro palavrões para a televisão/computador quando assistíamos. Daniel Bryan distrai-se com um beijo a AJ Lee e um Brogue Kick repentino de Sheamus dá-lhe a vitória. Em 18 segundos estava resolvido o combate de abertura da Wrestlemania, pelo World Heavyweight Championship, que os fãs ansiavam desde a Wrestlemania anterior quando essa mesma dupla viu o seu combate retirado do card. Da forma mais absurda e, funcionando como dois estalos em resposta ao estalo que este combate foi, conseguiu servir para deixar Daniel Bryan mais popular ainda e ter a certeza que o seu crescimento não parava.
4 – King Kong Bundy vs Special Delivery Jones, Wrestlemania I
Um caso clássico e dos mais antigos aqui. Que foi logo para um tremendo palco, a inaugural Wrestlemania! Também uma prova de que esta gente só nos alimenta de mentiras e nós aqui de boca aberta para consumir. Se deixarmos. Sim, King Kong Bundy era uma besta temível e seria de esperar que um adversário como SD Jones não fosse assim tão longe. O squash era admissível e, de certa forma, esperado. Em 24 segundos estava feito, um esmagamento no canto do ringue foi suficiente para fazer estragos e já dá um tempo impressionante e um recorde para ser escrito. Mas eles ainda nos tentam fazer crêr que foi mais impressionante ainda e que o combate apenas durou 9 segundos, tendo esse como o registo oficial. De um tempo para o outro ainda vai muito segundo, mas não queriam contar todo o momento antes do esborrachamento concreto. Decidam vocês, se forem obcecados com recordes ou não, qual o tempo que consideram oficial.
3 – The Ultimate Warrior vs Honky Tonk Man, SummerSlam 1988
Outro caso bem conhecido. Suficientemente histórico para constar aqui no pódio. Algo fantástico nos livros. Algo no qual também dá para cair encima hoje em dia. A história é conhecida, Honky Tonk Man estava marcado para defender contra Brutus Beefcake que não podia comparecer e exigiu um novo adversário, sem se importar com quem fosse. Foi surpreendido pelo ascendente Ultimate Warrior que arrumou o assunto em 31 segundos. Tempos diferentes, naquela altura foi a melhor cena. Maior pop da noite, aquele recente herói derrotava aquele Campeão convencido e irritante. Muitos foram mais longe ao votar este encontro como… Combate do ano. Sim, tempos diferentes. Nos dias de hoje, que somos todos uns sabichões e estamos sempre chateados, seria diferente. Primeiro, por ser um combate pelo Intercontinental Championship com este tempo. Segundo, por acabar o maior reinado da história desta forma. Terceiro, por expôr Warrior pelas suas limitações, muito baseado em squashes, por não ter a “move set” ou o fôlego para aguentar combates longos. Seria muito diferente hoje, este que ainda é um dos grandes momentos da história. Não sei se a coisa melhorou ou se agora somos todos uns chatos…
2 – Bruno Sammartino vs Buddy Rogers, 1963
Ah, estes tempos que bem nos lembramos! Estávamos todos nós a completar o crisma! Podemos nós não ter vida para nos lembrarmos disto mas conhecemos a história. Mas conhecemo-la toda? É que parece que ninguém a conhece bem. Já o primeiro ponto: todos conhecem aquele humilde reinado de 8 anos de Bruno Sammartino. Muitos saberão que bateu o original “Nature Boy” Buddy Rogers para o conseguir. Mas todos sabiam que ele o fez em 48 segundos? O que parece que nunca se vai saber é a razão. Buddy Rogers sempre jurou que tinha sofrido um ataque cardíaco na semana anterior e que tinha sido forçado a sair da cama do hospital para cumprir a sua presença no combate e perder rapidamente. Sammartino já negou isto apontando testes médicos feitos a todos os competidores e o facto de Rogers não ter ficado inactivo após esse encontro. Sammartino e a maioria defende a razão mais simples. Um squash rápido era uma boa forma de capitalizar as popularidades de ambos que eram, vá… O 8 e o 80. Foi assim, de forma tão rápida, que começou o maior reinado da história. Mas agora imaginem que era assim que acabava!
1 – Diesel vs Bob Backlund, House show em Madison Square Garden, 1994
Sim, criei uma disputa entre este e o segundo classificado por esta primeira posição. Ambos foram pelo maior prémio e ambos têm um gigante impacto histórico. Muitos verão o início do reinado de Sammartino como o mais importante e é perfeitamente legítimo mas baseei-me no factor surpresa. Sim, o anterior também teve muita. Mas este veio já na altura do produto televisivo estabelecido e aconteceu, tão rápido e num evento ao vivo, sem transmissão televisiva. Um house show. Três dias após um Survivor Series que viu Bob Backlund vencer o WWF Championship – com o qual voltava a ser premiado após uma surpreendente Heel Turn e pifanço da caixa córnea que ainda é mantida até hoje – a Bret Hart num fantástico espectáculo de mais de meia hora – o recentemente tornado Face Diesel bate-o pelo título em 8 segundos. 8 segundos. Sem câmaras a transmitir em directo ou a gravar para mais tarde. Sem história a construir. Foi o suficiente para nos dar esta surpresa e o primeiro reinado de Diesel. Aviso que devemos estar sempre alerta e à espera de tudo. Ou talvez não, porque assim desta forma pelo menos, não tornou a acontecer…
E assim acaba o Top Ten. Mais tempo perderam vocês a ler tudo o que aqui disparatei do que todos estes a competir juntos. Combates tão rápidos e eu aqui a ser tão extenso e a maçar tanto. Até aqui na conclusão já estou com demasiada conversa. É para ficar por aqui e deixar o resto para vocês. Que tenham gostado e que participem, comentem sobre o que acham da recorrência a este método, os combates aqui apresentados, quais se lembram e o que acham deles. E, claro, isto acontece mais vezes, algum caso que considerem importante e que não está aqui na lista. A minha palavra e a minha listagem não vale assim muito, a sério. É tudo isto que tenho para vos dizer, também é tempo de me squashar daqui para fora e voltar na próxima semana. Fiquem bem e bom Halloween!
4 Comentários
Excelente artigo. Senti falta do Rey VS JBL na WM 25, combate que encerrou a carreira do comentador do SmackDown Live.
“(…)Nos dias de hoje, que somos todos uns sabichões e estamos sempre chateados, seria diferente. (…) Não sei se a coisa melhorou ou se agora somos todos uns chatos…”
Parabéns a Chris JRM pelo texto, sobretudo por esta construção acima.
O artigo está excelente, ia comentar os combates mas nada do que eu ou qualquer pessoa possam dizer vai ficar acima disto: “Benoit sempre eficaz nas suas submissões e em finalizar o seu oponente de forma rápida. Sim, eu li o que escrevi, vou parar por aqui.” – Oficialmente, levas o prémio, ÉS O MAIOR.
“Benoit sempre eficaz nas suas submissões e em finalizar o seu oponente de forma rápida. Sim, eu li o que escrevi, vou parar por aqui” – Ladies and gentlemen, WE HAVE A WINNER! Muito bom ahahahah!
Para não variar um artigo espetacular!