E bem-vindos a um novo Top Ten! E vejam lá se não fui criativo neste título? É porque dá para isso, afinal de contas parece que esta brincadeira pegou moda actualmente.
Roman Reigns parece que não consegue a simpatia do público nem que seja assassinado. Algo que quase tem vindo a acontecer literalmente em tempos recentes, às mãos de Braun Strowman. Chris Jericho lá foi mandado de “férias” por um enxerto do Kevin Owens. Baron Corbin vai estando suspenso, em storyline, por ataques à doido. Já ele antes tentou esmagar o Dean Ambrose. E nesses tempos pré-Wrestlemania, ainda nos lembramos bem da espera que AJ Styles fez a Shane McMahon. Anda tudo tolo. Ainda deve haver algum iluminado que se queixe de uma classificação televisiva sem saber bem o que ela significa mas, se me perguntam a mim, a WWE anda nas suas fases mais violentas em muito tempo.
O que me leva a recordar, qual sádico e doente, uns quantos linchamentos que já foram feitos num ringue ou perto dele. Umas olhadelas à história e a algumas das mais perturbadoras cargas de porrada que se viram no wrestling. Se Reigns tem pesadelos com Strowman, Jericho com Owens e o Randy Orton com um frigorífico, vejamos outros casos, uns mais violentos que outros.
10 – The Acolytes aos Public Enemy
Algo natural, sendo uma das equipas, veteranos da ECW, e a outra a famosa dupla de Bradshaw e Ron Simmons, dupla de durões da Attitude Era. Pegar-se à porrada assim mais bruta já é de esperar. O que isto tem de especial é o que ainda hoje se discute e debate: quão “falso” foi isto? Nesta indústria “a fingir”, que ainda puxa uns quantos super-informados a dar-nos a novidade de que não é a sério quando nos apanham a ver ou a falar no assunto, de vez em quando lá vem um momento em que a linha a separar a realidade do kayfabe fica finíssima. Diz-se que, com a chegada dos Public Enemy à WWE, vindos da ECW, tinham algum heat no balneário e desrespeitavam outros lutadores. Diz-se também que planeavam que os Acolytes mandassem os Public Enemy por mesas dentro, que era meio a cena deles, para desencadear uma feud mais duradoura mas que os ex-ECW recusaram, precisamente por ser meio a cena deles. Então diz-se também que Bradshaw e Simmons decidiram fazer as coisas acontecer, nem que fosse à força. Todo o combate foi uma curta exibição de pancada one-sided, os Acolytes a dar aos Public Enemy, com pancadas bastante stiff. Vejam por vocês, eu mantenho-me céptico. Há momentos em que parecem ter cuidados nas pancadas e em que os Public Enemy estão meramente a fazer o seu trabalho de selling. Por outro lado, conhecendo JBL e o “amor” que ele tinha pela ECW – quem não se lembra das murraças a sério que ele trocou com o Blue Meanie em ringue e a consequente tentativa de lhe transformar os miolos em papas com uma cadeirada do Stevie Richards? – e olhando para a força daquelas cadeiradas que ele mandava e para as suas patadas na cabeça… Dá para pensar…
9 – Sheamus ao Jamie Noble
Até pode nem ter sido uma daquelas sovas longas e contínuas. Mas teve demasiada precisão e efeito. Sheamus, pouco depois da sua chegada, era um Heel imparável e destructivo. Era colocar-lhe as presas no ringue e ele destruía-as. Naquela noite, o felizardo era Jamie Noble. Antes do combate, Sheamus deu a típica promo ameaçadora Heel em que afirma que naquela noite acabaria com a carreira de Noble. Conversa do costume. Chega ao combate e assim que a coisa se começa a descontrolar, Sheamus atira Noble para o chão do exterior, com demasiada força e causa uma má aterragem, deixando Noble em apuros. A câmara e o microfone aproximam-se de Jamie Noble e é difícil ouvir a sua respiração. Algo estava errado, ele não estava apenas a vender. O ex-Cruiserweight Champion tinha mesmo lesões internas, que viriam a obrigá-lo a retirar-se dos ringues, exceptuando algumas competições esporádicas que vai tentando. Sheamus disse que ia acabar com a carreira dele. E o sacana acabou mesmo…
8 – Abyss ao Rob Van Dam
Por acaso isto é um momento entre vários. Assim tão bruto, não acho, mas a TNA nunca teve muito medo de apresentar algumas coisas assim mais exageradas e surreais, especialmente nesta fase. Nunca tão hilariante como Samoa Joe a ser raptado por ninjas, neste segmento abordou-se algo tão mundano como uma tentativa de homicídio. Violência gratuita e mais “além do risco”, teve que acontecer offscreen para que o que vissemos fosse apenas a consequência. E pronto, enquanto o ringue se enchia de malta – uns quantos velhotes da ECW – a criar um segmento de pancada velha já por si, a câmara corta para os bastidores onde Abyss, aparentemente, fez algo atroz. E vemos RVD no chão, coberto de sangue, qual vítima num filme de terror, enquanto Abyss grita com a Janice na mão, também ela encharcada de sangue. Pronto, assim na boa, temos um segmento em que um wrestler tentou matar outro e nem sabemos se sucedeu ou não. Um bocado demais e também difícil de acreditar – apesar que o realismo depois no Impact chegou a um ponto de ficar OBSOLETE – e ficamos a pensar se quem escreveu isso não tinha pedido alguma “medicação” ao RVD para achar que era uma boa ideia…
7 – Undertaker ao David Flair
Sim, só resta amor por Undertaker actualmente, ele conquistou esse estatuto, e ainda estão muitos a processar a sua reforma. Lendário, dos melhores de sempre. Mas com uma carreira tão cheia, nem sempre foi um tipo sinistro mas adorável, o gajo foi um sacana muitas vezes. Nos tempos dos Ministry of Darkness, ele tinha lá a mania de crucificar pessoas, enforcar o Big Boss Man, tentar sacrificar a jovem Stephanie McMahon ou dissecar Steve Austin. Pronto, cenas banais dessas que qualquer Sami Zayn ou os New Day andem por aí a fazer semanalmente. Também teve a sua fase como “American Badass” em que fazia muita asneira e… Pronto, não era assim muito boa pessoa. Rivalizou com Ric Flair e este recusava um combate com ele. Undertaker sacou desse combate à porrada. Mas não nele. No filho. Foi ter com David Flair ao centro de treinos e lá deu uma sessão gratuita de pancadaria para persuadir o pai a vingar-se. Deixou o desgraçado ensanguentado e com problemas de respiração e a deixar o público a ponderar se não iam assistir mesmo a um colapso do rapaz ali em TV. É, não era muito simpático o Undertaker, nesta altura. Mas vá lá que se virou para o filho e não para ainda menina e indefesa filha!
6 – Eddie Guerrero ao Rey Mysterio
Ah, Eddie Guerrero. Tão bom a qualquer coisa que de vez em quando lá tinham que lhe dar o papel de vilão porque ele também o desempenhava tão bem. Com um enorme problema: como raio se faz alguém não gostar dele? Superstar que tinha em tácticas Heel um dos elementos favoritos do público, não ia poder ser esse tipo de Heel. Se calhar era preciso ir cavar fundo e trazer outra coisa: um Eddie Guerrero mais sádico. E um alvo fácil, não podia ser um Face qualquer. Ainda bem que ele não tinha um Roman Reigns no tempo dele, senão aí é que não virava por nada – e se tivesse o plantel de agora naquele tempo, claro que seria o Sami Zayn a levar, quem mais leva de todos? Teve que recorrer ao derradeiro underdog, Rey Mysterio. Virar-se contra ele é um bom passo. Virar-se contra ele de forma violenta já é qualquer coisa. Virar-se contra ele com uma carga de porrada, a culminar em sangue e a deixar criancinhas a chorar… Isso sim! Temos aqui qualquer coisa! Foi dessa forma que Eddie se tornou vilão e que vilão. Porque, lá está… Ou ele é/era tão incontornavelmente bom ou nós somos uns doentes… É que acho que nem assim se consegue deixar de gostar dele!
5 – Triple H ao Ric Flair
Muito marcante para mim pessoalmente. Ainda era eu um principiante a assistir a isto, quando este momento ocorreu, em 2005. Já tinha noções de violência e de sangue a escorrer pela cara dos lutadores. Mas ainda não tinha apanhado algo tão violento como isto. Triple H, um dos poucos lutadores que eu já conhecia antes de assistir ao produto, regressava e tinha-me bastante entusiasmado por isso mesmo. Fez parceria com Ric Flair e venceu. Foi a celebração que chocou o pobre miúdo em mim, quando Triple H surpreende e ataca Flair à marretada, abrindo-lhe a cabeça, repetindo a pancada e estendendo a violenta sova pelo backstage fora enquanto gritava que ele era o Triple H. E até foi algo bom de se gritar pois, para mim, foi um derradeiro momento de definição. Fiquei chocado com a violência do segmento e com Triple H mas não tardaria nada a tornar-se um dos Heels – juntamente com Edge – que eu não conseguia deixar de gostar, por muito mark que fosse. E toda a consequente feud tinha-me colado ao ecrã, em que Triple H ainda viria a levar de Flair e Flair viria a levar de… Bem, de Flair. Ainda é ele o único a acabar uma promo completamente ensanguentado. Já eram dois lendários lutadores por esta altura mas estavam a dar-se a conhecer para mim. E aquele violento e sangrento segmento e toda essa rivalidade definiu os dois Superstars, para mim, para sempre.
4 – Braun Strowman ao Roman Reigns
https://youtu.be/JXTOH9jhbOg
https://youtu.be/QA4S3XioXQM
https://youtu.be/8Y_kgVQrvl8
Um bem recente e marcante. Aparece aqui com uma entrada dupla/tripla e vem de aclamados segmentos que todos adoraram. Não só porque a malta agora tem muito gosto em ver o desgraçado do Roman Reigns a levar na boca mas também porque foram muito brutos, bem feitos e… Inesperadamente hilariantes. Sim, andar por aí a atirar gajos de maca, de alturas, para o cimento e virar ambulâncias ao contrário não é bem a típica fonte de riso mas há algo naquela forma cartoonesca como Strowman regressava sempre a dizer que ainda não tinha acabado que causava o riso e nos fazia imaginar esta história a durar para sempre, até serem dois velhos de canadianas num lar de idosos, onde um velho e lento Strowman ainda surpreenderia e atacaria Reigns. E a coisa não tinha acabado mesmo porque ainda faltava o Payback, onde Strowman voltou a dar um enxerto de porrada perturbador, a culminar com degraus de aço no abdómen de Reigns, deixando-o a cuspir sangue e a transmitir uma imagem frágil, chocante e preocupante. Para o rapaz finalmente ter alguma simpatia do povo. Ou então não, esta malta é mesmo maldosa e ainda agradecia Strowman e cantava ao Roman que ele o merecia. Umas jóias. No entanto, tem que se dar crédito onde é merecido. Estupendo trabalho de selling de Roman Reigns. Além do sangue na boca, há que atentar à sua respiração, no backstage, quando se dirige à ambulância, que admito que me deixava bastante desconfortável enquanto assistia. Mas, lá está, mais uma vez ouvimos um hilariante “I’M NOT FINISHED WITH YOU!” que, para mais risadas ainda, culmina num Strowman a falhar o alvo e a levar a porta da ambulância pela frente, qual personagem de desenho animado desajeitado. Mas não se deixem enganar pelos pormenores cómicos. Foram segmentos intensos e bem violentos. E onde tem que se fazer uma vénia ao papel desempenhado por Roman Reigns. Seus insensíveis!
3 – Brock Lesnar ao Zach Gowen
Sim, o Brock Lesnar. Podia ter aqui uma entrada só com o seu nome que já sabemos que o método dele é o de porrada velha. Tanto em tempos recentes quando faz do Cena gato-sapato ou deixa o Randy Orton a repousar a cabeça numa almofada do seu próprio sangue, como antigamente quando não se contentava com acabar os combates. No meio dessas cargas de lenha todas, tem que se destacar uma mais insultuosa. Quando uma besta como Brock Lesnar ataca e destrói um rapazito perneta. Zach Gowen, o célebre lutador de uma só perna, que assinou com a WWE para ser saco de pancada, levou de Lesnar numa horrível sessão de pancadaria sádica. Com mais uma cerejinha podre no topo desse bolo de pus e bílis: espancou o moço à frente da mãe, que se encontrava na primeira fila. Desde abrir-lhe a cabeça à cadeirada e cair à cabeçada na ferida aberta do miúdo, a atirá-lo, de perna, contra o poste, repetidamente e a tentar deixar o pobre coxo sem a única perna que tinha, com cadeiradas, até a pobre mãe em sofrimento avançar a barreira para ver se a coisa não piorava. E aqui Lesnar era, também ele, um jovem miúdo em crescimento. E já era um animal dócil assim…
2 – Triple H e Stone Cold à Lita
Foi uma parceria improvável mas de muito sucesso. Quando Triple H e Steve Austin se juntaram numa aliança a que chamaram de “Two-Man Power Trip” foi só para fazer asneiras e para ser dos Heels mais desprezíveis que podiam andar por aquele plantel. E tinham actos para construir essa imagem. Como consequência de uma muito boa feud com os Hardy Boyz, vem um segmento difícil de ver. É com Lita que sabemos bem que é uma rapariga rija e com mais dureza que muito macho que ande por aí a flectir músculo. Já a vimos a brutalizar o próprio pescoço e a sangrar em abundância nos nossos ecrãs, sabemos que ela nunca foi mole. Mas o ataque de que ela foi aqui vítima é bruto e perturbador de assistir até se fosse feito a um outro Superstar forte e de boa estatura e composição. Quanto mais ver aquelas repetidas e contínuas cadeiradas – bem fortes e algo stiff – a embater contra um corpo que, mesmo que rijo como já disse, é mais pequeno, menos volumoso e aparentemente frágil que muitos outros a quem Triple H ou Stone Cold pudessem dirigir a sova. Alguém da “sua liga”. Mas ela levou e aguentou com isso tudo. Eu, no lugar do Matt Hardy, se visse a minha miúda e levar uma daquelas, até eu ficava “Broken”…
1 – The Rock ao Mankind
A feud entre Mankind e The Rock foi fulcral e incontornável na Attitude Era mas também muito violenta e com alguns momentos controversos. Como o infame combate “I Quit” que teria morto um comum mortal como nós mas que foi aguentado e superado por um gajo feito de um material qualquer ainda não identificável, como Mick Foley. The Rock precisava de ser bastante violento para vender a sua personagem na história e conseguiu sê-lo. E de que maneira. Um momento-chave seria uma cadeirada a Mankind. E temos que lembrar que cadeiradas, normalmente, são recebidas pelos lutadores, frequentemente, com protecção das mãos, mas mesmo assim encontram-se banidas por serem tão perigosas na mesma. Neste cenário… Mankind estava de mãos atadas atrás das costas… Pronto a levar com umas senhoras cadeiradas que não levava qualquer travão da parte de Rock. E é aqui que entra a parte polémica e que virou muitos contra The Rock, culpando-o de ir longe demais. Outros viram-se a Foley por achar que ele estava a abusar na exibição da sua própria dureza e pediu mais. No entanto é possível que tenha sido tudo fruto de falta de comunicação e do segmento já ser tão bruto de si. É possível que logo com aquela cadeirada, Foley tivesse apagado e perdido os sentidos naquela posição ou que tivesse entrado nalgum estado de choque. Logo ele não caiu e provavelmente era suposto. O que levou à reacção de Rock… Continuando a disparar cadeiradas letais até o gajo tombar, mais um bocado, nem que fosse sem vida. Talvez The Rock se tivesse precipitado ou soubesse que Foley era um gajo, vá… Diferente. Mas foi uma manobra arriscada. E ainda por cima à frente da mulher e dos filhos de Foley que assistiam ao pai-da-família a jazer no chão, sem qualquer indicação de que não estivesse já com danos cerebrais a deixá-lo em estado vegetal no futuro. É verdade que Mick Foley já não parece funcionar a 100%, mesmo a níveis da cabeça, mas depois de todas que levou incluindo esta… Ele está demasiado bom! O gajo é mesmo feito de outro material!
Bom, chega de pancadaria. Sim, porque nós vemos wrestling pelo pacifismo. Mas como esta é mais à bruta, vamos mesmo colocar uma paragem na violência toda e concluir o Top Ten. Pelo menos da minha parte. Porque agora tem a vossa parte, meus estimados sádicos, de comentar estes segmentos e o gozo que vos dá ver uma sessão de porrada velha como estas. E, claro, num artigo como este, de memória e alguma pesquisa, falta muita coisa e convido-vos a prosseguir o arraial de batatada com outros exemplos de que se recordem. Já não está nas minhas mãos. Mas voltarei a sujar as mãos com mais qualquer coisa na próxima semana, quando trouxer novo tema. Até lá fiquem bem e, eu sei que vos digo sempre para se portarem bem mas, olhando para o que aqui listei e sabendo que são adeptos do cenário onde acontece este tipo de coisa… Agora digo mesmo a sério: portem-se bem!
5 Comentários
Excelente Top, porém como você pode deixar de fora o ME do SummerSlam 2014? O início da Suplex City no Mr. Cenation…
Kill Owens Kill, esse combate é um menino em comparação a estes vídeos todos.
Rapaz, pois se eu tivesse que escolher entre levar uma sova do Lesnar e alguns desses videos, eu com certeza não iria contra o baixinho campeão Universal. E o Cena sabe disso muito bem, é o saco oficial de pancadas do Lesnar, pois ainda tem a sova sangrenta que ele levou em Chicago em 2012.
As tuas escolhas foram muito boas mas eu gostei também da do Bobby Lashley e do Finlay, muito parecida com a do Strawman e do Roman, tirando a ambulância, e a da Team RAW contra Team Smack Down! em Novembro de 2005
Bom Top Ten.