Sejam bem-vindos a mais um Top Ten que vos chega já após o muito entusiasmante Survivor Series colocou o Raw e o SmackDown frente-a-frente a ver qual deles é o melhor, enquanto o NXT solta umas risadas com o WarGames que também apresentou neste fim-de-semana. Ainda nada sei sobre qualquer um dos eventos, mas essa previsão acho que a posso fazer.
Mas vamos então reflectir sobre as turras entre o Raw e o SmackDown, agora que suponho que já tenham acalmado. É aquela altura do ano. Já acontecia antes, fosse anual ou porque lhes apetecesse, mas olhemos para dez momentos da rivalidade entre a brand azul e vermelha, quer sejam conceitos, rivalidades ou momentos exactos.
10 – Randy Orton vs Brock Lesnar
Isto calhou ser assim. Não era intenção ser algo entre brands mas tornou-se assim porque a separação dos plantéis que tivemos o ano passado que nos trouxe esta divisão de volta calhou a meio. Nem história tinha, apenas tínhamos Brock Lesnar a regressar porque era aquela altura do ano e Randy Orton a regressar de lesão, achavam que se completavam, anunciaram e venderam-no como um combate quinze anos a ser feito.
Entretanto chegou o primeiro “draft” divisório do plantel e Brock Lesnar ficou-se pelo Raw e Randy Orton partiu para o SmackDown, acabando por fazer desta a primeira rivalidade inter-promocional. Que deu para um par de invasões. Que podia ser só pelo hábito de aparecerem nos dois. Primeiro foi Randy ao Raw, entregar um RKO em mão a Lesnar. Depois Lesnar foi ao SmackDown dar-lhe o troco. Já percebíamos como era a brincadeira e o SummerSlam estava já ali.
Como bem nos lembrámos, Randy levou a sova da vida dele e, mesmo sem rivalidades de brands e até com pouca motivação pessoal, Lesnar ia assassinando Orton ali porque acharam que era o finish ideal. Olhando para uma guerra de brands, a julgar pela quantidade de vermelho no ringue, assumimos logo que ganhou o Raw.
9 – Os velhos Drafts
Um plantel para cada lado mas a coisa estagna. Tem que se ir refrescando a coisa uma vez por ano – ainda bem que não andaram para a frente com aquele rumor dos dois por ano, aí já agitavam demasiado a coisa – e só trazer talento novo não chega. Tem que se fazer umas troca anual. O bom e velho “Draft” que acabava por ser uma das noites mais entusiasmantes do ano. Logo, a entrada no número 9 é um conceito geral em vez de um particular momento.
O último que tivemos não foi um “draft”, foi um “Shakeup”. Porque eles gostam de mudar o nome das coisas. Ou porque um “draft” também se refere ao alistamento compulsivo e forçado de militares e, numa altura, em que a Terceira Guerra Mundial corria/corre o risco de despertar a qualquer dia, mais valia afastarem-se disso. Aí o conceito era mais básico e apenas tinha os Superstars a aparecer no programa a marcar presença, como forma de dizer que agora faziam parte daquilo. Antigamente era mais giro com os sorteios. E ainda tinha o conceito de ter ambas as brands a lutar entre elas para ganhar uma transferência. Por vezes em battle royals em que gajos eliminavam os da própria “equipa” porque estavam bem marimbando-se para o que era e estavam a pensar neles.
Outra coisa que também trazia era “shenanigans”, como vimos naquele que penso ter sido o último “draft” até largarem a separação de brands – corrijam-me se estou errado. Em que lançaram a bomba que John Cena era transferido para o SmackDown e saía da “brand principal” pela primeira vez em anos. Tudo para, no final do mesmo episódio, ser transferido de volta para o Raw, só para ter a certeza que nada mudava e todos éramos parvos. Seria a última vez que Cena saltava e bailava de brand para brand até… agora?
8 – Bragging Rights
Um PPV, uma altura do ano em que Raw e SmackDown e rivalizavam, culminando no evento em que batalhavam, com duas equipas numerosas frente-a-frente para descobrir qual das duas era superior. Sim, é o que acontece agora com o Survivor Series só que tinham um outro evento para isso e chamavam-lhe Bragging Rights. Com algumas diferenças, vá.
No Bragging Rights, não era tudo Raw vs SmackDown. Havia Campeões demasiado preocupados com defender o seu título contra alguém da própria brand como normalmente, para se estar a envolver nisso. Era só uma parte do card que era dedicada à competição interpromocional. Também era atribuída uma taça à brand em supremacia, primeiro para a que tivesse vencido mais combates, depois simplesmente para a que vencesse o combate 7-on-7.
Também contará como uma diferença o facto de apenas ter durado dois anos, entre 2009 e 2010, com apenas duas ocorrências anuais. O certo é que o Survivor Series como o ponto de encontro entre Raw e SmackDown também só atingiu agora o seu segundo ano, mas até gosto desse conceito atribuído ao velho PPV. E sem necessidade de taças porque isso custa dinheiro e, olhando para a da “Andre the Giant Memorial Battle Royal” aquilo traz bem absolutamente nenhum.
7 – … vs ECW
Houve aquela altura em que havia mais uma. Era mais pequenina e, com o tempo, cada vez mais discreta, mesmo que subvalorizada simplesmente porque o produto não correspondia àquelas três letrinhas. Não quer dizer que andassem sempre às cabeçadas entre as três, mas de vez em quando também tinham que o ir fazendo.
Se os plantéis não eram bem iguais para se trabalhar uma rivalidade a sério – coitada da ECW – eles olhavam para outra maneira de se representar cada uma. Ironicamente quando a ECW tinha um plantel maior, que era ao seu início como marca da WWE. Simplesmente colocando os seus Campeões principais, o WWE Champion, o World Heavyweight Champion e o ECW Champion a disputar quem era o melhor, quais putos no balneário a ver quem a tem maior. Admitamos, o wrestling está cheio disso.
O momento mais curioso terá sido no Cyber Sunday de 2006. Rivalizavam os três Campeões que eram John Cena, (King) Booker T e Big Show. O Cyber Sunday era o PPV temático que deixava o povo votar em três opções para um Superstar, ou estipulação ou o que fosse. No caso destes, o main event seria uma Triple Threat entre aqueles três senhores, com um dos títulos em jogo: decisão que cabia ao povo. Foi seleccionado o World Heavyweight Championship de King Booker, que este foi capaz de reter. Porque independentemente de qual fosse, ia ganhar o seu detentor, porque esta brincadeira não ia ser para um gajo andar com mais que um título. Era mesmo só para ver quem a tinha maior…
6 – Brock Lesnar vs Goldberg
Não é essa aí que ainda nos assombra recentemente. Curiosamente, foi no Survivor Series do ano passado, quando Raw e SmackDown andavam às turras que tínhamos um main event em que esse não era o assunto, mas sim Goldberg a destruir Lesnar em segundos e deixar toda a gente de boca aberta. Não era entre brands, porque tudo se passou no Raw e eu até achava que o Goldberg era uma espécie de “free agent” que claro que não ia sair do Raw.
Refiro-me ao caso mais antigo. Porque estes dois já fizeram porcaria coisas antes. Quando Lesnar pertencia ao SmackDown, em 2004 e Goldberg ao Raw, aquilo era uma espécie de “dream match” em que ainda não dava, com um para cada lado. Foi preciso dar-se o Royal Rumble, noite em que os temos a todos, para Lesnar meter a pata na poça e dizer que não restava ninguém que o conseguisse bater, tirando aquele gajo tolo do Raw que não gostou de ouvir isso. Já aí começaram os conflitos e instalou-se a rivalidade entre Superstars de brands diferentes, para culminar na Wrestlemania.
Que também era o combate entre os dois tipos que iam embora logo a seguir e estavam ali, permitam o uso do bom Português, completamente a cagar-se para o que estavam a fazer. Saiu uma bela borrada de combate, com os fãs a fazer ouvir o seu desagrado. Goldberg ganhou, pronto. Mas tivemos que esperar uns bons anos para finalmente vermos estes dois a enfrentar-se numa fantástico embate de segundos!!
5 – Foi ainda no ano passado
Parece ser a nova tradição. Mantêm-se os combates tradicionais de eliminação, o original conceito do Survivor Series. Mas com a chatice de ter que misturar feuds e nem sempre dar para agendar uma equipa inteira, é giro se se arranjar uma outra desculpa. Pronto, a altura do ano em que Raw e SmackDown competem um contra o outro. Perfeito e até temos bons segmentos. Aliás, agora até parece que “Survivor Series: The Time of the Year When Raw and SmackDown Compete Against Each Other in Head-to-Head Competition” é o nome oficial completo do evento, dadas as vezes que têm que dizer tudo tintim por tintim.
No ano passado, o plantel voltou a dividir-se e lá agendaram este encontro que ainda vendiam como uma colisão de sonho, mesmo que há coisa de uns meses atrás andassem todos a competir juntos como membros de um só plantel mas pronto, entendo o entusiasmo, também eu gostei do regresso da “brand split”. A coisa foi menos agressiva que este ano. Simplesmente tivemos Daniel Bryan e Shane McMahon a desafiar Stephanie e Mick Foley do Raw para a colisão e era tudo mais feito à base dos combates de eliminação do que de Campeões contra Campeões. Duas defesas de título interpromocionais e três combates de equipas: o masculino, o feminino e da divisão de Tag Team. SmackDown saiu por cima no combate principal, Raw venceu os outros dois, com uma retenção de título com sucesso para cada lado.
Mas lá porque não houve nenhum “under siege”, a coisa não foi propriamente amigável e levaram a competição muito a sério. Como sempre, tinham que nos deixar com água no bico com uma invasãozinha ou outra aqui e ali porque faz sempre falta. Representar, com orgulho, as cores da camisola. Que muitos viriam a trocar uns meses depois para, agora, estarem a representar as suas novas cores com o mesmo entusiasmo e empenho.
4 – Teddy Long e Eric Bischoff
Pronto, este Top Ten ao listar grandes momentos refere-se a algo significativo e que tenha tido algum impacto e recordação. Minimamente histórico. Não quer dizer que tenha sido bom. Porque este momento em particular foi uma borrada autêntica, como muitos assumirão e outros se lembrarão mesmo.
De estranhar porque ao olharmos para os nomes de Teddy Long e Eric Bischoff, pensámos logo numa colisão entre SmackDown e Raw, ao vermos dois dos seus maiores General Managers de sempre. Teddy, o nosso “playa” que nos marcava os melhores “tag team matches” e Bischoff, esse tremendo Heel do nosso tempo, que nunca conseguiu abalar o choque de apenas estar ali na WWE. São dois pesos pesados da representação e organização das brands. Uma colisão seria algo incrível. Se não fosse como foi no Survivor Series de 2005… Em que se enfrentaram um ao outro, no ringue mesmo. Pois, assim não.
Um mau combate de comédia entre dois lutadores, a tirar muita seriedade da guerra entre o vermelho e o azul, que viu Teddy Long a sair vencedor e o combate em si também a sair vencedor de alguns títulos de “Pior Combate do Ano”. Só não saiu o público vencedor. Se é para colocar General Managers ou figuras de poder a dar o corpo pela sua cor, que seja como agora, com dois tipos que, ao recordarmo-los juntos no ringue, lembrámo-nos de corpos a sofrer suplexes por vidro dentro e hemorragias internas. E nem é preciso tanto agora!
3 – Eric Bischoff e Paul Heyman
Pronto, para compensar, mais um momento específico, um segmento. Que volta a colocar um General Manager frente ao outro. Mas aqui a coisa já é bem feita, não procura não-combates, apenas um épico segmento. Não sei quanto a vocês mas para mim este é um momento mítico na história do Draft, daí o querer destacar tanto neste Top Ten.
Sim, decorreu no Draft, com Eric Bischoff a mandar no Raw e Paul Heyman, esse tal capaz de tranformar qualquer segmento em ouro, a mandar no SmackDown. Bons tempos. O Draft era através de um sorteio e o nome que seria transferido era aleatório, mas manual, com cada um dos General Managers a retirar o nome daquele que viria a ser o seu novo empregado. Desculpa para óptimos segmentos entre estes dois. Vince McMahon já tinha anunciado que todos os nomes eram válidos para o sorteio.
Dá-se o grande momento quando Bischoff não consegue acreditar no nome do SmackDown que lhe calha. E anuncia, pomposo, que quem seria transferido para o Raw era… Paul Heyman! O ex-promotor da ECW bem tenta batalhar, incrédulo, mas Bischoff já tinha planos para fazer dele mulher-a-dias pessoal, ou o que fosse. Heyman apenas vê uma saída e, de forma ruidosa, demite-se. Um dos grandes momentos do WWE Draft para mim. Não aquela treta daquele bailinho com o Cena…
2 – Under Siege
Também é o nome de um filme do Steven Seagal. Tipo, o melhor dele ou único de jeito, com reconhecimento de Óscares de produção e com outros actores a receber aclamação. Pronto, mas depois de inaugurar a improvável menção do Steven Seagal aqui no Top Ten, fica de sublinhar que, choquem-se, não é importante para aqui. O “under siege” a que me refiro aqui é a recente invasão e destruição do Raw, por parte do SmackDown. O caos que originou a história que culminou na noite passada.
Foi o que Shane McMahon lhe chamou quando mandou a macacada toda para destruir o cenário e dar porrada em tudo o que pisasse um ringue do Raw. Durante umas semanas, o que o Raw fez como resposta, além de um ataque a Daniel Bryan – por parte de Kane, que eu vi apenas como uma reunião muito conturbada dos Team Hell No – foi… NOTTIN’! Foi o que os New Day foram lá de propósito dizer. Trocaram Portugal por isso, mas pronto, a gente perdoa, até porque tenho a certeza que foi para originar o melhor combate da noite passada, wild guess.
A resposta veio no último SmackDown e Shane McMahon levou. E levou bem. Curiosamente, não parecia uma vítima, continuava a parecer apenas um vilão a pagar pelos pecados. Como a coisa se terá desenrolado na noite passada… No momento em que escrevo não dá para saber, não sou bruxo. Mas foi um momento bastante memorável, de hostilidade divertida de se ver, que até lhes ajudou nas audiências. Souberam fazer uma coisa boa para esta altura especial do ano.
1 – Tudo “under siege” há uns anos
Para a primeira posição fica uma história que acho que foi uma grande storyline do seu tempo. Foi dos meus tempos iniciais, quando via o Raw e o SmackDown como dois universos completamente separados. A interferência de um no outro era vista por mim com muito entusiasmo e andava a gostar de ver os conflitos. Foi em 2005 e também andava toda a malta “under siege”, os de um lado e os do outro.
Lembro-me do acordo em que haveria um combate do SmackDown no Raw e vice-versa, mas que seriam interrompidos – foi o Bischoff que começou, que deu no conflito e em interferências. Lembro-me de um instante com um combate que viu – acredito eu que fosse o Edge – a ser interrompido brevemente pelo tema de entrada de JBL, causando a distracção. A coisa acabaria por ficar preta e enfrentariam-se no Taboo Tuesday, o tal PPV ineractivo, o que veio antes do Cyber Sunday que já aqui mencionei. Tal como agora, também foi culminar num embate Raw vs SmackDown no Survivor Series, no combate tradicional de eliminação, que veria o SmackDown sair vencedor.
Também invadiam as casas um do outro. Umas vezes até eram convidados para segmentos de bate-boca e bate-o-resto. Outras vezes eram mais directos ao assunto e simplesmente faziam uma espera no parque de estacionamento para desatar tudo à bulha. Foi uma boa rivalidade, prototípica da que tivemos agora e que considero uma boa representação das rivalidades entre Raw e SmackDown. E foi daqui também que saiu o combate entre Bischoff e Teddy Long, logo não pode tudo ser bom.
Pronto, estão dez, está tudo, não tenho mais razões para continuar a gastar o vosso tempo. Top Ten concluído, espero que tenham gostado do tema que até tem a sua previsibilidade. Mas que dê para comentar o assunto, os vossos favoritos daqui, que menos gostam, o que acham de conflitos entre Raw e SmackDown e alguns dos vossos momentos favoritos, também podem ser segmentos específicos dentro de algum conceito que aqui esteja. É o costume, mas eu gasto sempre linhas aqui.
Mais linhas penso gastar na próxima semana com mais uma edição que lá farei para a trazer de novo. Até lá fiquem bem e, agora sim, por muito que custe admitir o tempo a passar, já começa mesmo a cheirar a Natal! Até à próxima!
5 Comentários
nice artigo, especialmente o call back do bragging right
Excelente artigo.
O SD VS Raw de 2005 foi mesmo demais.
Bom artigo,.
Gabriel
Gabriel Silva Pereaira