Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!
Passados já uns bons dias desde o último show da AEW antes da estreia do seu programa de televisão semanal, cumpre analisar as histórias que o seu booking nos reservou na nova fase que esta empresa tão expectante irá iniciar. Impõe-se, então, uma análise aos vários cards, histórias e rivalidades presentes no All Out, especialmente considerando que marca o final de uma fase embrionária da AEW, que iniciará um novo período brevemente.
Contando com 4 eventos no total, o Double or Nothing, o Fight for the Fallen, o Fyter Fest e o All Out, esta fase marcou-nos, a nós fãs, mas também a todo o mundo do wrestling, não só pela novidade e alta qualidade dos combates que sempre fazem parte dos seus shows, mas igualmente por ser a primeira empresa em muito tempo (talvez desde os anos prósperos da TNA), que a maioria considera que poderá ser não só competição, mas verdadeira competição para a WWE. O facto é que num curtíssimo período de tempo, a AEW conseguiu investidores, patrocinadores, um roster super talentoso, arenas razoavelmente bem grandes preenchidas e um programa semanal prestes a estrear.
Tudo isto nasceu de uma vontade. Cody Rhodes e The Young Bucks com o seu All In captaram mais do que a atenção dos fãs para um óptimo show que podiam ver, mas também o seu desejo em ver mais do que tinham para oferecer. O seu nome grande no wrestling fora da WWE, ao qual se juntou o de Kenny Omega, Chris Jericho e muitos outros, ajudou a criar uma expectativa tão grande na marca Elite, do qual nasceu uma das maiores empresas de wresting no mundo, que já é a AEW. Sem dúvida que por esta história e conquistas já obtidas, a aura de especialidade que ronda o nome AEW é enorme.
Aponto, no entanto, desde logo, um ponto negativo a este período inicial da AEW: o tempo de duração dos shows. A meu ver, contaram sempre com muitos combates, talvez demasiados, o que aumentou o número de horas de cada evento. Compreendo que, para uma empresa que se encontrava a produzir shows de 2 em 2 meses praticamente, não fosse fácil contar as suas histórias de outra maneira, mas penso que tal deixará de ser necessário aquando do início do programa semanal desta empresa, podendo os seus maiores shows dispensar algumas horas e impedir o cansaço e a criação de desinteresse que a sobre-exposição dos lutadores causa.
Por fim, quanto ao programa de televisão propriamente dito, é animador saber que contará com 2 horas e não 3, como o RAW, restando, desta forma, trabalho para apenas um aspecto relativo a si: o seu nome. É difícil figurar que nome pode assumir um programa de wrestling semanal numa empresa tão refrescante como a AEW, mas há algo do qual não podemos fugir. Não será pelo nome deste programa ser bom ou mau, simples ou criativo, que a qualidade que nos tem sido oferecida pela AEW será julgada.
E por falar em qualidade, o All Out não ficou nada atrás do que a AEW havia, anteriormente oferecido, muito pelo contrário. Na minha opinião terá sido o melhor que a AEW já produziu. Pelas histórias envolvidas, pelos óptimos combates e pelos resultados, o All Out foi uma noite de surpresas e de bom wrestling. Não irei, contudo, analisar todos os combates do card, mas aqueles que penso terem um foco maior e que merecem uma análise mais detalhada. Ficarão de fora a 3-way entre Jimmy Havoc, Joey Janella e Darby Allin, assim como o Ladder match entre os Young Bucks e os Lucha Brothers. A única coisa que tenho a dizer sobre os mesmos é que ambos foram insanos, a merecer a atenção de todos, pois foram, sem dúvidas, dos melhores combates da noite.
1st AEW Women’s Title Match Qualifying Matches
– Nyla Rose venceu a 21-Women’s Casino Battle Royale (Pre-show)
– Riho venceu Hikaru Shida
Deixo aqui as mesmas críticas que deixei quando Hangman Page se havia qualificado para o primeiro AEW World title match neste mesmo tipo de combate, com muita gente e no pre-show, sem que se sentisse que o mesmo tivesse realmente a mesma hipótese que o Jericho de vencer. Tal como neste caso, teria sido preferível a realização de um torneio ou de séries de combates iguais para todas as lutadoras, mas talvez a ideia para o título feminino fosse coroar a sua primeira campeã da mesma forma que se corou o no masculino, dando uma certa ideia de igualdade entre as duas divisões. Contudo, se fosse por uma razão assim, teria feito mais sentido que os dois campeões tivessem sido coroados no mesmo show.
Apesar disto, não consigo ver tanto erro nesta forma de coroar um campeão como no caso do Jericho e do Hangman. A Nyla Rose e a Rhio fizeram parte de todos os shows da AEW até agora e ambas têm tido destaque. Ambas têm sido posicionadas, muitas vezes, como as estrelas dos seus combates, mesmo que não vençam, por isso, a sua posição não é, nem de perto, nem de longe, tão distante como era com o Jericho e a do Hangman. Contando também que a Rhio havia conseguido um pinfall na Nyla Rose anteriormente, terá feito sentido que uma tenha tido acesso por um singles match e a outra por um combate com muitas competidoras.
Relativamente ao futuro, a Rhio parece ser a aposta segura como primeira campeã feminina da AEW, mas o facto de já contar com uma vitória sobre Nyla e do booking bastante forte que esta última tem tido (ombreou de igual para igual com Awesome Kong, por exemplo, e no All Out foi das primeiras lutadores a começar a Battle Royal e mesmo assim venceu), levanta dúvidas acerca do que a AEW reservou para nós relativamente a este título.
Private Party venceram Angelico & Jack Evans (Pre-show)
Segundo combate do pre-show, mas que surpreendeu pela positiva. Depois da estreia dos Private Party onde estes conquistaram os corações do público, pelo seu estilo exuberante e carisma, quer dentro do ringue, quer fora dele, nada mais se esperaria do que uma oportunidade para os mesmos poderem brilhar na sua segunda aparição pela AEW.
Por outro lado, Angelico e Jack Evans, uma ótima tag team, não têm conseguido muito sucesso em eventos da AEW. Contando que como singles são um bom face e um ótimo heel, respectivamente, será interessante ver como Angelico adopta uma nova forma de estar nos combates e promos, ao mesmo tempo que é ajudado por Jack Evans.
Posto isto, nada mais fez sentido que uma vitória surpresa dos Private Party e de um heel turn dos veteranos que, sem sucesso recente, haviam batido no fundo com esta derrotada. Bom booking, inteligente e que deixa o futuro mais interessante para ambas as equipas, do seria se os veteranos tivessem vencido.
SCU venceram Jungle Boy, Luchasaurus & Marko Stunt
Não é a primeira vez que os SCU fazem parte do opener de um show da AEW. Tal já havia acontecido no Double or Nothing quando abriram o evento com um delicioso combate com os Strong Hearts. Voltaram, também, a fazê-lo desta vez. Contudo, mais do que a vontade de ver os SCU a tomar voos mais altos na AEW e do óptimo combate que estes 6 lutadores entregaram, sobressaiu-me, principalmente, a reacção que o trio formado por Jungle Boy, Marko Stunt e Luchasaurus tem recebido do público da AEW, em especial, este último.
A exuberância deste trio, que conta com uma gimmick de rapaz da selva, um dinossauro que sabe “lucha libre” e de um rapaz incrivelmente pequeno traz imensa vontade de ver mais deste trio, pelas suas personagens, pelos momentos engraçados, mas também, pelos combates muito bons em que o mesmo, ou os seus membros, estão envolvidos.
PAC venceu Kenny Omega
Naquele que terá sido o resultado mais surpreendente do card, mas também no melhor da noite, PAC venceu Kenny Omega. Não será preciso rogar aos demais, a capacidade técnica de ambos e do seu talento para a profissão que ambos decidiram ter. Nem muito é necessário falar na conjugação de vontades e da qualidade que ambos de certeza teriam num combate em que envolveria antes.
Gostaria, no entanto, de realçar a história que ambos os lutadores contaram neste quase 30 minutos de pura magia. Omega estava à espera de Jon Moxley como seu adversário e quase à última da hora recebeu PAC devido a uma lesão do seu oponente. Numa rivalidade tão agressiva que estava a ter dificilmente conseguiria tirar Moxley da cabeça tão cedo. Tal levaria Omega a não pôr, todo o seu foco, no seu novo adversário, cometendo vários erros ao longo do combate, que lhe custariam mais um mau resultado em grandes combates na AEW. Na minha opinião, história brilhante, obtida na perfeição pelos dois no ringue.
Agora em termos de booking, também tudo me fez sentido. PAC, ao estrear-se na AEW (agora a toda a força depois de perder o seu título na DRAGON GATE) com uma vitória ajudava muito a sua personagem heel, vencendo um lutador adorado como é o Omega. Já quanto ao Omega, a sua derrota para Jericho no Double or Nothing trouxe-lhe desconfiança em relação à sua capacidade para continuar vencer, daí que uma storyline que conte isto com derrotas importantes caiba na perfeição. Também o facto de ter problemas por resolver com Moxley fez com que o mesmo não tenha tomado as melhores decisões neste combate.
Mais do que simples ou inteligente, este booking é brilhante. Eleva lutadores como PAC e deixa antever uma história de redenção do Omega quando vencer Moxley e regressar ao topo.
The Dark Order venceram Best Friends
Na realidade pouco há a dizer sobre este combate. Dois óptimos faces, dois excelentes heels. Estes últimos precisavam de uma grande vitória para marcar a sua posição dominante como a maior tag team heel da divisão, assim como as suas personagens precisa de uma aura especial, a qual pode ir até merecer o medo dos seus adversários.
Os Beste Friends eram exactamente a tag team perfeita para essa grande vitória ocorrer. São uma excelente equipa, adorados pelos fãs e com relativo sucesso na AEW. Apesar de não tão credíveis como os Young Bucks ou os Lucha Bros, assentam que nem uma luva neste booking.
Cody venceu Shawn Spears
Uma boa história e um bom combate, mas que souberam a pouco no meio de tanto bom wrestling no card em que este combate se realizou. Por outro lado, é impossível negar o quão bom foi ver Shawn Spears receber tanta atenção e ver que o mesmo finalmente tem o destaque já há muito merecia. Para o mesmo subir no card, esta rivalidade ajudou-o bastante, mas os contornos em que a mesma se realizou talvez não tenham sido os melhores.
Uma história que, inicialmente, era entre Cody e Shawn transformou-se numa rivalidade entre a família Rhodes e os seus inimigos, Shawn e Tully Blanchard. Num combate em que também tivemos a interferência de Arn Anderson, foi prejudicial para Shawn não receber todo o destaque que esta rivalidade era suposto fazê-lo.
Quanto à vitória do Cody, justifica-se. Uma vitória do seu oponente tê-lo-ia deixado mais forte para o futuro, mas visto que se pensou no Cody como o primeiro adversário do primeiro campeão da AEW, Chris Jericho, uma vitória neste palco deixou-o ainda mais credível.
AEW World Championship Match: Chris Jericho venceu Adam “Hangman” Page
Num combate bom, mas que dificilmente alcançaria o que os anteriores haviam apresentado, Chris Jericho tornou-se o primeiro campeão da AEW. Acredito que seja, no entanto, talvez o seu último reinado com um grande título e que a AEW queira uma credibilidade imediata no seu maior título, daí que tenha escolhido o Jericho para ser o seu primeiro campeão, o que não aconteceria com Adam Page, um lutador jovem, que se credibilizaria ao mesmo tempo que o título.
Jericho, mais interessante que nunca, com promos surreais e com combates demasiados bons para a sua idade e aspecto físico, terá um reinado que durará talvez até ao fim do ano, início do próximo. Prevejo que Omega vença Moxley e depois vença o título no Alpha vs. Omega III. Mas remotamente penso que Jericho perderá o título antes desse embato certo, para um jovem wrestler, cujo potencial e credibilidade expludam com essa vitória.
E então? O que achaste do All Out? Qual o melhor combate da noite na tua opinião? Encontras algum ponto negativo no evento?
Hoje ficamos por aqui.
Até para a semana e obrigado pela leitura.
12 Comentários
Gostava de ver o Chris Jericho contra o PAC num combate pelo título. Quando o Jericho perder o título queria que perdesse para o PAC.
Esqueci-me de comentar, escreveste um bom artigo. Vou começar a acompanhar.
Também gostava de ver esse combate, acho que seria super interessante de se ver.
Obrigado pelo comentário. Sem dúvida que seria um combate interessante, entre os dois melhores heels que a AEW conseguiu até agora adquirir.
Como sempre um bom artigo, nunca dececiona. Eu só vi os resultados deste PPV, e só tenho opinião para três combates. Vou começar pela vitória do PAC, como escreveste e bem foi merecida dado que foi a sua estreia na empresa. O embate entre o Cody x Shawn na minha opinião a vitória podia ter caído para o Shawn, mas acho que com esta derrota acho que não o descredibilizou como um hell da AEW. E para finalizar “Hangman” x Jericho, a vitória e conquista do título por parte do Jericho foi a melhor decisão para credibilizar o recém criado título.
Muito obrigado 😉
Ótima análise ao AEW All Out, parabéns! Gostei bastante da maioria do PPV, sendo que o melhor combate foi, para mim, Lucha Bros vs Young Bucks pela ação e brutalidade nonstop que possuiu.
Realmente a única crítica que aponto foi o que já referiste no teu artigo: a elevada quantidade de combates e horas que o evento teve, o que torna a atenção do fã mais difícil de prender por se revelar algo maçador.
Obrigado!
ótimo artigo, concordo plenamente que o All Out foi um PPV muito sólido e surpreendente.
Na divisão feminina acredito que a Nyla Rose será a primeira campeã.
Na divisão tag team teremos um torneio que acredito que será ótimo, com uma final entre Young Bucks e LAX com os últimos a serem os primeiros campeões.
Jericho como primeiro campeão foi a escolha acertada e acho que ele perde no primeiro PPV do ano que vem para o Moxley ou Omega, veremos quem vence essa feud antes.
No geral otimista para o inicio da AEW na tv e para os próximos meses no mundo do wrestling no geral.
Obrigado pelo comentário. Não seria uma má ideia tornar os LAX os primeiros campeões.
Os Young Bucks não deverão ser para não dar a ideia de que é a empresa deles.
Os Lucha Bros tiveram igualmente muito destaque ultimamente.
Equipas como os Best Friends e a Dark Order ainda não estão nesse nível na minha opinião.
Otimo artigo como sempre, eu acho que pra a AEW ficar melhor do que já está, eles deveriam contratar o Johnny impact, pois ele é conhecido no cenario do wrestling, e seria um possivel grande adversário pelo titulo da AEW.
Obrigado pelo comentário. O Johnny não seria um má escolha para o roster atual da AEW. Contudo, não acho que tenha espaço no main-event. Como referiste, é muito mais um up-midcarder que é um bom candidato ao título, mas não campeão.