Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!

Ainda no rescaldo do último PPV da WWE, o Clash of Champions e de um Monday Night RAW que contou com a final do King of the Ring cumpre tirar algumas conclusões sobre alguns dos combates e/ou rivalidades que a WWE produziu na última semana.

Por outro lado, a caminho do próximo grande evento da WWE, o Hell in a Cell, não poderia deixar de falar de um aspeto relacionado com este tipo de PPV´s que nunca havia referido aqui no Brain Buster. Verão, os meus caros leitores, que a minha opinião sobre a transformação, de uma década agora, de estipulações de combates em PPV´s anuais é bastante negativa.

Porém, começando primeiro pelo que se passou no Clash of Champions e consequente RAW, penso que há duas situações que se contrastam e se as conflituarmos numa espécie de “Situação indefensável vs. Situação defensável” iremos perceber quando realmente podemos criticar algo e quando, mesmo não concordando, temos de reconhecer que certa decisão é acertada, mesmo podendo quando podia ter sido realizada em moldes diferentes. Mas continua a estar certa.

A primeira situação que gostaria de me referir é a vitória de Erick Rowan sobre Roman Reigns. A minha primeira conclusão acerca desta decisão por parte da WWE foi pensar que lutadores como Drew McIntyre nunca tiveram a honra de vencer a última grande construção da WWE, quase como se o Roman tivesse que ser protegido eternamente. Nem com ajuda, nem com práticas duvidosas o conseguiram fazer. Drew McIntyre não podia vencer o Reigns, até mesmo Elias não podia, mas nomes como Erick Rowan e Shane McMahon puderam…

Brain Buster #23 – Duelo de situações e PPV’s temáticos

É consensual, até entre as grandes lendas que o Drew tem tudo para ser um main-eventer de excelência na WWE e até mesmo Elias, não chegando nem de longe a esses patamares, é alguém que já mostrou ter talento para pelo menos, ocupar uma boa posição no mid-card. Uma vitória sua sobre Roman Reigns teria feito muito mais sentido, numa perspetiva de elevação destes talentos, mas a WWE, como quase sempre, fez a escolha errada.

Shane venceu Reigns numa altura em que por alguma razão era bookado como a última grande coisa que havia acontecido ao pro-wrestling, ou seja, por mero capricho e heat, dado que toda a gente sabe tal ser mentira. Algo que critiquei bastante aqui no Brain Buster.

Agora Erick Rowan vence Reigns com a ajuda de Harper. Primeiro, alguém acredita que o mesmo algum dia será um verdadeiro main-eventer da WWE? Não tem a personagem nem a capacidade no ringue para tal tarefa, por isso gastar um momento tão especial como já é vencer Reigns num lutador como o Rowan é um erro que considero descomunal.

Vendo as coisas de outro prisma agora, Harper, esse sim, seria alguém muito mais capaz e bem mais merecedor de um momento como este. A qualidade que o mesmo apresenta no ringue é das mais subvalorizadas que já vi. Todavia, uma grande carreira na WWE estar-lhe-á sempre barrada, dado que não é um lutador que Vince goste.

Brain Buster #23 – Duelo de situações e PPV’s temáticos

Por outro lado, parece que a WWE faz de propósito para brincar com o que os fãs querem. Em 2017, Braun Strowman atingiu o auge da sua reação por parte dos fãs. Estes, que no início o desprezavam, estavam rendidos à sua força e melhorias claras na personagem e no ringue. Mas foi exatamente a partir desse momento que Braun começou a ter um booking que o levou a perder mais vezes, sem razão que encontre para justificar o que acabei de dizer.

O sucesso surge assim quando os fãs não o desejam e o sucesso quando os fãs salivam pela vitória do lutador. A WWE, ao fazer as coisas desta forma, simplesmente contraria tudo aquilo que o pro-wrestling deve fazer: vender bilhetes e subscrições por os fãs verem realmente aquilo que querem ver.

Agora, em 2019, depois de anos em que Roman Reigns foi odiado pelos fãs, como o “menino de outro” da WWE, quando finalmente encontra o nosso apoio, o que faz a WWE? Isso mesmo, tira-lhe muito do destaque que vinha tendo. Perdeu para Shane McMahon, viu a sua vingança sobre Shane cair em Undertaker, não teve combate no SummerSlam (onde a WWE ignorou que os grandes nomes e os grandes combates devem coexistir nos grandes shows – pelo contrário, preferiu um Goldberg vs. Dolph Ziggler), e perdeu agora para Rowan.

Numa história que podia ter dois rumos mais do que aceitáveis: uma boa rivalidade com o Daniel Bryan heel; ou uma feud com algum jovem cheio de vontade de vingar na WWE e por isso tentou afastar Reigns. Mas nenhum deles foi escolhido para WWE.

Esta situação, a meu ver, indefensável, não ocorre em moldes idênticos à vitória de Baron Corbin no King of the Ring. Não sou o maior fã do Baron Corbin, mas admiro a sua capacidade para atrair ainda mais heat do que o já tem. Não é um grande especialista no ringue, mas muito razoável no microfone. Há dezenas de wrestlers capazes de fazer melhor que ele? Sem dúvida, mas a sua escolha permitiu elevar Chad Gable.

É irónico que depois de Corbin ter vencido um torneio prestigiado, esteja a usar isso não para o elevar, mas sim ao seu oponente. Partindo do princípio que a WWE não vai travar o push que parece estar a dar a Gable, alguém que já o merecia à bastante tempo, digo que perder para Baron Corbin foi o melhor que se lhe aconteceu.

Brain Buster #23 – Duelo de situações e PPV’s temáticos

A história que se contou foi muito boa. Gable, afastado dos grandes palcos, mas sempre com talento lhe reconhecido apostou todas as suas fichas neste torneio, onde venceu nomes que em termos de experiência e star power estavam muito acima de si. Isto levou os fãs a torcerem pela sua história, querendo que o mesmo vencesse. Vencer o torneio teria sido ótimo, mas perdê-lo para alguém tão odiado pelo público como o Corbin, só nos faz salivar para que o Gable vença da próxima vez (onde tem mesmo de vencer).

Claro que nomes como Samoa Joe e até Cesaro apareciam-nos como mais desejáveis para a posição que o Corbin tomou. Mas o problema é mesmo esse. Heels como eles são muito adorados pelos fãs, e não é suposto heels serem desejáveis. Se o Joe ou o Cesaro vencessem, não teríamos ficado tão frustrados com a derrota do Gable e a vontade de ter este no futuro a vencer o homem que o derrotou não seria tanta.

Concluindo assim esta situação de conflito, na primeira temos uma onde não vejo qualquer benefício para ninguém, vista de qualquer ângulo, enquanto na segunda situação, temos algo que poderia sim ter sido feito de outra forma, mas que não deixa de fazer sentido se a virmos de certos pontos de vista.

Olhando agora para os PPV´s temáticos, confesso que sou totalmente avesso à existência dos mesmos. Em 2009 tornou-se estipulações de combates como TLC, Extreme Rules, Hell in a Cell, etc., em nomes de PPV´s, onde estes combates se realizar-se-iam anualmente sempre na mesma altura do ano.

Problema? Combates que deveriam ocorrer quando o rumo das histórias tomasse esse sentido passam agora a ocorrer de forma forçada em rivalidades que, normalmente, não teriam esse tipo de combate inserido nas suas interações e combates. A frase, em tom mais jocoso que me vem sempre à cabeça quando PPV´s como estes ocorrem vem neste sentido: “Oh! Já é outubro outra vez, mês do Hell in a Cell, quem é que vamos meter lá dentro este ano?”

Penso que esta frase, em si, já diz muito acerca do que penso desta decisão.

Brain Buster #23 – Duelo de situações e PPV’s temáticos

O que quero dizer é que rivalidades atuais como a da Becky e da Sasha, ainda não atingiram um clímax tão grande, tão agressivo ou acesso ao ponto de entrarem em algo tão grandioso como a Hell in a Cell. Um combate que nasceu especial e foi usado de forma de especial, tem sido, na última década, não mais de uma rotina certa que lhe tem retirado toda a credibilidade que a barbaridade que lendas do passado como Mick Foley se sacrificaram para que tivesse.

Por outro lado, são combates que eram utilizados na maioria das vezes para terminar rivalidades. Isto é, fazia sentido que as rivalidades mais agressivas terminassem com um TLC match e as rivalidades que envolvessem histórias com muitos lutadores poderiam terminar num Elimination Chamber match. Hoje não, estes combates são usados quase à sorte, o que também, em muito contribui para a falta de interesse dos fãs nos mesmos. Há quantos anos, o Elimination Chamber match é muito fraco comparado com o que costumávamos ter?

Isto acontece igualmente com o Hell in a Cell. Os combates que tem agora não acabam rivalidades, muitas vezes até as começam, o que aconteceu no passado com Shane McMahon e Kevin Owens (por exemplo), e o que acontecerá este ano com Bray Wyatt e Seth Rollins.

A pior consequência disto tudo? Os combates não têm história. Dois lutadores que deveriam contar uma história dentro de uma estrutura barbárie como o Hell in a Cell limitam-se a fazer moves ou então utilizam o que está debaixo do ringue sem qualquer razão para o fazerem. Pior do que isto foi o que se passou o ano passado quando Lesnar interrompeu o Hell in a Cell match entre Roman Reigns e Braun Strowman e levou o combate para um No Contest.

Um combate sem desqualificações onde tem de existir um vencedor definitivo terminar dessa forma, num combate tão especial como o Hell in a Cell deveria ser, é absolutamente nauseante. Combates com resultados destes devem ocorrer no RAW para continuar e/ou criar rivalidades, podem até acontecer em PPV´s mais secundários, mas dentro do Hell in a Cell? É contrariar e desrespeitar tudo aquilo que este combate sempre significou.

Brain Buster #23 – Duelo de situações e PPV’s temáticos

E então? Concordas com o conflito criado neste artigo entre estas duas situações? Qual é a tua opinião acerca dos PPV´s temáticos?

Hoje ficamos por aqui.

Até para a semana e obrigado pela leitura.

10 Comentários

  1. Jonas5 anos

    Os PPVs temáticos são necessários pelo excesso de PPVs no ano. O que poderiam melhorar é a Stage na arena, que deveria ser mais personalizada de acordo com o PPV. Outro pouco a se destacar são as lutas, que a maioria não segue a estipulação proposta, ficando apenas para um ou dois combates. Exemplo do Extreme Rules, quantos combates tiveram estipulações de “extreme” ?

    • Obrigado pelo comentário. Não sou fã de 12 PPV`s por ano mas 8.
      Mas não penso que seja esse o problema, a WWE sempre teve vários PPV`s por ano e só na última década decidiu tomar esta decisão.

  2. Showstealer5 anos

    Bom artigo! Concordo com a análiise na sua totalidade, parece que a WWE desaprendeu a bookar as suas histórias mas isso infelizmente já não é de agora…

  3. 5 anos

    Parabéns pelo bom artigo. Tens uma boa visão sobre vários assuntos e eu aprecio isso.

  4. Sandrojr5 anos

    Bray wyatt é um gênio, ele consegue deixar tudo a sua volta interessante. Aliás ótimo artigo.

    • Obrigado pelo comentário. Gostava mais da personagem original do Bray Wyatt, mas a WWE arruinou tudo o que ela era e representava ao ponto de nem o Bray conseguir trazer interesse aos seus combates e feuds.
      Esta gimmick de The Fiend para já está muito boa, vamos ver se resulta.

  5. Anonimo5 anos

    eu subscrevo quase tudo o que foi feito. Mas relativamente ao Elimination Chamber e apenas esse formato discordo. Em minha opinião deve ser sempre o último ppv antes da wrestlemania. A própria estrutura em si é a provação final para se decidir um campeão que vai entrar com o cinto no maior ppv do ano, pelo menos na minha maneira de pensar. Se não quiserem tirar o titulo ao campeão façam de number one contender. Quanto aos restantes formatos concordo completamente.

    • Obrigado pelo comentário. Quanto ao Elimination Chamber antes da Mania até dou de barato.
      Mas sem dúvida que gostei muito mais da forma como os primeiros dois elimination chamber matches foram bookados, resultando de histórias em que fazia sentido tê-los.