Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!
Os meus leitores mais assíduos poderão ainda se lembrar de um dos primeiros artigos que redigi ser sobre o 205 Live e sobre a sua situação naquela altura. E, mais recentemente, foi da minha autoria um artigo em que pedi o fim do Survivor Series, por o seu conceito, histórico e tradicional, de importância e interesse, há muito se ter perdido. É numa espécie de junção destes dois artigos que constituíra o Brain Buster desta semana. Venho, através dele, pedir o fim do 205 Live.
E porquê? Se há uns bons meses falava com esperança e de um futuro onde o programa-base da divisão dos cruiserweights pudesse continuar a evoluir? A verdade é que, infelizmente, os últimos meses têm sido absolutamente prejudiciais à qualidade do 205 Live e até inferiorizaram o seu estatuto, que em 2018 custou tanto a conquistar.
Em meados de 2019 mostrava-me bastante optimista. Afinal, no ano anterior, com a presença de Drave Maverick como General Manager e o facto de esta brand ter passado a ser controlada por Triple H, o destaque dado aos lutadores certos e os combates, tanto em tempo, como em quantidade, melhoraram bastante. O booking era, acima de tudo, muito sólido e estável e evitava sempre grandes tumultos em posições do card que em nada abonam qualquer brand de wrestling e, principalmente, a credibilidade dos seus lutadores.
Dei várias ideias, de entre as quais a que a mim mais entusiasmado deixava era o facto do 205 Live passar a ser transmitido de arenas mais pequenas, mas ao mesmo tempo em localidades com grande tradição no wrestling e tivessem público à altura da rapidez, drama e emoção dos combates que pagariam para ver. Mas o certo é que esse nunca foi plano.
Critiquei também o facto do 205 Live, à altura, estar cada vez mais dependente de lutadores de outras brands, como do NXT e NXT UK e, mais do que isso, ia-se transformando numa plataforma de resguardo para os lutadores do low-card, que apesar da qualidade conhecida e documentada, por alguma razão não haviam vingado no main-roster da WWE. Mais do que isso, o facto de nomes externos a esta brand chegarem, verem e vencerem, deixava os nomes habituais e fieis à filosofia do programa totalmente descredibilizados. Mais uma vez, em nada se equacionou esta possibilidade. Aliás, Lio Rush, Oney Lorcan, Angel Garza e até mais recentemente, Tyler Breeze e “Swerve” Scott ou foram campeões logo no início da sua carreira nesta divisão ou então contaram com vitórias imediatas e em grande quantidade.
Mas a par destes problemas já por mim elencados, a partir do momento em que escrevi sobre esta divisão, esse momento, marcou também uma viragem de booking e maneira de trabalhar nesta brand, que na minha opinião, deteriorou bastante o interesse que vinha construindo até aí.
Na minha opinião, tudo começou quando o próprio GM Drave Maverick entrou naquela divertida storyline com R-Truth pelo 24/7 title. Sim, é verdade que tal feud trouxe momentos hilariantes para o RAW e SmackDown, mas deixou a credibilidade do 205 Live afectada. O seu GM deixou de aparecer regularmente nos programas semanais a tomar decisões sérias e, mais do que isso, os lutadores sob seu comando foram cada vez mais se perdendo. Não era nada bonito Maverick ter uma postura de “palhaço” no main-roster e aparecer depois no 205 Live a dar lições de moral e ordens aos lutadores da brand que suposta controlava (e ainda controla…).
Penso eu, para tentar aproveitar tal ponto fraco, Maverick iniciou uma rivalidade com Mike Kanellis, tendo este culpado o seu GM por nunca lhe ter dado uma séria oportunidade e por ser a causa do fracasso do seu casamento. Ora bem, uma rivalidade em que o heel que nos primeiros tempos tinha tido algumas vitórias na divisão entrando numa feud com o patrão que foi sempre referenciado como um não lutador (embora toda a gente sabendo que o era), então seria para o elevá-lo, certo? ERRADO, numa decisão incrivelmente desapontante, Maverick venceu Mike, e de forma totalmente limpa.
Que consequências isto trouxe para a credibilidade do programa? Imensas e dificilmente superáveis. Afinal, Mike estava até à altura a ter algumas vitórias, pelo que quando Maverick o venceu, todo o impacto dessas vitórias teve o efeito reverso. Não só descredibilizou Mike Kanellis, como os lutadores que o mesmo venceu e, com isso, quase toda a divisão dos cruiserweights.
Mesmo após o afastamento de Maverick da rota do 24/7 title e da aparente ausência do 205 Live, o mesmo encontra-se agora numa espécie de início de uma rivalidade com Jack Gallahgher, por razões muito parecidas. Aliás, o último desenvolvimento desta história deu-se já vai para dois meses, por isso é impossível que qualquer fã distraído nem se lembre disso.
Mas se o booking em relação ao controlo do poder da brand era muito mau, o último draft foi a machada final no 205 Live que até aí conhecíamos. Esse draft foi muito parecido com o que o draft de 2008 fez com a ECW. Nomes que eram sinónimo do 205 Live saíram e em abundância, sendo que em muitos casos, tal mudança não se justificava de qualquer maneira. Esta brand foi obrigada a reconstruir-se praticamente do zero. Akira Tozowa, Humberto Carrillo, Drew Gulak, Lucha House Party, entre outros nomes deixaram a divisão para não estarem a fazer absolutamente nada de extraordinário no main-roster. Mais, alguns não aparecem à semanas (até meses) no RAW ou SmackDown.
Reconstruir uma divisão do zero não é nada fácil e foi compreensível procurar juntar nomes a esta divisão, nomes esses como Lio Rush, Angel Garza, Danny Burch, Tyler Breeze, entre outros. Principalmente os primeiros dois destacaram-se bastante nos primeiros meses pós-draft, numa boa rivalidade e em muitos bons combates, aliás, o booking é bastante satisfatório quanto a esta divisão, mas não quanto ao 205 Live, estarei a fazer-me entender?
A passagem do título dos cruiserweights para um dos títulos do NXT permitiu aos cruiserweights aparecer no NXT, mas o que tem acontecido é que todos os desenvolvimentos importantes e as principais caras da divisão aparecem no programa semanal do NXT e não no 205 Live. Para o 205 Live estão reservados os lutadores de segunda e os que precisam de ficar ocupados. Daivari, Tony Nesse (cuja queda foi brutal e incompreensível), Brian Kendrick são provavelmente os últimos originais que restam e têm simplesmente andado a trocar vitórias e derrotas sem grande importância entre si.
Desde o draft aconteceram duas trocas de título na divisão e as duas aconteceram no NXT. Mas atenção! Se a ideia era transformar o 205 Live no “Main Event” ou no “Superstars” do NXT, a WWE está a fazer um excelente trabalho. E, com isto, o 205 Live deixou de ser o programa-base da divisão respectiva, para passar a ser um “B show”.
Mas o que não está a acontecer é definitivamente bom wrestling no programa que em 2018 era imperdível. O 205 Live deixou, como eu queria que acontecesse, de evoluir e, mais do que estagnar, encontra-se, neste momento em estado de regressão. Atrevo-me mesmo a dizer que o programa voltou aquele início frouxo e de desilusão que o marcou em 2016. Posto esta explicação, ficará decerto fácil perceber porque acho que o 205 Live deve acabar. Primeiro, porque o booking, situação, interesse e até a importância deste programa me levam a querer este final. Segundo, porque entendo já não ser necessário, aliás, já aqui o disse no Brain Buster. A fusão NXT-205 Live só pode ter esse rumo.
O programa semanal do NXT, agora com duas horas, tem mais do que espaço para englobar toda a divisão dos cruiserweights, aliás, já o faz. Por semana temos sempre um ou dois combates relativamente a esta divisão. E o booking que tem sido tomado não é nada como o NXT nos habituou. Em vez de uma reserva em apresentar muitas vezes o campeão, este tem-se tornado um habitué dos programas semanais do NXT. Luta todas as semanas, defendendo ou não o título. Se este não aparecesse tantas vezes, daria decerto uma oportunidade aos outros nomes da divisão de aparecerem.
Por outro lado, a diferença do público que assiste ao NXT em Full Sail para o público normal e médio que costuma aparecer aos programas do main-roster da WWE é enorme. É até desagradável ver o 205 Live desta maneira. Já não basta os combates terem passado à categoria de “nada de mais”, como o público não ajuda. Há semanas em que não existe um único chant. É um público desconhecedor dos lutadores que apenas está lá porque ia ver o SmackDown e aproveitou para ver mais um combate ou dois. Não está, definitivamente, ali para ver o produto do 205 Live. Isto faz com que até os fãs do estilo, como eu, não tenham vontade alguma de ver o 205 Live, a mesma vontade que se perdeu nos meses/anos iniciais do 205 Live.
Por outro lado, o fim do 205 Live iria também ajudar a combater o problema da obsessão da quantidade que eu tanto falo que a WWE tem. Evitar que os seus fãs vejam mais uma hora de wrestling desnecessária traria mais vontade aos mesmos para verem os restantes programas e tirava a sensação aos fãs mais ocupados de estarem a perder alguma coisa por não conseguirem ver o 205 Live, porque a verdade, é que os mesmos não estão a perder nada se não virem.
Por fim, é uma brand temática. Ora, continuar a existir associada aos cruiserweights com combates simples e frouxos, com histórias sobre as quais ninguém tem interesse algum em ver e com um booking e estatuto que não abonam a seu favor, não é bom porque está a denegrir a imagem que as pessoas e principalmente potenciais fãs possam ter sobre a divisão e nem sequer tentem conhece-la. E, a bem dizer, neste momento, não há qualquer razão para se sentirem de outra maneira.
Isto é algo que não acontece, por exemplo, com o Main Event, dado que este engloba todo e qualquer lutador, desde masculino, feminino, individual de tag team, pelo que é uma continuação menos interesse e importante do RAW ou SmackDown, ao passo que o 205 Live está a representar uma brand e uma divisão que saem claramente manchadas pela existência actual do 205 Live.
Enfim, é pena que depois do esforço que nomes como Cedric Alexander, Mustafa Ali e até Buddy Murphy puseram nesta brand, a mesma tenha atingido o nível tão fraco que tem hoje.
Hoje ficamos por aqui.
Até para a semana e obrigado pela leitura.
11 Comentários
Bom….é certo que a aposta é o NXT,,o 205 está moribundo e a idéia está visto é acabar com o seu sofrimento.
Obrigado pelo comentário.
Bom…na boa,pois estás 100% certo no teu comentario.
Concordo com o artigo na sua plenitude. Desde o Draft de Outubro que não vejo qualquer motivo para se continuar com o 205 Live, uma vez que já não há lá quase ninguém (do roster “original”) e o título anda entre NXT e, agora, NXT UK.
Obrigado pelo comentário!
Eu assitia todos os episódios do 205 live dia depois pelas manhãs, só que o programa decaiu ultimamente e eu só vejo os highlights uns 5 dias depois, bons eram o tempo de Muphy, Neville, e Cedric como campeões
Obrigado pelo comentário.
Concordo. Neste momento não vejo interesse em ver o 205!
Acho que seria mesmo o melhor terminar com o programa, recolocar os lutadores pelas várias Brands e despachar os excedentários.
É um dos pontos que a WWE tem de avaliar bem e melhorar em breve.
Obrigado pelo comentário.
Concordo. Deviam de acabar de vez com o programa e pô-los todos no NXT.
Obrigado pelo comentário.