Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!

Numa altura em que ainda estamos a recuperar da maratona que foi o G1 Clímax e, principalmente, dos três dias finais a que assistimos no último fim-de-semana, e no seguimento daquilo que foi o artigo da passada semana, irei continuar hoje a descrever-vos o melhor deste G1, que como todos os anos, nos deu tantos combates memoráveis. Se na última semana vos indiquei os melhores combates dos dias 1 a 10, esta semana indicar-vos-ei os melhores combates dos dias 11 a 19.

Claro que, e mais uma vez o digo, não posso indicar todos os bons combates deste torneio, terei sempre de fazer uma pequena pré-seleção daqueles que foram realmente acima da média. Mais! Penso que não é de estranhar que irei indicar mais combates do Bloco A do que do Bloco B, até porque já a semana o fiz, embora esta semana a diferença de combates presentes neste elenco de cada grupo seja enorme. Foi algo que aconteceu naturalmente, até porque o primeiro era um grupo bem mais competitivo e com uma maioria dos lutadores mais talentosos que a NJPW tem hoje ao seu dispor, só deixando a NJPW um pequeno número deles no segundo grupo.

Por fim, e antes de elencar os melhores matches do maior torneio do mundo no ano corrente, mencionar os lutadores que, para mim, melhor estiveram neste G1, os verdadeiros MVPs deste torneio. Penso que por essa categoria passará pelos nomes do Kota Ibushi, Tomohiro Ishii, Shingo Takagi ou Minoru Suzuki, mas aquele nome que, surpreendentemente surge nesta conversa, e talvez tenha até sido o MVP nº1 deste torneio, foi o Taichi, que a cada combate seu ao longo deste mês foi um verdadeiro must-see, e não poucas vezes, o melhor combate da noite. Vamos então aos melhores combates do dia 11 a 19.

Brain Buster #80 – O melhor do G1 Clímax 30 (Parte II)

Taichi vs. Jay White (Dia 11 – 7/10/20)

E aqui temos! Não podia começar este elenco sem um combate do MVP do G1 30. É que nem de propósito! Adorei este combate do início ao fim. Foi um match de strong style típico da NJPW? Não. Foi um espetáculo de manobras rápidas atrás de manobras rápidas? Não. Foi um simples combate de wrestling, o melhor combate do torneio quando se tratou de contar uma história. Se heels existem na NJPW, o Jay White é, certamente, um deles e, mais do que isso, será já provavelmente o melhor heel do mundo. Prova disso? Bem, um lutador que nem sempre conseguiu o apoio do público no Taichi fez o papel de babyface neste combate na perfeição, e isto não é dizer nem metade do que se passou.

Tivemos um Taichi fiel ao seu estilo, mas diferente naquilo que tinha de ser diferente. Usou as suas táticas menos lícitas no início do combate, subvertendo em certos momentos do combate o Jay White com o seu próprio jogo. A certa altura do combate, o Taichi parecia um babyface ao estilo do Eddie Guerrero, apoiado pelo público, mas nunca deixando escapar uma abertura para poder fazer batota. Tivemos um face claro. Tivemos um heel óbvio. Tivemos um combate de wrestling simples que contou uma história agradável. Isto sim é wrestling puro.

Shingo Takagi vs. Kota Ibushi (Dia 11 – 7/10/20)

Este era um dos combates do torneio que mais aguardava, sendo que estes dois senhores não me desapontaram em nada! Poder-me-ão dizer alguns fãs que podia ter sido melhor. E talvez até pudesse, mas não deixou de ser um combate ótimo, em que estes dois lutadores preferiram abrandar um pouco o ritmo em algumas partes do match, para privilegiar momentos e expressão faciais, sendo que, no fundo, é isso que os fãs se vão lembrar no dia seguinte.

O melhor deste combate acabou mesmo por ser a forma como o Ibushi vendia os lariats do Shingo, este que é, muito provavelmente, o melhor lutador a usar as cordas para aumentar a sua velocidade. O seu finish também foi muito criativo e surpreendente: o Shingo faz o reversal do kamigoye para o seu finisher, o Last of the Dragon para arrecadar a vitória. Foram dos melhores do mundo neste combate, que mais se poderia pedir?

Brain Buster #80 – O melhor do G1 Clímax 30 (Parte II)

Minoru Suzuki vs. Kota Ibushi (Dia 13 – 10/10/20)

Este combate ocorreu no melhor dia do G1 em termos de qualidade dos combates, num dia cheio de bom wrestling para ver, e ao qual os fãs não deixaram de dar grandes elogios. Para mim, este combate havia substituído o Naito vs. Tanahashi como melhor combate do show, mas, vejam bem, o combate que lhe sucedeu imediatamente, acabou por ser ainda melhor, sendo que ainda fica por falar de um combate que também aconteceu neste show e, que mesmo não o englobando nesta lista, deixou muitos fãs a falar do quão bom tinha sido: Will Ospreay vs. Taichi.

Mas olhando agora para este match, foi uma absoluta batalha, do início ao fim. Os dois têm um estilo que bebe grande influência das artes marciais, e usaram isso de forma bastante inteligente, pois não se limitaram a isso, fizeram muito mais, até porque não se tratava de um combate de artes marciais, mas de um combate do wrestling. Tivemos brawling do lado de fora, expressão faciais e rapidez dos movimentos na história contada. Este é, decididamente, um combate muito difícil de descrever, mas pelo contrário, muito fácil de ver. No fundo, o wrestling visa, primeiramente, a nossa diversão, e não a sua análise. Deixo-vos, por isso, a ideia de que mais vale verem este combate, do que tentarem ler críticas ou análises, pois só dessa forma o irão perceber. Já agora, o Minoru Suzuki tem 52 anos, já vos disse?

Shingo Takagi vs. Kazuchika Okada (Dia 13 – 10/10/20)

Consigo falar deste combate em quatro palavras: melhor combate do torneio. Foi um wrestling match que melhor mostra o estilo de competição que a NJPW gosta de ter: dois lutadores a darem tudo de si como se não houvesse amanhã num combate em que não só a vitória importa como também a imagem que cada lutador mostra, de coragem e vitalidade, nos momentos decisivos do combate. O Shingo vinha embalado da vitória sobre o Ibushi e isso também ajudou na construção deste match, que penso falar por todos também ser dos mais aguardados aquando do anúncio dos blocos. Diverti-me imenso a assistir ao espetáculo proporcionado por este dois, e é certamente daqueles combates que irei rever muitas e muitas vezes.

Brain Buster #80 – O melhor do G1 Clímax 30 (Parte II)

Hiroshi Tanahashi vs. SANADA (Dia 16 – 14/10/20)

Antes de irmos aos últimos três dias finais do torneio, temos ainda um combate muito bom entre o Tanahashi e o SANADA, um match com uma velocidade não muito grande, mas em que ambos os lutadores estiveram muito bem. Poderá não ser um combate tão espetacular como os outros, mas decorreu de forma tão correta e tão segura para ambos, que tenho a certeza que muitos futuros lutadores estudarão este match a fundo por muitos anos.

Confesso que adoro o facto do Tanahashi, agora definitivamente afastado dos palcos do main-event, estar a ajudar os lutadores mais jovens durante o G1, pondo-os over, não tendo qualquer problema em perder, seja de que maneira. É assim que um lutador, que foi a cara da NJPW durante anos, e que tem uma credibilidade intocável consegue ajudar na produção de novas estrelas, algo que em certos lados certas pessoas parecem ainda não ter entendido muito bem.

O Tanahashi fez o mesmo caminho do Kojima, Tenzan e Nagata, por exemplo, tendo já estes dois anos só chegado aos 8 pontos no torneio, no que junta o melhor de dois mundos: não só temos um lutador a dar vitórias importantes aos mais jovens e futuras estrelas, como ainda temos um Tanahashi muito capaz quanto à sua qualidade in-ring, proporcionando-nos combates muitos bons, ou até mesmo clássicos com lutadores que sempre o quisemos ver enfrentar. Foi caso do Zack Sabre Jr., Will Ospreay, SANADA, entre outros.

Minoru Suzuki vs. Shingo Takagi (Dia 17 – 16/10/10)

Mais uma vez, dois nomes que não são novidade, não só no artigo de hoje, como no conjunto dos dois artigos que produzi sobre o G1 Clímax. Este foi um rematch do combate que estes lutadores tiveram pelo NEVER title em que o Suzuki conquistou o título ao Shingo. Foi um bom rematch, no que penso ter sido o 2º combate de uma boa trilogia. É que depois deste combate os dois interagiram claramente como um desafio para um rematch, desta vez pelo NEVER Openweight belt, algo que foi confirmado no último dia do torneio num combate de Tag Team. É um dos combates já marcados para o Power Struggle, e não podia estar mais contente de ter lutadores como estes no wrestling que vejo regularmente.

São lutadores que mesmo que quisessem não conseguiam dar um mau combate, que funcionam bem com qualquer estilo e trabalham com excelência com qualquer lutador. O estilo de ambos combina na perfeição, e a história desta rivalidade é muito boa: um Suzuki nos seus últimos anos de carreira à procura da melhor competição possível, constituindo esta num dos lutadores com maior push a curto-médio prazo na NJPW como é o Shingo.

Brain Buster #80 – O melhor do G1 Clímax 30 (Parte II)

Taichi vs. Kota Ibushi (Dia 17 – 16/10/10)

Conhecem aquele tipo de combates em que basta os lutadores entrarem numa sequência sem fim, fazendo quase sempre a mesma coisa, mas em que nós não conseguimos tirar os olhos do que eles estão a fazer? Exemplos de combates assim são Samoa Joe vs. Kobashi ou Kobashi vs. Sasaki com os chops, Katsuyori Shibata vs. Tomohiro Ishii com os pontapés nas costas, Minoru Suzuki vs. Tomohiro Ishii quanto aos forearms e, adicionado agora a esta lista, Taichi vs. Kota Ibushi.

Não será certamente um combate apreciado por todo o tipo de fãs de wrestling, mas para quem é fã de NJPW e do seu estilo de strong style, é das coisas mais deliciosas que o produto desta produto nipónica tem para oferecer. Em 17 minutos de combate, 10 foram certamente com pontapés na perna de cada um. A cada minuto que passa as expressões faciais de quem está em agonia, mas se recusa a desistir são ouro, ao mesmo tempo que nós próprios parece que estamos a sentir a dor que estes lutadores sentem. Conseguir reproduzir nos fãs sentimentos além de ódio ou amor no wrestling é difícil, mas estes dois lutadores conseguiram. Sinceramente nem sou fã do Taichi, mas ele este ano provou realmente que é muito mais do que uma a sua personagem, e que quando o objetivo é trabalhar para o melhor combate possível, ele diz “presente”. Estou muito contente por conhecer esta sua faceta.

Tomohiro Ishii vs. Jay White (Dia 17 – 16/10/20)

O main-event do primeiro dos três dias finais foi também um dos combates que certamente ocupará uma das 5 posições do top5 de melhores combates deste torneio. Foi um delicioso assistir a este match, onde vimos um Jay White e um Ishii fiéis a si mesmos, mas conseguindo sempre jogar o jogo do adversário, como se fosse esse o estilo que sempre tiveram. De um Ishii menos duro e mais rápido e técnico, capaz de ludibriar as constantes interferências do Gedo, a um Jay White que cerrou os dentes em muitas alturas do combate, tal mostrou que isto tinha tudo para correr bem. Adorei também a forma como o Jay White provocou o Ishii no início, e a forma como este consegue reagir a qualquer estímulo de qualquer adversário de forma diferente, só mostra ainda mais que este lutador é dos melhores da história da NJPW.

Foi, também um combate bastante atípico para o spot em que ocorreu, e contrário ao booking costumeiro da NJPW em anos transatos: é que o Ishii já não podia avançar para a final, mas ao White cabia-lhe apenas vencer este combate para avançar para a final. No entanto, o adversário escolhido para este lutador foi perfeito, porque a personalidade do Ishii é mesmo dos lutadores que nunca dá nenhum combate por perdido, e em que a motivação é a mesma seja para que combate for. Bom booking da NJPW e, principalmente, boa ideia em organizar o torneio de forma diferente, para não estarmos sempre à espera que um dos dois lutadores do último main-event do grupo seja sempre quem vá à final.

Brain Buster #80 – O melhor do G1 Clímax 30 (Parte II)

Kota Ibushi vs. SANADA (Dia 19 – 18/10/20)

E bem, e eis que a este elenco não podia faltar o combate da final, combate e momento esse do ano que qualquer fã de NJPW aguarda com muita ansiedade. Este foi, talvez, a final que menos nos iremos recordar nos últimos anos. Esteve longe de ser má, atenção, mas não é qualquer combate que consegue superar clássicos como Tanahashi vs. Nakamura, Omega vs. Naito ou Tanahashi vs. Ibushi. Mas foi, obviamente, um combate muito bom. O que mais me impressionou no match foi mesmo os near falls já mais para o final do combate. Foram absolutamente surpreendentes. Como se costuma dizer, é uma arte um lutador conseguir fazer os fãs acreditar que aquele é o fim do combate, antes de levantar o ombro no último segundo. No caso do SANADA e do Ibushi, bem, na última milésima de segundo (o que aliás, só é possível com um árbitro de alto calibre, que é o caso do Red Shoes Unno).

O Ibushi levou a melhor e venceu o G1 pelo segundo ano consecutivo, e será muito interessante ver o que ele e o Naito irão trazer para o main-event do Tokyo Dome. Se bem sabemos, estes dois adoram trabalhar um com o outro (se bem que os seus pescoços devem odiar, permitam-me esta interpelação infeliz), pelo que, tendo a oportunidade de protagonizar o combate mais importante do ano, quererão, de resto, dar o melhor de si. O que é certo é que, no final de contas, os mais beneficiados somos nós, os fãs.

Hoje ficamos por aqui.

Até para a semana e obrigado pela leitura.

5 Comentários

  1. Sandrojr4 anos

    Grande G1 com ótimas lutas, o Ibushi se superando e vencendo novamente esse torneio pelo 2 ano consecutivo mostra a força do Golden Star, será que ele vence o Naito pelo iwgp? Será muito bom ver esse combate no wrestlekindom 15, ótimo artigo.

  2. Zickelous4 anos

    Tanahashi é um exemplo, já sabe seu ligar e da espaço os mais novos, diferentes de uns velhos aí que tem mais de 50 e tiram o título mundial de uma estrela em ascensão não uma, mas duas vezes