4 Decisões que podiam beneficiar a WWE

2. Raw e SmackDown devem ser mundos diferentes

O draft da WWE já não entusiasma como antes. E há um motivo claro para isso: a brand split, na prática, não existe. A WWE continua a afirmar que sim, mas depois temos lutadores do SmackDown a aparecer no Raw e vice-versa. O que devia ser exceção tornou-se regra e isso retira toda a magia da separação entre as brands.

Quando comecei a ver WWE em 2005, onde Raw e SmackDown pareciam dois universos distintos. O palco era diferente, os comentadores eram diferentes, o roster era fixo. Não se via o John Cena a aparecer no SmackDown uma semana depois de lutar no Raw. Cada lutador era sinónimo da sua brand e isso criava identidade.

Lembro-me bem de sonhar com um John Cena vs Batista. Não era só um combate entre duas estrelas. Era um confronto entre dois mundos separados. Eles eram os campeões mundiais, cada um no seu território, e ver os dois frente a frente parecia impossível. O único palco onde isso podia acontecer era no Survivor Series, o único momento do ano onde Raw e SmackDown colidiam. Era o equivalente a um multiverso. Como se a Marvel e a DC se cruzassem num único filme.

E mais do que rivalidades pessoais, os lutadores defendiam as suas brands como se fossem seleções nacionais. Eram rivais entre si, mas quando a outra brand invadia, uniam-se. Era Raw contra SmackDown, quase como Sporting vs Benfica vs Porto ou Flamengo vs Palmeiras vs Botafogo que num Mundial, se unem para defender o seu país.

Hoje, isso perdeu-se. Vemos o Cody Rhodes no SmackDown e dias depois, no Raw. E sim, para o público ao vivo, é ótimo ver várias estrelas numa mesma noite. Mas o impacto de ver um Raw vs SmackDown num PLE como o Survivor Series já não é o mesmo.

A WWE insiste que a brand split existe. E talvez exista… no papel. Mas não tem o mesmo peso, a mesma emoção, nem a mesma lógica de antes. O draft deixou de ter propósito. A única coisa que ainda mexe com o público é a troca de títulos, porque a troca de lutadores já não significa nada.

Se a WWE quer voltar a criar momentos únicos, a dar verdadeiro significado ao Survivor Series (ou a outro PLE onde façam brand vs brand) e ao draft, então tem de voltar ao básico: RAW e SmackDown precisam de ser mundos diferentes.

15 Comentários

  1. JOAOPEDROOOOOOOO23 horas

    A brand split tem um problema que é a falta de star power. No fim da A.Era e na Ruthless Agression, o star power era imenso e dava para preencher dois rosters, agora já não. Assumo que a WWE apresente a brand split porque as superstars aparecem noutros shows, mas a maioria dos jobbers, mid-carders e feuds com menos relevância, são feitas em exclusivo na sua brand

    • Obrigado pelo comentário e por leres o artigo!

      Percebo o que dizes, mas acho que o roster atual tem qualidade mais do que suficiente para justificar duas brands fortes. O problema não é a falta de talento, mas sim como esse talento é utilizado.

      Penso que a brand split pode funcionar se houver compromisso criativo em construir estrelas, proteger personagens e criar histórias distintas em cada programa.

    • WS-PT6 horas

      Não acho que falte talento, porém o talento atual é inferior a 20 anos atrás. Você tinha Taker, HHH, Bautista, Edge, Punk, Hardy’s, Orton, HBK, Kane, por exemplo divididos entre as Brands. Acho até que o roast feminino hoje tem mais qualidade que a época de 20 anos atrás. Concordo em tirar o MITB e o E. chamber e também tiraria o Fastlane. O designer dos cinturões deveriam mudar e o Universal manter o nome e ser o Cinturão de maior desejo. Outra mudança que faria era que somente uma vez por ano Raw x Smackdown ocorresse. Realmente deveriam ser coisas separadas, o de anualmente, via draft os cinturões mudassem de lado com seu detentor. Uma coisa que deveria mudar eram shows apenas de 2h com 5 a 6 lutas no máximo e terem tempo para histórias e rivalidades serem criadas. Defesa de título nos shows também e não somente apenas em live events. Uma mudança que faria de imediato era que part times não disputem cinturões, celebridades não lutem e que reinados longos fossem.de no máximo 6 meses. Mas enfim, é apenas a minha opinião.

    • JOAOPEDROOOOO2 horas

      Ora essa João, é sempre um prazer. Nem sempre concordando, mas faz parte. Continua o excelente trabalho

      Quanto aos vossos comentários, concordo com ambos, vou então reformular: a WWE não tem atualmente star power suficiente para ter duas brands. A criatividade é pouca (limitada pela cultura woke também) e portanto andamos a ver um Cody Rhodes à exaustão, um “old” Cena, um “old” CM Punk ou um RR que foi elevado ao extremo. Na melhor das hipóteses, alguém fica over com uma theme song ou uma catch phrase e lá ganha também. É difícil olhar para o roster atual e dizer quem é que no auge da A.Era ou R.Agression seria uma top star (estamos a falar no masculino). Contudo, muitos destes seriam sólidos midcarders

    • WS-PT26 minutos

      Uma coisa importante que disseste, cultura woke. Isso está a destruir tudo em todos os aspectos, seja na luta, cinema ou esporte e isso é algo que a WWE cedeu indo para Netflix. Infelizmente somente quando a WWE voltar a ser mais adulta (vão entender como liberar diálogos mais pesados) surgirá uma nova A. Era. Para mim boa parte está na wwe unicamente porque pagam mais por la.

    • WS-PT, antes de mais, obrigado por leres e comentares!

      Achas o talento atual inferior ao de há 20 anos? Isso faz-me pensar. Pessoalmente, não acho que seja inferior. Acredito é que as gimmicks desses nomes que mencionaste tinham mais impacto, eram mais marcantes. Em termos de talento puro, acho que o roster atual é excelente. E concordo contigo quanto ao roster feminino: hoje em dia tem muito mais qualidade.

      O Fastlane ainda existe? Para mim, esse PLE é um filler. Por acaso, nem me lembrava que ainda estava ativo.

      Sobre as mudanças que sugeres de imediato, percebo a lógica, mas acho que algumas têm exceções. Por exemplo, gostei que tenham dado espaço ao Logan (mesmo sendo uma celebridade). Agora faz parte do roster e tem entregado bons combates. Mas sim, concordo contigo que há outras celebridades que claramente não deviam entrar em ringue.

      Quanto aos reinados longos, também depende. O reinado do Roman Reigns, por exemplo, achei muito bem construído e gostei bastante.

      Obrigado por partilhares a tua opinião! Concordemos ou não, o importante é que todos temos direito à nossa visão.

    • Obrigado pela força, João Pedro! Vamos lá ver se me surgem mais ideias para outros artigos 😁.

      Percebo o teu ponto. Tal como disse ao WS-PT, acho é que as gimmicks de antigamente tinham mais impacto e eram mais marcantes. Mas em termos de talento, acho que o roster atual tem tudo para ser tão ou até mais marcante do que o do passado.

  2. TR21 horas

    O terceiro ponto não tem muito sentido e tem um erro, não foi na WrestleMania 29 que deixou de haver MITB.

    • Tens razão! O último Money in the Bank Ladder Match na WrestleMania foi na 26. Obrigado pela correção!

      Mas porque é que achas que esse ponto não tem muito sentido?

      Obrigado por leres o artigo!

  3. Esta nova junção de brands, apesar de não ser a ideal, é melhor do que a que tinhamos naquele péssimo periodo do “Super Raw”, mas está a ter o mesmo efeito no WHC. A WWE tem de decidir se quer a brand split, ou se quer os dois titulos, ambos não pode ser. O WHC já começou mal, pois via-se claramente que não queriam tirar o título ao Roman Reigns mas queriam outras rivalidades pelo titulo mundial, logo aí, ficou sempre com aquela aura de prémio de consolação. Depois com os péssimos reinados do Gunther e do Jey Uso, com o facto de abrir para o Summerslam e ser atirado para o Saturday Night’s Main Event, ficando fora do PLE, é só pregar mais pregos no caixão.

    • Obrigado pelo comentário Ricardo!

      Concordo contigo. O World Heavyweight Championship começou logo com essa sensação de “plano B”, exatamente porque o Roman Reigns era intocável no topo. E quando um título nasce assim, é difícil que os fãs o vejam como um verdadeiro título mundial. A WWE vai ter de fazer um grande esforço para mudar essa perceção.

  4. Desconhecido11 horas

    Excelente artigo João, parabéns.
    E são pequenos aspectos que podem ajudar bastante. E sem mudar muito a rota da WWE.
    E o que eu mais queria que acontecesse é o dos títulos femininos .
    O antigo me traz um sentimento nostálgico, mas quando vejo o RAW e SmackDown womens Championship parece como se eles tivessem tomado a decisão certa em apagar esses títulos

    • Ainda bem que gostaste! Obrigado pelo comentário e por leres, Desconhecido!

      Fiquei só com uma dúvida no teu último ponto: estás a dizer que foi positivo terem deixado de usar os antigos títulos femininos, aqueles que eram idênticos ao WWE Championship mas com fundo azul ou vermelho? É isso?

    • Desconhecido5 horas

      Sim isso .
      Era só uma cópia dos títulos masculinos .
      Aquele dos tempos da Trish e da Lita podia não ser levado tão a sério mas era muito autêntica e único

  5. Um grande artigo! Mas sim a WWE devia de voltar à aqueles tempos de 2011 a 2015, das melhores épocas que me recordo!
    Um abraço!