Foi uma das notícias de destaque na semana que passou: bastaram menos de 30 minutos – 29 para ser mais exacto, segundo um “tweet”de Cody Rhodes – para que aquele que foi anunciado como “o maior show independente de Wrestling de sempre”, fosse dado como esgotado.

Cody Rhodes e os irmãos Matt e Nick Jackon, mentores da ideia são assim e para já, os grandes vencedores deste desafio: anunciaram que conseguiriam encher um pavilhão com capacidade para 10.000 pessoas, apenas com nomes independentes e sem qualquer apoio de “major´s”… e não nos enganaram, o objectivo foi mesmo conseguido!

Há, no entanto, um pouco mais nesta história.

Porque razão o fizeram? De onde surgiu este desejo súbito de se tentar o que até hoje nunca tinha sido conseguido: encher uma grande arena, com um show de Wrestling considerado Independente, totalmente financiado por (três) lutadores?

Comecemos pelo inicio, pois.

E por… Dave Meltzer!

Perguntam-se o que tem Meltzer a ver com isto?

Pois é fácil! Tudo começou quando, há cerca de um ano atrás e através do Twitter, um fã questionou o jornalista do Wrestling Observer sobre a possibilidade da Ring Of Honor conseguir lotar uma arena de grande capacidade. O que escreveu Meltzer? “Not anytime soon”. Não ficou, no entanto, sem resposta: “Il take that bet”, replicou Cody.

Mais tarde, o “American Nightmare” explicaria o quanto este “tweet”acendeu uma chama dentro de si e como funcionou como a “dinamite”para o que aí vinha.

E o desafio estava lançado.

No início, todos pensaram que seria impossível: de que forma se conseguiria encher um pavilhão de grande porte, com um show de uma Companhia como a Ring Of Honor?

Para essa questão, rapidamente foi encontrada solução: o evento não seria exclusivamente da Promotora, mas antes um “self made “e “self funded”show. Além disso, ao filho do “Dream”juntaram-se outros dois nomes de peso da cena independente e companheiros no Bullet Club, os Young Bucks.

A corrida começara! Não se tratava de um “sprint”, mas de uma competição de fundo: durante um ano, estas três personalidades do “independent Wrestling”teriam de superar uma serie de obstáculos para conseguirem dar corpo ao sonho.

O primeiro de todos eles seria a “venue”. Um recinto com capacidade para mais de 10.000 pessoas, alugado antecipadamente, não deixava de ser um investimento que comportava algum risco.

Foi escolhido o Sears Centre, em Chicago, já depois de terem eliminado várias outras opções. Aliás, o anúncio da “venue”apenas foi feito em Março, nem há dois meses atrás, isto apesar da data do evento – 01 de Setembro – já ter sido anunciada á muito. A forma como foi anunciada revela outra das “armas”que Cody e os Bucks dispuseram nesta “luta”: o “Being The Elite”, o ultra popular Youtube show destes últimos, que acabou por ser um palco privilegiado de divulgação.

Enquanto a WWE fazia shows em Países como a Arábia Saudita, estes membros do Bullet Club tentavam agarrar o coração dos fãs, escolhendo uma cidade conhecida pelos seus “die hard fans”e pondo os principais intervenientes – os lutadores – a falar sobre ele.

Espaço do Fontes #4 – All In: uma história de sucesso

Um Card De Sonho

Os lutadores. De todas as razões que poderemos apontar para este verdadeiro sucesso, os nomes nele envolvidos serão aquela que aportará com toda a certeza o maior quinhão.

Cody Rhodes, The Young Bucks, Kenny Omega, Marty Scrull ou Hangman Page. As maiores estrelas da New Japan, Rey Mysterio e até uma “television superstar “como é Stephen Amell estarão presentes.

Chris Jericho possivelmente também.

O que nos leva a outra questão, que vi debatida também na Segunda-Feira passada,  aqui no wrestling.pt ( no programa “Battle Royal”, do canal Smarkdown) : será este um show verdadeiramente independente? Poderá esse conceito aplicar-se aqui?

Direi, sinceramente, que pouco importa. Quando Meltzer respondeu á questão que vimos no inicio do artigo, referia-se a um show fora do âmbito  WWE. E na verdade, ainda que possa contar com Mysterio e eventualmente Jericho, este evento está fora da alçada da Companhia Norte-Americana. Por isso, sim, este é um show independente, foi assim que foi vendido e foi dessa forma que esgotou.

Na minha ótica, deveremos é colocar outra questão. Recuemos não mais do que 5 anos. Por essa altura, com estes mesmo nomes, o espetáculo esgotaria?

A resposta é claramente não.

O que vem assinalar o claro crescimento que o Wrestling fora da WWE teve em todo o Mundo. Que Cody e os Bucks aproveitaram para conseguir algo, que em nenhuma outra altura no tempo teriam conseguido : esgotar uma “venue”com mais de 10.000 pessoas.

É claro que aqui, mesmo sem saber, a Companhia de Vince McMahon deu uma enorme ajuda ou alguém duvida que este repentino “hype”da cena independente se deveu ao fato do publico “mainstream”ter começado a perceber, através do NXT e das massivas contratações de lutadores de Federações até ali pouco conhecidas, que os lutadores daí provenientes eram tão bons e em muitos dos casos melhores, do que aqueles “formados “pelo gigante de Stamford?

Obrigado, Vince!

Espaço do Fontes #4 – All In: uma história de sucesso

Mais Razões Para O Sucesso

A “venue”; a cidade; o crescimento do Wrestling independente e o nome dos lutadores envolvidos. Foram estes os motivos maiores para um sucesso que poderia não se adivinhar. Não foram, no entanto, os únicos.

Cody e os Bucks foram inteligentes até ao fim.

Algum de nós sabe como vai ser transmitido este evento? Não, pois não ? “Streaming”? No Cabo? Em PPV? Será transmitido sequer?

Para estas questões nenhum de nós tem resposta porque os organizadores assim quiseram. Saber que existe a eventualidade deste evento – já de si um “one night show”– poder ser apenas visto ao vivo, traz-lhe uma aura “especial”, que apaixona qualquer fã. E foi nisto que os três membros do Bullet Club apostaram : em fazer diferente, em permitir que um show transmitido de uma arena enorme seja, ainda assim, “special”. E qual de nós não gosta desse sentimento?

Mas não ficaram por aqui.

Em comparação com um show da WWE, os bilhetes para o All In são relativamente acessíveis : começam nos 28 dólares – uma verdadeira pechincha se olharmos ao que é este evento – passam pelos 53 ou 78 e terminam nos 153. Sim, o bilhete mais caro custa 153 dólares.

Se pensarmos que no último “house show” que trouxe Triple H e companhia a Portugal, existiam bilhetes VIP a 400€ euros e que o dólar está mais barato do que o euro…está tudo dito!

Além do que vimos atrás, não nos poderemos esquecer do fato de não ter sido apenas pensado o show “per si”: tudo o que o rodeia não ficou de fora e também aqui o planeamento foi perfeito.

Do que estou a falar? Da Starrcast 2018, pois claro!

É que nesse fim de semana, na cidade, decorre a já citada convenção, que traz a Chicago um sem número de nomes essenciais do mundo do Wrestling. De CM Punk a Kevin Nash; de Colt Cabana a X-Pac, passando por Eric Bishoff ou Jerry “The King” Lawler, o fim de semana de 31 de Agosto a 02 de Setembro na cidade dos gangsters, é onde todos os fans vão querer estar.

Se passarem aliás pelo Twitter ou por Fóruns onde o evento seja tema, poder-se-ão enganar e pensar que os fãs falam da Wrestlemania, tal o número de adeptos de Países tão díspares como a Austrália, Israel, Brasil ou Inglaterra, que irão fazer a viagem.

Em jeito de conclusão e pensando em tudo o que acima foi abordado, não será difícil pensar que Cody Rhodes e os Young Bucks não poderiam ter escolhido melhor época para tentar o que tentaram : numa altura em que o Wrestling independente é “trendy”e já todos entenderam – mesmo aqueles que apenas consomem WWE – que os lutadores de lá saídos são mesmo grandes estrelas, não é de estranhar que mais de 10.000 pessoas estejam interessadas em ver ao vivo um show deste calibre.

Dave Meltzer é que não terá percebido isso…

E vocês?

  • Achavam que Cody e os Bucks iriam conseguir ?
  • Concordam com as razões apontadas para este sucesso ?
  • Acham que poderá existir um “ALL IN”2 no próximo ano?

Até à próxima edição do Espaço do Fontes!

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