Quando há dias pensei no que iria escrever no “Espaço do Fontes” desta semana, poucas dúvidas restavam na minha cabeça: o “report” ao Money In The Bank teria de ser o foco do artigo desta semana.
Sábado não tive possibilidade de ver Wrestling – devido a compromissos que não podia adiar – mas no Domingo acompanhei o MITB em direto.
Não desgostei: dois bons combates, um “card” restante razoável, mas… péssimo “booking”.
Guardei, no entanto, para Segunda-Feira, o visionamento do NXT Takeover Chicago II. E depois daquelas duas horas e meia sabia em definitivo do que iria falar nesta semana!
Que “pay per view”! Dois combates bem acima da média, pelos Títulos máximos – masculino e feminino – do NXT; um “match” em que estavam em disputa os NXT Tag Team Championships, entre os Undisputed Era e Oney Lorcan & Danny Burch, simplesmente fenomenal; um sério candidato a Combate do Ano, nas figuras de Richochet e Velveteen Dream e … a “street fight”. Meus Deus, que “street fight”, a prova final de que neste tipo de “match” é tão possível contar uma grande história como em outro qualquer.
Na verdade, é minha sincera opinião de que na “feud” entre Johnny Gargano e Tommaso Ciampa, estamos a assistir á maior rivalidade de toda a história da WWE.
Poderão até ter existido outras mais icónicas ou com wrestlers mais “over” a nível de “mainstream” mas no que á construção e conteúdo diz respeito… nenhuma bate esta!
E do que tenho mesmo total certeza, é de que no passado Sábado vimos a melhor “street fight” de sempre.
É sobre ela que vou falar neste texto: a melhor luta que alguma vez passou por um ringue da empresa de Vince McMahon. No final do artigo deixarei também as notas – numa escala de 1 a 5 – a todos os combates deste NXT Takeover Chicago II.
Tommaso Ciampa venceu Johnny Gargano (Chicago Street Fight)
O combate foi o “main event” de um “pay per view” que a WWE produziu desde a All State Arena, em Chicago, perante mais de 11.000 pessoas e sobre o lema “Pain”. E dor seria mesmo o principal componente de todo este “match”…
Antes do inicio, vemos Candice LeRae a entregar uma “crutch” – muleta – a Gargano e a pedir: “kick is ass”!
Mal sabia ela o que aí vinha…. É que Ciampa também trouxe uma …, mas maior, bem maior!
Depois de ambos de desenvencilharem desses objetos, Johnny Wrestling começa o “match” a 100 á hora … e a enviar Tommaso Ciampa para a mesa de comentários! Dali, ambos levam o confronto para o meio do publico: o “Psyco Killer” tenta rasgar um cartaz com o “smile” característico de apoio ao seu oponente, mas este não permite.
Na verdade, o cartaz tem dentro um sinal de transito … e Gargano destrói Ciampa com ele!
De volta ao ringue, a ação continua frenética, com um “crossbody” do marido de Candice LeRae, que se atira do cimo de um bloco da produção. De seguida, introduz uma cadeira e um caixote de lixo e tenta acertar em Ciampa com a tampa, mas este escapa e aproveita para colocar a maré a seu favor, aplicando 3 “suplexes” consecutivos. Um atordoado Gargano consegue escapar e vendo o seu adversário fora do ringue, atinge-o com um “suicide dive”. O combate está louco: Tommaso envia Johnny contra as barreiras e coloca-lhe no pescoço, uma cadeira. De seguida, atira-o contra os degraus do ringue! Mas não fica por aqui: o mesmo truque, mas uma arma diferente, o caixote de lixo. E de novo o pescoço lesionado de Gargano a embater com violência no aço dos degraus.
Ciampa continua o seu ataque e para impedir a normal respiração do oponente, enfia a própria t-shirt na sua boca. A agressividade do “Sicilian Psycopath” é total e para que o pescoço de Johnny Gargano sofra ainda mais, utiliza uma “slingshot” nas cordas do ringue. A violência do “match” parece não poder escalar mais…, mas ainda estamos no inicio! Ciampa tenta algemar Gargano mas este riposta com valentia e castiga o seu adversário com golpes do seu próprio cinto! E não fica por aqui: com a lata de lixo totalmente “enfiada” no oponente, solta um “kick” brutal que deixa Tommaso Ciampa totalmente atordoado. Este acaba, no entanto, por aproveitar uma distração, para ter a primeira “near fall” do combate. Percebendo que Gargano não cede, retribui um dos mimos deste: coloca a lata de lixo na sua cabeça e disfere uma joelhada completamente “stiff”. Johnny Wrestling fica em dificuldade e é aqui que o vingativo Ciampa aproveita para mais um golpe brutal, que vê Gargano ser atirado do ringue para os degraus, numa queda desamparada. De seguida, “near fall” mas ainda não é desta que o “babyface” cede.
O “Psyco Killer” sobe mais um nível nesta disputa: com um alicate, corta as cordas que seguram o “canvas”, expondo as tabuas de madeira do ringue! Coloca Gargano na “top rope” e tenta uma “powebomb” na zona exposta, mas este consegue escapar!
Os dois homens vão para o meio do ringue trocar golpes. Quando olhamos, este parece um cenário bélico, tirado de uma qualquer distopia: completamente destruído e pejado de armas de todo o tipo.
Gargano faz “full circle”, pega na muleta com que iniciou o “match”, atira-a contra a cara de Ciampa e tenta a “fall”, sem sucesso. De seguida, um “crossbody”, mas á sua espera está a tampa do caixote de lixo, que bate com violência na sua cara. É o momento para Tommaso tentar retomar o domínio, mas também ele vê os seus intentos frustrados: tenta um “kick” junto aos degraus, mas é o seu joelho quem conecta com o aço. Aqui, Johnny Wrestling aproveita para o destruir com uma cadeira, numa sequência impressionante! Ciampa consegue, no entanto, reverter e tenta submeter o oponente com a “crutch” colada á cara deste. Percebendo que não o consegue fazer, atira-a depois contra o pescoço de Gargano e tenta mais uma “fall”.
O combate entra na sua fase decisiva: trazendo á memoria a primeira vez em Chicago e o momento em que percebeu que teria de livrar-se do seu parceiro de “tag team”, Tommaso Ciampa leva Johnny Wrestling até ao “stage” , atira-o contra o “titantron” e aplica um “viscious running knee”.
Gargano está quase inconsciente. É aqui que o seu antigo amigo o leva para um dos blocos da produção, presentes no evento. Tira-lhe a aliança, sinal do amor á mulher Candice LeRae, cospe nela e atira-a para o chão.
É este o instante em que Ciampa pensa ir terminar para sempre esta rivalidade de meses, mas num último suspiro, é Gargano quem o levanta e em desespero, voam ambos para uma mesa colocada 3 metros mais abaixo. O “spot” resulta espetacular!
O “Sicilian Psycopath” é levado de maca, mas Johnny Gargano parece recuperado e sedento de vingança: corre para ela, tira a proteção de segurança que Ciampa levava no pescoço e aplica-lhe um brutal “sleeper hold”. A destruição não fica por aqui: vários “kicks “e um “camel clutch” no pescoço desprotegido do adversário completam uma sequência de extrema violência! Pelo caminho, Gargano vai eliminando todos os “officials” da WWE que lhe surgem no caminho até chegar a Ciampa que jaz quase inerte junto á parte anteriormente exposta do ringue.
Chegou o momento pelo qual todos esperaram meses: Johnny Gargano irá colocar um ponto final na sua rivalidade com Tommaso Ciampa, destruindo-o por completo. No entanto, numa fração de segundo, um desesperado Ciampa aplica um poderoso DDT nas tabuas de madeira, a que o pescoço lesionado de Gargano não consegue responder.
1…2…3, Ciampa vence a melhor “street fight” alguma vez produzida sobre o “banner” WWE e deixa para outras núpcias o final desta rivalidade.
Afinal, ainda não acabou…
Nota: 4,90
Os outros combates do NXT Takeover Chicago II
Undisputed Era venceram Oney Lorcan & Danny Burch (NXT Tag Team Championships)
Nota: 4,60
Ricochet venceu Velveteen Dream
Nota: 4,90
Shayna Bayszler venceu Nikki Cross (NXT Women’s Championship)
Nota: 3,90
Aleister Black venceu Lars Sullivan (NXT Championship)
Nota: 4
E vocês?
- O que acharam da “Chicago Street Fight”?
- Qual foi o melhor combate do NXT TakeOver Chicago II?
- Concordam com as notas atribuídas a cada combate?
O “Espaço do Fontes” estará de volta para a semana, até lá … e que o Wrestling esteja convosco!
12 Comentários
Eu acho muito difícil falarmos na melhor rivalidade da história quando tivemos já grandes feuds, desde rivalidades jobbers bem conseguidas a main events, a rivalidades que culminaram no maior palco de todos (Wrestlemania)… é muito difícil afirmar isso, a meu ver.
Depois, também acho difícil dizer com toda a certeza que foi o melhor street fight. Um dos mais icónicos foi um “no hold barred” entre Foley e Orton (que foi uma street fight com outro nome, praticamente).
No entanto, é uma opinião e como tal é legitima, só queria deixar o meu comentário que, a meu ver, é algo que carece de muita análise e de muitas variantes como olhar para a época, para o público, para os protagonistas, etc.. Só para finalizar que nem todas as boas feuds têm de nos encher o olho para serem bem construídas. Uma que nem sempre é lembrada e para mim foi uma das melhores de sempre foi a do Shawn Michaels vs Kurt Angle, onde o combate foi um dos melhores da história da WWE (lá está, é a minha opinião apenas) e onde toda a feud foi bem contruída, bem elaborada e se essa existisse hoje em dia, tenho a certeza que nunca seria tão bem conseguida, pois, faltava outra variante: os protagonistas não serem os mesmos.
Johnyboy, obrigado por teres comentado. Concordo contigo: toda esta análise parte de um pressuposto opinativo, é apenas e só a minha opiniao, não representa sequer um sentimento geral. É como dizes, é sempre difícil escolher algo como o ” melhor”, no entanto é até por isso que quando me referi á melhor feud, deixei a nota de terem existido outras bem mais icónicas e com wrestlers mais conhecidos. Esta, em termos de intensidade e densidade é a mais ” legit” que vi até hoje. Kurt Angle vs Shawn Michaels é um excelente exemplo mas lá está, obedeceu a outro tipo de critérios ( em termos de técnica e personalidade foi com certeza superior). Resta depois desembrulhar todos estes itens em que estas coisas podem ser avaliadas e perceber os que mais importam para cada um de nós. Grande abraço !
Obrigado por teres respondido.
Acho que ambos podemos concordar numa coisa: o NXT é o melhor produto de wrestling que a WWE tem para oferecer. Posso ser até um pouco controverso, mas do pouco que vejo, é o melhor produto de wrestling a nível mundial (foco no “pouco que vejo”).
No entanto vejo muitas críticas que o HHH devia de liderar os main shows e devia de se substituir o booking. Com base nisto, gostaria de deixar aqui um espaço para a tua próxima crónica (ou para quem do wrestling.pt queira pegar): será que vale a pena sujeitar o produto a um melhoramento quando a WWE não tem concorrência à altura? Não será demais pedir aos wrestlers que arrisquem tudo como arrisca o Gargano já à vários shows sem necessidade?
Obrigado 🙂
Johnyboy, claro que vale a pena: a WWE é uma Empresa cotada em bolsa e apesar de não ter concorrência dentro do Mundo do Wrestling, concorre, a nível de TV , com outros produtos de entretenimento. Se a qualidade do produto reduzir, o número de espectadores também reduzirá, o que significará menos ” revenue” gerado com a publicidade. Deste o exemplo do NXT: o NXT é uma marca dentro da WWE é é gerida como tal. Achas mesmo que se os combates não fossem tão bons como são, se conseguiam encher arenas com os Takeovers? Ou fazer tours com house shows? Nem pensar, bastará ver o exemplo do 205 live, que é um produto mais fraco: tentaram fazer house shows do programa, em pavilhões pequenos e nem esses conseguiam encher. Por isso sim, acho que sempre que puder, a WWE deve tentar ser o melhor que consiga ser. De qualquer forma,está é uma boa sugestão para um texto, grande abraço!
O Gargano não pode estar bem. Ele anda a 3 (ou mais) Takeovers a dar combates com uma qualidade incrível e de grande exigência física. Aquelas costas merecem umas férias.
Eugen3, obrigado por teres comentado. Pá, que wrestler, o Gargano é dos poucos lutadores a quem podemos aplicar a palavra ” incrível” sem corrermos o risco de cairmos num exagero. É como dizes: tudo o que tem feito tem sido de alto nível e sempre com o corpo a pagar… e a verdade é que ainda vem aí mais! Mesmo que no fim vejamos o ” payoff”, a verdade é que o Gargano, como ” babyface” desta ” feud” acaba por ser quem mais sofre com golpes de alto impacto, como dizes e bem, aquelas costas, meu Deus, nem quero pensar… Grande abraço !
O NXT neste momento está num nível que eu não quero que ninguém suba para o main roster…deixem-nos ficar lá, pf!
Compreendo o que dizes mas a verdade é que o NXT consegue sempre renovar-se, é incrível: as Superstars vão subindo ao main roster mas os quem lá fica continua sempre a subir o nível, é assim praticamente desde o início.
O melhor da WWE atualmente é o NXT, agradável de se ver.
Tobias, obrigado por teres comentado: é e de longe, a qualidade das histórias e dos combates no NXT é infinitamente superior a qualquer outra coisa dentro da WWE TV. Grande abraço!
Desculpa mais nada supera Undertaker vs Mick Foley.
Mais esse combate está em segundo na lista.
Júnior 007, obrigado por teres comentado. Foley vs Taker foi das ” feuds” mais icónicas de sempre, concordo contigo mas não teve um número de combates tão consistentes quanto a Gargano vs Ciampa. Neste é combate a seguir a combate, cada um melhor que o outro, ao contrário de outras ” feuds” que habitualmente têm um ” match”, vá lá dois, que ficam para a história mas que depois não têm tanta consistência nos restantes. Grande abraço!