Antes de mais, quero pedir desculpa pelo artigo menos conseguido da semana passada. Fiz um mau planeamento do tempo e acabei a escrevê-lo doente. Entre outras coisas, faltou deixar o convite para que estejam à vontade de sugerir temas para os artigos, tem todo o sentido que o façam. Foi isso que fez o “nosso” Mr. TNA por excelência, Jorge Rebelo, e em resultado cá estou eu hoje para vos falar duma das últimas inovações da TNA: os PPV’s “One Night Only” e, em especial destaque, o “X-Travaganza”: o primeiro, e para já único, a ser emitido. Mais do que uma análise geral ao PPV e aos combates, vou procurar também tirar algumas ideias deixadas relativas ao conceito em si dos PPV’s ONO e aquilo que podemos esperar dos próximos. Depois de um Impact passado que poucas novidades trouxe, achei que ainda era oportuno fazer esta análise, apesar de o PPV já ter sido emitido há duas semanas.

Get Ready To Fly #4 – So Far, So Good

Se tivesse que escolher uma palavra para caracterizar a escolha do “X-Travaganza” como primeiro PPV da saga dos ONO essa palavra seria: inteligente. Que melhor divisão para construir um PPV, cuja forma de agarrar os espectadores é unicamente através de combates sem história por trás nem feuds, que a X-Division? Uma divisão que já nos habituou a compensar o que falta em promos e construção de histórias, com momentos inesquecíveis em combates onde mais do que técnica, abunda a dedicação e a procura de deixar quem assiste em completo êxtase. E foi exactamente isso que a TNA nos deu neste PPV, momentos e mais momentos de deixar qualquer um colado ao ecrã. Um “X-Travaganza” que prometia muito e cumpriu.

Para começar, tivemos um combate que, apesar de ser característico da divisão, deixava algo a desejar pelos participantes do mesmo. Metade eram nomes que reconhecemos do Gut Check e, tirando um tal de Christian York, desde então pouco vimos. De resto, confesso que não conhecia mais nenhum. Foram mais os pontos negativos do combate que os positivos, sendo que dos positivos destaco, naturalmente, a participação dos Gut Checkers, as boas performances tanto do Puma como do Lince Dorado, cuja velocidade compensou a falta da de outros, e a forma agressiva como o York aplicou o seu finisher, um simples Snap Swinging Neckbreaker, tornando-o mais credível e espetacular. Mas, infelizmente, este foi um combate cujos pontos negativos saíram mais realçados: a dupla Bentley & Rave teve uma prestação para esquecer, nenhum dos dois conseguiu juntar alguma coisa ao combate e estavam ambos numa forma física muito questionável. Tenho de referir a simples combinação Backbreaker + Neckbreaker que o Shaw usou e que resultou em duas eliminações, um golpe com pouca credibilidade e que foi um exagero resultar em qualquer pin bem sucedido. Achei bem darem-lhe o destaque, mas não aproveitou bem. E por fim, o mesmo York que já elogiei, e que além de ter ganho o combate foi o que esteve mais tempo dentro de ringue, voltou a mostrar uma falta de velocidade preocupante. É uma pena tendo em conta que estamos a falar de um lutador que supostamente é de futuro, logo se não melhorar rapidamente vai ver as suas oportunidades cortadas. Tem um move-set muito interessante mas falta de velocidade na X-Division é a “morte do artista”. De uma forma geral, foi um X-Scape desapontante pelo historial que o combate tem mas que ao mesmo tempo serviu alguns propósitos como dar destaque aos Gut Checkers, que estiveram em clara evidência.

Depois de um bom combate tag-team, onde destaco um Doug Williams que já tinha saudades de ver, tivemos talvez o combate menos esperado da noite mas que, contudo, acabou por ser um dos que ainda teve alguma história. A razão pela qual faço referência a este combate é exactamente pelas promos que antecederam o mesmo. Inicialmente, tivemos um Robbie E a fazer o seu papel habitual, lembrando-nos que já aconteceu o acaso de ser campeão da X-Division (sinceramente, já nem me lembrava). Até aqui tudo bem. Eis que chega o Sr. Chavo Guerrero. Nunca me opus às referências à WWE feitas na TNA, inclusive vemos algumas vezes o Mike Tenay a fazê-las, contundo, sempre de uma forma discreta e, principalmente, apropriada. Seria uma hipocrisia a TNA que mantém os nomes de quase todos os lutadores ex-WWE, fingir que esta não existe. Mas uma coisa é um comentador referira-la, num sentido de orientar uma certa história ou o passado de um lutador, outra coisa é um lutador, no meio do ringue, pôr-se a fazer referências desnecessárias a uma divisão da WWE que, segundo ele, originou a X-Division. Não interessa se é verdade ou mentira, é desnecessário e negativo para a TNA. Nem é tanto a referência à divisão que me chateia mais, a ligação feita pelo Chavo entre esta e a X-Division é que foi desastrosa. Onde é que isto deixa a TNA? Se queriam um mote para o combate, bastava o Chavo falar na sua família e de toda a tradição mexicana de “high-flyers”. De resto, o combate em si esteve ao nível de ser o menos esperado da noite.

Depois de um início pouco prometedor, a coisa começou por fim a aquecer. E aqueceu de que forma…! Um Ultimate X Match brutal, fantástico, emocionante, de ficar colado ao ecrã literalmente.Só tenho uma pergunta: o que é que o Rubix ainda está a fazer sem a porra de um contrato na mão?! Que prestação… Aliás, estiveram todos impecáveis. Até o Kenny King, meus amigos, até o Kenny King. No que toca ao que aconteceu dentro e fora do ringue, não tenho nada a apontar. Superou quaisquer expectativas, tivemos de tudo. No entanto, ficaram a faltar spots aéreos, ou seja, nas cordas que prendem o “X” (afinal era um Ultimate X). Todas as tentativas para ir buscá-lo foram semelhantes, sempre um de cada vez, e acabaram por meter todas as atenções concentradas no ringue apenas. É a única coisa de negativo que tenho a apontar neste combate. De resto, um combate para ver e rever.

De seguida tivemos mais um bom combate de tag-team (já foi o segundo da noite), este que só pelos participantes já valia a pena ver. Adorei a energia do Petey, percebeu-se que era mesma genuína. O combate em si foi bom, talvez não ao nível do que temos visto na divisão de Tag-Team, mas é normal tendo em conta que o Petey e o Dutt não são uma equipa rodada. O Canandian Destroyer no fim foi a cereja em cima do bolo.

E quem é que já tinha saudades do RVD? Não? Ninguém? Estou a brincar, tendo em conta que podemos não o voltar a ver na TNA foi um bom combate de despedida. E, nesse sentido, foi a dobrar visto que também serviu para nos despedirmos do grande Jerry Lynn. Estes dois são um bom exemplo daquilo que quanto uma boa química entre lutadores pode fazer. Um combate fantástico, que posso dizer? Elevou ambos os lutadores a um nível que dificilmente os voltaríamos a ver atingir contra outros adversários. Já para não falar daquele 5-Star-Frog-Splash… Só mesmo o RVD. Para mim foi o grande momento de todo o PPV.

Por fim, um combate entre duas das grandes estrelas actualmente da TNA. Ambos vieram da X-Division, tiveram grandes reinados como campeões  e, no que toca à X-Division, este era um “dream match”. Claro que da mesma forma podíamos meter antes o AJ Styles em vez do Aries e aí íamos ter um combate já visto mas iríamos também estar a voltar às fundações da própria X-Division. Assim, acabou por ser um confronto entre os primeiros tempos da divisão e um passado mais recente. Correspondeu às expectativas, dois grandes executantes que sabem contar uma história dentro do ringue. O Aries quando estava na divisão não tinha concorrência ao seu nível por isso são nestes momentos que se percebe a sua tremenda qualidade. O fim podia ter sido outro, foi mais ao nível do Aries que outra coisa, por assim dizer, mas acabou não descredibilizar ninguém. Só podemos esperar que se voltem a encontrar mais vezes no futuro. Cá estaremos para ver.

Get Ready To Fly #4 – So Far, So Good

De uma forma geral, foi um PPV que elevou a X-Division ao nível em que merece estar e, no que toca à marca “One Night Only”, deixou muito boas indicações para os próximos PPV’s. Contudo, já era expectável que a X-Division fosse combinar bem com o conceito da ONO, logo nesse sentido não foi nenhuma surpresa. Receio que a TNA tenha usado o seu trunfo logo no primeiro PPV e que agora vá ter dificuldades para corresponder às expectativas criadas. Será que as próximas divisões a terem direito ao seu PPV vão-se safar tão bem como a X-Division? Será que conseguirão suplantar a falta de feuds e storylines? Tenho as minhas dúvidas, mas, como sempre, cá estarei para ser surpreendido e fazer a minha análise aqui no GR2F.

Top 3 da Semana

O “X-Travaganza” foi a primeira montra daquilo que é este novo conceito dos PPV’s “One Night Only”. Muitos se seguem e a expectativa é grande. Por isso aquilo que vos pergunto é qual o vosso TOP 3 dos próximos PPV’S ONO que mais curiosidade têm em ver? Para facilitar, deixo aqui a lista, retirada de uma notícia do site, dos próximos PPV’s e um pequeno resumo daquilo a que se dedicarão:

TNA Joker’s Wild: 24 lutadores numa série de eliminatória com duplas de tag-team formadas por parceiros rivais e no final um combate de singles que pode valer 100.000 dólares

TNA Knockout Knockdown: dedicado à divisão de Knockouts

TNA 10 Reunion: marca o regresso do ringue de seis lados com lutadores que marcaram a história da TNA

TNA Tag-team Tournment: para descobrir a melhor tag-team de sempre da TNA

TNA World Cup of Wrestling: atletas de todo o mundo em combates Heavyweight, Tag-team, X-Division e Knockouts

TNA Hardcore Justice 2 – um PPV só com regras e estrelas Hardcore

TNA Heavyweight Title Tournment – os maiores campeões da história em competição.

Até para a semana!

10 Comentários

  1. Roberto Barros12 anos

    Eu estu ansioso para ver o TNA Knockout Knockdown para saber quem eles irão trazer para combater, o TNA Tag-team Tournment e o TNA Heavyweight Title Tournment. Depois Francisco gostaria de uma analise sua sobre a divisão das Knockouts da TNA.

    • Sem dúvida que irei fazer pelo menos um GR2F dedicado à melhor divisão de wrestling feminino do mundo…. 🙂

  2. Excelente artigo!

    Sinceramente, penso que o Chavo se estava a referir à Cruiserweight Division da WCW e não à da WWE. Porém, só vi isso uma vez ( em directo) e não revi o combate entre o Chavo e o Robbie E ( porque é que será?). Seja como for, eu se fosse patrão do Chavo encostava-o já, é inadmissível que ele vá para ali dizer que foi outra empresa que “originou” a X-Division, quando esta divisão é uma das marcas mais fortes da TNA, senão for mesmo a mais forte! Anedótico este Eddie Guerrero “wannabe”…

    Top 3:

    1- TNA Joker’s Wild. Deverá ser bastante engraçado.

    2- TNA 10 Reunion. Nostalgia…

    3- TNA Hardcore Justice 2/ TNA Knockout Knockdown. Não consigo escolher um de entre estes 2. We want Awesome Kong! Eu sei que os PPV’s já foram realizados, mas deixem-me ter esperanças e não me “spoilem” se faz favor xD

    • Gracias 🙂

      Também penso que sim, Daniel. Mas a associação à WWE é automática e era nesse contexto que me estava a referir.

  3. Jopê2212 anos

    Podes responder a uma pergunta? Quanto tempo demoraram até te responderem se tu podias fazer este artigo?

    • Imagino que tenhas enviado um mail e não te deram resposta. Os responsáveis por isso é que te podem responder, mas penso que talvez se não te responderam é porque não estão interessados…

    • Estás à espera de alguma resposta é isso?

    • Jopê2212 anos

      Eles disseram k eu ia ter uma resposta mas desde 3ª k tou á espera

  4. Vince It Factor12 anos

    Francisco, sobre este ppv, penso que muito já comentamos no chat da TNA.

    A X-Scape, penso que pelo menos o Lince Dorado e o Puma estiveram fantásticos, já o York miserável, assim como o Bentley ou o Rave.

    A do Chavo, vá passar à frente.

    O resto foi tudo fantástico, desde o combate do RVD com o Lynn, aos combates de tag, ao main-event, onde destaco o meu combate favorito, o Ultimate-X, conde brilharam para mim Rubix e Zema Ion, que show este combate.

    A fechar:

    1-TNA Joker’s Wild
    2-TNA 10 Reunion
    3-TNA Hardcore Justice 2

    Se bem que todos me atraem imenso….

    Excelente artigo, mais um, continua 🙂

  5. Francisco obrigado por seguires a minha sugestão e estava muitissimo curioso em ver qual a tua opinião sobre o X-Travaganza. O conceitos destes ONO é arriscado e certamente diferente do que estamos habituados. A falta de storyline certamente é uma perda, mas já tenho dito que este estes PPVs podem fazer as delicias de qualquer pessoas que goste de wrestling. São despreocupados em termos de gimmicks e storylines e permitem que admiremos o combate pelo entretenimento de ver uma luta bem executada. Para mim, o X-Travaganza encheu-me as medidas e fico a aguardar os restantes PPVs.

    Dos restantes ONO, estou mais curioso com o Hardcore Justice, o World Cup of Wrestling e o das Knockouts. A razão é semelhante, estes três PPV são talvez os que têm os conceitos que mais fogem ao habitual.

    Com o fim do Hardcore Justice em formato de PPV regular, os fãs têm agora uma oportunidade de se deliciarem com combates mais “extreme”. O World cup é uma boa oportunidade de ver novas caras na TNA, com estilos de wrestling inspirados em diferentes países. Nunca a TNA fez um PPV exclusivamente dedicado ao wrestling feminino e parece-me que é um tremendo agradecimento ao que as atletas da TNA têm feito pela organização.

    Francisco, mais uma vez fantástico trabalho!