O Wrestling.PT é o representa Português no TNA Conference Call que todos os meses traz uma entrevista em exclusivo com um lutador da TNA. Este mês foi Magnus a estar presente no evento ao qual respondeu a uma pergunta colocada pelo WPT.
Na passada Terça-feira dia 26 de Novembro, voltamos a estar presente no TNA Conference Call, uma iniciativa mensal onde vários órgãos de informação da Europa, Ásia e Oceania, são convidados a estar “presentes” por via de chamada telefónica e assim podem colocar algumas questões a alguns dos nomes mais importantes da TNA. Este mês, dada a proximidade ao TNA One Night Only “World Cup of Wrestling”, foi o Britânico Magnus que respondeu às questões.
Tive a oportunidade de falar com o Magnus e coloquei duas questões, uma delas é da autoria do Francisco. Obrigado a todos pelas vossa contribuição e ficam aqui as questões e as respostas:
Pergunta Wrestling.PT
Boa tarde, Magnus. Há pouco mencionaste o teu combate com o Sting no Bound For Glory e eu queria focar o maior PPV do ano para a TNA. Quando soube que iria defrontar o Sting não pude deixar de pensar no combate entre Ric Flair e Sting há muitos anos atrás, quando Sting era uma estrela em ascenção e nesse combate Ric Flair acabou por dar a sua bênção e o seu apoio a Sting. Sentes que no Bound For Glory, o Sting tentou passar o testemunho para ti?
“Penso que houve pessoas a fazer essa comparação, mas o contexto entre as duas situações é muito diferente. Flair era um campeão na altura e era o vilão, enquanto o Sting tinha todo o público por trás a apoiá-lo. No meu caso eu tenho um personagem que está a passar por uma fase conflituosa e que na verdade agora só pensa em ganhar e conseguir os resultados necessários para me estabelecer. Já o Sting ele é uma lenda e sempre será um ícone desta indústria e por acaso é alguém que me tem apoiado bastante. Olhando de uma forma mais global eu não penso que o Sting estivesse a passar-me o testemunho, mas deu-me o seu selo de aprovação, tal como ele já o tinha feito de forma privada, falando pessoalmente comigo e como o fez durante algumas entrevistas. Eu sinto que ele queria ter a oportunidade de o fazer no ringue, de uma forma mais real. Desde o combate que ele já me disse repetidamente que sempre quis fazer aquilo, queria lutar contigo e queria fazer a coisa acertada. Eu vou sempre estar eternamente grato a ele por isso, sempre vou estar grato por ele ter lutado comigo e aquilo é a forma de ele dizer o que pensa, que tu mereces e vamos provar que mereces. Vou sempre estar grato a ele por isso”.
És frequentemente apelidado de ser o futuro da TNA. Sentes que essa é uma grande responsabilidade? Achas que o facto de a TNA já depender de ti em alguns momentos chave, pode condicionar-te em termos de correr alguns riscos, quer dentro do ringue, quer na direcção criativa da tua personagem?
“Eu costumo rir quando me chamam essas coisas, porque é uma daquelas coisas que não é verdadeiramente real, é um titulo muito fácil de se dar a alguém quando se sente que há óbvio potencial. Palavras como potencial, futuro…são coisas que podem levar a prazos e a pressões desnecessárias. Eu tento não pensar nisso. Prefiro dizer às pessoas para não olharem para o futuro e focarem-se no que estão a ver agora. Porque quando as pessoas me começam a questionar sobre quando vou fazer isto ou aquilo, eu penso que se começa a não disfrutar do presente. Eu vejo as coisas assim, a maior responsabilidade dos fãs e ver o show e disfrutar do que fazemos. Quando os fãs começam a ter um discurso demasiado focado em que ele devia ser isto e ela devia fazer aquilo, isso tira o que deveria ser um prazer orgânico de assistir ao show. Prefiro que cada pessoa veja o show, não se preocupe qual a direcção que deveríamos levar, pois essa é uma preocupação nossa e simplesmente disfrutem do que estão a ver. Espero que fiquem sempre com vontade de ver o que vem a seguir, pois é isso que eu faço até com o que vejo na televisão. Um exemplo, quando vejo o Sons of Anarchy eu não tento dar palpites sobre quem deveria ser o próximo VP (vice-presidente), eu apenas quero ver e quero que me surpreendam e quando acontecer, espero disfrutar do que estiver para vir”.
Deixo aqui um resumo da restante conferência:
Sobre o quando e onde gostaria de se sagrar Campeão Mundial:
“Dada a minha herança, dada a história da TNA a resposta óbvia seria Wembley (2014). Mas ganhar um titulo mundial é algo tão importante que será sempre especial. O que posso dizer é que se algum dia vier a ganhar apenas quero garantir que consigo fazer um bom trabalho enquanto o tiver na minha posse”
Sobre a Dixie Carter ter um papel televisivo:
“No clima actual de como o wrestling é visto e dos hábitos televisivos das pessoas em geral, é natural que se queira saber quem manda, quem é o patrão, quem toma as decisões, que tipo de pessoa é e querem ver essa pessoa mais envolvida numa história. O Simon Cowell fez isso bem. Ele já era um tipo bem sucedido obviamente e era já uma personalidade televisiva, mas ele percebeu bem os hábitos televisivos e percebeu o que as pessoas queriam ver, queriam saber quem manda, quem tem o dinheiro e tornou isso em seu proveito. Há inúmeros exemplos desses em todos os meios e é natural que a TNA explore isso com a Dixie. Como tal, desde que faça sentido e que seja entretenimento então parece-me bem que se explore esse caminho.”
Sobre a sua ascensão no último ano:
“2012 foi um ano de consolidação e 2013 foi o ano da explosão para mim. 2012 foi quando tive a oportunidade de mostrar o meu valor, primeiro ao lado do Joe e depois numa rivalidade com ele. O ano de 2012 acabou por terminar com a minha saída causada por um grupo controverso, o que me deu a oportunidade de regressar em 2013 a conseguir capitalizar nisso mesmo e acabei por me consolidar como um lutador mais importante e isso tem sido o meu objectivo para este ano. Obviamente que este ano a organização tem me dado imensas oportunidades para ter toda a atenção em mim, com a BFG Series, o combate com o Sting no BFG, etc. Eventualmente eu vejo-me como campeão mundial e tenho de acreditar nisso, tenho de mostrar que consigo chegar aquele titulo ou nunca irei conseguir convencer o público. Por isso vejo-me como campeão mundial no futuro.”
Sobre o TNA One Night Only:
“Estou bastante entusiasmado com o evento. Não é segredo nenhum que estes PPVs ficaram na prateleira depois de serem gravados nos estúdios da Universal ainda no inicio do ano, mas vai ser um bom show. Este World Cup vai trazer muitas caras novas, outras caras diferentes e há muitos combates que as pessoas nunca viram e que vale a pena assistirem. (…) Eu diverti-me imenso a fazer este show. Foi óptimo rever o Sonjay (Dutt), o Petey (Williams) e o Mesias que não o via desde que lutei com ele no México há algum tempo atrás. É um bom grupo e foi um bom evento de se fazer. Claro que se retirarmos os Aces and 8s não há grande rivalidade entre as equipas, é basicamente uma competitividade saudável.”
Sobre as mudanças recentes na TNA:
“Em primeiro lugar é muito melhor quando toda a gente no roster e toda a gente nos bastidores está a par da direcção global que estamos a seguir. Penso que hoje isso está muito mais claro até em termos do tipo de produto que devemos apresentar e isso é um aspecto interessante. A maiorida do roster concorda comigo quando eu digo que não conseguimos escapar a todas as conversas que há em torno do que se está a passar internamente, mas quando chega ao momento certo nós recebemos as instruções e fazemos o nosso melhor. Isso nunca irá mudar. As pessoas que estiveram hoje no roster e forem espertas o suficiente vão saber aproveitar tudo o que está a mudar da melhor forma, vão puder contribuir, dar ideias e podem entusiasmar-se por ter um papel mais activo nos bastidores. Claro que as mudanças nos inquietam, mas no fim do dia cabe a cada um de nós fazer o nosso trabalho. Eu falo por mim, eu não sou um tipo que chegue a casa, desligue e deixa de pensar no assunto. Eu estou sempre a pensar no produto e talvez seja das pessoas mais chatas para quem está na direcção, mas gosto de dar ideias e sugestões, não sobre a parte criativa, mas são ideias para aumentar as receitas e a nossa visibilidade.”
Sobre a hipótese de não chegar a campeão mundial em 2014:
“Sim tenho que concordar que se chegar ao fim de 2014 e não tiver sido campeão mundial, algo muito grave aconteceu. Claro que há coisas que não controlamos e não gosto de pensar muito sobre esse tipo de possibilidades. Eu prefiro ver as coisas de forma positiva e se não for campeão, tenho de pensar em tudo o que aconteceu e onde posso melhorar para tornar isso uma realidade.”
Sobre a relação com Douglas Williams e Rob Terry:
“Eu comecei em Norwich (Reino Unido) no centro de treino do Ricky Knight e ao mesmo tempo comecei a treinar numa escola de wrestling, a Dropkixx academy em Purfleet (perto de Londeres). O Douglas (Williams) aparecia por lá de tempos a tempos e ajudava-nos imenso ao partilhar a sua experiência. Nessa altura lembro-me de ver o Doug lá e pensar que ele era fantástico, ele estava a trabalhar nos Estados Unidos e no Japão e eu queria mesmo impressiona-lo. Foi o Doug que me recomendou a muitos promotores na altura e que tive os meus primeiros combates e aliás o meu primeiro combate foi com o Doug. Nós temos uma história já longa e que continuou na TNA. Confesso que há algum tempo que não falo com ele e espero que esteja tudo bem. Tenho falado mais com o Rob (Terry) porque é inevitável não estar com ele e com o Spud (Rockstar Spud) e espero trabalhar em breve com eles.”
Sobre lutar contra Douglas Williams pelo titulo mundial:
“Claro que isso não é possível, mas se fosse possível era um marco enorme para o wrestling britânico e para todos os jovens que estão hoje a iniciar as suas carreiras. Poder ver dois lutadores britânicos a ocupar o main-event seria brilhante, mas isso não é possível, por muito que gostasse e tenho a certeza que daríamos um excelente combate.”
Sobre o uso das stables:
“O uso das stables vai sempre ser uma ferramenta útil, porque é uma forma fácil de mostrar ao público um grande conjunto de talentos, mantendo todos activos e a lutar no ringue, quando se tem pouco tempo para o fazer. Por isso é uma forma de dar uma oportunidade a muita gente antes de se tornarem nomes estabelecidos dentro das organizações. É muito importante conseguirmos mostrar quem somos ao público, para que eles se familiarizem connosco e as stables permitem isso. Sem qualquer dúvida que a minha stable preferida, da qual fiz parte, foi a Mafia. Os British Invasion foram um enorme divertimento e a World Elite foi algo que não me deu muito tempo…mas eu lembro-me de ver a formação original da Mafia e pensar: aquilo deve ser divertido! Por isso quando fui convidado este ano para me juntar à Mafia foi fantástico e foi das melhores experiências que tive. Eu diverti-me imenso a fazer aquelas entradas com todo o grupo. Nós aperaltávamo-nos e quando eu ouvia a música e me via ao lado daqueles três tipos fabulosos, não podia ser mais divertido. A reacção das pessoas foi muito positiva e é diferente…há uma energia diferente quando caminhamos para o ringue e sentimos que há um respeito enorme das pessoas por terem ali todos aqueles lutadores excelentes. Quando eu era criança a minha stable preferida, enquanto fã, eram os DX, mas se olhar para toda a história do wrestling, a minha stable favorita têm de ser os Four Horseman.”
Sobre se segue a carreira de Wade Barrett ou de outros wrestlers britânicos da WWE:
“Eu conheço o Wade muito bem. Nós andámos na mesma escola de wrestling e para mim ele será sempre o Big Stu. Eu não o vejo há já algum tempo. Eu por acaso costumo estar com o Sheamus e estive com o Drew McIntyre há duas semanas atrás, nós fomos os 3 beber uns copos. O Stu já não vejo há algum tempo, sei que ele esteve fora algum tempo mas estou feliz por ele ter regressado aos ringues. Mas é comum todas as semanas lhe mandar uma mensagem sobre alguma coisa que eu ou ele fizemos. As coisas são mesmo assim neste negócio e eu tenho amigos lá que me enviam mensagens e eu a eles, sobre o que estamos a fazer. Eu adoro o Stu, eu e ele passámos por coisas muito parecidas quando crescíamos e apesar de ele ser mais velho que eu, nós crescemos juntos na mesma escola de wrestling e partilhamos muita coisa. Estou feliz se ele estiver bem.”
Sobre quem gostaria de enfrentar se pudesse escolher qualquer pessoa:
“Eu vou ter a oportunidade de lutar contra o Kurt Angle na televisão. É algo que quero fazer. Eu já o defrontei em eventos sem grande importância ou em combates de tag-team, mas nunca na televisão com tanto destaque para o nosso combate. Eu teria adorado ter defrontado o Ric Flair e penso que o Bret Hart e o Shawn Michaels, porque eram dois lutadores que eu admirava bastante enquanto criança, tal como o Davey Boy Smith.”
Mais uma vez agradeço a todos os que deixaram sugestões de perguntas para este evento.
Até ao próximo Impacto!
5 Comentários
Parabéns Jorge por todo este magnifico trabalho.
Grande trabalho…e claro sempre pensei que Magnus gostasse de defrontar o mítico “British Bulldog”
Grande entrevista…
Destaco o que sempre digo, curtam os shows, não tentem ser booking ou óbvios:
“Prefiro dizer às pessoas para não olharem para o futuro e focarem-se no que estão a ver agora. Porque quando as pessoas me começam a questionar sobre quando vou fazer isto ou aquilo, eu penso que se começa a não disfrutar do presente. Eu vejo as coisas assim, a maior responsabilidade dos fãs e ver o show e disfrutar do que fazemos. Quando os fãs começam a ter um discurso demasiado focado em que ele devia ser isto e ela devia fazer aquilo, isso tira o que deveria ser um prazer orgânico de assistir ao show. Prefiro que cada pessoa veja o show, não se preocupe qual a direcção que deveríamos levar, pois essa é uma preocupação nossa e simplesmente disfrutem do que estão a ver.”
Ótima entrevista, realmente o Magnus pareceu estar bem a vontade, primeiro legal a informação de ele ter amizades com outros lutadores do Reino Unido de outra companhia, como Sheamus, o Drew e o Wade e pelo que ele falou parecem bem próximos.
Ele também foi formado pelo Ricky Knight, para quem não sabe é o pai da Paige.
Grande Magnus. Não acho assim tão improvável ele defrontar um dia o Douglas Williams pelo título mundial… Sendo o Magnus campeão, seria interessante a TNA trazer o Douglas de volta para uma feud certamente especial. Mas se ele diz que é impossível, quem sou eu para o contrariar.
Quanto ao futuro do Magnus, acho que ele ainda pode e deve melhorar no ringue e foi muito nessa linha que fiz a pergunta do sentir ou não pressão quando ao seu futuro. Infelizmente ele ficou-se pela alcunha dada e “fugiu” ao resto da questão mas pronto, vamos ver o que o futuro nos dá. Só acho que se ele não começa a mostrar mais variedade no ringue em termos de golpes acho difícil manter-se muito tempo no topo…