A carreira de um wrestler nunca começa e termina no mesmo local. No percurso que os lutadores percorrem, há sempre alguns detalhes que desconhecemos e que afinal também acabam por contribuir para a mitologia das caras que compõem esta indústria. No Impacto! desta semana decidi fazer um levantamento de nomes que passaram pela TNA e que muito provavelmente a maioria das pessoas desconhecia que o tinham feito. Esta é a primeira parte deste artigo. Espero que alguns destes nomes vos surpreenda e acreditem que ficaram ainda bastante em carteira para edições futuras.
Para fazer este exercício vamos desde já tirar algum nomes óbvios do caminho como Hulk Hogan, Ric Flair, Booker T, Kevin Nash, Scott Hall, Sean Waltman, RVD, Mick Foley ou Scott Steiner. Todos estes lutadores estiveram por lá e acredito que um fã casual com minimo de conhecimento da TNA sabe disso. Exclui também os nomes que ainda hoje estão na TNA como Jeff e Matt Hardy, a Team 3D, Tommy Dreamer, Rhino ou Kurt Angle.
Vamos então à primeira parte desta série de artigos.
Bobby Heenan
Esta lenda do wrestling, Bobby “The Brain” Heenan teve uma presença muito curta e modesta na TNA. Em 2005 no PPV Turning Point apareceu ao lado de alguns jogadores de basebol para a entrega de um prémio a AJ Styles, Chris Sain e Sonjay Dutt pelo ano fantástico que a TNA estava a ter. Mais tarde, Heenan surgiu num episódio do TNA Impact a oferecer-se como agente de Bobby Roode e a sua contribuição para a TNA terminou nessa noite.
DDP
DDP foi um dos meus lutadores preferidos na WCW. Em 2004 a TNA desenvolveu esforços para trazer DDP, mas o que prometia ser uma grande aquisição acabou por ser uma discreta passagem para a reforma. Nesse ano, DDP atacou Raven e iniciou uma rivalidade com este. Contudo, nunca se percebeu a escolha do alvo e pior ficou DDP quando a TNA lhe deu um combate pelo titulo principal (defendido por Jeff Jarrett) apenas para o fazer perder graças a um heel turn de Monty Brown. A estreia de DDP poderia ter sido uma interessante parceria entre alguém carismático, com boas capacidades de comunicação e uma empresa a precisar de reconhecimento. Mas DDP acabou por ser um figurante com pouca relevância.
CM Punk
A história de CM Punk na TNA conta-se de forma muito simples. Em 2002 a estreia de Punk na Ring of Honor foi das mais aplaudidas de sempre da história daquela empresa. Punk cresceu a uma velocidade vertiginosa na organização e a TNA, acabada de nascer, percebeu o seu valor e com a ajuda Raven, trouxe Punk para a organização em 2003. Punk juntou-se a Raven, no stable The Gathering e teve uma série de combates hardcore onde ainda se destacaram feuds com Shane Douglas e Sandman. Punk tinha exposição mediática na TNA e uma reputação tremenda na ROH, mas quando o fundador da ROH Rob Feinstein foi acusado de pedofilia, a TNA proibiu os seus atletas de lutarem pela ROH, dando a escolher entre empresas. Punk, que entretanto se tinha envolvido numa luta de bar com Teddy Hart e em consequência tinha sido suspenso “de forma não oficial” pela TNA, optou por deixar a empresa e lutar apenas pela Ring of Honor. Punk é um claro exemplo de um talento que a TNA deixou cair graças a más decisões de bastidores. Aqui o atleta tinha tudo para se afirmar e aliás estava a conseguir fazê-lo, mas foram os “jogos políticos” que levaram a que a TNA perdesse aquele que hoje é um dos nomes mais reconhecidos no wrestling mundial.
Emko Fatu
Talvez o nome Emko Fatu não diga nada a vocês, mas se disser que me estou a referir a Umaga então o cenário muda de figura. É verdade, antes da WWE apresentar ao seu público um lutador com o nome de Umaga, a TNA contou com os serviços de Fatu durante um breve período, em 2003 e 2004. Fatu estreou-se na TNA em Setembro de 2003 ao lado de Sonny Siaki e esteve até ao final desse ano em vários combates de tag-team, mas sem grande sucesso ou destaque. A última aparição de Fatu na TNA foi em 2004, quando enfrentou Alex Shelley num combate dinheiro vs carreira. Este combate surge enquadrado numa storyline, em que Goldylocks, uma apresentadora e ring announcer da TNA, teria recrutado os serviços de Abyss e Alex Shelley para a ajudar num desafio em que ela oferecia uma elevada quantia de dinheiro se um lutador conseguisse ganhar aos seus fiéis defensores, mas se perdessem Goldylocks ficaria com a posse do contrato que os ligava à TNA. Fatu que no final de 2003 saiu para a AJPW (Japão) regressou em 2004 para ajudar Sonny Siaki e pôs o seu próprio contrato em jogo, acabando por perder contra Alex Shelley. Foi a última vez que Emko Fatu viria a pisar um ringue da TNA, acabando por falecer em 2009.
Randy Savage
Randy Savage é um daqueles nomes que para sempre ficará marcado na memória colectiva do wrestling. Depois de uma carreira épica na WWF e na WCW, o Macho Man original, apareceu na TNA em 2004 para confrontar os Kings of Wrestling (Jeff Jarrett, Kevin Nash e Scott Hall). Savage viria mesmo a combater ao lado de Jeff Hardy e AJ Styles no PPV Turning Point, naquele que seria o seu último combate profissional. Esta lenda abandonaria a TNA e o wrestling após esse combate.
Dusty Rhodes
Dusty Rhodes é outro daqueles nomes lendários, com uma história brilhante em organizações como a WCW, WWF ou a NWA. Em 2003, Rhodes foi convidado por Jeff Jarrett para se juntar à organização, com funções dentro e fora do ecrã. Durante os anos de 2003 e 2004, Rhodes participou em diversos combates, enquanto exercia as funções de “Director da Autoridade”. Rhodes foi igualmente o líder da equipa criativa durante este período. Em parte do ano de 2004 e 2005, Rhodes foi remetido para um papel de agente e elemento da equipa criativa, deixando de aparecer na televisão. O seu contrato terminaria em 2005 ano em que abandonou a organização.
Ron Killings
Ron Killing é um daqueles nomes que durante muito tempo não só foi um dos originais da TNA, como se esperava que viesse a ser uma estrela do futuro da organização. Killings esteve no primeiro show da TNA onde participou no Gauntlet Match que determinou o primeiro NWA World Champion. Semanas mais tarde, Killing iniciou uma storyline em que acusava a TNA de não o deixar ser campeão por motivos raciais. Killing até pediu para o chamarem de “The Truth”, acabando por ficar conhecido na TNA como Ron “The Truth” Killings. Esta história levou a que Killings conquistasse com sucesso o titulo em Agosto de 2002 e se tornasse até à data o único campeão mundial afro-americano da NWA. Killings teve uma carreira memorável na TNA, com bastante protagonismo, mas a partir de 2006 a TNA iniciou um processo de desinvestimento em Killings, na minha opinião derivado dos problemas financeiros que nesse ano a TNA se deparava e por outro lado com a onda de contratações de nomes já cotado como Kurt Angle, Sting ou Kevin Nash que vieram ocupar o main-event. Killing acabaria por rescindir com a TNA no final de 2006.
Jim Duggan
Jim Duggan é um nome que me diz bastante. A sua carreira não é recheada de sucesso, mas onde faltam os títulos, Duggan tem o respeito do público. Quando comecei a ver wrestling em criança, Duggan é dos primeiros nomes que tenho bem presente. Lembro-me perfeitamente de o ver a agitar a bandeira americana enquanta subia ao ringue segurando um barrote ao som de uma música do mais clássico que pode haver. Certamente, Duggan está longe de ser um wrestler notável, mas tinha algo nele que ainda hoje me faz ter um enorme carinho por esta personagem. Duggan fez dois combates na TNA em 2003, ambos em PPVs, o último contra Jeff Jarrett.
Dia 12 de Outubro (já este Domingo) a TNA transmite o PPV Bound For Glory, que durante anos foi promovido como o maior PPV do ano. Em 2014, a TNA conseguiu transformar o seu maior PPV do ano, num evento com um card muito inferior, por exemplo, a um TNA One Night Only Global Japan (que o Wrestling.pt tem disponivel para visualização na secção própria). Nem a TNA, nem a Wrestle-1 colocaram em jogo os seus melhores lutadores, nem investiram em construir nada que pudesse gerar interesse neste evento.
Gostaria muito que esta edição do Impacto! se chamasse Road to Bound For Glory, mas infelizmente não irei perder tempo a analisar um evento, que nem a própria TNA parece interessada em promover. Assim limito-me a apresentar o card completo e a fazer figas para que ao menos hajam bons combates a sair de mais uma oportunidade perdida.
– The Great Muta & Tajiri vs James Storm & The Great Sanada
– Team 3D vs Abyss & Tommy Dreamer
– Samoa Joe vs Low Ki vs Kaz Hayashi (X-Division Championship)
– Ethan Carter III vs Ryota Hama
– MVP vs Kazma Sakamoto
– Manik vs Minoru Tanaka
– HAVOK vs Velvet Sky (TNA Knockouts Championship)
– Andy Wu & Hijo Del Pantera vs Kuroshio Ikemen Jiro & Yusuke Kodama
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I’m With Spud!
Até ao próximo Impacto!
4 Comentários
De todos desconhecia o GRANDE Bobby Heenan e Jim Duggan!
CM Punk o que seria dele se continuasse na TNA…Predictions! Deixa-me fazer-te uma pergunta Jorge:
Achas que estes nomes consagrados do wrestling vieram para a TNA porque Jarret tinha ainda muito do background da WCW e algum da WWF? Ou seja, ele deveria de ter um staff muito ligado especialmente a WCW.
O cartaz final é este?!?!?! bem vamos ver o que vai dar…
Esse é o card final. Colocaram mais um combate que aquele que noticiamos aqui no WPT, mas para se perceber o quanto nem a W-1 está muito empenhada neste PPV, deixaram de foram o Kai que no último TNA ONO Global Japan lutou com o Magnus pelo Titulo Mundial, não juntaram os Junior Stars, nem a Team 246 e mais grave deixaram de fora o Kono que é o primeiro campeão mundial da W-1. Já o PPV da W-1 de dia 1 de Novembro vai ter a aparição especial do Alberto Del Rio…
Em relação ao que perguntaste sobre o motivo que levou a TNA a ter estes nomes, penso que tens razão, há muito mérito dos contactos que o Jarrett foi estabelecendo na WCW e na WWF, tal como na NWA. É dificil analisar caso a caso, mas regra geral a TNA tentou sempre criar algum “ruido” em torno da organização por ter estas caras que os fãs casuais reconhecem. Se por um lado, não prejudica nada ter um Bobby Heenan em 2 segmentos ou um Dusty Rhodes a trabalhar na equipa criativa, por outro lado, trazer o DDP ou o Randy Savage para dentro de um roster que já então tinha nomes como o Kevin Nash ou o Scott Hall, é transformar a identidade da TNA numa espécie de empresa de nostalgia. Esse sempre foi um dos erros constantes da TNA e são raros os casos de lutadores com carreiras bem-sucedidas em organizações com marcas muito fortes (WCW, WWF/E, ECW) que vieram para a TNA e realmente ajudaram o produto.
Pois. Porque no primeiros anos da TNA parecia um renascimento da WCW. Claro que Sting foi uma diferente e, também foi mais tarde mas tudo ao redor era muito WCW Ainda bem que não foi o Tony Schiavone 😀
Não havia o Tony Shiavone, mas ficaram com o Mike Tenay 😀
O Sting, tal como o Kurt Angle e o Jeff Hardy para mim são bons exemplos de como utilizar talentos que já têm as suas carreiras bem consolidadas. Todos eles tiveram um impacto positivo (apesar de também terem tido maus momentos) na TNA. Mas são mais os que vieram para receber o seu paycheck do que para ajudar.