Após uma semana em que os meus peeps tiraram férias, dou-vos as boas-vindas de volta à Long Horn Peep Show que sem vocês não é a mesma coisa. Talvez seja tempo de abanar com as coisas. Assim, esta semana, o tema em foco é precisamente o momento de abalar com as coisas, que se avizinha na WWE.
Contudo, conforme tem sido regra nos últimos anos, não é pelos melhores motivos que esse tema vai estar em destaque na edição desta semana. Em tempos, a expressão “time to shake things up again”, significava que o WWE Draw estava para acontecer. Na altura ainda existia uma saudosa rivalidade entre brands. Por isso, atualmente, essa expressão perdeu esse significado e herdou um novo: tempo de face/heel turns. E aqui, meus caros, surge a polémica.
Pelas mais recentes notícias, Mark Henry é um dos casos que parece estar destinado a voltar como face. Inexplicavelmente. Analisando a sua situação, Mark Henry está melhor do que nunca: não me lembro da última vez que cometeu um botch. Nunca teve tanto apoio, enquanto heel, como o que tem neste momento. Consegue, finalmente, realizar promos interessantes de se acompanhar. Garante entretenimento: que atire a primeira pedra quem não gostou, por exemplo, de o ver a puxar dois camiões. Derrotou Ryback na WM29. Portanto, e aqui entra a lógica da WWE, vamos aproveitar para tornar o Ryback heel, defini-lo como number one contender (outra vez?!) ao WWE Championship e desperdiçar todo o ímpeto de Henry ao colocá-lo a rivalizar com um tipo tão aborrecido como Sheamus. Não faz qualquer ponta de sentido. Mas aconteceu.
Pessoalmente, ainda acredito que o verdadeiro motivo pelo qual o World Strongest Man se “despediu” temporariamente da WWE com um “Going home”, deve-se ao seu contrato. Não sei se o mesmo já foi renovado ou não, mas sei que as negociações até há uns tempos para cá não estavam propriamente a correr agradavelmente. Henry quer estatuto, quer um salário de acordo com o estatuto e, provavelmente, quer um papel diferente do que tem realizado praticamente ao longo dos últimos anos. Leia-se, quer ouro. E com toda a legitimidade o quer. Merece um reinado enquanto WWE Champion e, nesta altura em que a rivalidade Cena vs Ryback vai ser aproveitada até ao limite da paciência dos fãs, ninguém melhor do que Henry para, pelo menos, ter uma oportunidade pelo título de Cena.
Independentemente de qual seja o verdadeiro motivo para o seu afastamento, um face turn de Henry é definitivamente uma jogada a evitar, bem como um face turn de Dolph Ziggler. Embora tente, não consigo compreender o porquê de tanta insistência em transformar algo que está, como Henry, tão bem como a situação de Dolph. É certo que o seu reinado não começou da melhor forma, mas de certeza absoluta que a solução não passa por um face turn. Deixem o miúdo falar, menos Miz TV e concursos estúpidos e mais promos para Dolph.
Outra jogada que se deve evitar, mas esta tenho quase a certeza que não deve acontecer, é continuar Sheamus como face. Ou como eu lhe gosto de chamar, o Cena dos Friday Nights. Creio que é unânime quando digo que Sheamus é, hoje em dia, um dos três lutadores que mais aborrecem na WWE, pelo que um heel turn se via com bons olhos. Francamente, Sheamus parece cada vez menos à vontade enquanto face. Nem que fosse para se respirar um pouco melhor, creio que um heel turn era exatamente o que o Celtic Warrior precisava para relançar a sua carreira. Todavia, como eu tenho um dedo que adivinha, sei que a WWE vai continuar a apostar em Sheamus como face.
O que, apesar de tudo, acaba por ser bom. Seguindo esta lógica, as opções ficam reduzidas a somente um homem: Randy Orton. O outrora Legend Killer voltou a efetuar um punt kick, que lhe deve ter sabido tão bem a ele ao efetuá-lo, bem como a nós de o vermos a voltar a fazer aquilo que ele sabe fazer tão bem. Randy foi, é e será sempre um born heel, pelo que insistir mais neste “Orton fachada”, que está visto que não vale a pena. Se não for até ou durante o Payback, o seu heel turn está cada vez mais perto (ao tempo que andamos a dizer isto não é verdade?) e a falta de opções credíveis da WWE deverão obrigar os oficiais da WWE a tomar a decisão mais inteligente: deixar Orton ser Orton.
De um atleta com wrestling no sangue para outro, Cody Rhodes é um lutador que vejo como potencial face turn. Por muito que me custe a admitir, os Rhodes Scholars parece que se voltaram novamente a desintegrar, sem qualquer motivo lógico para tal. Assim sendo, esta seria a oportunidade perfeita para Cody se tornar face, seguir as pisadas do seu pai enquanto “grande americano” e ser o homem que derrota no futuro Dean Ambrose pelo US Championship, devolvendo o título ao povo. E enquanto o admirador secreto de Kaitlyn não for admirado, ele ainda pode perfeitamente ser Cody Rhodes. É certo que o objetivo do que vimos esta semana é precisamente eliminar o Lovestache dessa lista…. Mas, por favor, toda a gente sabe que Cody pode perfeitamente ter dois telemóveis certo?
Continuando no panorama dos mid-carders, Kofi Kingston foi noticiado como possível wrestler a ser alvo de um heel turn. Como eu gostava que tal tivesse acontecido no último Raw, sendo ele revelado como o novo Paul Heyman Guy. Se refletirem no assunto, vão ver que fazia todo o sentido. Kofi tinha acabado de perder, outra vez em pouco tempo como é regra-geral dos seus reinados, um título. Kofi não conseguia dar o salto para o main–event. Kofi precisa de ganhar para sustentar a sua família. Kofi não é propriamente um prodígio ao microfone. E aqui entrava Heyman, que podia perfeitamente falar por ele e dar-lhe um novo rumo. Era só uma ideia…
Tal não aconteceu e Curtis Alex foi o escolhido rumo ao inevitável sucesso que deriva de uma parceria com Paul Heyman. Independentemente disso, grande parte da ideia continua a fazer sentido para a qualquer altura se poder concretizar o heel turn de Kingston. Caso exista vontade, certamente que motivos não faltarão para vermos o Wild Cat a seguir o conselho antigo de Kane e «embrace the hate».
Em contrapartida, um face turn que pessoalmente me agradaria imenso de se ver concretizar era o de Fandango. O homem continua a ter o apoio de uma parte do público, continua a criar boa disposição e é entretenimento garantido, pelo que um face turn não me parecia nada mais do que lógico. Convenhamos, o material de marketing de Fandango é um dedo gigante para “cha la la la la” ao som do seu tema de entrada… E isso não é lá muito heel, pois não?
Não só nos homens existem turns por se fazer. Também nas Divas existe um caso gritante de heel turn que tem pecado apenas por demora. Se parece cada vez mais certo que AJ a dada altura vai-se tornar na Divas Champion, a verdade é que existe uma clara falta de Divas heel, até porque Tamina voltou a desaparecer do panorama. E Layla que, por duas ou três vezes, se “colou” autenticamente no título de Kaitlyn era a Diva ideal para numa Triple Threat trair Kaitlyn e roubar-lhe o seu título. Ainda me lembro daquele olhar vidrado de Layla para o título e fico a pensar… Porquê a demora?
Seguindo para a divisão tag-team, também aqui existem pontos a explorar. Se temos agora, e espero que durante uns bons meses, os Shield como campeões, precisam-se de candidatos faces credíveis e com força suficiente para um dia virem a retirar os títulos aos Hounds of Justice. E não, por mais incrível que vos possa parecer, os Tons of Funk não são a resposta.
Prevejo que, no futuro, Kane e Bryan se irão diluir e acabar a rivalizar um com o outro, pelo que só me resta desejar que não seja Bryan a efetuar o heel turn como me parece que vai acontecer. Confesso que, ao início, Daniel Bryan simplesmente não me convencia como convencia toda a gente. Até que me propus a realmente estar atento a todos os pormenores de Daniel e entendi o porquê dos milhares de elogios que constantemente caem sobre ele. O homem tem notório prazer em fazer o que faz, o homem nota-se que se diverte enquanto trabalha, pelo que – e enquanto um adepto de heels percebam o quanto eu estou seguro do que digo – Daniel Bryan me parece ser aquele wrestler que deverá ser sempre face. Pelo menos, para já, deverá continuar como tal.
A juntar os Team Hell No ao desaparecimento do mapa dos Rhodes Scholars, outras equipas terão que se afirmar. E talvez seja esta a altura dos Usos: cada vez parecem estar mais refinados e devem continuar como uma equipa face, aproveitando a sua energia que agora começa realmente a ser contagiante e empolgante de acompanhar.
No entanto, só Usos não chegam. E é aqui que entram os Prime Time Players. Olho para eles como a equipa capaz de revitalizar a divisão de tag-team enquanto face: são divertidos (o apito e o pente são para fazer rir) e são razoáveis em tudo que fazem (o que é nada menos do que a perfeição para qualquer tag-team). Uma tag-team, idealmente, deve ser formada por dois jovens atletas que precisem de experiência e de evoluir. Ora, a carapuça não podia servir melhor a Titus O’Neil e a Darren Young. Se dúvidas existem quanto à capacidade para se afirmarem como tag-team face, basta vos recordar daquele segmento de Titus com John Cena no Raw há poucas semanas atrás…
Outra alternativa para além dos PTP será a banda da WWE, os 3MB. Sim, eu repito, os 3MB. Esta podia acabar, provavelmente, por ser tornar numa equipa semelhante a tantas outras banais que já vimos (“obrigado” Santino), mas um face turn dos 3MB teria uma vantagem que mais nenhuma tag-team no Mundo teria: a possibilidade de Drew McIntyre efetuar um heel turn e voltar, definitivamente, como o Chosen One que só não convenceu quem não o acompanhou. Tanta falta fazia um heel bem estabelecido como Drew nesta altura, não era caros escritores?
Para o fim, dois homens que podem regressar a qualquer momento tanto enquanto mauzões ou meninos bonitos. Em primeiro lugar, Christian: mestre a efetuar qualquer dos papéis, certamente mais uma vez vai ter que se sujeitar aos interesses da companhia e não aos interesses pessoais, para efetuar o papel que mais conveniente for.
E para último lugar, guardei o trunfo, o difference maker: CM Punk. A verdade é que, independentemente da data do seu regresso, o Voice of the Voiceless é capaz de efetuar tanto heel, como face, bem como o papel que eu adorava vê-lo voltar: tweener, à moda de Hot Rod. Espero que, e é o mais provável, regresse como Paul Heyman Guy e como principal heel da WWE, mas com o Best In The World tudo é possível de se fazer… E ter sucesso.
Até para a semana peeps!
8 Comentários
Que excelente artigo, os meus parabéns! E deixa-me desde já dizer que concordo com tudo o que disseste! Não tinha pensado na ideia do Kofi como Paul Heyman Guy, mas visto dessa forma, faz todo o sentido 😮 Quantos aos PTP, acho que é uma tag team que tem tudo o que é preciso para vingar (para mim Titus é um atleta bastante bom), tanto no ring como fora dele, porque eram dois que funcionavam como faces, porque basta olhar para a Raw de há uns meses em que eles foram comentadores e perceber o porquê disso, e como tu disseste muito bem, o segmento com o Cena também foi uma boa surpresa. Layla precisa mesmo do heel turn, é o mais lógico a fazer, e acho que essa ideia do trair a Kaytlin é bastante boa! (Dentro das ‘Top Divas’ do roster actual da WWE, acho que a Layla é a que tem melhor performance in-ring).
Mais uma vez, excelente artigo e parabéns 🙂
Simplesmente perfeita a análise.
No caso do Sheamus não acho que precisa tornar ele um heel , o que eu acho bom fazer é tornar ele um anti-herói . Porque assim mesmo ele não sendo todo certinho as pessoas continuariam gostando dele .
O melhor artigo de sempre do Universo. Parabéns.
No geral, concordo, mas não vejo o Kofi Kingston a ser heel consistentemente, nem com o Paul Heyman ao lado…Ou melhor, não basta por o Paul Heyman com o Kofi, este também deveria mudar o seu move set para se credibilizar como heel…
Também concordo com o Evandro em relação ao Sheamus, forçá-lo a ser top babyface é perda de tempo, mas tal também não tem de implicar necessariamente um heel turn.
Já agora, uma pequena observação. No artigo, quando se refere “WWE Draw”, deveria constar “WWE Draft”, certo? 😉
Exatamente. WWE Draft, não Draw. Bem me parecia que Draw não me soava bem na cabeça… Obrigado pela correção.
A WWE deve simplificar e ir de acordo com a natureza dos wrestlers que tem. CM Punk, Sheamus, Randy Orton, Mark Henry e Cody Rhodes, por exemplo, são heels naturais. Torná-los faces vai contra a sua natureza, mesmo como pessoas, e isso nota-se no mau trabalho que fazem enquanto faces, à excepção de CM Punk que consegue ser um bom face, mas mesmo assim fica sempre a sensação de que falta alguma coisa. O problema é que o main event tem de ser equilibrado em faces e heels. Por isso, superstars como o Dolph Ziggler, muito parecido com o HBK e não é só no overselling, têm de se tornar faces. Para mim o Dolph Ziggler é bem capaz de continuar excelente. O importante é simplificar e ir de encontro com a natureza dos wrestlers.
Grande artigo Ricardo.Concordo com quase tudo que você falou.
Só discordo na parte do Ziggler.Penso que seria bom para ele um face turn,acredito que seria uma grande ajuda na carreira dele.
Porém,de todos esses cenários,o que eu mais gostaria de ver era o penúltimo,só para ver o Chosen One de volta.
Novamente,excelente artigo e com certeza ganhou mais um leitor.