Esta é a terceira sexta-feira antes de um PPV da WWE que é celebrada com uma edição especial deste espaço dedicada aos wrestlers que nunca se afirmaram como main-eventers na WWE. A condição inicial para se classificarem como potenciais candidatos para entrarem nesta lista é simples: o lutador não pode ter sido Campeão Mundial na WWE.
Contudo, como o ECW Championship é um Título Mundial poderia surgir alguma polémica quanto a nomes que nunca conquistaram o World Heavyweight Championship ou o WWE Championship, mas sim apenas o ECW Championship. Aproveito para clarificar a condição inicial reiterando o facto dos lutadores que se encontrem nessa situação poderem vir a integrar o TNA. Não quero desvalorizar o ECW Championship, para mim vale como qualquer outro Título Mundial. Apenas estou a atribuir-lhe o mesmo valor do que a WWE, que não o trataram como o Título Mundial que é nem com o devido respeito pelo seu prestígio.
Desta forma, não é de estranhar que o lutador que hoje se junta a Mr. Kennedy e a William Regal seja nada mais do que um ex-membro da ECW. Talvez o lutador que, para quem é de meu tempo, imediatamente vem à cabeça quando se falam de grandes lutadores que tinham tudo para serem campeões mundiais, tinham tudo para serem uma estrela e acabaram por não se afirmar ao mais alto nível. Basicamente, aquele que é a personificação do conceito “TNA”: Shelton Benjamin.
Este lutador assinou contrato com a WWE em 2002, quando tinha 27 anos, após ter dado nas vistas ao se tornar All-American Heavyweight Wrestler por duas vezes. Shelton deu os seus primeiros passos sob a alçada de Kurt Angle ao fazer equipa com Charlie Haas, constituindo assim a denominada Team Angle. Com Haas viria também rapidamente a ganhar o seu primeiro título na WWE: o já extinto WWE Tag Team Championship. Juntos viriam a conquistar novamente o mesmo ouro, mas já sem pertencer à Team Angle. Esta equipa era tão talentosa que foi eleita em 2003 como a Tag Team do ano para o PWI.
Assim foram os dois primeiros anos de Benjamin na WWE, que viria a criar enorme impacto no Draft de 2004 quando foi sorteado para o Raw e viria a derrotar Triple H com uma surpreendente vitória por pinfall. Vitória que lhe viria a valer a sua primeira oportunidade pelo Intercontinental Championship, na qual o Campeão Randy Orton viria a sair vitorioso.
Porém, o azar viria a bater à porta de Shelton que partiu a mão durante um combate contra Lance Cade. Há males que vêm por bem e o regresso de Benjamin foi num Taboo Tuesday, no qual foi escolhido pelos fãs para lutar contra Chris Jericho pelo Intercontinental Championship, que viria a conquistar pela primeira vez nessa noite de Outono de 2004. Depois de defender esse título contra nomes como Jericho, Christian e Maven, só em 20 de Junho de 2005 é que Carlito foi capaz de arrancar o ouro de Benjamin, colocando um ponto final naquele que foi o reinado mais longo de Intercontinental Champion da década.
Seguiu-se a história da sua “Mãe” (Momma) que o começou a acompanhar ao ringue e graças à qual viria a conquistar novamente o Intercontinental Championship derrotando Ric Flair. Após esta rivalidade com Flair e a história da sua Momma ter sido concluída, Shelton viria a combater no Money In The Bank Ladder Match na WrestleMania22 que serviu como mote para uma nova rivalidade com Rob Van Dam, que se tinha tornado Mr. MITB.
Van Dam viria a conseguir vencer Benjamin num Winner Takes All Match em que tanto o Intercontinental Championship como o contrato estavam em jogo. Mais tarde, Shelton viria a conquistar novamente o Intercontinental Championship num combate Tornado Tag Team em que formou equipa com Chris Masters e Triple H para enfrentar o WWE Champion John Cena e RVD. Nesse combate ambos os títulos estavam em jogo e quem conseguisse derrotar um dos campeões, conquistaria o seu título. Shelton aproveitou um Pedigree de Triple H em RVD e a sua desatenção com Cena, para fazer a cover a RVD e ganhar o combate.
Seria no final de 2007 que Elijah Burke viria a apresentar Shelton Benjamin como novo membro da ECW, estreia que ficou marcada por uma vitória contra Tommy Dreamer. Benjamin estreou igualmente nessa noite a sua nova gimmick de “The Gold Standard”. A estadia na ECW não viria a durar muito e em 2008 o renovado Shelton foi sorteado para o SmackDown, tendo mais uma vez causado impacto imediato ao derrotar o US Champion Matt Hardy na sua estreia. Vitória que lhe valeu uma oportunidade pelo título de Hardy e a qual aproveitou ao máximo para juntar mais um título à sua carreira no The Great American Bash desse ano.
Tal como o seu reinado enquanto Intercontinental Champion, o Gold Standard foi US Champion durante 243 dias, tendo perdido o título para MVP. No sorteio de 2009 Benjamin regressou à ECW, tendo começado uma rivalidade com Sheamus durante a qual efetuou um face turn. Shelton viria a ter uma oportunidade pelo ECW Championship contra Christian no TLC de 2009, com o objetivo de ambos roubarem o espetáculo dessa noite. Assim o fizeram e quando a poeira assentou, Benjamin tinha sido derrotado. Até ao final do seu contrato com a WWE, o único ponto de interesse da sua carreira foi mesmo a quarta participação no MITB Match que se traduziu na quarta tentativa falhada em ganhar a mala.
Indo o mais direto ao assunto, porque é que a WWE decidiu despedir aquele que era constantemente referido como o melhor atleta puro da WWE? Esta decisão foi um choque, porque o público gostava de Benjamin especialmente pelos seus combates, pela sua capacidade de executar manobras na perfeição e pelos momentos de grande entusiasmo que era capaz de proporcionar em Ladder Matches.
No entanto, Shelton nunca teve realmente uma forte ligação com os fãs. Sim, todos gostavam dele, mas faltava-lhe aquele fator especial. Faltava-lhe aquele brilho. Faltava-lhe o tal “it factor”. E pelos relatos que surgiram, faltava-lhe também ambição. Ao que parece, Shelton parecia estar acomodado com a sua posição de mid-carder e nunca demonstrou verdadeiramente o desejo ardente de querer se afirmar como main-eventer.
A verdade é que Shelton Benjamin acabou por ser vítima daquilo que Vince McMahon idealiza para a sua empresa: sports entertainers. Caso a WWE continuasse a apostar em wrestlers, o Gold Standard teria certamente conquistado o ouro mais dourado da WWE, passando a redundância. Algo que teria sido muito positivo, até porque certamente ajudaria a alguns fãs a dar mais valor à capacidade in-ring de um lutador e não ao carisma.
Shelton era um lutador deveras versátil e com muitas qualidades, não só a nível de high-flying onde ele captava a atenção de todos, mas também pela sua capacidade técnica no tapete. Era um daqueles que os adeptos sabiam que a qualquer altura era capaz de ter um grande combate e que, fosse qual fosse a noite, se ia ver algo respeitável. A entrega dentro de ringue de Benjamin constituía um dos maiores motivos pelo qual ele era tão apreciado.
Apreciação que se ficava exatamente por aí: reconhecimento pelas suas in-ring skills. Isto, já que no resto Shelton era considerado aborrecido. Embora o Gold Standard pudesse ter sido a oportunidade ideal para o tornar carismático, as decisões de booking da WWE nessa altura não foram as melhores, com constantes apoios e recuos, o que levaram ao desinteresse de alguém que tinha demasiadas derrotas para ser supostamente tão bom e convencido.
De facto, vão ouvir de tudo quanto a este atleta. Enquanto há quem diga que três vitórias contra Triple H, são mais do que motivo para alguém se gabar, muitos respondem que ganhar por DQ, count-out e apenas uma vitória por pinfall significa muito pouco. Se há quem diga que mesmo quando teve uma espécie de manager a seu lado continuou a parecer irrelevante, há quem afirme que os tempos em que andou envolvido com a sua Momma foram os piores de Benjamin (passou por uma enorme série de derrotas) e descredibilizaram por completo um wrestler que podia e deveria ter sido Campeão Mundial.
Como já devem ter reparado, embora o seu carisma não fosse o ideal, podia ser manobrado e podia funcionar. E o Gold Standard em 2008 podia ter funcionado na perfeição, ano em que chegou a estar envolvido num WWE Championship Scramble Match no Unforgiven e em que combateu mano-a-mano com Undertaker por múltiplas ocasiões. Shelton parecia finalmente estar a nadar entre os tubarões da WWE e, melhor do que isso, ia provando conseguir ombrear com esses tubarões, mesmo apesar de sempre sair derrotado dos principais combates. O mid-card já parecia pequeno demais para ele, conforme se viu pelo reinado de oito meses como US Champion.
Incompreensivelmente, após ter perdido para MVP o seu US Championship não foi envolvido numa nova rivalidade, nem passou a um patamar elevado. Simplesmente esteve três meses consecutivos a perder combates no SmackDown. Muito bom, não é? Ele também deve ter adorado.
Após este período sofreu o denominado “Christian Treatment”, que é basicamente ganhar os combates todos de uma feud e chegar ao combate em PPV ou ao combate pelo título e… perder. Que foi exatamente o que aconteceu, mais uma vez, a Christian neste Verão contra Del Rio no SummerSlam. E foi exatamente o que ocorreu a Benjamin quando este foi recrutado novamente para a ECW, apenas para ganhar os combates todos e merecer uma oportunidade pelo ECW Championship que, por mera coincidência, viria a perder contra o então ECW Champion… Christian.
Tal como aconteceu na semana passada com o homem que foi tema de conversa aqui, right here on Long Horn Peep Show, a maior fraqueza de Benjamin eram igualmente as suas mic-skills. O rapaz simplesmente não conseguia estar confortável com um microfone na mão. E que mal tem isso? É esse o motivo que justifica o seu despedimento? Obviamente que não! Nem todos podem ser total packages!
Creio que é unânime afirmar que Brock Lesnar é um atleta simplesmente fantástico e um dos melhores wrestlers da história da WWE. Brock Lesnar praticamente não falou durante grande parte da sua carreira e isso não impediu de construir o seu legado. Porque é que tal impediu Shelton de construir o seu? Ambos falam melhor pelas suas ações dentro de ringue e não pelas palavras. Tinham dois estilos diferentes: um estilo mais físico e bruto, outro mais técnico e entusiasta. Mas ambos eram idênticos nas suas fraquezas. Não foi por acaso que eles chegaram a ser uma tag-team antes de serem chamados ao plantel principal da WWE.
Este pode muito bem ter sido mais um caso de puro mau tratamento da WWE perante os Afro-Americanos e que sim, existiu e foi bem real. O facto de R-Truth estar constantemente envolvido no card, mesmo quando não está acaba por aparecer, é algo que salta à vista como a necessidade de a WWE ter lá um lutador “a representar”. O problema é que Shelton Benjamin só há um. Mais nenhum é capaz de trazer aquele brilho especial aos MITB e a todos os Ladder Match (e não só) como ele. E esse, foi desperdiçado.
Cara WWE, não sei se te apercebeste por agora, mas já estás a perder 3-0. Tanto Kennedy, como Regal e certamente Benjamin, todos eles deveriam ter sido Campeões Mundiais. Todos eles deviam ter sido main-eventers. Três erros graves cometidos e três grandes oportunidades desperdiçadas. Esperemos para ver se na próxima edição do TNA o resultado irá mexer a favor da WWE. Para já? Três decisões erradas e três lutadores mal aproveitados.
15 Comentários
Há aqui um erro, o Shelton Benjamin venceu o Triple H por pin, da primeira vez, sem interferências, limpo. Da segunda vez sim, foi por desqualificação de contagem.
http://www.youtube.com/watch?v=lwjM-LXBFQ0
http://www.youtube.com/watch?v=JkTRCSzbIOE
Seja como for, foram meses em que o Shelton Benjamin estava invencível contra o Triple H, apenas perdendo na qualificação para a Elimination Chamber, no New Years Revolution de 2005. Se isto não for uma aposta de main event…Não percebo porque desistiram dele. Essa da falta de carisma ou de mic skills, relembro que o Jeff Hardy é bem pior wrestler que o Shelton Benjamin. Mas pronto, desistiram dele e é pena. Mas era sempre o meu campeão na Play Station, chegou a ser ele e o Muhammad Hassan. XD
Tinhas razão Don. Os erros, eram mais do que esse que tu referiste e bem, já foram corrigidos. Obrigado por estares atento e comentares 🙂
Quanto ao conteúdo, o Jeff é o Senhor das Mil e Uma oportunidades. Por isso é que nunca gostei dele. Tem demasiada sorte e para mim, incompreensivelmente, demasiado fãs para aquilo que é. Razoável at best.
O Shelton era um atleta fenomenal, um verdadeiro Gold Standard que a WWE não aproveitou. Não devia ser o Best 4 Business na altura.
Sério,eu ainda me pergunto como ele não foi World Chmapion…Não só ele,mas casos como Finlay,Dean Malenko,X-Pac,Billy Gun e Goldust,que nunca foram world champions,são,na minha opinião,tremendas injustiças.
Grande artigo,estarei ansioso pelo próximo.
bom artigo está muito bem feito e estruturado, não percebo o porquê de só ter 3 coments e um deles e do próprio autor do artigo,quando o texto e interessante,bem escrito e apelativo
O shelton era excelente em ring o problema era n ter mics,se fizeres um próximo novelity act a minha sugestão vai para o Bobby Lashley ou Morrison.
Continua com o bom trabalho,que tens apresentado todas as semanas
Ok, vou-me chorar aqui.
Gostava de entender o porquê desta edição só ter 3 comentários, sendo que um deles é de alguém (“YO”) que nem sequer costuma vir regularmente comentar. E o Francisco, embora agradeça o comentário, só comentou depois de eu ter falado disto no chat.
Estes TNA’s são propícios a criar discussão e, mesmo assim, têm cada vez menos comentários. Eu entendo que seja complicado estar sempre a dar sugestões de lutadores que possam ou não vir a fazer parte do TNA, mas a pensar nisso é que eu começo esta edição a indicar que quem foi ECW Champion ainda pode vir a ser escolhido. Mesmo assim, nada.
Vocês não sabem o esforço que eu faço para continuar a escrever regularmente nem o tempo que me tira, mas começo cada vez mais a pensar que se calhar não vale a pena. O Universo nesta altura está mais estabilizado do que nunca e eu não era capaz de saltar borda fora do barco quando este estava a abanar. Agora que a tormenta já passou, se calhar poderá ser uma boa altura para sair. Digo isto em primeira mão, porque ninguém sabia antes deste comentário que ando a considerar essa hipótese há algumas semanas.
Eu não quero sair, porque se não gostasse do que faço certamente que cá não estava. No entanto, não sou feito de ferro e preciso de alguma motivação. Porque senão, antes de começar a escrever a próxima edição, vou cada vez mais começar a ser invadido pelo pensamento: “Estou a escrever isto para quem afinal? No one gives a rat’s ass about it!” E isso poderá ser o início do fim do LHPS.
Desculpem o desabafo, mas sou humano.
Ricardo tu fazes um otimo trabalho, não desistas por favor eu sei que e chato para ti teres 3 comentários e só teres agora 7 por depois de dezabafares connosco no chat,mas n dexistas,eu n costumo comentar muitas vezes artigos,mas eu vejo e gosto e como eu há muitas pessoas,va anima-te lá isso também acontece com muitos artigos aqui no chat.
Um abraço Ricardo
Não desista do seu trabalho ele é muito bom
Eu leio o Long Horn Peep Show todas as semanas. Mas, tal como muitas outras pessoas, não comento. Por isso não desanimes pois de certeza que bastante gente lê os teus artigo.
Eu como o Rui disse leio quase sempre só que não costumo comentar.Não desanimes rapaz e continua com o teu bom trabalho
Ricardo no final de cada artigo,coloca uma pergunta,pois assim mais gente irá ccomentar.
O Shelton tinha todo o potencial mas a verdade é que as promos toldaram as suas aspirações ao topo. Agora provavelmente é tarde para ser um grande nome da WWE ou mesmo da TNA.
Gostei muito do teu artigo Ricardo e concordo no que dizeste acerca do Shelton.
Realmente um bom artigo Ricardo Silva
Muito bom artigo continua assim 😉
Vim comentar agora, pois leio sempre o teu artigo…Como sabes o “Prima Dona” do Universo!
“O que eu vibrei com a vitoria do Benjamin contra o HHH…hehhehhe.”
Benjamin sem duvida merecia o World Title, ainda por cima quando ganhou o nick-Goldstanderd.Mais um bom exemplo e artigo, mas dificilmente teria mais oprtunidades do que as teve na WWE…sabemos por que!!!!
Mais um grande artigo!