Estamos na terceira edição do Match of the Week, um novo espaço do Wrestling.PT que promete trazer todas as semanas um combate que de alguma forma foi importante para nós como fãs e até para a indústria do wrestling. Esta semana é a minha vez de deixar a minha escolha para este novo espaço.
Como já devem saber, a minha modesta contribuição aqui no Wrestling.PT passa praticamente em exclusivo pela divulgação ou criação de conteúdos da Total Nonstop Action. Contudo, desta vez optei por não abordar a TNA e irei recuar um pouco mais no tempo.
Nesta minha primeira participação optei por seguir a mesma lógica de escolhas do Rúben Rosa e do Mário Magalhães e vou recuar à minha infância como fã de wrestling.
Como muitas pessoas da minha geração, que cresceram com o imaginário do wrestling, lembram-se certamente dos sábados de manhã onde a WWF era nos trazida pelos comentários inesquecíveis de Tarzan Taborda. Se esses foram os primeiros combates que me lembro de ter assistido, a primeira promoção de wrestling que acompanhei ao longo da década de 90 foi a World Championship Wrestling (WCW), sobretudo desde o inicio do grupo que viria a revolucionar o panorama do wrestling a nivel mundial – a New World Order. Semanalmente, o Monday Night Nitro era o programa que religiosamente aguardava para ver e, de certa forma, que definiu o meu gosto por esta indústria. Considero-me priveligiado por ter tido a oportunidade de viver a época dourada do wrestling e é um “cheirinho” desse tempo que decidi trazer nesta edição.
Se a escolha da WCW para primeiro combate está justificada, a escolha do combate em si precisa de uma explicação adicional. De forma muito resumida, em 1996 Scott Hall e Kevin Nash (cuja imagem estava vinculada à WWF) começaram a invadir shows da WCW (denominando-se de Outsiders). Sem nos esquecermos que na altura não havia a percepção que existe hoje de keyfabe, bookings e storylines, o público então pensava que Nash e Hall eram enviados da WWF para destruir a WCW. Lex Luger e Sting foram dos nomes que desde logo lideram a resposta da WCW a esta invasão. No entanto, Hall e Nash viriam a jogar duas cartadas decisivas: Primeiro recrutaram Hulk Hogan, no infâme PPV Bash at the Beach em 96 originando aquele que é provavelmente o mais escandaloso heel turn da história do wrestling e que resultou na criação da nWo. Numa segunda estratégia, Hall e Nash recrutaram um impostor para se fazer passar por Sting e atacar Luger. No PPV Fall Brawl houve um gimmick match (War Games) em que a Team nWo defrontou a Team WCW, contudo Luger e companhia decidiram culpar Sting dos ataques e acusaram-no de ser um traidor. Nesse mesmo PPV, Sting acabou por aparecer e atacou toda a equipa nWo, mas acabou por afirmar no final que iria se afastar da WCW e a partir de então se tornaria um “free agente”. Este era o inicio da mais épica batalha que o wrestling já assistiu.
Se por um lado eu estive quase para escolher o main-event do Bash at the Beach para vos trazer hoje, acabei por escolher este combate porque me recordo perfeitamente de no final estar ao pulos de satisfação com o seu resultado. Hulk Hogan viria a ganhar o WCW World Heavyweight Champioship em Outubro 1996 e pintou as letras NWO por cima do titulo. Relembro que a NWO era uma stable praticamente imbativel e Sting era o único capaz de fazer pender a balança para o lado da WCW, mas mesmo assim eram raras as derrotas sofridas pelas nWo, muito menos pelo titulo mundial. Hogan reteve o titulo durante 10 meses! e pelo caminhou derrotou Ric Flair, Rowdy Pipper, The Giant e Randy Savage. Para quem não teve oportunidade de assistir e acompanhar a WCW, é muito importante reter que na altura a nWo era uma facção tão implacável, que se tornava quase viciante esperar que finalmente alguém lhes fizesse frente. Este carácter emocional é para mim o que confere ao wrestling uma singularidade única de fundir uma boa história e uma boa luta. Numa edição do WCW Nitro em Agosto de 1997 (e a dias do meu aniversário verdade seja dita), Lex Luger tinha pela frente a missão quase impossivel de tentar recuperar o titulo mundial para a WCW. Este foi o combate.
Para a semana teremos a Salgado, autora do Opinião Feminina, a trazer-vos o Match of the Week! Não percam, vai valer a pena!
24 Comentários
Velhos Tempos, eu vivi esse tempo ,lembro-me desse combate,lembro-me de esperar que acabasse o carton network para ver a TNT e ver o Nitro.
Grande artigo exelente escolha de combate.Parabéns
Tinha essa mesma rotina que você.Velhos bons tempos.
É bem verdade Andre, esse momento entre o fecho da CN e o inicio do TNA era fantástico. Mais tarde, o canal alemão de desporto DSF começou igualmente a transmitir a WCW incluindo os PPVs.
Sim é verdade eu lembro-me vagamente de ver alguns programas nessa altura, foi no início quando eu tive pela primeira vez TV Cabo, eu já achava piada não era grande seguidor.
Mas este combate foi muito bom, apesar de não ser o maior fã do Hulk Hogan ele faz parte da minha primeira fase de espectador de wrestling mas nessa altura e mesmo miudo gostava mais do Bret hart e do Owen Hart mas reconheço o talento do Hogan!
Sim também seguia a DSF especialmente quando apareceu o Kane para enfrentar o “irmão” Undertaker, depois viria a ver o grande iron match entre Bret Hart e HBK só me irritava os comentadores sempre a falar …. snilll , ratunga , aquela lingua alemã só atrapalhava…bons tempos…Abraço!
Então entendeste mal Ricardo porque quando falo do talento falo dos pormenores que falas, isso também é talento é entreter e ter carisma. Agora técnicamente concordo contigo ele não é de perto nem de longe muito bom. Mas era o herói da altura um pouco á semelhança do Cena actualmente. Eu expliquei mal quais os talentos do Hogan porque a nossa opinião nao é tão divergente quanto parecia-te á primeira vista.
José, lamento, mas não concordo contigo num ponto. O Hogan NÃO tinha (nem tem) talento. Aquilo que o homem tem chama se “carisma”. Quem não se lembra dos seus tipicos “Five Moves Of Doom”? Primeiro o Hulking Up, apontar o dedo ao adeversário, acenar lhe com o dedo a dizer “Não!”, um irish whip, um big boot e um Leg Drop! OMG, eu lembro me disso como se fosse ontem. Mas, em termos de técnica, ele sempre esteve bem àquem das espectativas.
Eu adorei a nWo. O Hogan, o Hall, o Nash, Konnan, Luger, The Giant (The Big Show), Scott Steiner… Aquela feud com o Sting, o momento em que o Sting apareceu do telhado, e foi arrear no Hogan com o taco de baseball…
E este grande combate é um dos meus favoritos dentro da Monday Night Wars.
Confesso que nunca tinha visto este combate e gostei, foi uma boa escolha. Apesar de nunca ter gostado, acho que se tivesse acompanhado a WCW na altura teria, no mínimo, simpatizado com ele. Adoro a entrada dele nesta altura e que grande pop que ele recebeu para aquele que era, supostamente, o lutador mais odiado do mundo, nas palavras dos comentadores.
Concordo foi um dos melhores combates que já vi da WCW
Apesar de nunca ter gostado do Hulk Hogan…*
E tempinho bom. E combate bom. Saudade desse tempo em que o pro wrestling era feito com paixão e coração e não apenas pensado com o bolso.
Parabéns pela bela escolha.
A seguir é a Salgado…
Vou ver a próxima edição, com certeza.
Muito bom. É pena ter tido o título durante pouco tempo, mas foi um momento fabuloso.
Sobretudo aquele invasão no final, com o roster da WCW a festejar com o Luger. E se olharem bem para o final, é fantástico relembrar aquele roster – DDP, The Giant, os Steiner Brothers, Glacier, Rey Mysterio, Dean Malenko, etc etc
Grande escolha e grande momento este 🙂
Parabéns Jorge
Grande ediçao,sou meio novo e nunca tive a oportunidade de assistir lutas mais antigas,e muito bom ver como tudo era em videos,por que hoje em dia com essa PG e quase impossivel.
Sem estar a par das limitações que o rating PG impõe, o que a WCW apresentava penso que seria possivel se ver numa era PG, salvo algumas exepções. Mas toda a história da nWo nunca chegou a grandes extremos de violência, era verdadeiramente uma história bem contada.
Combate lendário, saudades da WCW, pena que só peguei o final dessa grande empresa, mas foi o que me marcou, em termos de wrestling, a minha infância…
Nunca tinha visto este combate e adorei,foi uma boa escolha.
Não sou um grande fã da WCW, vi varios shows entre 95 e 2001 mesmo pra entender o pro wrestling , mas com a exceção da divisão cruiserweight e talvez a feud de DDP e Randy Savage nada mais me agradou, claro que não acompanhei a federação em tempo real por tanto isso pode ter me dado uma visão mais critica por ja saber como a historia da companhia terminaria.
Sobre a luta em si , sinceramente eu não gostei, Hogan e Luger tecnicamente nunca foram grande coisas apesar de ambos terem um baita carisma o combate vale mais pela storyline em torno dele do que qualquer outra coisa, por isso gostei muito de teres feito um resumo sobre o angle da NWO na época. Tecnicamente achei uma luta ruim , mas emocionalmente deve ter sido incrível ainda mais para um garoto que viu finalmente o “vilão” ser derrotado pelo “heroi”. Combate lembrado mais pela emoção do que pela qualidade.
Concordo quando referes as capacidades do Hogan e do Luger dentro do ringue. O wrestling há 40 anos atrás era diferente, não propriamente marcado pelas “acrobacias”, mas havia um forte componenente emocional. Se procurarmos na internet combates mais antigos da WWF ao estilo Hulk Hogan vs Iron Sheik ou Andre The Giant, vemos que as manobras então são bastante simples quando comparadas com o que temos hoje. O Luger e o Hogan são de gerações que se cruzaram, mas que têm esse tipo de perfil – lutadores que têm um conjunto muito personalizados e definido de manobras e as suas carreiras assentam nas suas personagens solidamente construidas.
Mas a industria evoluiu, os fãs também e a a forma como o wrestling chega aos fãs também. Mas já na altura da WCW, ninguém esperava um combate inovador da partes destes dois, mas se houve algo que a WCW quase sempre fez bem foi saber contar uma história e uma boa história dá aos fãs todas as razões para se interessarem por um combate. Algo que qualquer promoção hoje devia ter sempre em mente.
Concordo plenamente sobre isso, e confesso q eu mesmo comecei a ver wrestling na altura dos anos 2000, talvez por isso quando olho pros anos 80 e inicio dos 90, prefiro ver Ricky Steambolt, Ric Flair , Randy Savage do que Hulk Hogan , Ultimate Warrior , Lex Luger, mas respeito muito o emocional que as historias envolvendo estes nomes causaram, era impossivel nao se contagiar com a crowd em uma luta do Hogan por exemplo. E concordo sobre envolver os fãs, afinal foi nessa epoca que o wrestling americano cresceu enormemente se tornando um entretenimento de fama mundial.
Mas na minha humilde opinião acredito que a WCW era genial em construir uma historia mas acabava falhando em sua execução , por exemplo a NWO, começo genial com o melhor heel turn da historia do esporte, pra logo em pouco tempo se tornar uma stable cheia de lutadores quase uma federação a parte,assim também foi com o melancólico Sting que ficou 11 meses andando pelos tetos ate enfrentar Hollywood Hogan no starracade 1997 e o combate ter sido o tanto quando decepcionante , Goldberg com uma baita streak e a perdendo de forma tola e ate mesmo com essa do Luger , me corrija se estiver errado mas o Hogan recuperou o belt uma semana depois nao ?
A WCW era genial em prender atenção dos fãs na criação de historias mas acabava as estragando em algum ponto, esse é um dos motivos de eu não ter me divertido muito com a federação, mas talvez se eu a acompanhasse nos anos 90 pensaria diferente afinal em tempo real não se da para prever o que vem depois.
Confirmo que o Luger perdeu o titulo logo no PPV seguinte.
Eu acho que o Luger tinha um grande talento na NWA quando andava com os Horseman. O que achas Jorge?