Como podem ver pelo título, chegámos à vigésima edição do More Than Words e esta, embora não tanto quanto a quinquagésima, não deixa de ser uma edição especial. E vou aproveitar isto para falar de algo diferente do que eu costumo falar, vou à mesma pegar em algo que aconteceu esta semana, como é meu hábito fazer, mas sem me focar tanto na parte do wrestling, das storylines, do booking ou da gimmick dos superstars. Vou falar em algo mais abrangente, que mesmo quem não acompanhe muito o produto atual consegue perceber.

Esta semana tivemos uma notícia bombástica no mundo do wrestling, o anúncio de que um membro do plantel da WWE iria voltar aos ringues. E não, não estou a falar de Big Cass, que pobre coitado foi ofuscado pelo regresso desta superstar. Estou a falar pois de Daniel Bryan, o homem que com uma simples palavra, cimentou o seu lugar na história da WWE, o homem que num discurso que pôs toda a gente com uma lágrima no canto do olho, disse que tinha que abdicar de fazer aquilo que era a sua paixão e o homem que contra todas as adversidades conseguiu finalmente ficar apto para voltar a fazer aquilo que o faz feliz, ser um wrestler. Ora esta notícia, como eu disse, foi bombástica, pois assim que saiu, pôs todos nós, fãs de wrestling num misto de euforia e orgulho. Esta foi uma das únicas vezes em que o sentimento de todos os fãs de wrestling foi unânime, todos queriam e querem ver Daniel Bryan regressar aos ringues.

More Than Words #20 – A voz da razão?

No parágrafo acima falei de Daniel Bryan como o homem que cimentou o seu lugar na história da WWE, com uma simples palavra. A verdade é que isso foi apenas possível graças a nós fãs. Fomos nós que gritámos essa simples palavra YES! vezes sem conta e que fizemos dela uma espécie de movimento revolucionário, fomos nós que de certa forma decidimos o desfecho do main event da Wrestlemania 30, ao fazermo-nos ouvir, ao fazermos com que a WWE ouvisse quem é que queríamos como campeão e a fazer com que eles não o pudessem ignorar. Esta foi uma das nossas últimas grandes conquistas, visto que agora Roman Reigns tem ano após ano, um lugar cativo no main-event da Wrestlemania, mesmo com todos os nossos protestos e críticas.

O problema é que essa conquista e todas as outras que a antecederam habituaram mal muitos fãs. Essas conquistas fizeram com que agora muitos fãs se queixem que o seu wrestler favorito não está no main-event ou que não está no lugar onde merece. Estes fãs têm que perceber, que apesar de a nossa voz ter poder, o que aconteceu com Daniel Bryan foi um momento único e pelo menos enquanto Vince Kennedy McMahon puder exercer o seu cargo de dono da WWE, isso não vai acontecer muitas vezes. Têm que se consciencializar que não há lugar para toda a gente no topo da montanha, que nem todos aqueles wrestlers que gostamos podem ter o destaque que gostaríamos. É certo que a WWE podia arriscar mais um bocado e dar oportunidades a mais lutadores, mas não nos podemos queixar cada vez que alguém que não gostamos ou não gostamos tanto, tem uma oportunidade, porque afinal de contas a WWE é uma empresa e o dono é quem decide que empregados é que têm mais destaque. E é também importante perceber que apesar de muitas vezes parecer óbvio meter lutadores como Cesaro ou Rusev no main-event, secalhar se tivéssemos uma empresa multimilionária nas nossas mãos, essas decisões já não pareceriam assim tão óbvias.

Esses fãs que se queixam constantemente de o seu wrestler favorito não estar no lugar que merece, são os mesmos que através do fantasy booking, acham que podem imediatamente ter um lugar na equipa criativa da WWE. Com isto não estou a dizer que não há fantasy bookings bons, porque os há, o problema é que são mais aqueles que são muito bons em termos do que os fãs querem ver, mas depois acabam por não ser os “best for business” como diz Triple H.  Não há dúvidas de que há membros da equipa criativa que não são os mais adequados para o cargo, mas por alguma razão, muitos dos fãs que fazem fantasy booking, são apenas fãs, que têm a parte criativa mas depois não têm a mentalidade de negócio, que é uma vertente importante, que não pode faltar numa empresa como a WWE.

Até aqui estive a falar dos muitos fãs que acham que conseguem fazer um melhor trabalho do que toda a equipa criativa da WWE, sem nunca terem estado numa empresa e não terem qualquer experiência neste ramo de trabalho. Agora vou falar daqueles fãs que como têm tanta piada, começam cânticos que em nada se relacionam com o combate que estão assistir e jogam com bolas de praia durante o mesmo. Isto é não só um desrespeito enorme para com os lutadores envolvidos no combate, como é um desrespeito para com a WWE no geral. Esses fãs são os mesmos que começam os célebres cânticos “What?”, que na minha opinião é talvez um dos cânticos mais irritantes da história do wrestling e que tentam ser sempre o centro das atenções onde quer que estejam. Aliás, eu acho que estes indivíduos que fazem isto, nem sequer merecem ser apelidados de fãs, visto que a única coisa que coisa que fazem é o oposto do que um fã deve fazer, que é apreciar ou pelo menos respeitar o que lhes está a ser oferecido. São eles os responsáveis pela desvalorização da voz dos fãs, ao fazerem isto estão a mostrar que não respeitam a WWE e que não se interessam minimamente pelo seu produto, portanto porque há a WWE de respeitar a sua opinião? Porque há a WWE de tentar ouvir a voz dos fãs? Para serem ouvidos têm de saber ouvir.

More Than Words #20 – A voz da razão?

Até agora devem estar a pensar que eu odeio todos os fãs de wrestling, menos a mim próprio, mas a meu ver, ainda existem muitos fãs que apenas tentam apreciar o produto como ele é e conseguem criticá-lo construtivamente, sem dizer que o Wrestler A devia ser campeão da WWE e que se ele fizesse parte da equipa criativa o produto seria muito melhor, no fundo sem achar que são superiores aos que lá estão. Os fãs podem ser ouvidos sem começar cânticos estúpidos e sem tentarem sabotar o show para serem o centro das atenções, basta ficarem investidos no que lhes é oferecido e apoiar o seu wrestler favorito de forma orgânica, que um “milagre” como o de Daniel Bryan, que um push inesperado para o main-event, possa eventualmente tornar-se realidade. São estes os fãs de wrestling que proporcioam momentos que ficam para história da WWE, que podem mudar a carreira de um wrestler de um momento para o outro, são estes que fazem do Wrestling o espetáculo que é e que me fazem ter orgulho de ser um fã desta modalidade. Os fãs são essenciais em qualquer desporto e parecendo que não têm muito poder, é preciso é saber usá-lo.

More Than Words #20 – A voz da razão?

E tu?

– Quão entusiasmado ficaste com o regresso de Daniel Bryan?

– O que tens a dizer sobre o fantasy booking?

– Achas que cânticos como o “What?” estão a prejudicar o wrestling?

– Que tipo de fã consideras ser?

Obrigado a todos os que leram este artigo, que nem acredito que já é o meu vigésimo e vemo-nos no próximo domingo, com mais um More Than Words.

1 Comentário

  1. Anonimo7 anos

    – Quão entusiasmado ficaste com o regresso de Daniel Bryan?

    pessoalmente normal nunca fui nem sou grande fa dele mas fico feliz que ele possa voltar a fazer o que gosta.

    – O que tens a dizer sobre o fantasy booking?

    Mantenho a minha opiniao conseguiria fazer um booking muito superior ao da equipa criativa e sendo ao mesmo tempo bom para o negocio.

    – Achas que cânticos como o “What?” estão a prejudicar o wrestling?

    Não. Acho o cantico mais popular de sempre inventado pelo maior da historia.

    – Que tipo de fã consideras ser?

    Sou aquele tipo de fa que quando gosta ve e quando nao gosta nao da audiencia. Nao sou desses de pagar para ver o que nao gosto e criticar.