Na última edição do Monday Night Raw, tivemos como Main-Event um combate pelo título intercontinental, que atualmente, é capaz de ser o título mais prestigioso da Brand Vermelha, não só pelo campeão estar presente todos os episódios, mas também pelo facto de esse campeão se tratar de  Seth Freakin’ Rollins, ex-Mr. Money In The Bank e campeão da WWE por duas vezes e presença frequente no main-event da WWE. Este enfrentou Finn Bálor, num combate que apesar de já muitas vezes visto, nunca deixa de ser excelente. Estes dois provaram mais uma vez, que possuem uma excelente química dentro do ringue e no final o Architect da WWE levou a melhor e reteve o seu título.

No final do combate, quando Seth Rollins estava celebrar a sua vitória, confesso que uma parte de mim acreditou num Heel Turn de Bálor, aliás, após o seu ataque um pouco cobarde a Seth Rollins, num segmento antes do combate, eu estava mesmo à espera que o ex-Prince Devitt finalmente fizesse o seu heel turn. Contudo não foi isso que se passou e Bálor continua o mesmo babyface, que derrota após derrota em confrontos decisivos, fica cada vez mais longe do título que ele nunca perdeu.

More Than Words #24 – Contrastes De Personalidade

Lembram-se de quando Finn Bálor chegou ao main-roster e no seu primeiro combate num PPV, logo no Summerslam, derrotou Seth Rollins, uma das maiores estrelas da WWE e tornou-se no primeiro Campeão Universal? É claro que se lembram, além do ” It’s Boss Time!” esta é uma das frase mais repetidas por Michael Cole durante o Monday Night Raw. Em cada combate dele, este é o único feito da sua carreira que é relembrado pelos comentadores, o seu único ponto de destaque, o que é normal, visto que foi o único que o fez parecer especial.

E é fácil ver porque é que este foi o único momento em que este pareceu alguém especial, alguém que merecia estar no main-event, basta olhar para o que o levou a esse momento, a sua estreia no Raw . Na mesma noite, ele venceu um fatal-4-way contra três dos superstars mais brutais do plantel do Raw na altura e Roman Reigns, para se tornar no #1 contender pelo título principal que iria acabar por ganhar. E fez isto tudo em menos de um mês, em menos de um mês Finn Bálor conseguiu o fazer o que muitos não conseguem por vezes numa carreira inteira e esse mês acabou por ser o único, pelo menos até agora, em que Finn Bálor e a sua outra faceta de Demon King não estiveram tão desiguais uma da outra.

More Than Words #24 – Contrastes De Personalidade

A construção que a WWE tem feito até agora de Finn Bálor, após este ter regressado da mítica lesão que o fez abdicar do título, tem sido completamente desinteressante. Eu gosto imenso de Finn Bálor enquanto wrestler, ele já foi dos meus favoritos, no entanto é difícil apoiá-lo, enquanto Finn Bálor, quando as únicas vitórias que ele tem tido, ou pelo menos as únicas relevantes, são como Demon King. Só quando Finn Bálor se “transforma” no Demon King, é que consigo ver algum interesse nele, só quando ele entra nesse personagem, com o corpo coberto de pinturas e com toda aquela aura misteriosa que o acompanha, é que eu consigo olhar para ele como uma estrela e não como apenas mais um wrestler talentoso numa empressa onde isso não falta. Parece que quando Finn Bálor deixa de ser o Demon King, um interruptor de personalidade desliga-se automaticamente, é impressionante e ao mesmo tempo frustrante, ver o quão acentuados são os contrastes de personalidade entre duas gimmicks, que são interpretadas pela mesma pessoa.

É certo que este contraste entre Finn Bálor e o seu alter-ego Demon King deve existir, afinal de contas é importante perservar esse personagem demoníaco que traz um lado mais agressivo de Bálor, que naturalmente o faz ter mais hipóteses de ganhar um combate do que se estivesse a lutar apenas enquanto Finn Bálor. No entanto não é necessário caír no extremo de numa noite colocarem-no a vencer AJ Styles, o campeão da WWE, de forma completamente limpa e na noite a seguir colocarem-no a perder para um Kane, que de Big Red Monster já não tem nada. O que a WWE nos quer dizer com isto, é que Bálor sem o seu Demon King, sem o seu alter-ego, não consegue vencer, ou pelo menos, não consegue vencer quando realmente precisa, o que para mim é rídiculo, visto que isto seria a mesma coisa que dizer que o batman ou que o homem-aranha sem o seus fatos, não conseguem vencer praticamente ninguém.

More Than Words #24 – Contrastes De Personalidade

A personagem de Finn Bálor, para resultar, ou para conseguir atingir o patamar que atingiu antes da sua lesão, é preciso ser muito melhor construída. Não é certamente, com derrotas contra o Kane ou rivalidades contra a Miz Tourage, que Finn Bálor conseguirá voltar a esse patamar onde já esteve e consiga sonhar em recuperar o tal título pelo qual nunca teve a desforra, não é tirando-lhe toda a personalidade enquanto Finn Bálor e acabar com a sua aliança com os The Club, que lhe irá trazer alguma relevância, para isso Bálor precisa de ganhar combates e de mostrar algum carácter, precisa de acrescentar algo de diferente, em alternativa ao Demon King, à sua personagem, nem que essa alternativa passe por um heel turn.

Se é isso que Bálor precisa para voltar a tornar-se relevante, então porquê hesitar? Se Bálor precisa de seguir os passos de Shinsuke Nakamura para mostrar algum carácter, então porque é que isso ainda não foi feito? O que é certo é que ter um wrestler como Finn Bálor, perdendo em todos os confrontos decisivos, perdido no mid-card, sem quaisquer planos para ele, é um enorme desperdício de talento. Neste momento Bálor está fora do card do Backlash e é apenas mais um na WWE, apenas mais um wrestler que tem um enorme potencial que não é explorado devidamente, cujos tempos áureos que remontam à sua estreia no main-roster, são os únicos grandes feitos da sua carreira. Enquanto este fôr o resumo dos seus feitos na WWE, Bálor pode-se contentar com um lugar cativo no mid-card da WWE, o que, tendo em conta o seu talento, é completamente absurdo.

More Than Words #24 – Contrastes De Personalidade

Contudo a sua salvação ainda é possível, o seu lugar mais que merecido no main-event pode voltar a ser dele, basta a WWE esforçar-se por protegê-lo quando este não está todo coberto de pinturas e “injetar-lhe”, com algum carácter  e alguma personalidade, nem que isso tenha que incluir um heel-turn. Agora, a carreira de Finn Bálor não pode ficar apenas resumida a um mês, ele vale muito mais do que isso, assim como a sua gimmick vale muito mais do que a maneira como está a ser representada neste momento. Finn Bálor, é alguém que precisa de especial cuidado no que toca à gimmick que desempenha, é preciso é definir bem que gimmick é essa. Sem isso, Finn Bálor é apenas um wrestler sem gimmick, um wrestler cujo único traço de personalidade é mostrado na entrada e cuja única forma que arranja para sobressaír é através da encarnação de uma personagem que apenas deve aparecer em momentos que se justifiquem aparecer.

E tu?

  • O que achas da personagem de Finn Bálor neste momento?
  • Concordas com o grande contraste entre ele e o seu alter-ego, Demon King?
  • Achas que Finn Bálor deve fazer parte do main-event da WWE?
  • O que fazias para revitalizar a sua personagem? Achas que é necessário um Heel Turn?

Obrigado a todos que leram este artigo, desejo-vos um bom resto de fim de semana, uma boa semana e vemo-nos próximo domingo, com mais um More Than Words.

1 Comentário

  1. Boa análise. Sem dúvida que é sempre bom ter Finn Balor contra Seth Rollins e subscrevo todas as palavras. No entanto continuo a achar que o Finn precisava mais do título do que o Seth ( mesmo que prefira o Rollins), pelo facto de subir a moral. Não sei o que estará para o futuro do Finn, mas só posso prever uma heel turn o que seria fantástico. Confesso que o facto de o Balor estar sempre agora com aquele sorriso de good guy é irritante e não faz qualquer sentido visto que só tem perdido opurtinidades atrás de oportunidades